A Musicista De Duas Oitavas escrita por Tia Cafira


Capítulo 35
Musa


Notas iniciais do capítulo

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Durante alguns segundos, enquanto degustávamos nossos shakes, ele me olhava de uma forma estranha... Pena? Será que nunca nos veríamos novamente?

-Eu gostei de você. - disse.

-Eu também. - ele disse. Pareceu deter-se.

Disse obrigada, e disse que iria embora, ele quis me levar pra casa, ainda estava preocupado, mas disse que tentaria chegar inteira em casa. Disse que queria falar com ele de novo, e ele disse:

-À qualquer hora, nessa Chaika.

Eu assenti, eu queria vê-lo novamente. Mentira. Eu não queria olhar pra cara de nenhum homem.

Cheguei em casa, e olhei o relógio: 10:10. Primeiro pensei aquela babaquice normal, que alguém estaria pensando em mim, mas ninguém nunca pensa em mim. E depois, lembrei que estava na hora do intervalo, nosso recreio. Joguei minhas coisas em cima da cama, e só levei o celular, queria falar com Cody, ele era meu amigo, e minha mãe.

Ligo a banheira e a água desce quente, esquentando o ambiente, e deixando o espelho embaçado. Peguei sais azuis de banho, e tirei a roupa.

A luz da manhã, uma luz amarela, de um Sol que beija meu rosto e faz parecer meus cabelos negros se parecerem com madeixas ruivas. Completamente nua, sento-me de frente para meu antigo piano. Sim, aquele pintado com laca preta, cheio de falhas nas teclas, pois não queria mudá-lo em nada. Ele fica encostado numa parede feita inteiramente de espelho, com um efeito envelhecido, eu pareço estar em alguma fábrica do século 18. E eu amava essa sensação. Toquei uma música que eu tocava quando era criança, a primeira música de amor que eu aprendi à tocar. Falava sobre se declarar pro seu amor, e se tocar, que ele não está nem aí pra você. Se chamava Um Milhão Trezentas e Sessenta e Sete Formas de Amar Você. A música começa agitada.... Como a ânsia, e o constrangimento de se declarar, você teve coragem de falar, e agora está com vergonha e medo da pessoa te negar. Depois acalma, mas de um jeito triste, como se a pessoa para quem você abriu o coração só tivesse te respondido "ah, tá." E acaba com um ritmo de coração, parando, pois não quer mais viver. E lá se foram, as Um Milhão Trezentas e Sessenta e Sete Formas de Amar Você.

Chorei, como todas as outras vezes que chorei tocando essa música pensando em todos esses casos que já passei. Mas nenhum tinha me devastado mais quanto esse...

A banheira está cheia, e fico submersa até o queixo, eu não ia tentar me suicidar, eu não era dessas. Mas vontade, eu tinha de sobra. Estava pensando em todos os momentos que fui enganada, e estava chorando horrores, quando aparece no visor do meu celular: Matt. 

Sua foto... De seus olhos azuis naquele visor... Tão tentadores... Eu o xingava, e gritava naquela banheira, jurei não perdoá-lo e gritei mais, mas não atendi o telefone, eu gritava com sua imagem, quando desligo na cara dele.

Ele volta à tentar, mas desligo de novo, ele me manda mensagem:

Rainha, o que houve???

Quanta raiva...

Vejo outro nome no visor: Cody. 

Olô?

Cody.....

Carla! O que houve??? Você tá chorando??

Você não vai acreditar... Eu subi, e vi eles dois... Juntos... Eu quero morrer Cody!!

Eu tô indo

E desligou. Apenas disse que vinha. Eu não queria, mas eu precisava dele... Eu precisava de alguém tão desesperadamente...

Passou-se alguns minutos, talvez 15, quando ouço pularem o muro, pois os cachorros latiam, e como deixei a porta aberta, Cody foi logo entrando pois ele gritava seu nome.

-Carla? - disse ele entrando devagar na minha suíte. Viu-me dentro da banheira.

-Pode entrar.

Ele sentou-se na poltrona que ficava de frente pro espelho de maquiagem e arrastou-a até ficar aos meus pés.

-Eu vim correndo... 

-Não precisava... - eu devia estar horrível, mas não ligava muito, por mais vaidosa que eu seja, eu queria que o mundo explodisse.

-Claro que precisava! Você estava chorando! Chorando! Eu não quero te ver chorar... Agora, diz pra mim, o que houve. 

-O Matt.... - disse eu já começando a chorar e soluçar - ele tava com aquela ruiva, aquela prostituta da Renata! Eles já se conheciam! Ele disse que só me pediu em namoro, por sua causa, que não queria a gente junto! - talvez Cody não estivesse entendendo muita coisa...

-Eu nunca o vi com essa tal de Renata... Só ouvi falar de uma prima com problemas mentais, chamada Renata... Mas não sei se é ela.

-Prima? Problemas Mentais?

-É. Ele dizia ter uma prima mais nova, que morava no Texas, uma com sérios distúrbios. Mas não pode ser essa, ele dizia que ele não conseguia nem sair de casa!

-É.

-E além do mais, acho que era Roberta, não Renata, sei lá.

-Ai Cody... - recomecei á chorar - tava tudo tão lindo..... Tão bom! - eu levei minhas mãos ao meu rosto, e solucei, eu chorei - ele me levou pra um piquenique, fomos ao Palace e tivemos nossa primeira vez... Cody! - eu o chamava, como se ele não estivesse ali, do meu lado. Eu arranhava meus ombros, e aquilo, era a visão.

Ele olhou-me, e chorou também. Ele levantou-se da poltrona, e entrou dentro da banheira, que era bem grande, de roupa e tudo. Envolveu-me com seus braços, fazendo-os de apoio para meu pescoço, e me dando colo. Ele fitou o teto, e sussurrou:

Não chora Musa.... Por favor, não chora...


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Notas finais do capítulo

e então? palpites!