É claro que depois do meu “uhun, uhun”, Heimdall lançou um olhar estranho à mim, mas nada disse. Moço educado.

- Sim, Midgardiana Rebeca, sou Heimdall e Odin me mandou vir até Midgard para te buscar. Você tem uma missão com Asgard. - Agora minha alucinação me deixou mais preocupada. Legal eu sempre ter gostado de mitologia e tudo, mas me desconheço por ter chegado nesse ponto. Alucinações.

- Ah, claro, então eu vou pra Asgard? - pergunto tentando não parecer irônica. Heimdall arqueia uma sobrancelha para mim e maneja um “sim” com sua cabeça.
Rebecca, acorde dessa grande maluquice. Acorde!

- Entenderei se a senhorita não quiser partir comigo… - Muito educadamente, cortei Heimdall com um aceno de mão. Respiro fundo antes de falar, não acreditando na minha própria maluquice. Sim, maluquice.

- Claro que aceito ir com você para Asgard, Heimdall. - Digo o mais educada possível. Heimdall assente e volta a falar, como se eu não tivesse o interrompido.

- O Pai de Todos fica grato. Senhorita, temos algumas regras a seguir. - Minha cara de interrogação já lhe disse tudo, por isso ele apenas continua sua explicação. - Tenho autorização de Odin para apagar você de Midgard, o que digo é que para aqueles que você conhece, a senhorita não existirá mais. - Oferta tentadora sumir do mundo, literalmente. Heimdall prosseguiu. - E, devo lhe informar de que apenas o Conselho e a Família Real sabem de sua ida à Asgard, por isso Odin pede para que vá preparada. - Heimdall termina e me olha despreocupadamente. É querido, você me olha assim porque não é sua cabeça que parece um enxame de abelhas agora.

E então me pus a pensar e a ponderar. Prós e contras da oferta. Como não tinha amigos, apenas uma pequena parte da minha família se esqueceria de mim, ou seja, meus pais e alguns tios. Perfeito. 
A parte imperfeita é que, pelo que eu entendi, Asgard precisa de uma humana. Isso é sério ou é pegadinha? Tanto faz, acho que vou acordar a qualquer momento mesmo.

Ouvi Heimdall bufar. Coitado. Já com minha decisão pronta, olhei pra ele e disse: - Eu vou com você. - O homem fez uma expressão de alívio tão grande que eu achei que ele ia me abraçar ou coisa assim.

- Tudo que você tem a fazer é pegar minha mão. Aconselho fechar os olhos enquanto viajamos. - Ando até Heimdall e pego sua mão, escuto ele dizendo algumas palavras em Nórdico, mas não ligo. Fecho meus olhos e sinto puxões e calor, muito calor. Como estava de olhos fechados posso apenas dizer que nós rodamos muito até Asgard. Mas valeu a pena, afinal se a entrada já era linda, imagine o resto.