Ela fechou a porta e eu mal acreditei no que tinha feito. Suspirei feliz. Fui pra casa e fiquei no facebook, contei pra Rafa e ela não reagiu tão mal. Não queria contar, mas ela tinha pedido pra não mudar com ela, então não mudei. Como estava com sono, fui dormir e acabei dormindo a tarde inteira. Minha mãe me acordou quando chegou.

- Desculpa te acordar, quer sair pra comer alguma coisa?

- Seu namoradinho vai?

Ela quase se irritou e dei um sorriso irônico.

- Ele não é meu namorado. E não, ele não vai.

- Então eu vou.

Me arrumei e fomos lanchar. Quando chegamos a lanchonete ela começou a falar.

- Quero conversar com você.

- Ah, claro que tinha alguma coisa... Diga.

- Você ficou com um menino?

- E desde quando isso te interessa? – Dei uma risada indignada. Só o que me faltava.

- Eu vi um menino te levando lá em casa e achei que...

- Achou errado. – Cortei. – Não mãe, eu não fiquei com um menino, ta? Retire as esperanças que você colocou, eu gosto de meninas, você querendo ou não!

- Mas minha filha...

- Chega mãe. Eu não vou ser quem você quer que eu seja, eu não vou ficar com caras e namorar com caras só pra te agradar. A vida é minha, e eu quero viver ela ao lado de uma menina, eu gosto de meninas e é isso, você não vai me mudar. Ou você aprende a conviver com isso, ou sinto muito, nossa relação ainda vai uma merda e foda-se, você vai viver achando que eu sou uma aberração ou sei lá o que você acha que eu sou. – Me estressei. – Agora, se você me chamou aqui pra isso, eu vou embora. Se me chamou pra gente comer alguma coisa, podemos mudar de assunto ou não ter assunto nenhum e comer logo.

Ela não disse mais nada. Abaixou a cabeça e olhou o cardápio. Comemos sem assunto e voltamos pra casa, fui direto pro quarto.

Peguei meu violão e o notebook e fiquei me distraindo. Eu tinha aprendido a tocar violão com 11 anos, meu pai tinha me ensinado. Ele era muito bom. Tenho um violão que era dele, um que ele tinha me dado e um que comprei a pouco tempo, mas o melhor ainda era o dele.

Depois de um tempo, Nina me chamou no facebook e eu guardei o violão.

Nina Turner

Oi linda, tudo bem?

Isabella Stone

Olá moça. Tudo sim, e ai?

Nina Turner

Tudo ótimo.

Estou ansiosa pra sexta (:

Isabella Stone

Eu também estou haha.

Nina Turner

Onde você vai me levar?

Isabella Stone

Surpresa.

Não sabia onde levá-la ainda, pediria ajuda ao Freddie.

Nina Turner

Ah, poxa ): Tudo bem haha.

Conversamos mais um pouco e ela foi dormir. Eu estava sem sono, não devia ter dormido tanto a tarde. Resolvi ver um filme depois que ele acabou, dormi. Dormi pouco, umas duas horas, e tive que acordar.

Cheguei atrasada na escola e sentei no meu lugar. Nina não foi a aula, então, mudei pro lado de Freddie. Passamos a aula conversando e no intervalo fomos caminhar.

- Chamei a Nina pra sair. – Falei olhando pro chão.

- Sério? – Ele sorriu. – Isso ai.

- Vamos amanhã. – Sorri e olhei pra ele.

- Onde pretende levá-la?

- Não sei. – Ri. – Não conheço nada direito aqui, queria que me ajudasse.

- É claro.

Sentamos em uma mesa.

- Nina prefere ambientes abertos do que fechados. Ela gosta de um shopping, um cinema, mas é mais fã de bosques, parques e coisas assim. Tem um parque que ela ama. – Ele me disse onde ficava e me deu as coordenadas pra chegar.

- Obrigada.

- Sem problemas.

O sinal tocou e voltamos pra sala, depois fomos embora e ele me acompanhou até em casa de novo.

Liguei pra Rafa quando cheguei em casa já que ontem mal tinha falado com ela. Contei o que minha mãe fez, e contei onde levaria Nina. Ela me contou que ficou com Fred de novo e me surpreendi. Era difícil ele ficar com a mesma menina mais de uma vez. E era estranho ainda o fato da Rafa ficar com um menino. Quando desliguei, fui ler.

Quando a Nina entrou no facebook, conversei com ela. Perguntei por que ela tinha faltado e ela me disse que era sono. - “Absurdo me deixar sozinha.” - E rimos. Mas foi bom o fato de ela não ter ido, assim Freddie pôde me dar as dicas.

Nos despedimos e ela lembrou que estava ansiosa por amanha. Fiquei nervosa, passei a noite nervosa.

Acordei cedo e fazia frio, tomei um banho e fiquei alguns minutos na frente do espelho. Passei perfume e fui me arrumar e coloquei uma calça de couro, uma blusa de caveira e um moletom dos Beatles. Fui com o all star preto de cano alto. Me maquiei e ainda estava nervosa. Respirei fundo. Não costumo comer de manhã, mas comi pra não ter problema de passar mal.

Peguei a mochila e fui pra escola.

Cheguei e ela já estava lá. Uau! Estava linda. A blusa do Led Zeppelin azul-marinha, calça preta e o surrado all star azul-marinho também. Ela estava incrível.

Falei com o pessoal e tentei não parecer nervosa. A aula passou rápida, ainda bem.

Quando saímos, nos despedimos deles e eu segui andando com ela. Freddie tinha me explicado o caminho detalhadamente, acho que não ia me perder. Não era longe o parque, isso facilitava.

- Então, onde nós vamos? – Ela parecia empolgada e segurou minha mão.

- Você vai ver quando a gente chegar. – Acariciei a mão dela e sorri.

Fomos andando até o parque, consegui acertar o caminho.

- Chegamos. – Parei em frente ao parque.

- Sério? Eu amo esse parque! – Ela deu um sorriso largo.

Entramos no parque e ficamos conversando de mãos dadas, ainda nos conhecendo melhor.

- Mas me diz, o que você faz além de desenhar incrivelmente bem?

- Ah, não exagera. – Ri. – Eu toco violão.

- Sério? Ah, que massa! Adoro violão.

- Aprendi quando tinha 11 anos, meu pai me ensinou.

- Ele é músico?

- Era o grande sonho dele. – Sorri sem dentes.

- O que ele faz?

- Ele morreu... Já tem 2 anos.

- Ah, desculpe... Sinto muito.

- Tudo bem. Ele era um puta músico, só não seguiu a carreira. – Sorri e ela sorriu junto.

Pediu pra me contar um pouco dele se eu não me incomodasse, e eu nunca me incomodava de falar do meu pai. Fiquei feliz.

Falamos sobre diversas coisas, ela me contou muito dela. Rimos bastante, estávamos nos divertindo.

Resolvemos sentar um pouco e sentamos na grama mesmo. Eu apoiei meus braços nos joelhos e ela abraçou meu braço e deitou a cabeça no meu ombro. Sorri, e espero que ela não tenha visto. Ficamos observando a paisagem.

- Obrigada por me trazer aqui.

Olhei pra ela e ela estava sorrindo enquanto admirava a paisagem.

- Obrigada por ter vindo.

Ela levantou a cabeça e me olhou. Sorri pra ela e ela retribuiu. Ela chegou o rosto um pouco mais perto do meu.

MEU DEUS, É AGORA! Ela vai me beijar. Vamos nos beijar. Eu vou beijar ela. AAAH!

Estava nervosa, muito nervosa. Acho que ela percebeu. Fechei meus olhos e coloquei a mão no rosto dela, senti ela soltar uma risadinha e então, a beijei.

Me senti nas nuvens! Acho que foi o melhor beijo da minha vida. Parecia o primeiro, mas aproveitei como se fosse o último. A boca dela parecia ser o encaixe perfeito da minha, e ela acariciava meu cabelo. Quando paramos o beijo, mantive seu rosto perto do meu. Acariciei o rosto dela com a minha mão que permaneceu ao rosto dela, e nos olhamos devagar. Ela sorriu singela e eu, tímida.