Lene’s POV

O táxi nos deixou na porta do prédio da revista. Com uma Cassie adormecida nos meus braços desci do carro e esperei pelas meninas. Enquanto esperava por elas observei a rua movimentada. Carros passando rápidos pela enorme avenida, pessoas andando para lá e para cá pelas calçadas.

Até que meu olhar se caiu em três homens vestidos formalmente, suéter, sobretudos, maletas em uma das mãos e na outra um copo de café. Eles tinham tantas semelhanças com Sirius, James e Remo que me perdi olhando para eles por um tempo, percebendo que meu olhar foi correspondido pelos três, que parecerem assustados e ainda um olhou diretamente para meu colo, olhando Cassie, então andaram mais depressa. Pareciam atrasados.

- Marlene? – Dorcas me chamou me tirando do meu transe. – O que houve?

- Ah... Por um momento eu pensei ter visto... Eles – falei quase num sussurro, vendo que minhas amigas arregalaram os olhos.

- Lene foca aqui – Lily pediu na minha frente. – Foi só um momento de lembrança, não eram eles, beleza? Vamos acreditar que eles não estão mais em Londres, beleza?

Concordei prontamente e me pus a subir a escadaria a nossa frente.

- Amor da minha vida – chamei por Cassie que já pesava no meu colo. – Ei, bebê da mamãe. – ela abriu os olhos azuis me encarando sonolenta. – Vamos acordar e ir para o chão, uh? Mamãe não consegue ficar carregando você assim, meu anjo.

- Uhum – ela murmurou coçando os olhos pequenos.

Assim que adentramos o elevador, pus ela no chão, segurando sua mãozinha lisinha. Vi Dorcas apertar o botão do andar da revista e respirei fundo jogando os pensamentos dos três homens na rua para longe.

O elevador apitou e as portas se abriram, revelando uma recepção bem harmoniosa, onde uma loira peituda estava atrás de um balcão anotando algumas coisas. Porque loiras peitudas ainda existem em Londres?

- Hm, hm – Dorcas pigarreou para a loira que olhou para nós. Espera, eu conhecia esse rosto.

- No... – ela travou arregalando os olhos. – Évans, Meadowes e McKinnon?

- Sim, nós mesmas – afirmei sorrindo. Eu sabia que as panteras não iriam tão longe.

- Eu sou a Patrícia, lembram-se de mim? Do colegial – ela falou sorrindo.

- Ah... Patrícia – Lily falou segurando Harry mais perto o possível dela. – Quanto tempo em!

- Pois é. Vocês estão lindas – comentou despreocupada como se fosse normal. Agora ela vai querer ser amiguinha?

Respira Marlene, sem espirito de adolescente.

- Você pode avisar nossa chegada? Não gosto de esperar – falei antipática.

- Ah claro... Só podem me dizer o que vocês vieram fazer? Preciso avisar a secretária da editora... – ela disse enquanto segurava um telefone e digitava uns números.

- Somos as novas chefas disso aqui – Dorcas disse fazendo cara de mandona. Tive que prender o riso ao ver a reação da ex-pantera.

- Ah, só um minuto – falou voltando sua atenção ao telefone. – Elas já estão aqui... Certo. – desligou. – Eles já estão vindo abrir a porta – sorriu mais uma vez e antes de se sentar nos olhou de cima a baixo parando um pouco o olhar nas crianças – Então era verdade a gravidez...

- Não, não. Essas crianças são do fruto da sua imaginação – falei grosseiramente indo em direção à porta já aberta.

- Bem-vindas – falou uma mulher baixinha e de terninho preto com o símbolo da revista no canto do mesmo. – Me chamo Karlie, se precisarem de alguma coisa...

- Precisamos que reúna todos os funcionários para darmos um comunicado e precisamos também que nos leve até a pessoa que está cuidando disso por esse tempo todo – Lily pediu voltando a pegar Harry no colo.

- Certo, me acompanhem – falou cordialmente.

Então saímos do lugar onde vários funcionários já nos olhavam torto e seguimos em direção a um corredor largo. Karlie parou em frente a uma porta que estava escrito: Diretoria. Bateu três vezes e entrou.

- Com licença, Georgia. As chefas estão aqui! – Karlie avisou e deixou que nós entrássemos saindo logo após.

- Oh, sim. Meninas é um prazer imenso ter vocês aqui na Mode Beauté Magazine, vocês não fazem ideia de como fiquei lisonjeada ao saber que vocês viriam diretamente de Paris para poderem reerguer aqui. – uma mulher de aparência jovial se levantou de um sofá que tinha na sala e veio na nossa direção nos cumprimentando.

- O prazer é todo nosso Georgia – Dorcas falou. – Nós não temos tempo para ficarmos aqui hoje, trabalharemos em casa. Então como Joey pediu que você separasse as papeladas, você pode me entregar? – pediu doce.

- Claro – a morena concordou rapidamente e seguiu até uma prateleira trazendo consigo algumas pastas pretas. – Aqui estão as cobranças, os preços de impressão, o projeto da ampliação, as listas de modelos e tudo o que vocês nos solicitaram.

- Certo... Georgia, nós pedimos para reunir todos os funcionários para darmos o comunicado de que durante esse prolongado tempo estaremos na chefia, tudo bem? – perguntei a vendo concordar e nos guiar para fora da sala.

O local até que era aconchegante, mas pequeno demais para todos os funcionários. O que era estranho, por Londres ser uma cidade formada e a Mode Beauté ter capacidade para expandir aqui no Reino Unido.

- Atenção aqui, por favor! – Georgia pediu atraindo a atenção de todos.

Então deixamos a palavra com Lily, que era melhor nisso.

- Como vocês já devem ter sido comunicados, nós somos as editoras quase chefes na Mode Beauté em Paris. Estamos aqui, porque a revista falhou no ultimo desfile, e então tivemos que apelar pela filial. Sim, apelar! Nós vamos trabalhar aqui durante um tempo, no máximo dois anos para subir a Mode Beauté Magazine, fazendo com que a Mode Beauté na França consiga se reerguer a custo dessa filial! Vocês compreenderam? – tivemos um murmúrio de confirmação, então a ruiva continuou – A partir de hoje somos as novas chefas de vocês. Lilian Évans, Marlene McKinnon e Dorcas Meadowes. A partir de agora, nós vamos transformar a Mode Beauté Magazine, na revista de moda mais conhecida do Reino Unido!  - ela terminou ao som de aplausos contagiosos.

Sorrimos uma para outra. Que comecem os desafios. Nós vamos reerguer essa revista!

 ***

Assim que saímos da revista, fomos até a Hogwarts High School, se é que ela ainda existia! Mas ao darmos o endereço ao taxista ele confirmou que a escola ainda funcionava.

Senti um aperto no peito por isso, senti uma imensa vontade de chorar e gritar, pular, comemorar. Mas não era possível, se eu queria esquecer o passado, eu não poderia comemorar pela escola ainda existir.

O taxi parou em frente ao portão de ferro enorme com o brasão da escola e eu quase senti aquela vontade de chorar. Pagamos o taxista e saímos de dentro do veiculo indo em direção ao portão, que rangeu assim que abrimos.

- Mama, isso paiece filme de terro – Cassie falou se encolhendo no meu colo novamente.

- Essa é a antiga escola da mamãe, sabia meu amor? – comecei a conversar com ela enquanto íamos até a secretaria tão conhecida por nós.

- Serio mama? – perguntou curiosa.

- Sim, mamãe estudou aqui com 17 anos...

- Meu papai tabém estudou aqui? – perguntou me fazendo parar subitamente. Ela nunca tinha perguntado pelo pai. Nunca.

- Cassie meu amor, porque não vem com a dinda enquanto mamãe e tia Lily vão procurar por uma moça muito bondosa, em? – Dorcas me livrou do meu pesadelo pegando Cass de mim.

A loira pegou também Harry e seguiu até um parquinho que tinha ali no pátio do colégio, ao ar livre. Já que fazia sol.

Eu e Lily seguimos por corredores vazios, já que as aulas estavam acontecendo nesse minuto, em direção à secretária. Meus olhos se encheram de lágrimas assim que passamos pelo refeitório, me lembrando dos momentos bons que passei com meus velhos amigos ali.

Afastei as velhas lembranças da mente e voltei a prestar atenção no caminho até a secretária.

- Com licença, você sabe me dizer se Miverna McGonagall se encontra? – Lily pediu na janelinha da secretária, onde uma mulher gorducha e de óculos mexia em alguns folhetos.

- Sim, me acompanhem – ela pediu saindo pela porta e seguindo até outra porta próxima batendo algumas vezes. Nós fomos atrás. – Minerva, você tem visitas.

- Mande entrar Rita – ouvi a voz de Minerva abafada pela porta.

A tal de Rita abriu a porta e deu passagem para que nós entrássemos e assim que fizemos ela fechou a porta deixando-nos cara a cara com nossa querida McGonagall.

- Oh, meu Deus! São vocês? Marlene e Lilian? – ela perguntou vindo até nós.

- Sim, somos nós. – Lily falou enquanto a mulher a abraçava carinhosamente.

- Meu Deus! Quanto tempo! – agora ela me abraçou – Como vocês estão bonitas! Mesmo passando apenas dois anos estão tão mulheres.

- Obrigada Minerva – sorri agradecida.

- O que estão fazendo aqui em Londres? E os bebês? – perguntou distraidamente.

- Podemos responder num passeio até o pátio? – perguntei abrindo a porta e oferecendo a passagem para que ela e Lily saíssem.

- Então Minerva, nós estamos em Londres por trabalho. Ficaremos pouco tempo aqui. E bom nossas crianças... Estão no parquinho com Dorcas. – Lily falou enquanto voltávamos o caminho.

- Oh Dorcas? Que felicidade ter vocês por perto de novo meninas! – ela falou nos abraçando pelos ombros – Esse pouco tempo é mais ou menos quanto?

- Depende. Se conseguirmos reerguer a revista em um ano, vamos embora daqui um ano. Mas nosso prazo é de dois anos. – comentei parando de andar assim que chegamos ao pátio, observando Dorcas e as crianças de longe.

- Não vieram para ficar então? – Minerva perguntou tristonha.

- Infelizmente não... Nossas vidas estão formadas em Paris. Nossas crianças mesmo tão pequenas já se acostumaram lá, não temos porque voltar – Lily falou a verdade que até me arrepiou.

- Entendo... – ela falou olhando diretamente para os pequenos que corriam em volta da madrinha – Como eles estão bonitos. – os olhos de Minerva se encheram de lágrimas – O menino é a cara do James, é seu filho não é Lilian? – Lily concordou sorridente. – A menina então é sua, não é? – concordei prontamente. – Ela é sua cara misturada com Sirius.

- Pois é... – suspirei olhando minha filha, que assim que me viu veio correndo para o meu colo – Cass, meu amor, diz oi para a Minerva.

- Oi – ela disse envergonhada se encolhendo no meu colo.

- Bebê diz oi também, bonitinho que nem a Cass – Lily disse para Harry que acenou também tímido.

- Minerva quanto tempo – Dorcas veio sorridente a abraçando.

- Pois é querida! – a senhora sorriu – Os dois são muito lindos. Mas vocês vieram aqui por algum motivo certo?

- Nós viemos por causa da creche que você nos falou. Não temos onde deixar as crianças se não em uma creche. – Lily falou.

- Minha irmã infelizmente fechou o jardim que tinha aberto... Mas, como é por pouco tempo, vocês podem deixa-los comigo! Eu não vou me importar de cuidar deles – ela falou carinhosamente.

- Isso seria ótimo! – falei comemorando.

- De que horas até que horas? – ela perguntou.

Comemorei muito internamente. Minerva era uma ótima pessoa e confiávamos nela.

- Das 10h da manhã até mais ou menos às 19h 20h... – Lily falou incerta.

- Já podem começar a deixar eles comigo amanhã mesmo! – ela falou feliz.

- Obrigada Minerva de verdade! Pagaremos o quanto for necessário por isso – falei feliz abraçando ela.

Depois de agradecermos e combinarmos tudo certinho ela nos acompanhou até a saída do colégio e novamente vi as três figuras masculinas caminhando em direção ao mesmo local onde estávamos.

- Meninos – Minerva acenou para os três assim que se aproximaram.

- Tchau Minerva, até amanhã! – nós acenamos e ficamos esperando o táxi. Enquanto Minerva e os três rapazes conversavam próximos a nós. Eu estava tremendo.

- Harry, volte aqui – percebi Lily pedir pelo filho que se aproximou dos homens. – Harry meu amor, venha com a mamãe, sim?

- Lily vai lá pegar ele! – pedi baixinho já avistando o táxi.

Um dos homens se abaixou e pegou Harry no colo, que não chorou nem reinou.

- E ai garotão! – ele falou vindo até nós e entregando o Harry para Lily.

- Obrigada. – a ruiva agradeceu olhando fixamente nos olhos do homem.

Eles ficaram um tempo muito longo se olhando, e aquele cabelo arrepiado, o corpo másculo, os olhos que agora não tinha mais óculos e me parece que lentes. Só poderia ser uma pessoa...: James.

- Lily? – ele perguntou engolindo em seco.

Puxei Lily pela mão para entramos no táxi. Se não fizesse isso ela continuaria estática e voltaria ao passado. Algo que não queríamos.

- LILY! - ele berrou assim que o táxi se pôs a andar.

- Meu. Deus – ela soltou o ar pesadamente.

- Quem ela mamãe? – Harry perguntou segurando o rosto pálido de Lily com suas mãozinhas.

- Ninguém meu príncipe, ninguém! – ela falou prontamente.

Suspirei sabendo que agora além do desafio da revista, teríamos que fugir sempre que possível dos homens que agora, que sabiam que nós estávamos aqui, nos perseguiriam e nos encontrariam.

Eles eram determinados.