Levantei-me e fui até a porta do quarto de Mateus, iria bater mas ela abriu de súbito:

–Você? - ele disse levantando uma sobrancelha.

–Quem mais? - rebati.

–O que quer?

–Não sei... Eu só parei aqui... - eu estava me enrolando, gaguejando. Mas ele apenas riu:

–Para me convidar para fazer compras com você? Aceito. Também preciso dar um pulo no shopping.

–Você leu minha mente! Vamos! - saí roxa de vergonha, mas foi muito fofo ele me ajudar a... formular uma frase. Meu deus o que deu em mim?

–Gil deixou um cartão de crédito e disse que era teu. Disse que teu limite era de trinta e seis mil. Toma. - e me entregou um cartão transparente. Uhuuull!!

–Mas o que vai fazer lá? Só me acompanhar?

–Não gosto de deixar meninas bonitas sozinhas por aí, se posso acompanhá-las. - e sorriu. Mas eu sabia que ele estava sendo sínico.

–A menina bonita sou eu?

–Também. - e pelo tom, não quis mais continuar. Mas eu soube, que, Mateus não era fofo, não era educado, aquilo era uma máscara. E eu não queria saber quem ele realmente era.

Ele pegou a chave de sua Hilux e quando estávamos entrando no carro, quando Kaio pulou no colo de Mateus:

–Seu pirralho! O que você tá fazendo?! - gritou Mateus assustado. Os olhos azuis do menino brilhavam mas pareciam tristes:

–Você ia embora sem mim! - o pequeno disse.

–Vamos só no shopping!

–Mas ia sem mim! E eu quero que você me leve no kart!

–Tá moleque chato! Mas você vai no banco de trás.

Eu apenas ri, e olhei para o Kai. E ele se pôs a falar novamente:

–Sabe, vai ter um momento em que a Carla vai comprar as cuecas dela.

–Kai, meninas não usam cuecas. Usam calcinhas e sutiãs. - eu disse.

–Tá tá, mas você não vai querer a gente contigo né?

–Certamente que não. - respondi.

–Então, iremos para o kart. - Mateus completou.

–Isso!

–Isso! - Mateus fingiu ter 11 anos como Kai - Agora fique quieto!

–Ok!

E seguimos. Passei uma tarde de compras incríveis! Comprei quase que o Boulevard inteiro! Roupas, sapatos, maquiagens, coisas para cabelo... Mateus me ajudou a comprar o iMac, o iPhone e tals... Foi muito bom! O Gil arrasa! Minha mãe escolheu bem em namorar dono de estaleiro!

Quando avistei uma loja da Victoria's Secret, olhei para Mateus:

–Vão para o kart.

–Ah, qual é!

–Vai logo!

E Kaio puxou Mateus.

Comprei as lingeries mais lindas todas de tons escuros muito sexys. Nem sei porque estava comprando aquilo, há muito não tinha a noite com alguém. Mas resolvi comprar, nunca se sabe.

Saí de lá e o Kai havia acabado de sair da pista:

–E aí "Ayrton" ganhou de todo mundo?

–Sim! Sim! Fiz um drift perfeito na segunda volta!

–Foi mesmo. - Mateus se manifestou.

–Que bom! Estão com fome?

–Sim! Yes! Burger King!

–Não estou com fome. - Mateus disse.

–Tá. Eu vou ali comprar um lanche pro Kai enquanto você acha sua menina bonita. - e levei Kai.

Mateus me olhava confuso, mas quando sentei na lanchonete e o lanche chegou, pude-o ver beijar uma menina loira. Mas aquele loiro que você sabe que é falso. Tinha um cabelão até a cintura, usava uma maquiagem com direito a cílio postiço (quem é que vai de cílio postiço pro shopping!!) e unhas nail art. Usava um short curtíssimo (sabe? aquele que você vê o volume que a bunda faz? tipo, uma divisa? pois é.) uma blusa que super decotada e podia-se ver a barriga inteira dela! E o piercing enorme de falsos brilhantes também. Tinha um rosto lindo, e tinha um corpão também, mas era do tipo "abalou bangu". Suuuuper favela. Sem preconceito, mas ela era tipo muito. E além de tudo, usava BONÉ ABA RETA. Isso aí que você leu, ABA RETA. Caralho, que nojo da guriaaa!!

E o pior, foi vê-los quase se comendo no meio do shopping! Nojo. Ele botava a mão mesmo, apertava, e ela deixava na boa. Eles quase que se engoliam quando o pessoal que estava por ali começou a reparar. Mateus deve ter notado no cara que já ia levantar e protestar, porque os vi ir para o banheiro masculino. Credo. Kaio também via a cena:

–Parece a Fernanda. Mas não pode ser ela. - ele disse.

–Como assim?

–Meu irmão é assim, passa o rodo. A última que ele estava comendo era a Fernanda. Loira, bunduda. Mas essa quase não tem bunda, deve ser a Renata.

–Que vocabulário é esse para um menino de 11 anos!

–Qual é Carla. Meu irmão ficou assim depois que os amigos dele puseram o terror nele.

–Puseram o terror..?

–Meu irmão me fez jurar que não ia contar isso pra ninguém porque ele acha gay, mas ele jurou que nunca ia gostar de alguém. Gostar tipo, de verdade.

–Nooossa. Tipo, nooooooossaaaaa!! - e eu ri. Ri pra caralho. - É, é muito gay! - e ri, e comecei a chorar, a chorar de tanto rir! Cara, eu sou muito retardada. Quando as pessoas começaram a se incomodar com a minha felicidade, eu me acalmei, mas o Kaio parecia chateado.

–Você tem que jurar que não vai contar para ele que eu contei isso pra você!

–Tá, tá, eu juro! Come aí.

Depois de uns 15 minutos, Mateus apareceu mais descabelado que o normal:

–Nossa, que rapidinha. - e ri feito uma retardada de novo lembrando da gayzisse que o Kaio havia me contado.

–Vai tomar no cú. - ele simplesmente disse.

–Ei! Ei! Achei que você que curtisse tomar no cú! - e ri ainda mais ainda com aquela promessa gay e besta do Mateus. Ele primeiramente ficou confuso, depois ficou besta:

–O que quer dizer com isso?

–Nada, imagina.

–Você acha que eu gay?

–Caralho, eu tenho ceeeerteeezaaaa. - e ri tão alto, que um cara resmungou. - Quero dizer, tá mais pra bi, né?

–Fica de boa aí, sua mal comida. Fiquei sabendo que há um tempo você não fode. Cuidado hein, vai acabar tendo que tirar a virgindade de novo. - e saiu. Minha cara foi no chão. Primeiro, COMO ele soube disso? Segundo, mal comida? Terceiro, meu deus.

Kaio riu, e continuou comendo, Mateus agarrou a Fernanda pela bunda e a beijou como se não tivesse problema nenhum foder na frente do shopping inteiro. Apertou o rabo da piriguete, e saiu, com a mão quase enfiada no cú da prostituta. Kaio nem ligou, msa eu havia passado um vexame na frente de geral! E ele ia pagar.