Eu continuei encarando aqueles olhos azuis que agora estavam bem perto dos meus, minha cabeça girava e eu não sabia como responder aquela pergunta, não achava palavras para descreve-la. Então eu não falei, apenas me inclinei para a frente e toquei meus lábios nos dele, não foi um beijo mas foi um longo selinho. Me dei conta do que tinha feito e o soltei. Comecei a andar pela biblioteca.

– Desculpa, não sei porque eu fiz isso, me desculpa mesmo – ele começou a rir

– Era só o efeito da poção, tudo bem – e riu. Não seu idiota, não era só o efeito da poção, era mais que isso, muito mais que isso. 

– É... só a poção – e forcei uma risada – Bom, agora que você aprendeu como fazer a poção acho que eu posso ir 

– Não, fica mais – ele segurou minha mão. Não tinha como dizer não a ele eu simplesmente não conseguia. Ele se deitou no chão e eu me deitei do lado dele – Obrigado

– Pelo o que?

– Você foi a minha única amiga esse ano – estômago embrulhou quando ele disse a palavra “amiga” – Acho que se não fosse por você eu sei lá, me tacaria da torre de Astronomia de tanto tédio – eu ri

– Não é nada

– É sim – ele se sentou e ficou me encarando – Eu fui tão ruim com você, quase te matei na sala precisa, te chamei de Sangue-Ruim várias vezes, me juntei ao homem que queria matar seu melhor amigo. Eu definitivamente não fui uma boa pessoa para você – ele se virou e começou a encarar o nada – eu virei o rosto dele para mim

– Ei, eu fiz isso porque vi que você mudou. Acho que você nunca teria feito essas coisas se tivesse o incentivo certo. – ele sorriu

– Como você consegue? Me tratar desse jeito depois de tudo o que eu fiz com você?

– Eu vou ser eternamente grata por você ter salvo o Harry – e sorri, nos deitamos no chão de novo. – Podemos mudar de assunto? Não gosto do jeito que você fica quando falamos sobre isso.

– Vamos falar sobre o que? – e deu um risinho

– O baile de inverno, soube que esse ano vai ter um? 

– Sim, mas eu acho que é uma besteira. Depois de tudo o que aconteceu

– Acho que é uma forma de relaxar, esquecer os problemas que nos passamos nos últimos anos. Luna está organizando, deve ficar bem... engraçado – ele riu

– Ela é uma pessoa legal

– Luna é ótima. Lembro que nas férias ela foi para a minha casa no mundo trouxa, era a coisa mais engraçada – ele riu

– Como é viver no mundo trouxa?

– É legal, as vezes, mas eu tenho que me segurar para não soltar um feitiço a cada 5 minutos – dei um risinho 

– Acho fascinante o mundo trouxa, me conta mais

– Bom... tem os cinemas que são incríveis. É uma grande sala com poltronas aonde todos sentam para ver um filme. Tem os jogos de futebol, sabe o que é isso? 

– Em partes

– Meu pai costuma me levar em vários, acho incrível. E eu e minha vizinha sempre vamos em vários shows das bandas trouxas, você não deve conhecer nenhuma mas são maravilhosas.

– Você pode me mostrar – peguei meu iPod no bolso das minhas vestes e coloquei os fones

 – Toma, coloca isso no ouvido – ele achou estranho mas acabou colocando. Cliquei em “Wake me up” do Ed Sheeran e ele começou a escutar, no final da música ele me entregou o iPod e eu  o guardei 

– Gostei – e sorriu. 

[...]

E assim foram durante as últimas semanas, aulas de poções e conversas durante a madrugada naquela biblioteca vazia. Os dias passavam e eu queria que o relógio parasse todas as vezes que eu estava com ele, queria falar para ele que as coisas que eu senti quando tomei aquela poção não mudaram, queria falar que aquele beijo foi o melhor beijo da minha vida e que eu daria tudo para tê-lo de volta. Queria dizer que desde que o vi naquele trem alguma coisa mudou, eu sei que eu nunca mais serei a mesma. Mas era apenas isso, apenas uma poção, apenas pontos em poções, eu era apenas isso, apenas uma fantasia que eu vivia dentro da minha mente, algo que não era real e que nunca seria.

– Hermione – ela me tirou do transe – Preciso de ajuda com o baile, não sei o que fazer

– Luna, desculpa mas eu não sou boa com essas coisas. Porque não pede a ajuda da Gina, ela vai te ajudar mais do que eu. – Rony chegou e se sentou ao nosso lado, em um grande banco em um dos corredores do castelo. Ele deu um selinho me Luna – Vai lá, eu termino de organizar essas coisas para o baile - ele a levou até o jardim, eu fiquei ali sozinha. Apenas vendo mais um casal feliz enquanto eu nunca poderia ser feliz com o garoto que meu coração escolheu para amar, me levantei e fui em direção a biblioteca. Vários convites para serem entregues, várias coisas a serem boladas e eu não fazia ideia por onde começar. 

Peguei uns convites e comecei a organizar por casa, primeiro os da Lufa-Lufa, depois Corninal, Grifinória e por último Sonserina. O nome do Draco era o primeiro de uma ordem alfabética, pensei como seria se fossemos ao baile juntos, lembranças que só eram vivas na minha mente, pensamentos de coisas que nunca irão acontecer. Coloquei os convites dentro da caixa e comecei a selecionar as músicas que iriam tocar, senti alguém atrás de mim vendo o que eu fazia e quando me virei percebi que eram aqueles lindos olhos azuis que encaravam com curiosidade o que eu estava vendo.

– Preparativos para o baile?

– Sim, toma, isso é seu – peguei o convite e o entreguei. Tentei ser o mais fria possível mas não conseguia – Vai querer estudar hoje?

– Não, quero fazer outra coisa

– O que?

– Temos o final de semana livre, estava pensando em passar em Hogsmeade. Quer ir comigo?