–Uma deusa,uma louca,uma feiticeira... – Sábado,o dia mais lindo da semana para se matar uma pessoa chamada Luanna.

–PARA DE CANTAR ESSA MÚSICA. – Falo enquanto escondo minha cabeça em baixo das cobertas.

–Levanta Sol,olha que dia lindo. – Ela fala pulando em cima da minha cama.

–Sol? – Levanto e abraço ela. – Que fofa,faz tempo que você não me chama de Sol. – Falo ainda abraçada com ela,que acaba se desequilibrando e fazendo nós duas cair da minha cama.

–Olha,eu não sei o que pensar dessa cena. – Olho para cima em busca do dono da voz e encontro o Bernardo com a frota atrás dele.

–Não pensa nada,por que são só duas amigas que caíram da cama. – Falo saindo de cima da Lua.

–É eu e a Sol somos divas,licença,podemos cair como quisermos.

–Lua,já disse que te amo hoje? – Falo indo abraçar ela de novo.

–Não mais que eu. – Fala Matt colocando a cabeça pra dentro do quarto.

–Amo sim,cala a boca Matheus. – Falo ainda abraça com a Lua. – ELA É MINHA.

–TUA O CARALHO. – Ele fala entrando no quarto.Solto a Lua,que vai abraçar o namorado. – Amo a Lua mais do que qualquer pessoa possa imaginar. – Ele fala em um quase sussurro.

–Awn,vou morder vocês. – Falo com uma voz fininha.

–Gente,a Sofie ta doente. – Lua fala do nada.

–To nada. – Resmungo.

–Ela ta meiga,ta carinhosa,ta falando que me ama.Ela só pode estar doente ou querendo alguma coisa. – Ela fala de forma dramática abrindo os braços.

–Quero passar no vestibular. – Falo sorrindo.

–Isso eu também quero,deve ser outra coisa. – E ai a idiota faz cara de quem ta pensando com direito a mão no queixo e tudo.

–Quero dar a bunda. – Resmungo.

–OU você DEU a bunda noite PASSADA. – Qual a necessidade de berrar algumas palavras meu povo?

–Dei nada,cala a boca,você ta tirando meu bom humor logo cedo,e é milagre eu acordar de bom humor,aproveite. – Falo me jogando na cama.

–Isso é verdade. – Concorda Bernardo. – Sofie parece o capeta quando acorda,mas hoje ela não ta parecendo o capeta,é tipo,um milagre para a sociedade isso.

–Não entendo vocês. – Murmuro com o rosto contra minhas cheirosas cobertas.

–Vamos fazer o que hoje? – Pergunta Lua se sentando na MINHA cama.E eu sei por que eu virei a cabeça pra olhar pra ela e não por que sou vidente.

–Vamos dormir até o mundo acabar. – Murmuro contra as cobertas. – Ou fazer uma maratona de desenhos animados ou filmes. – Continuo murmurando.

–Ou podemos ir na praça e depois almoçar no shopping. – Fala cabeça,que até então não havia se pronunciado.

–Nãão,não quero andar. – Murmuro mais ainda,mas me ignoram completamente.

–Bem,o dia ta bonito hoje. – Matt fala abrindo MINHAS cortinas.Sinto minha perna esquentar sem um motivo,levanto a cabeça e vejo que o sol chega até ela.

–Se troca Sofie que a gente vai na praça. – E Lua levanta da minha cama.Escuto todo mundo saindo rindo que nem idiotas,falando merdas e só depois de um tempo que realmente levanto.Assim que realmente estou de pé me deparo com Bernardo parado na minha porta.

Bem eu e ele estamos em um momento de linda amizade,mentira,a gente ta normal,se matando geralmente,sendo normal muito pouco.Mas bem,depois daquele dia da escola em que deu aquelas coisas loucas,a gente nunca mais conversou sobre relacionamento e essas coisas,somos quase irmãos,ta,outra mentira.Eu realmente não sei o que falar sobre como me relaciono com o Bernardo,temos momentos bons e momentos ruins juntos.Ah,sei lá.

–Por que diabos você está parada feito uma idiota me encarando? – Ele pergunta se aproximando de mim.

–Tava pensando na vida. – Murmuro quando ele chega mais perto ainda.

–Hm...Isso é bom ou ruim? – Apenas arqueio uma sobrancelha para a pergunta dele. – Digo,pensar na vida,de modo bom ou ruim?

–Ahm,bom eu acho. – Falo lentamente.

–Legal... – Ele fala colocando a mão na nuca e olhando pro lado.Isso seria o Bernardo nervoso ou algo do gênero?

–É... – Falo olhando para os lados e voltando a encarar o rosto dele,especificamente falando,os olhos.

Sinceramente falando? Os olhos do Bernardo são invejáveis,são apaixonantes,juro,nunca vi olhos mais lindos que o dele.Eles tem um brilho fascinante,eles tem uma verdade,eles dizem mais do que o próprio Bernardo diz por palavras.Os olhos dele me fazem viajar,fazem eu esquecer de tudo e focar apenas ali,nos olhos dele,nos lindos olhos dele.Acho que nunca havia admitido para mim mesma isso,mas o que mais me atrai no Bernardo,são os olhos dele.As vezes eles estão verdes,um verde forte,principalmente quando ele está em um ambiente mais escuro,ou quando ele está com raiva,porem,as vezes eles estão azuis,calmos como o mar,como o céu,principalmente perto do sol,ou quando ele está feliz,logicamente.

Bem,pensei tanto nos olhos do Bernardo que mal percebi ele se aproximando de mim,os olhos dele estão azuis hoje.

–Sofie... – Ele sussurra com o rosto cada vez mais próximo.Consigo sentir a respiração quente dele em meu rosto.

–Bernardo... – Suspiro.E então a tal mágica acontece,nossos lábios se encostam com calma,como se fosse a primeira vez,ele segura meu rosto como se a qualquer momento eu pudesse fugir dele.Mas eu não posso,nunca vou poder.E lentamente nos afastamos.Ele apenas me abraça.

–Eu preciso de você mais do que você imagina,e sei que você precisa de mim... – Ele sussurra em meu ouvido. – Eu tenho sempre a vontade de estar cuidando de você,você parece tão frágil,sei que é forte,mas sinto como se tivesse essa obrigação,de estar sempre com você.

–Por que você ta falando isso? – Pergunto com a voz tremula.

–Por que eu te amo...

Sabe aquele momento,em que algo que você esperou durante um bom tempo acontece,e você se sente incrivelmente bem,feliz,como se nada pudesse tirar essa sensação de dentro de você? Bem,é assim que me senti escutando tudo isso que o Bernardo me falou.

–Eu também...

–O JUMENTOS DA MINHA VIDA,POR QUE ESTÃO DEMORANDO TANTO? – Alguém berra do corredor me impedindo de falar.Apenas solto um longo suspiro e me afasto dele.

–Vou descendo,te encontro lá em baixo. – Ele fala e já sai do meu quarto.

Malditas pessoas e seus costumes.Como por exemplo atrapalhar as outras em um bom e belo momento.

[...]

–Eu amo essa praça. – Lua fala se jogando no chão cheio de chicletes da praça.Se jogando não,apenas sentando,mas é legal deixar as coisas maiores,mais dramáticas...

–Interessante ela,por que cachorros miam,então é por isso que elefantes latem. – Eu falo olhando para o céu e me lembrando dos olhos do Bernardo. – O dia está mesmo bonito hoje. – Falo e então como lembrei dos olhos do Bernardo,resolvo olhar para o mesmo,que me encarava com um sorriso de canto,alias,os olhos dele estão da cor do céu.

–Sofie,falando sério,você tem problemas mentais? – Pergunta Matt sentando de frente para a Lua que está do meu lado,encostada no murrinho que tem atrás de nós duas,me encosto também,suspiro de forma que saísse um barulho alto e então falo.

–Uma maça rosa voadora... – E aponto pro céu,e todo mundo olha,e eu começo a rir como uma retardada,e a retardada do meu lado começa a rir também com a risada de fora parindo dela.Até que um ser vindo do paraíso passa caminhando sem camisa.E nesse momento ficamos as duas totalmente sérias.

–Que delicia. – Lua fala e então recebe um olhar raivoso do Matt.

–Nem parece que caga. – Falo suspirando.To suspirando demais,vou acabar com o ar do mundo.Cabeça senta do meu lado,coloca a mão virada na minha testa e fala :

–Ela não está com febre gente.

–Será que ela bebeu algo? – Kaique pegunta.

–Seus idiotas,só por que tenho uma mente brilhante,falo coisas brilhantes,vocês ficam ai tentando me rebaixar a bêbada e drogada.Grandes amigos que eu tenho viu. – Falo e cruzo os braço.

–Ai,ela ta de birrinha. – Fala Cabeça com a voz fininha e apertando minhas bochechas.

–Teu cu. – Viro a cara pra ele.

–Ai que fofinha. – Kaique fala se sentando na minha frente e começa a me cutucar. – Sabe que a gente ta brincando né? Faz tempo que a gente não te incomoda assim,tava com saudades já. – Então olho pra ele e o abraço. – Desde quando você abraça as pessoas? – Ele pergunta rindo depois que a gente se soltou.

–Desde o momento em que eu virei uma pessoa civilizada. – E todo mundo,repito,TODO MUNDO,começa a rir de mim.- Tão rindo do que? Tem um palhaço na minha cara? –Pergunto me levantando.

–Desde quando você é civilizada? – Pergunta Lua quase sem ar.

–Desde que nasci. – Falo indignada. – Tenho cara de animal por acaso? – Todo mundo fica quieto. – NÃO RESPONDAM.

–Você tem cara de um animal,sabe qual? – O Bernardo pergunta.

–Não e nem quero saber. – Falo colocando a mão na cintura. – Vou ali comprar um picolé pra mim. – E saio saltitando e empurrando todo mundo que passa na minha frente,por que SOU civilizada.