As Histórias De Thalia escrita por GiGihh


Capítulo 43
Ultimo beijo... Ultimas promessas


Notas iniciais do capítulo

oieeeeeeeeee =D
Bom, avisos:
a narração em terceira pessoa, mostrará os deuses observando as crianças em fuga, a decisão de Thalia; marcará o choque, tristeza e alegria dos personagens...
Esse não é o ultimo cap
Cap acompanhado da musica Last Kiss - Taylor Swift
E a sinopse será alterada.
Boa leitura meus anjinhos!



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Independente da sua escolha, as conseqüências virão. Se será fácil ou não suportar esse peso, nós não chegamos á saber. Certas imagens e sensações, palavras e gestos, ficarão guardadas em nossos corações, mas mesmo que não sejam boas lembranças, não somos capazes de esquecê-las. E mesmo com tantas incertezas, sabemos que o mundo da voltas e que um ultimo beijo nem sempre será o ultimo. Os semideuses têm muito que aprender.

... Principalmente a cobrar promessas.


Ninguém parecia ser capaz de quebrar o abraço. A família estar junta e a salvo parecia um milagre, mas milagres não duram muito. O abraço foi quebrado e a pequena Annabeth ensinou a todos um meio de achar a saída.


Ainda muito abalada, a filha da Sabedoria seguiu segurando a mão de Thalia, esta seguia com a outra mão na parede, atrás de Grover pelos labirintos feitos de corredores. A loira tentava ser forte, mas já não era capaz de evitar as lágrimas traiçoeiras e silenciosas que seguiam um caminho pelo seu rosto. O sátiro estava com a expressão preocupada. Pensamentos voltados para um “e se...” eram freqüentes e assustadores. Sempre tachado de covarde e trapalhão, Grover tentava mostrar confiança e segurança para as crianças agora tão fragilizadas... Mas certos cheiros o incomodavam mais do que queria admitir. O rapaz de cabelos cor de areia não conseguia esquecer a voz do abismo e os ecos gelados que vinham junto. Mais que isso, sua mente se focava em outras palavras muito mais especificas “Família. Eu prometo!”. A filha de Zeus tinha o coração nas mãos. A sensação de que algo aconteceria estava colada em sua pele, assim como o peso do presente de Atena. Fora isso, a impressão de ser observada, mas ela não sabia o quanto estava certa.

No grande salão do Olimpo, todos os deuses do conselho observavam as crianças. Zeus, assim como a filha, tinha o coração em mãos e a consciência pesada e inquieta. De todos ali presente, talvez, e apenas talvez, Apolo fosse o único que tinha a noção do que aconteceria. Atena sabia que Thalia faria uma escolha e confiava em seu julgamento. Afrodite sabia que o tempo do casal era pouco. Ares tinha a certeza de que uma boa briga, daquelas digna de se assistir, aconteceria... E a deusa do casamento, a simpática Hera, mantinha o desejo amargo e egoísta de ver a morte de Thalia.

Os quatro saíram da casa feita de labirintos frios e o desespero de Grover, não apenas se fez presente, mas se manteve evidente.

– Nós temos que correr! – ele quase gritou e agarrou o pulso disponível de Thalia, esta segurava Annabeth, que por sua vez puxou Luke agarrando-o também – Nós precisamos de um carro – o desespero aumentava a cada segundo – Vamos Luke! Isso é com você!

Luke olhou para as ruas a sua volta a procura e achou um carro estacionado. Correu até ele e quebrando o vidro, abriu as portas. Enquanto fazia a ligação direta, Annabeth e Thalia entraram pela porta traseira... O ruído do motor foi audível, mas não gerou o conforto que esperavam. Luke pulou para o banco do carona e Grover assumiu a direção.

O tempo havia passado muito mais depressa do que imaginavam. Eram três da manhã. Eles haviam ficado na armadilha do ciclope por cerca de quatro ou cinco horas. As ruas quase vazias só destacar o barulho do motor. Grover acelerava cada vez mais, fazia curvas fechadas, manobras perigosas. Sinais haviam sido ignorados, mas ao sátiro só importava correr... Correr... Correr...

– Cara, você vai matar a gente! – Luke gritou depois de uma curva fechada para a direita seguida de uma para a esquerda.

–Thalia, eu to com medo! – Annie exclamou agora com o rosto apenas úmido, mas sem qualquer sinal de mais lágrimas nos olhos.

–Eu também, Annie! – Thalia respondeu.

– DI IMORTALES! – Grover olhava pelo retrovisor e então todos os meio-sangues olharam para trás: Borrões negros cobriam todo o horizonte; pelo céu e pela terra... E então ganharam formas: cães infernais, todas as três Fúrias e duas mulheres-dragão com lanças. Os monstros se aproximavam em uma velocidade impressionante e quanto mais eles olhavam para o fundo, novos borrões pareciam surgir das sombras.

...Uma lança foi atirada contra o carro... E atingiu um pneu dianteiro. O carro derrapou e por muito pouco não capotou.

... Outra lança foi atirada... O vidro traseiro foi atingido e uma explosão de cacos veio em direção a Annabeth... Antes que o vidro atingisse a criança, Thalia puxou a loira para mais perto de si e ativou Aegis. As duas encolhidas sob a proteção do escudo ouvirão o retinir do vidro e só então o grito de Grover:

–SAIAM!

Ninguém precisou ouvir de novo.

As portas foram abertas as pressas e se negando a olhar para trás, correram. Quilômetros haviam sido alcançados com o carro e apenas dois na corrida a pé. Conseguiram correr ainda mais um quilômetro antes de arriscarem olharem para trás. A paisagem ainda era a mesma; os mesmos monstros conhecidos se aproximavam como se o tempo para eles fossem diferente. Borrões. Ainda mais borrões surgiam nas sombras da escuridão... Voltaram os olhos para frente e correram. Uma perna á frente da outra, o fôlego diminuindo e os corações disparando.

... A vista magnífica, simples, mas muito bem vinda, de dois marmanjos conversando sobre roubos e outras futilidades despertaram o interesse dos meio-sangues. Ao lado dos dois havia motos. Duas motos velozes para completarem o percurso. Grover e Luke foram à frente. O loiro chegou primeiro socando o cara da direita que caiu inconsciente. Grover chegou chutando o segundo cara na região do estômago. Eles pegaram as motos e as ligavam quando as meninas chegaram. Thalia colocou a pequena Annie na garupa de Grover e em milésimos ela própria estava colada a Luke.

A auto-estrada tinha vista para o mar e para grandes colinas verdejantes. A alvorada chegava de forma lenta, mas as sombras ainda pareciam sorrir de forma maligna. Os corações acelerados de dois jovens denunciavam o medo... Mas não o medo de enfrentar os monstros, mas sim de enfrentarem o futuro e as conseqüências de suas próprias escolhas.

... Medo de se perderem no caminho para casa.

... Medo de não terem mais um ao outro para suportar as dores.

... Medo de sentir a culpa em seus corações.

...Medo de não serem capazes de lidar com tudo isso.

– É ali! – o grito do sátiro se perdeu no vento.

Uma colina ainda mais alta que as outras se erguia a alguns quilômetros de distancia. A grama parecia ser muito mais verde e as arvores mais fortes. A terra com toda certeza era mais fértil e o ar parecia ser mais leve. De longe era visível uma atmosfera diferente: mais leve, mais pura, mais agradável... Mais divina.

...E os monstros estavam perto. Muito, muito perto!

Os quilômetros sumiram e a colina estava na nossa frente. O sátiro tirou a pequenina da garupa e os dois começaram a subir a colina as pressas. Luke e Thalia chegaram segundos depois. Antes de continuarem a corrida pela sobrevivência, olhares significativos foram trocados.

– Não importa o que aconteça. – Thalia começou – Eu amo você!

–Eu sei. Eu também te amo! – Luke respondeu. Já estavam os dois presos nos braços um do outro; Luke segurava a cintura da menina e Thalia mantinha as mãos no peito do rapaz. Os olhos brilhavam como se soubessem que aquilo poderia ser um adeus. Eles olharam para trás e voltaram a se olhar. As mãos fizeram uma ligeira pressão sobre a pele... E então correram.


Em algum lugar na casa grande um homem sentado em sua cadeira de rodas tinha o pensamento vagando para o senhor dos deuses e sua filha. Nenhum sátiro havia avisado se tinham encontrado algo. A menina parecia ter sumido... Ter sido engolida pelas sombras e encoberta pela escuridão.


Não! Não era certo pensar assim. Mas era impressionante não haver qualquer mensagem de Iris sobre ela ou qualquer sátiro.

O homem pegou um livro na estante; um livro qualquer. Tentou se concentrar nas palavras, mas elas pareciam flutuar para fora das paginas e se embaralhar, de modo que nada mais parecia legível.

–Era só o que me faltava! Estou parecendo com um dos campistas.

O livro foi fechado e ele se encaminhou para fora da casa. Por mágica, a cadeira sumiu e onde antes estavam os membros inferiores do homem, um corpo de cavalo apareceu. O centauro decidiu por dar uma volta pelo acampamento. O seu passo era lento, mas sua mente estava acelerada. Passou pelo pavilhão, o refeitório e chegou aos chalés.

Cada chalé tinha algo de especial, seja na sua constituição ou nos indivíduos que os utilizavam. Os chalés eram diferentes um do outro e representavam muito bem cada deus ou deusa patrono. Trazia pensamentos perturbados à mente do centauro... Seus olhos estavam fixos no chalé 1.

Balançando a cabeça negativamente, ele seguiu caminhando de forma serena. Resolveu por entrar na floresta onde eram realizados os jogos de caça a bandeira. As ninfas não estavam visíveis, então deduziu que estariam descansando em suas arvores. Aproximou-se no pequeno riacho e contemplou as margens. O sol ameaçava nascer no horizonte enquanto ele perdia seu tempo estudando as plácidas margens de águas claras...


Grover havia escorregado, perdido o equilíbrio e caiu. Annabeth fez a menção de voltar para ajudá-lo, mas ao mesmo instante, o mesmo grito foi audível em três vozes diferentes:


– CORRE!

A criança se virou e correu... Luke e Thalia, um de cada lado, seguraram os braços do sátiro e o ergueram do chão, ainda impulsionados pela corrida não perderam segundo algum, ma já era tarde. Os monstros haviam os alcançado.

– PRO CHÃO.

O grito de Grover foi acompanhado da força de suas mãos sobre as costas dos dois meio-sangues mais próximos, Thalia e Luke, e os forçou a deitarem no chão. Annabeth não teve a mesma rapidez que os amigos... O cão infernal pulou pelas cabeças dos outros três com a enorme boca aberta e que se fechou no braço da pequena loira...

–NÃO!


O centauro ergueu os olhos procurando o ruído causador do levantar das aves nas arvores... Não. Era um grito. Um grito cheio de desespero e raiva... Mas os chalés estavam em calma.


– Estou ficando paranóico. – disse a si mesmo – Acho que vou pedir remédios para loucura com o Senhor D.

Era só uma peça da sua cansada e velha mente. Sua vida havia sido longa, mas eram raras às vezes em que se enganava, mas não eram impossíveis...

–Paranóico. – sussurrou as palavras e voltou a fitar as águas claras, agora quase encobertas pelo sol...


O grito de Thalia foi alto e desesperado de raiva. A menina já se encontrava de pé e a lança em suas mãos... Um raio foi disparado contra a grande bola de pelos negros e o guincho de dor do animal foi audível.


– Grover, vai ajudar a Annie. – Thalia falou enquanto outro cão saltava sobre ela. Este teve a garganta e a barriga cortada e se dissolveu em pó – ANDA LOGO, GROVER!

O sátiro correu até a pequena com o braço ensangüentado. Luke estava cercado por dracaenas e um cão. As Fúrias cercavam a filha de Zeus e outros dois cães infernais. Golpes foram atingidos e bloqueados, feitos e desfeitos. Os monstros que morriam apareciam de novo na massa crescente de borrões ao fundo.

Com braços, pernas, pescoços, mãos e outras partes do corpo feridas os heróis seguiram correndo enquanto a massa ao fundo se aproximava... Grover mancava e tinha uma mão ensangüentada. Annabeth tinha o braço ensangüentado e com parte da carne exposta; a menina havia caído e batido a cabeça com força em uma pedra quando o cão largou seu braço, assim seu pescoço tinha um corte fino e ela tinha a visão embasada, pela caída da pressão. Luke tinha cortes na perna, um corte longo e fino na testa, onde o sangue escorria contornando seu rosto. Thalia não tinha tantos ferimentos, mas o que predominava nela, muito mais do que nos outros, era a exaustão. Seu corpo não recebia uma boa dose de nutrientes a meses, e os ferimentos das brigas passadas ainda não haviam sumido. Arranhões nas mãos e cortes leves pelo corpo era novidade somada aos cortes ainda em brasas anteriores...

Grover apoiava Annabeth ao lado do seu corpo e os dois, errando os passos, já seguiam descendo a colina. Luke estava começando a descer e Thalia que terminava de subir a colina foi à única que viu e realmente entendeu o futuro que prometia apenas um final triste...


– Mas é claro! - o centauro exclamou assim que viu as luzes solares batendo na superfície do rio. O delicado arco-íris se erguia á sua frente e parte da luz parecia refletir também na água.


Ergueu a moeda na altura dos olhos e murmurou a prece:

–Oh Deusa, aceite minha oferta! – lançou a moeda na luz multicolorida e esta desapareceu – Me mostre a filha de Zeus. Mostre-me Thalia.

A luz tremulou e a visão o surpreendeu: um sátiro carregava uma menininha loira colina abaixo. Um rapaz com cabelos cor de areia vinha um pouco mais atrás começando a descer a colina... Ela correu, mas não chegou a descer a colina. Os cabelos eram de um castanho escuro, formando cachos delicados e majestosos. A pele clara como nuvens e fina como porcelana cara. Os olhos eram a denuncia de quem era: o azul forte e elétrico... Agora brilhavam com lágrimas.

Ela parou no topo da colina. Seus cabelos vieram para frente e depois se alojaram em seus ombros. O brilho em seus olhos era de compreensão, tristeza e em parte medo. Ela virou para trás e o centauro apenas viu, por um instante, seus cabelos voando... Depois os viu. Os milhares monstros renascendo nas sombras. Ela voltou a virar para frente e seus olhos comoveram o velho centauro. A boca entreaberta pelo desespero e pela perda de fôlego... A vista mudou para a direção onde ela olhava.

Colina abaixo, os três jovens corriam ou tentavam... Logo mais um acampamento se erguia. Onze chalés distribuídos, um refeitório, uma floresta ao fundo...

–DI IMORTALES!

O grito do centauro foi misturado ao barulho dos seus cascos batendo no chão enquanto galopava na direção da Colina Meio-Sangue.


–Thalia... – Luke voltou colina acima quando viu que a mocinha não seguia atrás de si. – O que...?


–Eu não vou pra lá. – a voz da menina não passava de um sussurro triste.

–Mas por quê? – Luke tinha em suas mãos as dela e nos olhos o indicio de lágrimas.

–Por que um de nós não vai conseguir chegar. – o menino abriu a boca para falar, mas não teve sucesso – Não. Você não vê? Luke, desse jeito nenhum de nós vai conseguir chegar a salvo e eu não quero isso.

–Mas...

–Mas o quê? Chega de fingir, Luke. Nós dois não somos ingênuos e eu nunca cheguei a ser. Olhe ao seu redor... É minha culpa! Minha! Eu não sei outra maneira de fazer com que vocês cheguem a salvo...

–Mas e você? – Luke quase gritou – É justo você dar a vida por todos nós? O que há de certo nisso, Thalia?

–Tudo! Eles querem a mim e não a vocês. Vocês estão feridos por minha culpa, mas deviam estar bem.

–Não, Thalia – ele agarrou a cintura dela, puxando-a para mais perto de si – Não faça isso. – ele tentou puxá-la, mas o esforço foi em vão – Eu não posso perder você! Foi à pessoa mais importante da minha vida. Perder você é como perder a mim mesmo... Eu não posso...!

–Nunca me perdeu, Luke... E nem vai.

–Seu coração é tão puro e frágil... Eu nunca mais vou vê-la... Odeio os deuses! Eles vão me tirar você também. Isso não justo! Não é certo!

Grover e Annie tropeçaram e caíram de cara em pedras. Novos cortes eram visíveis e os dois quase não conseguiam se por em pé.

–É por isso. Luke, eu farei o que é certo mesmo que me doa e me mate por dentro. Eles fazem o que bem entendem e que o mundo pague as conseqüências... Eu não sou como eles. Não sei o que fiz para causar isso, mas não vou deixar que pague com o seu sangue.

A menina entrelaçou seus dedos nos cabelos do rapaz puxando-o para mais perto até terem os corpos colados.

–Lembre-se das suas promessas, Luke.

–Eu prometo te amar pra sempre. Nunca vou esquecê-la! – as lágrimas corriam pelo rosto de Luke e Thalia as enxugou.

–Lembre-se delas. Cumpra-as. Alguém algum dia vai cobrá-las de você.

Ela selou seus lábios aos dele. Um selinho. Meigo, puro e inocente. Deixou de ser doce por culpa das lágrimas dos dois... Mas cada um tinha uma intenção com esse beijo. Luke queria aprofundá-lo e assim levar Thalia junto de si... Mas ela percebeu isso antes que ele o fizesse...

Thalia empurrou os ombros de Luke, fazendo-o cair colina abaixo. O rapaz rolou pela terra até cair ao lado dos enfraquecidos, Grover e Annabeth.

–Minha vida é de vocês. Vocês são minha coragem, pureza e coração. Por isso não posso perder vocês... – as palavras de Thalia foram jogadas ao vento e ninguém nunca soube ao certo se os meio-sangues e o sátiro chegaram ou não a ouvi-las.


No salão dos deuses o choque estava em todos os rostos.


Atena não conseguia acreditar que aquela era a escolha. Não conseguia acreditar na inocência e pureza de suas palavras, por mais que soubesse que fossem verdadeiras. Ela era sábia e cumpriu sua promessa de proteger sua filha... Afinal, daria a vida por ela!

Afrodite chorava tanto quanto o jovem casal. “Ai... Meus pequenos! isso é tão Romeu e Julieta! Eles têm a minha benção. Não importa o que aconteça... Eles se amam e almas como essas um dia voltarão a estar juntas, então eu não preciso chorar”. As lágrimas da deusa pareciam pequenos cristais enfeitando o seu rosto.

Artemis e Apolo pela primeira vez não discutiram na presença um do outro. Apolo abraçou a irmã e esta alojou sua cabeça em seu ombro. Ambos gostavam da menina e tinham grande respeito e consideração. Para os dois era difícil saber que o destino dela era obscuro... E ficaram um confortando o outro.

Ares estava entusiasmado com a luta. Era só isso o que lhe interessava. No fundo ele queria que a mocinha morresse, porque ela era a única que conseguia concorrer com seus filhos. Era o simples egoísmo.

Hera... Ah, Hera... A deusa tentava esconder, mas já não parecia ser capaz de esconder o sorriso. Contava os segundos para a garota perder a vida e voltar para junto do tio...

Zeus tinha um brilho diferente nos olhos. Ninguém soube interpretar seus sentimentos ao certo. Mas o deus sentia orgulho. Estava orgulhoso da filha que tinha. Estava triste por perdê-la sem ao menos lhe dirigir um sorriso orgulhoso. Culpado por causar sua morte material e, como ela havia dito “matá-la por dentro”.


Garras rasgaram as coxas da menina. Um golpe foi desferido na direção de um cão infernal. Uma mordida no braço. Outro golpe com a lança. As Fúrias a jogaram no chão e com as garras abriram os ferimentos quase abertos. Thalia sangrava, mas não desistiria fácil. Agarrou a lança e três raios, fracos, foram disparados na direção das Fúrias. A menina levantou do chão, agora suja de sangue e terra.


Ela se defendeu o quanto foi possível, mas ela já estava enfraquecida. As garras de uma Fúria abriram um corte profundo em seu peito. Thalia perdeu suas forças e caiu no chão. Seu sangue manchava sua pele e a terra ao seu redor parecia sangrar junto com ela.

Seus olhos queimavam, assim como os muitos cortes. Queimavam com lágrimas. Essas eram tão cristalinas e puras quanto às de Afrodite.


A decisão foi tomada no instante em que seu peito começou a sangrar de remorso, do mesmo modo que a filha perdia o sangue. Os deuses, chocados, observavam a cor rubra se alojar na terra enquanto a menina perdia o que restava de suas forças.


Zeus se ergueu do seu trono e se encaminhava para fora da sala com seu único propósito, quando foi rudemente interrompido por uma voz raivosamente venenosa.

–Acho bom você não ir atrás da sua bastarda. Deixe que a sua alma retorne ao Hades e que ele se encarregue dela. Você não tem mais nada que te ligue a ela. – Hera estava em pé e tinha nojo no olhar.

–Você não... – Zeus começou em um tom de voz baixo, mas foi interrompido.

–Mais nada. Você não tem mais nada com ela!

A raiva cresceu dentro do deus, estava cansado de aturar as palavras venenosas atiradas contra sua filha sem que a criança pudesse se defender ou que ao menos tivesse culpa de ser quem é.

–VOCÊ NÃO ME DIRÁ O QUE DEVO OU NÃO FAZER. A FILHA É MINHA E DELA CUIDO EU E SAIBA QUE NÃO VOU TOLERAR MAIS SUAS PALAVRAS VENENOSAS ATIRADAS CONTRA ELA. SE QUIZER JOGÁ-LAS A ALGUEM, JOGUE-AS A MIM... – Zeus estava descontrolado e ondas de poder emanavam de seu corpo. Os deuses, principalmente Hera, estavam encolhidos e assustados – E enfrente as conseqüências disso. – seu tom voltou a soar baixo, mas o alerta de perigo parecia ter se ativa ao som das palavras baixas e perigosas do deus.

No próximo instante, ele se encontrava no topo da colina. Os monstros viraram cinza apenas com a sua presença. Sua filha jazia caída fraca demais para reagir a qualquer coisa. Sangue quente jorrava da sua testa, peito, braços, mãos, pernas. O deus se ajoelhou no chão e trouxe a filha para seu colo, embalando-a nos braços como ele desejava poder ter feito há muitos anos. Afastou os cabelos da menina de seu rosto e admirou a semideusa que se parecia tanto consigo. Seus olhos ainda estavam abertos, mas ela já não podia ver as coisas com tanta clareza. A ultima lágrima escorreu por seu rosto e seus olhos se fecharam...

Zeus apertou o corpo da menina contra o seu e deixou no chão. No lugar onde antes havia o corpo da filha, o pinheiro mais alto e forte se ergueu e nos braços do deus descansava a alma da filha. Translúcida, a menina parecia apenas dormir nos braços do pai. O Senhor dos Céus caminhou até a árvore e ali alojou a alma da mocinha.

“Ele não terá a sua alma. Isso eu prometo” – pensou o deus.

Ele se virou para a base da colina e ali viu o centauro e todo o seu acampamento, seu filho Dionísio, os amigos de sua filha, e o rapaz que a amava. Todos tinham a expressão de choque. A criança de Atena chorava e era abraçada por um sátiro. O centauro e Dionísio seguravam o rapaz filho de Hermes que chorava e lutava para chegar até a árvore. Diluindo-se em brisa, o deus sumiu no ar.

Uma chuva forte castigou toda Nova York. Raios e trovões. Os céus lamentavam a morte de uma pobre criança inocente.

–Vamos rapaz. Você não pode fazer mais nada por ela. – as palavras duras chegaram ao coração de Luke como cem espadas alojadas em seu peito.

Annabeth foi levada por alguns meninos de olhos claros e alguns sátiros levavam Grover.

–Venha, filho – o centauro o chamou com a voz cheia de compaixão.

Deu uma ultima olhada em Thalia... O Pinheiro da sua Thalia. “Seja o herói dela... Cumpra suas promessas... Eu te amo!” voltou seus olhos para o centauro e em passos lentos seguiu andando ao lado dele.

Naquele dia, Thalia entregou sua vida para salvar os que amava, promessas foram feitas e outras foram cumpridas. Alguns medos se realizaram: uma semideusa se perdeu no caminho para casa, um semideus não tinha mais sua outra metade para suportar as dores, um sátiro sentia culpa em seu peito...

E Luke, Annabeth e Grover tinham medo de já não saberem mais lidar com isso.


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Notas finais do capítulo

Me desculpem qualquer erro, e...
Bom eu aguardo a opnião de vocês.
Bjssssssss =)