Eu realmente to com medo do “anuncio” da minha mãe.Vai que a Clotilde vem morar aqui?Vai que vamos nos mudar?Vai que ela quer vender os órgãos de algum de nós no mercado negro? (Tomara que seja os do Bernardo,é claro,nada contra ele,capaz)Vai que eu não sou filha dela ou meu pai é o pai do Bernardo?Ou o João Pedro é filho dele?Ai meu Deus,vai que ela quer que eu vire freira? (Nada contra as freiras,mas,eu?Freira?)

-Se acomodem. – Ela fala e senta na minha cama,Léo no meu pufe,Bernardo deita do meu lado e o João Pedro praticamente se joga em cima de mim.Legal essa atitude deles,de ficar se jogando pelo meu quarto. – Então... – Ela olha pro Léo. – Nós vamos nos casar. – Ela estica a mão e ele a dele,e então os dois ficam de mãos dadas.

-Até que enfim vão respeitar os princípios de uma família. – Falo cruzando os braços.

-Só isso que vocês iam falar? – Fala Bernardo passando um braço por cima dos meus ombros.Que pouca vergonha é essa?

-A gente vai se casar em Dezembro,assim que acabar as aulas de vocês,por que vamos ter nossa lua de mel na Europa. – EU quero ir pra Europa. – E vocês vão ficar as duas semanas dela,na casa da minha mãe. – Fala Léo.

-O QUE? – Bernardo berra no MEU ouvido.

-Ela é tão ruim assim? – Pergunto virando pra ele,que esta perto,MUITO perto de mim.

-Digamos assim,que ela vive no meio do nada,maninha. – Por que esse maninha saiu tão falso?

-O QUE? – Berro e olho pra minha mãe.

-Mas,antes de nos preocuparmos com isso,temos que nos preocupar com o casamento. – Mas como ela vai conseguir casar na igreja?Ah sim,ela era só “juntada” com meu pai,descobri isso mês passado,digamos que até os vizinhos escutaram os berros.Não que eu tenha berrado,parece que ninguém nesse mundo respeita os princípios de uma família,estou chateada.

-Beleza,eu deixo você casarem,vão lá se sejam felizes.Mas mãe,você não quer mesmo que eu ajude certo? – Faço minha cara mais fofa (tipo,um cão chupando limão).Acho que convenci ela.

-Sofie,meu amor. – Ela fala carinhosamente,lá vem o golpe. – Você vai sim ajudar. – Convenci bosta nenhuma.

Casamento,pra que te quero? Vou ficar ocupada com isso o resto do ano (pelo menos em minhas horas livres,quer dizer,eles serão ocupadas,que seja).Não que eu não goste de casamentos,eu gosto da comida que tem neles.Mas o resto dispenso.E na real,sempre quis que alguém chegasse gritando que é contra o casamento,tipo,deve ser engraçado.Bem,agora deve ser a hora em que eu presto atenção no que minha mãe ta falando.Mas eu continuo achando as estrelas do meu teto legais.

-...ai a Sofie entra com o Bernardo. – Hein?Como assim?

-O que? – Eu e o Bernardo falamos juntos.Acho que ele também não tava prestando atenção,enfim...

-Vocês entram juntos na igreja. –Ah é isso.Espera,Lennon me ajuda nessa parada.

-O João vai entrar com as alianças,e vocês entram junto com ele. – Legal,mas tipo,geralmente não são crianças que entram com a aliança,tipo,tudo “fofinho”? – E sim,para nós vocês são crianças. – Ela lê mentes,só pode,ou ela tem pacto com alguma coisa,desde aquela chá eu to desconfiando.Mas eu vou descobrir o que ela tem,que tipo de bruxaria ela usa,ou eu não me chamo Doroti,ta bom,eu não me chamo Doroti mesmo.

[...]

-NAQUELE AMOOOR,A SUA MANEEEEIRA.... – A Lua não é escandalosa,claro que não.Nunca foi,nunca vai ser,capaz. – Você ta muito quieta hoje Sofie. – Lua para do nada,e eu continuo a andar.

-Quem? – Pergunto.

-Você,você ta muito quieta,não ta falando nada,nem rindo,nem falando besteira.O que aconteceu? – Lua me puxa pra um banco,e só agora percebo que estamos em uma praça.

-Eu não sei. – E coloco meu rosto entre minhas mãos.

-Como assim? – Ela pergunta meigamente (?).

-Eu sei lá,acho que depois que eu soube que minha mãe vai casa,caiu a ficha pra mim.É tudo real,não é um sonho,eu não vou ser acordada pelo meu pai,não vou ouvir a voz dele.Ele e minha mãe nem era casados,só falta meu nome ser Osvaldete e não Sofie. – Falo a ultima parte indignada. – E eu nem cheguei a te contar que eu to,digamos,ficando com o Bruno,eu sou uma péssima melhor amiga. – Olho para ela. – E no final do ano eu vou ficar na casa da velha mãe do Leo. – É bom desabafar as vezes.

-Eu já sabia de você com o Bruno. – Hein? –Tava na cara de vocês.E teu nome é Sofie,sua idiota.- Tanto amor pela minha pessoa. –Já a questão do seu pai,já faz um tempo,sua mãe superou,é ruim perder o pai?É claro que é,mas,siga em frente. – E me da um sorriso encorajador.

-Obrigado. – E abraço ela. – Mas sabe,já faz um mês que minha mãe contou para nós.Já faz mais de um mês que to enrolando com o Bruno,mas daqui a pouco vai ser o casamento,e minha mãe quer tudo perfeito,tem as escola,tem a bateria,céus,minha cabeça vai explodir. – Ta daqui a pouco não,mas daqui alguns meses,tipo daqui uns três meses.

-Relaxa,o que é pra ser será. – Putz.

-Filosofo ai é? – Falo rindo e me levantando. – Vamos,quero um pastel. – E saímos saltitando como se não tivesse acontecido nada.

[...]