Depois que tudo mundo foi embora, subi apressadamente para o meu quarto. Peguei meu diário e escrevi furiosamente nele; Todas as minhas frustrações em relação ao Peeta e minha incerteza em relação a Gale depois daquela conversa. 

"É extremamente difícil gostar de alguém quando você sente que há algo te puxando. Ou quando essa pessoa tem uma namorada insuportável."

E eu continuei. E não consegui parar de escrever até conseguir dizer tudo o que eu queria. Meu problema agora era onde esconder aquela preciosidade que jamais poderia ser lida por alguém que não fosse eu. 

Pensei em debaixo do colchão, mas ficaria a marca do diário e me incomodaria senti-lo. Pensei na minha gaveta de roupas intimas, mas minha mãe acharia. Olhei por todo o quarto. Então pensei no seguinte: iria enrolá-lo em uma fronha e colocaria ele no meu baú. Simples. 

Depois de fazer isso, fui deitar. Não, eu não estava com sono. Eu só estava um pouco atordoada demais pra conversar com qualquer pessoa. Pensei no beijo da festa, pensei no Gale, pensei na conversa com o Peeta. Coisas demais acontecendo em um período curto. 

Depois de pensar demais, caí num sono profundo sem perceber. Acordei com o meu despertador. Eu não estava tão disposta quanto semana passada, mas eu não tinha escolha. Ou era levantar, ou era levantar. 

Fiz minha higiene matinal, tomei meu banho e me troquei. Em menos de 30 minutos já estava lá embaixo, comendo alguma coisa e trocando sms com a Madge.

"Passo aí ou você vem aqui?" ela disse. 

"Estou indo aí." eu respondi. 

Peguei minha bolsa, e já quase abria a porta de casa quando meu irmão começou a falar.

-Você já tá saindo? Me espera. - disse meu irmão, pegando a bolsa. 

-Pensei que você ia de carro com o Peeta. 

-O carro quebrou, lembra? - ele disse, como se parecesse obvio. 

-Ah, verdade... - eu disse, um pouco desanimada. 

Então nós saímos. Poucos passos adiante, já estávamos parados na porta da Madge. Toquei a campainha e ela e o Peeta saíram. Andamos mais apressadas, pois Madge tinha algo importante a me dizer. 

-Cato me ligou ontem. - começou Madge. - Katniss, estou tão nervosa! Quer dizer, não quero fazer nada com ele mas... eu não quero perdê-lo. 

-Como assim? 

-Ele quer fazer aquilo, Katniss... Você sabe - ela disse, quase como sussurrando. 

-E você vai? - eu disse, um pouco confusa. Madge é o tipo santa não-faço-sacanagens. Não é a cara dela. 

Não posso negar que estou me sentindo desconfortável com essa conversa. Mas ela é minha melhor amiga e eu tenho de ouvi-la, aconselhá-la. 

-Não sei... O que você me diz?

-Pensa bem, Madge. Você quer?

-Acho... Não. 

Eu ia responder, mas senti alguém me abraçar. Peeta. 

-Qual é o seu problema? - eu gritei. - Vem, Madge. 

Então nós fomos pro outro lado da calçada. Não sabia porque tinha ficado tão brava, mas ele me deixava assim. Incomodada.

Madge começou a falar sobre as provas, mas então eu me desliguei. Não foi por mal, mas eu não conseguia parar de pensar em Peeta. Comecei a tentar entender como ele conseguia mexer tanto assim comigo depois de tudo que ele fez ou disse. 

Deixe-me explicar uma coisa: qualquer tipo de sentimento positivo que eu tinha por ele acabou quando ele apareceu com a Clove. Depois disso, tive raiva dele. Só não sei porque. 

Agora, tudo o que eu preciso, é parar. Eu amo o Gale (não amo?) e é com ele que eu me importo. Com mais ninguém.