Capitulo 19 - Assassina Real

A garota permanecia muda. Não soube ao certo quanto tempo ficou a encarar o rapaz deitado em seu colo tentando processar o que dissera.

-O que...? - fala ela sem conseguir terminar a frase. O moreno o faz por ela.

-Eu sei que você é a estelar. Não acredito que nunca pude ver a semelhança. - balbucia o rapaz gemendo no final pelas altas dores no abdômen. A menina morde o lábio inferior.

-Como você poderia saber algo sobre isso, Dick? - pergunta ela convicta, achando que aquilo era algo de sua mera imaginação, ou alguma pegadinha de sua irmã. O moreno sorriu sinicamente.

-Pode me chamar de Robin! - após dizer isso ela nem mesmo sabia o que falar, nem mesmo o que demonstrar. A única coisa que fez foi arregalar os olhos pelo susto.

Ficar ali, por mais algum tempo em um silêncio incômodo até a menina abaixar a face em desespero.

-Esse tempo todo... O rapaz no qual me apoiava para te esquecer era... - a menina aquietou-se ainda embriagada pelo choque daquela revelação diante de si. O rapaz que ela amava era também sua paixonite mascarada.

-Também está sendo difícil para digerir isso. - replica ele tentando se levantar do colo da menina sentando-se a sua frente enquanto ela não demonstrava nada. Nenhum sentimento parava nela.

O moreno encosta em seu queixo o levantando e encarando seus olhos marejados. O coração dele falha.

-Por que...? - começa ela entre lágrimas grossas que desciam por sua face. - Por que, o rapaz que mais me machucou tem de ser o rapaz que me deu novamente felicidade? - pergunta ela mais para si mesma, entretanto ele ouviu que o fez morder o lábio e suspirar.

-Desculpe. - fala somente isso antes de se levantar vagarosamente e apoiar suas mãos em seus joelhos ofegante.

A rosada continuava ali no chão. As lágrimas não cessavam, e nem o fariam tão cedo. O máximo que fez foi se levantar também e, aproveitando a situação, lhe perguntaria algo que estava em sua cabeça a um tempo.

-Queria saber, Dick... - fala ela o fazendo encará-la. - Por que beijou outra menina? Por que, depois de me ver, me ignorou como seu eu não fosse ninguém? Por que? POR QUE? - vocifera ela se afundando mais na água salgada que saia de seus olhos.

Ele se manteve quieto por instantes antes de inspirar e expirar pesadamente.

-Fui ameaçado.

A menina aquietou-se.

-Por um homem mascarado. Havia aparecido na reunião do Wayne, quando a parede havia desabado. Mas não foi exatamente isso que aconteceu. Ele havia invadido o prédio e chegou até mim me dizendo que se eu não me afastasse das pessoas que eu tinha afeto, elas morreriam. No começo não botei fé, mas a primeira pessoa que ele fez questão de me mostrar que poderia fazer o que dissera, foi com você.

O pequeno coração da rosada vacilou momentaneamente enquanto ela o fitava.

-Não poderia suportar te ver morta, nem meus amigos, como o Garfield. Por isso forjei uma briga falsa e... um beijo falso para afastá-los de mim. - diz ele apertando a mão em punho. As lagrimas já se formavam em seu rosto, mas fazia de tudo para que não descessem.

-Ele sabia, sabia que eu era o Robin. Simples assim, com somente isso ele destruiu minha felicidade. - termina ele encarando o chão sem saber como olhá-la nos olhos. - Me perdoe, por fav...

Ates de terminar a frase, a menina já havia o agarrado aterrando seu rosto no peitoral do rapaz. O mesmo sentiu uma enorme dor, mas - naquele momento - a ignoraria. Somente retribuiu o abraço entrelaçando seus braços na cintura fina dela afundando seu rosto na curva de seu pescoço. Naquele momento, ambos choravam.

A menina repuxava sua blusa enquanto o encharcava com suas lágrimas.

-Desculpe... Mesmo depois de tudo, a culpa era minha. - afirma a menina entre soluços altos o fazendo apertá-la mais contra si.

-Não foi, e nunca será. Eu quem fui fraco, por favor, não chora. - murmura o rapaz ouvindo o desespero que assolava sua pequena princesa, e isso lhe doía mais do que mil facas o apunhalando.

Ficaram um tempo ali abraçados matando a saudade um do outro. Entre algumas lágrimas o rapaz lhe roubou um beijo esperado por ambos, um beijo para amenizar a saudade de seus corações aflitos.

Foi tímido e cheio de sentimentos, um simples beijo para uni-los novamente. O beijo se cessa e ambos abrem os olhos se encarando. As lágrimas ainda desciam pelo rosto da rosada, mas desta vez eram lagrimas alegres.

Voltaram a se abraçar ficando em silêncio, mas desta vez não incômodo e sim amoroso. Não precisavam de palavras para descrever seus sentimentos. A rosada abre os olhos rapidamente encarando a parede a sua frente. Rosnou baixo fazendo o moreno olhá-la preocupado.

-O que f...? - ela o interrompe tapando sua boca. Encara-o seriamente apontando para a parte de fora.

-Eu vou lá, por hora se esconda. - fala ela convicta enquanto destapava a boca do rapaz. O mesmo a olha irritado.

-E te deixar lutar sozinha? - pondera ele a fazendo arquear a sobrancelha.

-Ele não são inimigos para um mero mortal, Dick. - responde ela rispidamente o fazendo arfar em desagrado.

-Mero mortal...É? - repeti ele antes de se aproximar dela novamente.

-Se sabe que sou a Estelar, sabe também que sou de outro planeta, como eles. - aponta ela para o lado de fora do prédio. O rapaz grunhe. Colocou ambas mãos em seus ombros encarando-a nos olhos.

-Somos parceiros Kory, amigos e, até, um pouco mais que isso. Mesmo que eu não possa fazer diferença alguma nessa briga, não irei deixá-la sozinha. - afirma ele a fazendo corar levemente desviando o olhar.

Ela ponderou um pouco antes de suspirar e olhá-lo convicta.

-Desculpe... - antes que ele perguntasse, a mesma já havia lhe acertado um soco no estomago o fazendo perder todo o ar e, consequentemente, desmaiar. - ...Não posso arriscar te perder. - Assim, o pega levando-o até um canto o deixando reconstado em uma das paredes de tijolos.

Suspirou fundo pegando seu tímido cachecol e colocando no pescoço do moreno. Fechou os olhos roçando seus lábios aos deles antes de se levantar e rumar para fora do prédio abandonado.

Saiu as pressas parando no meio da rua larga e deserta. Respirou fundo concentrando um pouco de sua energia, apontou uma das mãos ao céu e disparou um de seus starboolts esverdeados chamando a atenção dos monstros.

-Venham. - diz ela abrindo os olhos revelando orbes avermelhadas e profundas. Jogou sua bolsa em um canto qualquer deixando suas mãos incandescentes e, em um único salto, chegou frente ao ''sósia'' de seu amigo lhe desferindo um forte soco. Pelo impacto o homem é arremessado ao longe colidindo com um prédio o fazendo partir em dois.

A rosada sorri.

Os soldados da cidadella se apressam para chegar a (ex) prisioneira, com armas apontadas a ela com alguma espécie de energia emanando de suas pontas afiadas. A mesma rugi em desagrado do que via. Respirou fundo antes de levantar voo e descer - velozmente - contra os soldados abrindo uma grande cratera na rua fazendo prédios e carros tremerem com o impacto.

Diversos soldados voaram longe pelo choque ficando impossibilitados de lutar. Mas sempre há aqueles que escapam e, esses mesmos, avançaram enraivecidos contra a princesa que olhou-os com desdém. Inspirou um pouco de ar antes de apontar-lhes a mão e disparar um raio verde em direção a eles os acertando.

Sorriu macabramente com isso levando a outra mão ao rosto ao admirar seu trabalho.

-Fracos como sempre. - indaga ela tediosamente enquanto andava por entre os seres caídos ao chão. Olhou de relance para o prédio onde o Grayson se encontrava não perdendo-o de vista. Assim poderia evitar de algo, ou alguém, destruí-lo.

Inspirou fundo novamente fitando outros soldados aparecerem por entre os prédios altos. Grunhiu feito um animal raivoso ficando em posição de luta, dobrou a perna esquerda para frente dando impulso e, em seguida, avançando contra o pequeno exercito.

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O moreno abriu os olhos lentamente enquanto se ajeitava no lugar. Colocou uma das mãos no pescoço que doía percebendo um pequeno cachecol envolto em si. pegou-o com a mão direita encarando-o, arregalou os olhos ao lembrar da dona do tecido.

Se levantou rapidamente indo até a janela mais próxima. A surpresa não saia de sua face. Tudo estava destruído, e diversos seres hediondos espalhados pelo local encobertos de sangue.

Seu corpo tremia enquanto passava sua mão pela testa. Estava preocupado. Saiu de frente da janela descendo as escadas do prédio indo até a rua. Encarou os lados procurando a rosada. Nada.

Isso começou a preocupá-lo. Acelerou o passo indo até o centro da rua passando por alguns corpos, sendo eles de lagartos horrendos. Parou de andar entendendo quem havia feito aquilo tudo. Mordeu o lábio inferior com o pensamento.

-Kory... - murmura ele apertando a mão em punho fortemente fazendo seus dedos travarem.

Ouviu um barulho baixo vindo de trás dele encarando de canto de olho o que seria. Um dos lagartos havia se levantado e possuía, em uma das mãos, uma arma parecida com uma foice. O rapaz travou no lugar. Aquele monstro era assustador.

O grande monstro ergueu a foice na altura da cabeça e, na mesma velocidade desceu-a até a cabeça do moreno que não se mexia. Sangue espirrou pelo lugar fazendo o rapaz cair sentado ao chão com um dos braços banhado em sangue.

Doía. A ferida aberta que jorrava sangue ardia, queimava e incomodava. O seu medo aumentou naquele momento fazendo seu coração vacilar. O grande lagarto grunhiu por ter "errado" o local, certamente pensava em decapitá-lo.

As pernas do moreno não funcionavam, sua cabeça estava um turbilhão e sua vista se encontrava turva.

Novamente, o grande 'ser' levantou a foice e, desta vez, mirou em seu pescoço. Quando a arma se encontrava na altura de sua cabeça desceu-a forte e rapidamente e, desta vez, o sangue que saiu foi em maior quantidade.

A única diferença era que o sangue...

"Não pertencia ao moreno".

O rapaz respirava ofegante enquanto segurava a foice com uma das mãos que quase havia sido decepada. A cabeleira ruiva do pequeno tapava seus olhos azulados que emanavam ódio.

Em um movimento rápido, socou a face do lagarto lançando-o a quilômetros de distancia o perdendo de vista e, consequentemente, destruindo tudo. Quebrou a lamina da foice com o simples fechar de sua mão.

Virou-se para o rapaz que mantinha os olhos arregalados pela surpresa.

-Ryan...? - sussurra o moreno tirando um sorriso debochado do pequeno.

-O que você pensa que estava fazendo no meio desta guerra, playboyzinho? - cospe o ruivo tirando um grunhido do mais velho em sinal de desagrado. O mesmo se levanta segurando seu braço machucado. O pequeno encara seu ferimento.

-Vá para o hospital, humano, pela quantidade de sangue que perdeu irá desmaiar. - profere Ryan enquanto se aproximava do moreno que somente sorriu.

-Ué, pensei que você me odiasse? - provoca o moreno deixando o mais novo curioso. O pequeno pega em sua gola o levantando a centímetros do chão o fazendo perder um pouco de ar.

-Te odeio. Mas a Kory me pediu para ficar de olho em você. Se considere com sorte, se não fosse por isso, você não teria mais como fazer ameaças tolas. - termina ele soltando o moreno que cambaleia um pouco.

Os dois ficaram se encarando por um tempo antes do ruivo desviar o olhar e encarar alguns prédios ao longe e, em seguida, voltar o olhar ao moreno.

-Saia desse campo de batalha, Grayson. Com você aqui minha irmã não consegue se concentrar. - afirma o ruivo sério. O moreno arqueou a sobrancelha para, logo depois, arregalar os olhos.

-Koma... - fala ele deixando o ruivo estático.

-O que...?

-Eu lembro de vocês terem uma irmã mais velha com esse nome. - O ruivo dá de ombros.

-E...?

-Ela quem armou tudo isso. - O pequeno arregala os olhos - Eu a vi, ela pretendia entregar a Kory àqueles monstros me usando como refém. - indaga o moreno.

O jovem Anders somente encarava o chão assustado. Fechou a mão em punho fazendo mais sangue descer por sua mão machucada.

-Aquela desgraçada. - profere ele se aproximando do moreno pegando em seu braço com e levantando voo.

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Os estrondos foram ouvidos pelos dois que estavam deitados na cama. Ambos levantam rapidamente fitando a janela aberta. Uma nuvem de poeira encobria todo o ar só podendo-se ver relâmpagos esverdeados voando pelo céu.

Os dois estremeceram. Sabiam de quem pertencia aqueles estrondos.

-"Estelar" - pensam eles se levantando.

-Desculpe Rae, vou ter de ir. Vê se não sai de casa, não sabemos o que é aquilo. - balbucia o esverdeado recebendo um aceno da azulada. Assim ele sai pela porta colocando sua blusa novamente, após bater a porta a azulada se levanta.

-Infelizmente não poderei cumprir. - assim, ela coloca seu uniforme e, em questão de segundos, já estava indo para o campo de batalha.

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-KOMA! - grita o ruivo adentrando na casa silenciosa. Não obteve a resposta que queria. O mesmo rosnou odiosamente, virou-se ao moreno suspirando. Pegou o telefone de casa discando algum número qualquer.

-Namorada? - pergunta o moreno ironicamente recebendo um olhar ameaçador do mais novo.

-Alô? Preciso urgente de uma ambulância aqui, houve um acidente na cozinha e meu amigo se machucou gravemente. - afirma o ruivo deixando o Grayson embasbacado. Ele lhes deu o endereço e desligou o telefone.

-Você fica aqui até a ambulância chegar. Eu recomendaria que você ligasse para o senhor Wayne. Ele estava muito preocupado com seu sumiço. - Assim o mesmo saiu pela porta deixando o rapaz inerte em seus pensamentos.

Uma breve tontura invadiu-o fazendo ele bambear e, por reflexo, apoiar na mesa com a mão machucada arrancando um grito abafado do rapaz que cai ao chão. As lágrimas já se alojavam em seus olhos.

-Droga.

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A rosada se mantinha sentada em um monte de corpos ensanguentados enquanto um riso morto se formava em seu rosto bronzeado. Em uma de suas mãos pousava uma espada de porte pequeno - mais parecida com uma katana - tingida de sangue.

Ao redor diversos gordanianos e seres da cidadella estavam estacados. Não sabiam como reagir diante aquele monstro em sua frente, uma máquina de matar. Como algo assim pode existir? Essa era a pergunta que rodeava a mente de todos ali presentes.

-Ela é um monstro. - diz um gordaniano enquanto sentia seu corpo tremer.

-Eles são uns monstros. - afirma o homem que havia se transformado no Grayson anteriormente.

-Eles?

-Sim, os assassinos reais da Cidadella. - confirma o homem recebendo olhares curiosos.

-Ela, junto de nosso príncipe, eram os lideres dos assassinos reais. - profere o homem encarando a rosada nos olhos. A mesma ouvia sua conversa e simplesmente o deixou falar.

-Então seu príncipe é um monstro como ela. - cospe um gordaniano recebendo um olhar reprovador do homem e, ao longe, viu a raiva subindo a cabeça da pequena.

-Eu não o ofenderia se fosse você.

O grande lagarto grunhe zombeteiramente.

-Ele deve ser somente mais uma das experiências, outro ver... - antes de terminar de falar sua cabeça já havia sido arrancada. Todos estacaram.

-Não ousem - fala ela apontando-lhes a cabeça do gordaniano - Não ousem... FALAR MAL DO JAYSON! - Sua voz ecoou por todo o local deixando bem claro a sua ira ao profanarem o nome do rapaz.

Após esse grito os gordanianos se perderam totalmente no rumo daquela conversa. Quem era Jayson? O que eram assassinos reais? Quem aquela garota era? Eram perguntas sem respostas.

A menina lançou a cabeça em algum canto antes de se aproximar deles com um olhar mais focado.

-Vão embora. - diz ela séria fazendo os pelos do homem eriçarem. - Agora! - ordena o fazendo recuar alguns passos. O homem morde o lábio inferior antes de levantar o braço ao alto.

-Recuem. Não podemos vencê-la. - grita ele fazendo todos se entreolharem e, num movimento rápido, saírem voando de volta as naves.

O homem fez o mesmo, mas antes voltou seu olhar a ela.

-Não cante vitória, princesa, sabemos que esta na Terra. Mais cedo ou mais tarde voltaremos. - afirma ele tirando um sorriso medonho da menina.

-Podem vir. - replica ela deixando-o sem palavras.

Assim desaparece de sua vista deixando-a sozinha com os corpos espalhados pelo local. Suspirou fundo antes de jogar a espada longe e voltar ao normal, voltando a sua sanidade controlada.

-Já fazia tanto tempo que eu não lutava assim. - fala para si mesma encarando suas mãos que tremiam. Um sorriso brotou de seu rosto. - Jayson... Como você esta, velho amigo?

~TO BE CONTINUED~