Jessica Chloe - Vitoriosa escrita por MidnightDreamer


Capítulo 9
37 Segundos


Notas iniciais do capítulo

capítulo curtinho!



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Fazer uma cirurgia no cérebro não é a coisa mais normal do mundo. Apesar de eu não ter realmente apagado - sim, eu fiquei meio consciente na cirurgia, por que eles não podem anestesiar totalmente em uma cirurgia cerebral - foi como se eu tivesse realmente dormido. Quando acordo, não lembro de quase nada.

Abro os olhos e vejo Hector praticamente em cima de mim.

— Você tá me sufocando um pouquinho. – Sorrio para ele, mas pela sua expressão facial, sei que há algo de errado acontecendo.

— Sica! Oh meu Deus... Desculpa. - Ele fala, se afastando um pouco. - Eu estava tão preocupado... Eu vou chamar sua mãe, tudo bem?

— Tudo... - Eu falo, mas não entendo muito. Porque ele estava aqui, mas minha mãe não?

Alcanço o controle da cama onde estou e a ajusto para ficar um pouco mais em pé. O que está acontecendo, eu não sei. A única coisa que posso fazer agora é esperar.

— Jessica! - Ela corre em direção a mim e me abraça forte, mas não tão forte. Talvez ela esteja tentando não me machucar.

— O que aconteceu? - Pergunto. - Por que vocês estão agindo tão estranho?

Eles se entreolham e mamãe fala.

— Houve complicações na cirurgia. - Ela olha para mim. - O tumor está 92% retirado, o que é muito, acredite, mas você... Você quase morreu na sala operatória.

Meu queixo cai. Eu quase morri?

— C-como? - Falo, espantada. - E-eu não estou entendendo nada... Como assim, eu quase morri?

Hector se senta na beira da cama e segura minha mão com força.

— Sim. - Hector fala, muito nervoso. - Seus batimentos caíram drasticamente, uma sorte você ter continuado. Os médicos já afirmavam que você ficaria em coma por tempo indeterminado.

— E como eu acordei? - Pergunto.

Antes que possam me responder, vejo o doutor Augustus entrar no quarto. Ele provavelmente escutou minha pergunta. Ele sorri para mim.

— Realmente... - Ele tira os óculos. - Com um milagre.

Eu olho para ele. Mesmo tentando parecer sério e profissional, ele parecia estar intrigado com meu caso.

— Jessica... - Ele chega mais perto. - Você ficou morta por 37 segundos.

Meus olhos estão arregalados. Então eu literalmente morri?

— Meu Deus... – Cubro minha boca com minhas mãos. – Isso é possível?

— Sim. O que nós buscamos entender é como você está se recuperando tão rápido.

Olho para Hector. Ele estava abalado, eu sentia isso. Seus olhos azuis, agora vermelhos, me olhavam com ternura. Eu sei que ele está alegre por me ver bem e viva. Ele funga e olha para minha mãe.

— Acho que deveríamos deixá-la descansar. - Ele fala para ela, que consente com a cabeça.

Eles saem e o médico faz alguns exames em mim. Ele fala que, graças a Deus, tudo está bem. Me pergunta se não estou sentindo nada, alguma tontura ou dor na cabeça. Nada. Doutor Augustus sai do quarto, dizendo para mim que o melhor é descansar.

Mas eu não consigo. Pensar que, nesse exato momento, eu poderia não estar mais aqui faz meu coração doer. O que aconteceria se eu não tivesse voltado? Como minha família reagiria? Como Gwen reagiria? E Hector... Não gosto de pensar nele chorando por minha morte.

E se eu tivesse permanecido no coma? Eu escutaria todos falando comigo? Eles estariam sempre comigo? Eles esperariam eu acordar, ou desistiriam de esperar? Eu sinceramente não sei o que seria pior para eles: me perder ou me esperar acordar.

Acho que umas duas horas se passaram quando o doutor voltou a meu quarto. Ele me informa sobre as sessões de quimioterapia.

— Você fará em média dez sessões, com intervalos de vinte e um dias. Mas, é claro, tudo depende das respostas do seu corpo.

— Sim. E como serão essas sessões?

— Você não precisa ficar internada, a menos que fique muito fraca. Vamos injetar medicações na veia e via oral também. Tudo isso demora cerca de três horas e meia. Depois da sessão você vai para casa, descansa... Depois de vinte e um dias, com o corpo descansado, você volta.

— Sim... – Assinto com a cabeça. – Você tem alguma recomendação pra mim, quando começar o tratamento.

— Claro. Nada de exercícios físicos, coma bastante alimentos saudáveis, menos laticínios e frutas ácidas, não faça muito esforço, mesmo que ache bobagem, e nada de relações sexuais sem proteção.

Fico vermelha. Ele tem que avisar, não é o dever dele?

— Não se preocupe... Não sou de fazer exercícios físicos. Vou ter que moderar na comida da mamãe, a minha irmã pode fazer as coisas na casa por mim, e eu não iniciei minha vida sexual. - Como eu consegui falar isso sem gaguejar?

— Oh, sim... Mas sempre temos que falar. Sem querer me intrometer, mas você tem todos os motivos para iniciar.

Ele tem razão. Hector ficou comigo. Ele chorou quando eu "morri". Ele deve ter ficado tão abalado... Eu sei que ele não suportaria me perder. Quero falar com ele, quero abraçá-lo.

— Quer que eu chame sua mãe? - Ele pergunta.

— Sim. Chame todos, por favor.

Ele sai, me deixando sobre os cuidados de uma enfermeira. Ela logo chega, acompanhada por Hector.

— Minha filha... - Ela me abraça novamente. - Você não faz ideia da dor que senti...

Ela segura minha mão direita. Os olhos dela estão vermelhos e lacrimejando, mas sei que ela está feliz por me ter ali.

— Não faço mesmo, mãezinha. - Beijo seu rosto. - Eu estou aqui, viu? Eu não fui embora...

Ela me abraça novamente e Hector se junta a nós. Ele faz uma piada sobre como abraços em trio não funcionam, e mamãe ri. Eles devem estar mesmo estressados para gargalharem de uma besteira dessa. Hector beija o topo da minha cabeça e olha para mim.

— A Gwen queria muito estar aqui, mas a nossa priminha foi em casa. A mãe não estava lá, então já que ela tem mais jeito com crianças... - Ele fala, sorrindo.

— Tudo bem... - Eu beijo sua bochecha. - Depois eu vejo ela. E onde está Lilian?

— Seu pai a levou para casa, ela estava cansada demais. Mas não se preocupe, eu já avisei a eles que você acordou. – Ela sorri. – Acho que mais tarde eles vêm.

Ela se levanta e acaricia minha mão mais uma vez antes de soltá-la. Hector ainda olha para mim, e mamãe parece perceber que eu quero um tempinho a sós com ele. Ela sai discretamente do quarto e provavelmente está esperando no corredor. Hector sorri e beija a ponta do meu nariz. Eu o abraço.

— Eu chorei tanto. Nunca havia ficado tão abalado... Por quê? - Ele deixa suas lágrimas caírem, mas ele está feliz. – Por que me apaixonei por você?

— Nunca quis te machucar. – Eu digo. – Desculpa.

Ele parecia querer rir de mim.

— Não me peça desculpa por nada. – Ele beija minha bochecha. – Eu não me sentia tão vivo quanto agora faz muito tempo. Não me arrependo de ter te entregue meu coração. Mesmo que eu saia machucado disso, caso você...

Ele interrompe os pensamentos, mas sei o que ele ia falar. Caso eu morra.

— Mas nada de mal vai acontecer. Não de novo. – Ele sorri para mim. – Por isso quero que sua vida nova comece com esse pedido: quer namorar comigo?

Não sabia que poderia ficar com um sorriso tão largo quanto o que tenho no rosto agora. Eu o seguro pelo pescoço e o aproximo para um beijo. 

— Então nossa relação não é mais complicada? – Digo, assim que o beijo para.

— Não quero que seja. – Ele encosta sua testa na minha. – E então?

— Sim. – Eu respondo. – Eu quero ser sua namorada. Contanto que você seja o meu.

Ele abre o sorriso mais belo... Ele me segura pela cintura e me beija novamente, cada beijo mais demorado, mas gostoso... Ele realmente gosta de mim. Ele realmente me ama. E é isso que eu amo nele. Ele é sincero com seus sentimentos. Ele beija meu queixo e desce seus carinhos pelo meu pescoço. Eu tenho que pará-lo... Afinal, a qualquer momento uma enfermeira pode entrar, um médico... Gentilmente afasto-o.

— Hector... - Advirto-o.

— Eu sei. Desculpa. - Ele olha para o chão, depois para mim. - O médico lhe falou que sairá daqui a uma semana?

— Não. - Falo. - Bom saber.

Eu o beijo novamente. Ele olha para mim, sorrindo.

— Não sei o que você acha atraente em mim... – Pergunto. – Afinal, Tiffany era bem mais atraente, apesar de chata.

— Quer saber a lista das coisas que me fizeram querer você? - Ele brinca, mas eu assinto com a cabeça. - Seus olhos verde-floresta. Foram as primeiras coisas que notei em você. São lindos... As pequenas sardas vermelhas nos seus ombros é um charme. Seus lábios são bonitos e macios.

Abro meu sorriso. Sei que ele está exagerando algumas coisas, mas no fundo são verdades.

— Esse seu sorriso radiante. Gosto quando você fica envergonhada. Sua cintura. Pode parecer esquisito, mas gosto dela. – Ele parece envergonhado. – As suas mãos de fada, quando você as passa em meu cabelo... Eu adoro. E tudo isso são só as coisas físicas.

— Tem mais? - Falo, totalmente corada.

— Claro que tem! Você sempre quer ajudar os outros. Você é alegre, mesmo em situações complicadíssimas como essa. Você é inteligente, divertida, carismática, forte, simpática... Sem falar que você gosta de Red Hot.

Caio na risada, e ele também.

— Obrigada. - O abraço, beijando seu pescoço logo em seguida.

— E o que você acha bonito em mim? - Ele sorri de lado.

— Sua voz... Seu sorriso, eu acho lindo! Gosto de seus ombros largos. - Falo, correndo minha mão pelo seus ombros e pelo seu peitoral... Calma, Sica... Controle-se.

— Verdade? - Ele põe a mão dele em cima da minha, que estava bem em cima de seu coração, batendo acelerado. Noto que ele infla o peito, como se quisesse me impressionar. - E tem mais?

— Com certeza. Eu adoro o jeito que você cuida de mim. Que você sempre quer me proteger. Amo o jeito que você me ama. Você é sincero. Divertido, charmoso, carinhoso... Eu amo isso. você é a única pessoa que eu conheço que ama sorvete de flocos mais que eu amo.

Ele sorri e me abraça. Não quero que ele vá embora.

— Eu amo seus beijos. O jeito que você me trata, seus beijos na minha testa. Seus carinhos, seus abraços... Principalmente seus beijos no meu pescoço. É meu ponto fraco.

— Ah, é? - Ele sorri, malicioso. - Vou lembrar disso quando nós formos...

— Está na hora de descansar, senhorita Andersen. - Um médico entra na sala, nos deixando surpresos.

— Eu já vou, amorzinho. - Ele beija minha testa. - Volto amanhã.

Ele sorri para mim e acena para o médico com a cabeça.

— Te amo. - Sussurro ao vê-lo sair da sala.

Olho para o médico e digo que estou com dor de cabeça. Ele se aproxima de mim e vejo que ele está segurando alguns tubos de um líquido transparente. Ele os engancha nas hastes de ferro e os conecta num fio que vai direto à minha veia.

— Isso é normal. – Ele se volta para mim. – Estou aplicando esse remédio no soro, você vai ficar bem sonolenta. Vai lhe ajudar a se recuperar ainda mais rápido.

— Tudo bem. - Ele coloca o remédio e antes que eu perceba, já estou adormecendo.


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