Eu estava voando. Meu coração acelerou, eu fiquei muito feliz. Ela também parecia feliz. Ela abriu o sorriso, deslizou a mão pelo meu rosto e quando chegou no meu pescoço, me beijou de novo. Ambas sorrimos entre o beijo. Nos afastamos e eu não sabia o que dizer. Nada sairia de mim naquele momento, só dava vontade de gritar pro mundo o quão feliz eu fiquei.

A mão dela continuava no meu pescoço, ela deu uma risadinha gostosa e moveu a mão pro meu ombro.

- O que foi? – Sorri.

- Você ta nervosa. – Ela sorriu. – Sinto sua pulsação acelerada até com a mão no seu pescoço.

- É, to bem nervosa. – Rimos. Fiquei vermelha, com certeza.

- Não precisa ficar nervosa, eu gostei. – Ela tirou a mão de mim e ficou me olhando.

Estava muito tímida, sou muito tímida. Sorri e olhei pra baixo. Ela levantou meu rosto com um dedo e beijou minha bochecha.

- Eu gosto de você. – Ela disse ainda me olhando.

- Também gosto de você. – Disse baixo, tão baixo que não sei como ela ouviu.

Ela piscou.

- Estou com frio. – Ela se abraçou.

Tirei meu moletom e dei a ela.

- Não precisa, você vai ficar com frio. – Ela riu.

- Não vou, não tem problema. – Sorri e insisti.

Ela pegou e colocou. Deitamos na grama e eu tentei me abrir.

- Olha, parece um cachorro. – Apontei pra uma das nuvens.

- Parece mesmo. E aquela, uma moto. – Ela apontou pra outra.

Brincamos de descobrir desenhos em nuvens, eu ria dos desenhos que ela achava. Depois de um tempo, me levantei e puxei ela pra levantar comigo. Fomos andando e eu levaria ela em casa.

- Ainda estou com frio. – Meu moletom ficava grande nela, ela pôs as mangas por cima das mãos e colocou no rosto. Ficou uma fofura.

Abracei ela de lado e fomos andando. Ela estava aconchegada em mim. Parei em frente à casa dela e soltei o abraço. Ficamos de frente uma pra outra e com as mãos dadas.

- Obrigada mais uma vez. Me diverti muito. – Ela ficou na ponta do pé e beijou a ponta do meu nariz.

- Obrigada você. Fico feliz que tenha se divertido. – Beijei a testa dela.

Nos abraçamos. Eu gostava tanto daquele abraço.

- Assim não da nem vontade de sair daqui. – Ri.

- Fica mais um pouco então. – Ela continuou me abraçando.

Afaguei o cabelo dela e ficamos um tempão abraçadas em frente à casa dela.

Ela soltou do abraço e ficou me olhando.

- Vou entrar, você tem que ir pra casa, ta esfriando mais, você pode se resfriar.

Achei lindo ela preocupada comigo.

- Então ta bom. – Sorri.

- Sei que to abusando, mas posso ficar com o seu casaco? Já to quentinha. – Ela riu. – Depois te devolvo

- Sem problemas.

Ela agradeceu. Me deu um beijo no canto da boca e depois um selinho. Me olhou feliz, deu um “tchauzinho” e entrou em casa.

Suspirei. Meu dia tinha sido perfeito, nada poderia estragar. Fui pra casa e minha mãe estava lá na sala.

- Boa noite.

- Boa noite. – Sorri. – Tudo bem?

- Aconteceu alguma coisa?

- Estou feliz, só isso.

- Isso é bom.

- É sim.

Ela sorriu e eu fui pro quarto. Tomei um banho, coloquei um pijama e liguei pra Rafa. Contei apenas que tínhamos ido ao parque e que ficamos. Tentei não tocar muito no assunto, e desviei o assunto pra ela. Conversamos bastante.

Depois de umas 3 horas, desliguei o telefone e fui lanchar, comi alguma coisa com a minha mãe e ela foi dormir. Resolvi ficar um pouco na sala, deitei no sofá e fiquei vendo TV enquanto falava com a Rafa e com a Nina por SMS.

“Boa noite, princesa. Tô com soninho e vou dormir. Obrigada pelo dia de hoje. Tô aqui quentinha com o seu casaco, gostei dele porque tem teu cheiro. Vou pensar se te devolvo, haha. Se cuida, espero que a gente se veja amanhã. Beijos, linda. Durma bem.”

Sabe aquela SMS que você recebe e da um suspiro tão contente? Eu o dei. Dei boa noite a ela e fiquei relendo a SMS.

Não demorou muito e fui deitar. Fiquei pensando no nosso encontro, no abraço demorado no fim da tarde, e principalmente nos beijos. Pensei muito nos beijos. Acabei pegando no sono sem perceber.

Acordei tarde no sábado, comi alguma coisa e Nina me ligou.

- Ei, a galera vai pra praça, vamos? – Pela voz, ela também tinha acabado de acordar.

- Vamos sim. Vou me arrumar e a gente se encontra lá.

Desliguei e fui me arrumar. Cheguei na praça e ela já estava lá. Alex estava também. Falei com eles, e com Alex não.

- Conversei com ele, acho que vai se conformar. – Ela sussurrou no meu ouvido.

Olhei pra ele e ele acenou todo falso pra mim. Ignorei.

Freddie pegou um momento em que Nina se afastou um pouco de mim.

- Como foi o encontro?

- Foi ótimo. Posso dizer que há muito tempo que eu não tinha um dia tão bom como foi o dia de ontem.

- Vocês ficaram?

- Ficamos.

- Nina está contente, mais que o normal. Na verdade, ela ta feliz mesmo, não como aparenta ser. Se você gosta mesmo dela, investe nela. Mas se não gostar de verdade, por favor, não machuca ela, ta bom? – Ele parecia inseguro.

- Ei, eu gostei de verdade dessa menina desde o primeiro dia que a vi. Eu nunca gostei de ninguém antes... Relaxa, se ela quiser vir adiante comigo, nós vamos.

Ele apenas sorriu e assentiu com a cabeça, e senti a mão de Nina no meu ombro.

- O que estão fazendo afastados?

- Nada – ri – só conversando.

Ela sorriu. – Venham. – Me puxou pela mão e Freddie foi atrás da gente.

- To com frio. – Ela sussurrou e puxou meu braço para abraçá-la.

Eu estava atrás dela, envolvi ela e ela deitou a cabeça no meu peito. Alex me olhava com desprezo, mas não falava nada. Nina se virou pra mim, pôs as mãos nos meus ombros e se apoiou nas pontas dos pés.

- Vamos lá pra casa? Nem quero ficar na rua. – Ela sussurrou.

O que? Me chamando pra ir na casa dela? Sério isso?

Concordei com a cabeça. Ela sorriu e nos despedimos deles. Fomos embora de mãos dadas.