Prólogo

- ANA PAULA?! – disse o garoto, surpreso.

Me arrepiei. Não ouvia ninguém me chamar assim há anos.

Fiquei nervosa. Para todos ali, meu nome era Natasha, mas para ele, Mateus, era Ana Paula.

Fingi que não era comigo. O que eu menos precisava era de gente sabendo do meu passado.

Quando eu ainda era trouxa.

Ele, Mateus, era parte do meu passado. Algo que eu queria esquecer.

-x-

Meu nome é Natasha. Eu tenho mais passado que um livro de história e isso, infelizmente, não é uma piada.

Primeiramente, tem 4 anos que eu não falo com meus pais. Ou mais? Sei lá.

E daí? Eles não queriam aceitar que eu mudara.

Segundo, eu sou o tipo de garota errada. Não tenho uma vida. Tenho sete. Sim, sete vidas, igual gato.

Isso não quer dizer eu vá morrer sete vezes ou algo assim. É que eu “vivo” sete pessoas diferentes.

Eu saio de casa na sexta-feira e volto na terça. Eu arraso corações e não me importo com nenhum. Quem se importa? São só homens idiotas.

Mateus? É meu ex-namorado. Quando eu fugi de casa, eu abandonei ele. Ele me ligou 192830812093819481290 vezes, até eu trocar o celular.

Ele é um idiota.

Ele achava que era meu dono, um besta. Ficava me vigiando, ninguém podia falar comigo que ele já brigava.

Eu e Anelise sempre o odiamos. Ele é um metido a gostosão.

Anelise? Minha melhor amiga de infância. Fugimos juntas de casa, no mesmo dia. Eu prometi jamais voltar. Ela, não.

Até hoje me pergunto por quê. Afinal, ninguém jamais se importou com nós duas.

Só uma a outra.

A minha fuga de casa foi a melhor coisa que já fiz na minha vida. Eu e ela vivemos livres, sem dar satisfação a ninguém...

Até agora.