Quando Anna se deitou já era tarde. Assim que colocou a cabeça no travesseiro, memórias da tarde que passou na casa de Jared lhe veio na mente. Se sentia mal por vê-los sofrer, mas viver é desse jeito, ter que estar preparado para tudo. Havia passado o dia inteiro na casa deles, e após o momento de lembranças, a conversa ficou mais tranquila e até se divertiram juntos. 

Começou a lembrar de quando visitou o quarto de Jared. Nas paredes havia uma porção de posteres de bandas, e fotos. Sua guitarra SG preta estava em cima da cama. Anna se sentou e começou a tocar Don't Cry, o que deixou Jared com os olhos brilhando. "Talk to me softly, there is something in your eyes, don't hang your head in sorrowand please don't cry."

- Sua é voz é linda. - Jared disse encantado.

Perdida em pensamentos, acabou caindo no sono. 

*

Anna acordou cedo no dia seguinte. Era seu aniversário de 17 anos e havia resolvido não ir na escola. Levantou tomou um banho e quando estava saindo do banheiro ouviu um som de guitarra. Abriu a porta do banheiro que ficava em seu quarto, ainda estava de toalha e com os cabelos negros molhados. 

- Jared! - Jared tocava Anastasia na guitarra e parou assim que viu Anna. Ficou petrificado olhando para a garota. - Diga algo. 

- Desculpa, fiquei completamente sem reação. Você está... atraente. - deu um sorriso safado, típido de Jared. 

Anna retribuiu o sorriso safado. Jared se aproximou dela, que passou os braços ao redor de seu pescoço. Mas logo o soltou.

- Feliz... - Jared interrompeu a frase assim que a toalha da garota caiu. Anna se abaixou rapidamente a colocou de volta no corpo. 

- Me desculpe. - disse rindo.

- Não se desculpe. Enfim, feliz aniversário.

- Obrigada. - deu um sorriso. - Não deveria estar na escola? 

- Você mandou uma mensagem falando que ia faltar, resolvi faltar também e te fazer companhia. - dizendo isso puxou a toalha que envolvia Anna.

- Ei, espere. Deve ter alguém em casa. 

- Sua mãe era a única aqui, mas saiu para ir no mercado. - dizendo isso começou a beijá-la, mas foi interrompido por batidas na porta do quarto.

- Anna! Vem tomar café da manhã. Traga Jared também. - os dois quase morreram de susto. 

- Já to indo, mãe! - Anna gritou. - Jared, - falou baixo. - olha o que você me apronta. - e começou a rir. Abaixou-se e pegou a toalha no chão, amarrou no corpo outra vez e se virou em direção ao guarda-roupa. Jared não pôde evitar dar um tapa na bunda de Anna, que ficou imóvel. 

- Seu safado. - olhou pra trás com um cara provocante. Foi ao guarda-roupa, colocou uma calça jeans quase preta e uma blusa branca com uma cruz enorme dourada, sem ligar com a presença de Jared. Passou lápis no olho e virou-se para ele. - Como estou?

- Linda pra variar. - ele usava uma camiseta do Guns n' Roses e jeans, também estava lindo, ficou parado olhando-a. - Ah! Quase que me esqueci, - tirou uma pequeno embrulho do bolso - comprei pra você, espero que goste. 

Anna abriu o pequeno embrulho e tirou um colar. No pingente tinha um anjo dourado com as asas cheias de strass. 

- É lindo, Jared. Eu amei. - deu um abraço forte nele. - Eu te amo. 

- Também te amo, que bom que gostou.

- Coloque para mim? - virou-se. - Vai ficar perfeito junto do meu colar de ônix. - e realmente ficou. Ao acabar de abotoá-lo, Jared beijou o pescoço de Anna. 

- Que você tenha muitos anos de vida.

- E que todos eles sejam do seu lado. - completou.

*

- Quer fazer uma loucura? - era Jared. Haviam subido para o quarto de Anna logo depois do café da manhã e estavam vendo Piratas do Caribe - A Maldição do Pérola Negra, ambos já tinham assistido aquele filme muitas vezes.

Anna tirou a atenção do filme e olhou para Jared. - Uma loucura? Tipo o que?

- Tatuagem.

- Tá me chamando pra fazer uma tatuagem com você? - Anna riu. - Ok, eu aceito. 

- Sério? Então vamos. - Jared disse levantando-a. 

*

- O que vai querer fazer? - os dois já estavam no estúdio de tatuagem. 

- Uma cruz, ou uma âncora. - Anna parecia confusa.

- Prefiro a cruz.- era Jared.

Anna pensou um pouco, mas concordou. - Mas a cruz eu queria fazer no dedo, e meus pais vão ver logo. 

- Eu reparei que seu pai tem uma tatuagem, eles não vão ligar tanto, mas e daí, levar broncas faz parte. - ele riu.

- Ok, - respirou fundo. - vou fazer ela. 

- Ei, vou fazer uma cruz no dedo como a sua. Quero ter algo em comum com você. - sorriu.

Escolheram a cruz. Era simples, preta e cumprida. Logo já haviam acabado, apesar da dor, havia o prazer de estar fazendo a tatuagem sem permissão. Ao fundo ouviam Simple Man. "Mamma told me when I was young..." Saíram do estúdio com uma sensação de liberdade.

*

A noite Jenny e John foram visitar Anna, mas acabaram não ficando muito. No dia seguinte teriam aula.