Me viro lentamente para o que quer que esteja atrás de mim cantando:

–Jesus humilha o Satanás,oh nays,oh yeah. –E me dou de cara com o que? A SAMARA.

Mentira,encontro o Bernardo e começo a bater nele,que está rindo de mim.

–Para de me bater. – Ele fala segurando meus pulsos. – Por que ta me batendo? – Ele pergunta soltando meus pulsos.

–Você me assustou,achei que ia ser estuprada no meio dessa praça. – Fala levantando os ombros.

–Vontade não falta.-Vontade de socar esse animal que se acha o palhaço,o gostoso e que acha que é “comível”.

–Só tem vontade mesmo. – Falo cruzando os braços.

–Mas quando se é estuprada,a pessoa que esta sendo estuprada não quer estar sendo...

–Cala a boca Bernardo. – E vou andando pra longe do meio da praça.

–Desejo a todas inimigas vida longa...

–Vou arrancar tuas bolas fora Bernardo. – E continuo andando com essa múmia me seguindo.

–To tentando animar depois do termino do teu namoro e é assim que você me trata? – Ele fala com a voz afeminada.A voz do Bernardo afeminada é muito,mas MUITO mesmo,engraçada. – Olha,fiz você rir. – E ele para de andar.Paro um pouco depois.

–O que foi? – Pergunto quando vejo o sorriso dele.Não é um sorriso qualquer,é aquele sorriso “tive uma idéia e você vai se ferrar comigo...”.Mal termino de pensar e ele me pega pelo braço e sai correndo me arrastando junto. – SEU FILHO DA MÃE,DESGRAÇADO,ME SOLTA.

–Para de gritar. – Ele fala ainda correndo.

...segundos antes da minha morte por falta de ar,Bernardo finalmente para de correr,e eu paro de focar no chão e em não cair,e também em respirar pra não ficar sem ar,ah,e o calor que a mão do Bernardo no meu pulso me causa.

–Chegamos... – Ele fala abrindo os braços pra sentir o vento.E eu? Bem,eu deito no chão...

–Eu vou morrer,ar eu te amo,volta pra mim... – E começo a resmungar.

–Para de drama e olha que lindo isso. – Ele me ajuda a levantar e eu noto que estamos em cima de um morro.

–Puta que merda... – Cara de interrogação. – Digo,a gente subiu até aqui nessa corrida? – Me viro pra ele.

–Sim.

–Correndo?

–Sim.

–Sendo que agora era pra estarmos em casa?

–Sim.

–Dormindo?

–Sim.

–Pra ver o que?

–Sim... – Bernardo queimando neurônios. – Quer dizer,ver isso aqui. – E ele aponta pra frente,e eu vejo um lago que reflete as luzes da cidade a noite.Eu já passei várias vezes por esse lago,mas nunca tinha reparado quão grande ele é.E agora,com essas luzes refletidas nele,é tão lindo.

–É lindo. – Falo maravilhada.

–Sabia que você ia gostar. – Ele fala quase sussurrando.

–Por que ta falando mais baixo? – Sussurro me virando pra ele e me assusto ao ver ele já virado pra mim.

–Eu nunca trouxe ninguém aqui. – Ele fala ainda me olhando. – Eu descobri ele a um bom tempo,mas nunca mais vim aqui,só quando realmente precisava,mas acabei esquecendo daqui.

–E por que você me trousse? – Pergunto sussurrando,e continuo a olhar nos olhos dele.

–Por que você é especial para mim,você é a minha Sofie. – E então ele toca meu rosto carinhosamente.

–Tua? – Pergunto dando uma risada baixa.

–Totalmente minha,mas parece que você ainda não percebeu isso. – E ele aproxima seu rosto do meu. – Estou profundamente chateado.

–E eu quero te dar um soco. – E então,em cima daquele morro,nos beijamos como à tempos não fazíamos.

[...]

–Vamos viver,vadiar,o que importa é a nossa alegria... – Essa sou eu levantando um uma segunda-feira para ir para aula.Ai você se pergunta,Sofie cantando algo em português? Sofie cantando Charlie Brown Jr? É minha gente,e ainda é sete de manhã,e eu ESTOU NA ESCOLA AS SETE DA MANHÃ.

–Chegamos cedo hoje né? – Pergunta Lua sentando no chão,acabo sentando do lado dela. – Só nós duas aqui,que horror.

–A gente nem somos alunas exemplar. – Falo bocejando.

–A gente nem somos alunas exemplar? – Lua pergunta se contorcendo de rir no chão.

–Para de rir projeto de vaca mutante. – Bocejo novamente.

–Olá. – Voz vinda do além.Lua para de rir do nada.

–Francisca. – Lua praticamente “rosna” o nome da guria.

–Ela cisca. – Falo e começo a rir do nada. – Galinha sabe? Cisca? – E continuo rindo como uma idiota.Por que ninguém entende minhas piadas?

–Cala a boca Sofie. – Lua me da um tapa na nuca.

–Eu posso falar com vocês? – Ai eu percebo que a vadia realmente está ali na nossa frente de pé.

–Você já ta falando. – Resmungo me levantando e cruzando os braços.Lua se levanta também.

–Franci. – Chega a outra vadia,digo,chega a Natali. – Uau,veja o que temos aqui,duas inferiores. – Apenas reviro os olhos com o que ela fala.Lua me olha assustada por eu não dizer nada.

–Não nos xingou ainda? Você é mesmo a Sofie? – Pergunta Francisca.

–Não preciso me rebaixar ao nível de vocês,não preciso me humilhar,vocês fazem isso sozinhas. – Falo calmamente,e olho em volta,reparando que já havia chegado mais gente na frente da escola,e estava assistindo o que estava acontecendo.E bem,entre as pessoas está o Bernardo,o Bruno,o Matt e os outros viados dos meus amigos.

–Ah,não foi meu namorado que terminou comigo no nosso um ano de namoro. – Fala Francisca com ar de superioridade.

–É mesmo,por que você não tem. – Escutei o barulho do tapa? Isso não,mas o barulho das risadas sim.

–O que vem de baixo não me atinge,benzinho. – Ela fala dando uma risada irônica.

–Senta num foguete e acende pra você ver se não atinge. – Falo com um sorrisinho na cara.

–Sua,sua,recalcada. – Ela fala empinando o nariz. – Pelo menos eu já fiz coisas com o Harris que você provavelmente nunca vai fazer,por que ele ME ama.

–Com o Bernardo? Ué,e eu com isso? – Falo ficando séria.

–Eu sei que vocês tiveram algo,ele mesmo me contou.Mas você não vai ter ele,por que ele ME pertence. – Ela vai ou não parar de ressaltar o ME? – Alias,eu destruí o namoro de vocês,certo?

–Você andou usando coisas ilegais? – E então ela ri sarcasticamente.

–Você é uma escrota. – Ui,ela ta apontando o dedo na minha cara.

–Eu sei,e sou feliz com isso. – Aqui vai uma dica pra você,quando alguém quiser te botar pra baixo,ou te xingar de qualquer coisa,finja que não liga,a pessoa vai se sentir inútil.Ela fica sem palavras por alguns instantes.

–Sabe o que é o melhor? – Lá vem. – Agora eu o tenho comigo.

–Desde quando isso é sobre o Bernardo? – Acho que este é o momento que ela fica sem argumentos.

–DESDE QUE EU PEGUEI ELE DE VOCÊ. – Pessoa idiota e que não sabe nem discutir,não seja uma delas.

–Ahh,bem,então,o resto do meu café da manhã,quer também? – Por essa ela não esperava. – Pois bem,cansei dessa discussão,depois a gente continua,beijos. – E saio atravessando a rua e sentando na frente de uma casa que tinha ali com a Lua me seguindo.

–Bernardo? – Ela senta ao meu lado. – Até cheguei a desconfiar de vocês,mas pensei “os dois? nããão”,mas vocês combinam. – E enquanto ela fala,encaro o monte de pessoas paradas na frente da escola esperando abrirem os portões.

–Isso que acabou de acontecer foi confuso demais pra minha mente. – Falo de modo que me faz parecer uma louca.

–Você ta bem? – Lua coloca a mão na minha testa para verificar minha temperatura.

–Ele foi pra cama com ela. – Fala em voz alta,e me assusto com isso. – Aquele viado,filho da mãe. – Me levanto.

–Sofie. – Chega Bernardo seguido pelo seus fieis seguidores.

–Idiota. – Murmuro e me viro pro muro,ficando de costas pra ele e todos os outros.

–Oi? – Ele pergunta debilmente.Me viro irritada.

–VOCÊ CONTOU TUDO PRA ELA? VOCÊ FOI PRA CAMA COM ELA?Você ama ela? – A ultima pergunta faço com a voz mais baixa,porem mais indignada.

–Eu não amo ela. – Ele fala calmamente. – Muito menos fui pra cama com ela,ou contei sobre nós pra ela.

–NÃO EXISTE NÓS. – Berro pro mundo escutar.

–Isso é ciúmes? Ciúmes por me imaginar com ela? – Ele pergunta de modo divertido.

–Não. – Falo rindo e ficando séria em seguida. – Eu só to triste com você,contar pra ela? Não pensei que você fosse desses.E amar ela?

–Ela chutou isso Sofie.Ela nos viu juntos,ou sei lá.Mas eu não contaria pra ela. – Ele fala me segurando pelos ombros.Apenas reviro os olhos. – Acredita em mim,eu não amo ela,poxa.

–Aham,sei.E não foi mesmo pra cama com ela? – Agora eu olho nos olhos dele.

–Nunca,e sabe por que? – Então eu olho em volta e vejo todos nossos amigos esperando a próxima fala dele.

–SOFIE. – Ah,legal,sempre tem alguém pra atrapalhar. –SOFIE,CADE VOCÊ? – Esse é o Bruno berrando meu nome do meio daquele pequeno amontoado na frente da escola.

–AQUI DO OUTRO LADO DA RUA,SEU IDIOTA. – Eu berro me afastando do Bernardo.Então avisto uma bagunça,digo,um cabelo atravessando a rua.

–Ah,AHHH,Sofie. – E ele me abraça. – Achei que você tinha apanhado e tava morta lá no meio daquele povo. – Já comentei que acho que o Bruno é gay? Então,eu acho que ele é gay.Porem eu fui namorada dele,então posso descartar essa possibilidade. – Estavam falando teu nome,e o nome do Harris,e o nome da Francisca e blá blá blá.Mas falavam mais o teu,ai eu achei que você tinha morrido,MAS VOCÊ TÁ VIVA.

–Bruno,você deu ontem? – Pergunto séria segurando ele pelos ombros. – Se drogou? Viu duendes?

–Cala a boca,eu to bom. – Ele fala rindo. – Ou não. – Ele murmura pensativo. – Mas me conte as novidades,você e o Harris se pegaram de jeito? – Ele fala alternando o olhar de mim para o Bernardo.Fico vermelha e ele começa a rir. – Safadinha. – Gente,isso não é um ex namorado,não é possível.

–Cara,você atrapalhou a fala do Harris. – Fala Cabeça com sua voz de cara quase bêbado.

–Atrapalhei? DESCULPA,vai continua. – Ele se afasta de mim.

–É continua. – Um coro de pessoas fala.

–Então Sofie... – Me viro lentamente para o acéfalo chamado Bernardo.E quando ele vai continuar a frase dele,o sinal bate e todo mundo vai correndo pra escola como um bando de retardado.

É,eu quero saber o que ele vai falar...