Querido Finnick,

Lembras-te das nossas tardes passadas à beira-mar, em casa, no Distrito 4? Em que os havia sempre nós para tecer? E que quando estavam no fim, eu te trazia mais corda e mais rede para que pudéssemos continuar? Lembro-me das tuas mãos, com um toque leve mas seguro a tecer o material, com aquele teu olhar sonhador e com o teu sorriso que me conquistou. Lembro-me das conversas e dos dourados pelos dos teus braços que ficavam arrepiados ao escurecer.

Finnick, por muito tempo eu recusei acreditar na crueldade que te acontecera. Eu tentei. Mas eu lá no fundo sabia a verdade. O Capitol te tentara tirar de mim e desta vez tinha levado a sua avante e eu não me perdoo por te ter deixado ir. Ainda hoje me viro na cama, e finjo afagar os teus cabelos dourados. Ainda hoje eu tenho os teus cubos de açúcar no fundo do armário da cozinha…

Óh Finnick. Se não fosse a Katniss, com a sua mania insuportável de manter a ordem, eu juro que moraria junto do mar, onde nos vimos pela primeira vez. Mas ela tende a ver o melhor para o bebé cujo eu ainda procuro um nome.

Meu querido Finnick, a tua vida não foi em vão. A liberdade de todos os cidadãos de Panem é-te devida. A liberdade do nosso filho. Mas e eu? Eu que perdi toda a minha liberdade quando te perdi a ti? Ancorei nestes mares de saudade e devido ao medo que tenho por te perder, eu não quero sair…  

Preciso de ti, com a mesma intensidade, desde sempre.

Annie