A Musicista De Duas Oitavas escrita por Tia Cafira


Capítulo 45
Monstra & Ressurgido em particular


Notas iniciais do capítulo

Quanto tempo... Me perdoam? As coisas estão ficando difíceis aqui em casa... Beijos



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Eu via aquela cena: minha ex melhor amiga ir rebolando falar com o meu namorado. Matt olha rapidamente para ela e abre um largo sorriso, mas desvia dela e sorri pra mim. Eu faço um bico, para ele vir até mim. Ele faz que 'não' com seus dedos, e faz um gesto como se puxasse uma corda. Palhaço. Fui até ele, e beijei-o na frente dela, um beijo quente. Mateus se animou e me pegou no colo, Bernarda apenas nos encarava boquiaberta:

-Bernarda, essa daqui é o amor da minha vida. - Eu não pude deixar de sorrir.

Vejo Francis passar na frente do pátio e olhar mortalmente para mim. Ela assustava, corpulenta, malhada, cabelos negros e sempre de gorro. E sempre com um baseado na mão. Eu tinha medo dela, pois quando ia bater em alguém, falava:

-Te sento a minha peixeira no teus córneo! Tchê! - e descia a mão na cara das pessoas. 

Bom, vejo Fred descer, e Cody falando animadamente com ele, e Cody vem até a mim:

-Ralph me convidou para jantar. - comemoramos de mãos dadas, gritando feito menininhas, depois daquele texto... As coisas esquentaram...

Fred encarou Matt e disse:

-É o atual da minha ex? - ele lançou. 

-É. Você é o ex da minha atual, na verdade.  - Mateus tinha suas sacadas. A tensão pesava no ar, e Matt já estufava o peito. Fred era mais alto, apenas alguns milímetros, mas tinha bem mais músculos. 

-Bem, que seja. - ele deu de ombros - Bo, eu faço parte da direção da peça agora. Todo mundo vai se encontrar no teatro, ok? - Bo, meu apelido de namorada. Provocante. Bo de bombom.

-Bo? - Mateus levantou uma sobrancelha pra mim.

-De bombom, coisa dos velhos tempos. - tentei dar um tom de insignificância.

Lá estávamos nós, no teatro. Cody já tinha o roteiro, e todos estavam animados. 

-Kim! - Fred chamou.  - Recite esse monólogo. Este teste - ele falou para as outras pessoas que estavam no teatro para fazer o teste. - é só para ver a capacidade de memorização das falas. Não dê entonação.

E comecei:

-Monstra. É assim que me chamam. Monstra? É o que sou? Você diria que sim, os mortos diriam que sim, as crianças diriam que sim, os aldeões diriam que sim, e isso me faz achar que eu sou monstra. Eu era normal, eu era feia, mas normal... Eu tinha pai, mãe, irmãos, tios, avós. Mas aí, eu me meti com Belchior, eu não fazia ideia! Entrei em sua árvore, e ele se apossou de mim, quando recusei-me, transformei-me nisso. Nisso. Eu sou isso. Aquilo. Coisa, troço. Pele de casca de árvore, inúmeros olhos, pernas de lagarto, fome de sangue. Isso. Ela, monstra.

Uou, aquilo era intenso. Vez da Bernarda, ela tentaria o mesmo texto. E assim foi. Depois, a interpretação, e depois, divulgaram o resultado, mas falaram sobre a peça:

-Bom, como todos viram - disse um menino moreno - A peça fala de uma menina, que foi amaldiçoada, e que não gosta nada nada disso. A peça faz o tipo a Bela e a Fera, mas nesse caso, vai ser O Belo e a Fera. É sério, o título é esse. Serão três tempos, de pura tensão e arte. Temos o casal principal, que é a monstra, e o menino: um cavaleiro do rei. Temos o pai dele, temos muitos aldeões, e temos os reis e rainhas. E temos o mago, Belchior. 

-Eu - disse Cody subindo ao palco - Vou dizer agora, quem será quem:

CARLA KIM: Monstra 2!

-Monstra 2? - perguntaram.

-É! Vai haver a transformação da monstra, para uma donzela, e será a Carla. O monstro 1 , será a Bernarda.

Bernarda protesta.

-Cala a boca, é pegar ou largar!

Ela se calou.

-Continuando, o Belo, será Frederic! O Belchior será Brandon! Rainha de Holg será Francis. Rei de Holg, Mateus Hellborn. Rainha de Ika, Janett, Rei de Ika, Gail. Rainha de Ghafo, Karen, Rei de Ghafo, Rodrigo. Pai do Belo, Dennis. O resto será figurinista, aldeão ou parte da execução do cenário. E ponto final!

Então era isso. Eu atuaria um estupro com Brandon, beijaria Frederic no final, e veria meu namorado como par da minha arqui inimiga. Dava pra ficar pior? Só eu sendo a monstra!

Bernarda ficou de cara feia, Rose  chorou porque não conseguiu nenhum papel. De repente, um menino chegou até mim: Kenny.

-Kenny! - eu gritei e abracei-o.

-Oi... - ele sorriu de lado.

-Faltou tanto! Porque?

-Converso com você depois... - e saiu. 


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Notas finais do capítulo

Tem mais!