Lily’s POV

Fashion Week em Paris, e é claro, eu e as meninas estamos no comando de tudo.

O salão estava na correria, era fotógrafos para um lado, lista de convidados vips voando para outro, modelos desesperadas atrás de alguma coisa.

– Lily, mon cher, estou precisando de um up nos camarins, as cabelereiras estão me deixando maluca! – Noemia, uma das assistentes veio ao meu alcance com o rosto pálido, desesperada.

Levantei-me tranquilamente da cadeira da plateia, e a segui, antes de começar os desfiles sempre eram assim, as pessoas que trabalhavam aqui tinham costume de deixar tudo em cima da hora e depois enfiavam tudo no bolso da Lily.

Quando cheguei ao camarim, vi metade das modelos seminuas, cabelos ainda sem penteados e as cabelereiras sentadas de cabeça baixa.

– Silêncio garotas, pelo amor de Deus, vocês não estão mais no colegial! – ordenei fazendo com que toda a atenção se voltasse para mim – E vocês, - apontei para as cabelereiras – foram contratadas para fazerem penteados e não ficarem “chorando” no camarim, afinal, vocês estão acostumadas com isso! Pelo menos eu acho, estou certa? – elas concordaram mexendo a cabeça – Ótimo, então se mexam! Eu preciso de tudo pronto, tudo em perfeito estado até às 20h.

Virei-me e sai de lá sem esperar reação nenhuma, já estava acostumada a ser rude com elas, oras, era meu trabalho. E todos os desfiles sempre aconteciam isso, era todo ano a mesma coisa. Estava até virando rotina.

Fui até a cadeira onde antes estava sentada, recolhendo minha prancheta e minha caneta e me dirigindo até o estacionamento, estava na hora de ir para casa, tomar um banho relaxado e me arrumar para uma noite mais animada.

Entrei dentro do meu Nissan Leaf, claro porque eu não poderia entrar fora e girei a chave deixando com que ele ligasse e eu pudesse dirigir tranquilamente até minha casa.

Deixa-me começar a história, como vocês devem saber me chamo Lilian Evans, completos 22 anos, trabalhando duramente na revista de moda mais conhecida de Paris, a Mode Beauté para ser mais exata, mãe de um garoto lindo de um ano, sim mãe. Marlene e Dorcas trabalham comigo, no mesmo departamento, na verdade somos braço direito do chefe – Joey – e somos massa pra toda obra, no caso, o ajudamos em tudo, sempre que ele precisa.

Dessa vez estávamos o ajudando com o Fashion Week Paris 2012. Organizando as modelos, o local, os garçons, as bebidas, os lugares, a passarela, os fotógrafos... Enfim, tudo, exatamente tudo ficou em nossas mãos, o que era um grande compromisso, afinal precisávamos que esse desfile desse certo, se não a Mode Beauté afundaria de vez, iria para o brejo. E isso significa que se ela for para o brejo adeus emprego, adeus Paris, adeus vida feita.

Estacionei o carro na garagem de casa e sai do mesmo o trancando enquanto me dirigia até a porta da frente.

Adentrei meu recinto já sentindo o cheiro que não saia do ar, aquele cheiro de bebê. Eu amava estar em casa, mesmo que comparecendo muito pouco dentro dela. Adorava ficar jogada no sofá olhando para o teto e/ou cuidando do meu filho, quando ele não estava no jardim. Meus hobbies preferidos. Porém, o trabalho me impedia, e muito.

Joguei minha bolsa juntamente com a prancheta em cima do sofá e me dirigi até o banheiro, me despindo rapidamente, abri o registro fazendo com que a água caísse, e me pus embaixo dela.

O dia inteiro foi estressante, só um banho gelado para poder me relaxar e me deixar disposta para uma noite completamente movimentada. Iriamos receber revistas de todo o mundo, e pessoas importantíssimas essa noite, precisava estar apresentável e não com cara de morta.

E precisava deixar Harry com mamãe.

Lene’s POV

Depois de ter passado o dia inteiro na editora, imprimindo milhares de fotos e listas, necessitei ir para casa, afinal eu tinha que me arrumar para o desfile, nada de parecer uma desmiolada no evento mais importante do ano.

Assim que cheguei a minha casa me joguei no sofá a fim de relaxar por pelo menos cinco minutos, a correria foi grande hoje. O cheiro de neném impregnava no ar. Sim, eu também era mãe.

Primeiro, quando cheguei à redação um energúmeno tinha perdido a pasta com a lista dos convidados. Passei a manhã e parte da tarde procurando por nomes e mais nomes em cada pasta, pois tinha uns três em cada local diferente. E o resto da tarde foi tomada pelas ultimas seleções das fotos que tive que fazer com Joey para os “banners” que estavam colocados no local.

Estava prestes a me levantar do conforto do sofá para poder tomar meu banho, mas o som estridente do meu celular soou alto por todo o cômodo.

– Marlene – carreguei de sotaque francês assim que atendi.

– Marlene, mon cher! Sauve-moi chérie! – (Marlene, minha querida! Salve-me querida!) ela ouviu a voz de Joey e gargalhei alto já imaginando o que ele queria.

– Oui Joey, parlez-en. – (Sim Joey, fala) pedi.

– Pensez-vous que je devrais porter Armani ou Dior? – (Você acha que eu deveria vestir Armani ou Dior?) ai sim eu gargalhei com vontade, Joey era sempre atrapalhado, nunca sabia o que vestir, e suas duvidas mais cruéis eram Armani e Christian Dior, e eu como uma boa amadora da moda nunca dispensava nenhum dos dois.

– Vous savez que je suis un fan de Dior, mais aujourd'hui, c'est Armani! – (Você sabe que eu sou uma fã de Dior, mas hoje é Armani!) sabia que Joey amava demais Armani, e eu sabia muito bem que terno ele usaria, por isso optei por esse. - Je suis sûr que vous pouvez utiliser votre Dior dans un autre cas. (Tenho certeza que você pode usar o seu Dior em outro caso)

– Je t'aime! Merci mon chéri. – (Eu te amo! Obrigado querida.) me despedi de Joey fazendo as gracinhas de sempre e joguei meu celular em cima do sofá novamente, agora me levantando de vez indo até o banheiro.

Tomei um banho de tempo indeterminável, depois sai me encolhendo dentro de um roupão e seguindo até meu closet. Escovei minhas madeixas as deixando completamente lisas e me maquiei usando tons fortes para diferenciar o vestido que era claro.

Assim que estava devidamente pronta, coloquei meu vestido e calcei meu melhor scarpin Louboutin e terminei de ajeitar minhas joias, as mais amadas.

Antes de tudo liguei para a mãe de Lily, que passaria a noite cuidando de Harry – meu afilhado – e Cassie, minha filha.

Sai a tempo de casa – com meu carro – e dirigi rapidamente até o local do evento. Já havia recebido milhares de mensagens de texto de Dorcas e de Lily perguntando onde eu estava e qual o motivo da minha demora. Não respondi nenhuma, afinal elas sabem muito bem esperar.

Estacionei meu bebê Cruze Hatch no local em que Joey tinha me dado às ordens e sai já sendo bombardeada de flashes. Não que eu queira me achar, mas era bem reconhecida em Paris pelo meu belo trabalho na Mode Beauté. Não só eu como Lily e Dorcas também.

Sorri para todas as fotos e vários jornalistas faziam perguntas desconexas e básicas.

No tapete vermelho muitas celebridades já posavam em seus modelitos casuais, extravagantes e ousados. Passei rapidamente por ali indo em direção a Lily e Dorcas, que conversavam com algumas pessoas que eu ainda não tinha reconhecido.

– Salut les filles! – (Oi meninas!) cumprimentei-as sorrindo e com dois beijinhos na bochecha a moda francesa.

– Usar celular de vez em quando é bom Marlene! – Lily me repreendeu enquanto dispensava um fotografo para seu devido lugar.

– Usar celular enquanto se dirige não é uma das coisas que eu quero provar, mon chéri. – pisquei para ela que me olhou indignada querendo rir.

– Vocês duas, chega, olha nosso chefe vindo com tudo na passarela! – Dorcas falou rindo enquanto observava Joey, virei-me para observa-lo e não pude deixar de rir.

Joey nunca perderia a pose de gay.

Bom, espero que ele nunca saiba que eu pensei isso.

– Oh! Sont mes déesses! - (Oh! São deusas!) ele apontou para nós e riu fazendo com que as câmeras se focassem em nós três.

– Joey! – falamos juntas, gargalhando.

Ele se despediu das câmeras e veio na nossa direção de braços abertos.

Assim que chegou pertinho, nos abraçou juntas e nos agradeceu até não poder mais. Dizia que estava muito feliz e que nós tínhamos feito um trabalho e tanto e que ele não poderia ter mais orgulho de nos ter como funcionarias e claro, braços direito.

– Vous êtes beaux, les filles! Modèles Elie Saab ne manque jamais! – (Vocês estão lindas, meninas! Modelos Elie Saab nunca falham!) Joey falou com seu sotaque francês exageradíssimo nos fazendo agradecer.

– Et vous en utilisant Armani, qui n'est pas nouveau, c'est un chat. – (E você usando Armani, o que não é novidade, está um gato.) Dorcas o elogiou e Lily e eu concordamos. Ternos Armani’s não ficam bons em qualquer homem.

– Merci les filles. Maintenant nous entrons! – (Obrigada meninas. Agora vamos entrando!) e assim ele nos puxou para dentro do salão.

Dorc’s POV

Depois que Joey nos arrastou para dentro do salão, ele rapidamente nos largou indo conversar com alguns convidados que ansiavam pelo desfile.

Segui com as meninas até o backstage para dar uma ultima conferida nas coisas, afinal, hoje, nada poderia dar errado! Era agora ou nunca. Ou a Mode Beauté continuava no ritmo, como primeira em toda a França, ou ela despencava ficando esquecida como várias outras revistas de moda que surgiram em Paris.

Entrei no camarim e aquilo não parecia nem de longe um lugar comum, o palavreado pode ser chulo, porém parecia um galinheiro. Não que eu estivesse xingando minhas lindas modelos, mas sim, xingando o local. Elas eram desorganizadas, tinha sapatos jogados por todo o local, brincos e tarraxas perdidos no chão, vestidos e todo o tipo de roupa jogados em cima dos sofás, cabides em cima de espelhos e rolos de bobs presos em toda a sala.

– Oh mon Dieu! – Lene berrou atraindo toda a atenção – Olha a bagunça que isso aqui se encontra... Oh mon Dieu, Oh mon Dieu! Vocês têm quinze minutos, me entenderam? QUINZE MINUTOS PARA SE ORGANIZAREM!

As modelos nos olharam assustadas por um momento ficando em silencio e depois toda a reviravolta voltou a acontecer. As modelos corriam arrumando todo o necessário e eu fui obrigada a sair dali acompanhada das meninas. Era muito para minha cabeça loira e impaciente.

– Vocês souberam que os Lupin vêm? – comentei despreocupada, fingindo que não ligava para esse fato.

– É... Eu soube, estava ajeitando as listas hoje e me deparei com a família Lupin, porém você soube que ele se mudou não é? – Lene falou fazendo com que o alivio percorresse todo o meu ser.

– Eu não sabia disso. Bom, agora eu sei e é ótimo – sorri aliviada deixando com que Lily gargalhasse.

– Dorc me diga: quando você sabe de alguma coisa? Nós passamos semanas tentando colocar na sua cabeça que ele tinha se mudado e você não acreditava, então nem vem falar que não sabia loira! – Lily disse deixando com que um ponto de interrogação entrasse na minha mente.

– Eu realmente não...

– Je vous ai trouvé! Merci à bon Dieu! Aller à vos places, le spectacle est sur ​​le point de commencer.- (Encontrei vocês! Graças à Deus! Vão para seus assentos, o desfile já vai começar.) Joey apareceu deixando minha frase morrer no ar sem explicações e nos puxou – novamente – para nossos lugares.

Acomodamo-nos corretamente nos nossos devidos lugares depois que Joey nos largou lá e seguiu rumo ao seu posto, que era apresentar o desfile.

Nossos assentos eram na primeira fileira, de cara com as modelos, de cara com a passarela. A hora de vivenciar mais um sonho realizado, mais um sonho cumprido chegou. As luzes se apagaram e uma única focou Joey no meio da passarela sorrindo feito uma criança.

Ele agradeceu por todos os presentes, contou um pouco a história que o pessoal dali precisava saber e então saiu da passarela vindo se sentar do nosso lado, dizia ele que nós o dávamos sorte.

E então a música de fundo começou a tocar deixando todos apreensivos e a primeira modelo se pôs a desfilar...