- E-eu? – Gaguejei.

Fiquei tonta na hora, juro. Encostei na parede e tentei focar minha visão nela, mas estava embaçada. Como assim? Minha melhor amiga a 5 anos, apaixonada por mim? Só agora?

- É. – ela olhou pro chão.

Ainda estava meio desfocada, mas respirei fundo e o sangue voltou a circular. Pensei no que falar mas nada me veio a cabeça.

- Desde quando?

- Não sei. Percebi quando você se mudou, percebi como ficava horas pensando em você e morrendo de vontade de te abraçar. E pensando coisas a mais. A certeza bateu quando você disse que estava gostando da Nina. – Ela respirou fundo. – Eu me senti muito mal.

Não sabia como agir. Segurei a mão dela e olhei pra ela – Você tem mesmo certeza?

Ela fez que sim com a cabeça e continuou olhando pra baixo. Levantei o rosto dela e ela me olhou com um olhar triste.

- Ei, não fica assim não. Vem cá. – Puxei a mão dela e a abracei. – Eu não vou te machucar, ta bom? Não vou.

Ela me abraçava forte. – Desculpa... – Sua voz era de choro – eu não queria deixar acontecer, mas aconteceu – ela fungou – não quero estragar o que a gente tem, eu amo nossa amizade como é, eu não quero nada mais, eu não quero ser apaixonada por você... – Ela começou a soluçar.

- Sh, calma. – Apertei ela forte contra mim. – Nada vai estragar nossa amizade, ta bom? Isso vai passar, não deixa crescer. Eu te amo.

Ela soltou o abraço e eu limpei o rosto dela. Ela sorriu fraco pra mim.

- Não quero que isso atrapalhe seus planos com a Nina, se você ta gostando dela, vai em frente. Eu sou sua amiga, sua melhor amiga e só isso. Nunca te vi encantada com alguém como vi que está com ela, então não deixa isso te atrapalhar, ta ouvindo? – Seu tom ficou mandão. Adorava aquele tom, era engraçado.

Ri baixo e concordei com a cabeça. Sorri pra ela e ela pra mim.

A Rafa era incrível, que tipo de pessoa apaixonada faz isso? Claro, agora ia tomar muito mais cuidado com o que falava com ela, mas ainda ia contar, se assim ela pediu.

A tarde foi divertida, passamos uma tarde como antigamente. De noite, o pai dela chegou para buscá-la.

Entrei em casa, passei na cozinha e peguei o pote de sorvete e uma colher. – Eu sou viciada em sorvete – Subi pro quarto. Liguei o notebook e a Nina estava on no facebook. Ia chamá-la, mas antes ela me chamou. Pediu meu celular e disse que já ia sair, e nos falávamos por SMS. Concordei e ela saiu. Vaguei um pouco na internet enquanto trocava SMS com ela.

Fechei o note e fui ver um filme, quando percebi, tinha acabado com o pote de sorvete. Levei lá pra baixo e vi que minha mãe estava em casa. Subi de novo e fui ver o filme, assim que ele acabou, dormi.

No dia seguinte, acordei bem mais cedo que de costume, Nina tinha pedido pra irmos juntas pra escola. Ela passaria lá em casa, já que eu não sabia onde ela morava. Me arrumei bem. Calça preta skinny, blusa caída no ombro dos Strokes e Vans azul-marinho. Peguei minha mochila e logo ela tocou a campainha. Desci correndo, peguei o chaveiro em cima da mesa e fui encontra-la.

- Bom dia. – Abri um sorriso.

- Bom dia! – Ela sorriu também. – Ta linda hein. – Ela riu baixo.

Sorri tímida. – Obrigada.

“Você também está linda, um espetáculo” POR QUE não falou também Isabella? Idiota. Desde quando uma garota te deixa nervosa?

Ela estava mesmo, um espetáculo! Uma calça preta skinny rasgada, uma regata de caveira e um all star básico. Aquela cara de quem acabou de colocar e mal se arrumou, mas ficou impecável.

Fomos andando até a escola, até que ela mudou o caminho.

- Pra onde vamos? – Fiquei curiosa.

- Só dar uma volta pelo quarteirão, ainda falta pra aula começar.

Concordei. Fomos andar e ficamos conversando e rindo. Ela era muito alegre e contagiante. Ela era linda. Chegamos um pouco atrasadas e todos estavam lá, menos Alex. Ela me disse que tinha conversado com ele, e que ele não aceitou muito bem.

- Bom dia, moças. – Freddie, sempre galanteador, nos cumprimentou.

- Bom dia, falso cavalheiro – Ela riu.

- Que calúnia! Sou um cavalheiro. – Ele fez cara de metido e beijou minha mão, nós três rimos.

Cumprimentei os outros, e nos sentamos. No intervalo ficamos conversando também, e saímos mais cedo.

- Fica com a gente hoje? – Nina pediu meiga.

Como recusar?

- Fico.

- Vamos pra quadra. – Zack sugeriu.

- Pra você e Sophie ficarem se pegando na arquibancada? – Emly se revoltou.

- Você devia tentar, por mais que não pareça, é confortável. – Ele riu.

Emly cruzou os braços e Sophie bateu em Zack.

- Bom, eu não sei vocês, mas acho uma boa ideia. Ninguém precisa ficar se pegando – Max deu ênfase na frase enquanto olhava pra Zack. – Mas pra ficarmos em algum lugar.

- Vamos então. – Alice disse empolgada e fomos.

Quando chegamos, ficamos conversando, e os meninos decidiram jogar bola.

- Quero jogar. – Nina levantou da arquibancada e foi até eles.

- Que? – Zack parecia rir.

- Sem machismo Zack, sou mais macho que você. – Ela riu e Freddie também. – Tem um faltando, vocês são três, Alex não ta aqui e eu quero jogar.

- Ok, me prove que é boa. – Zack a desafiou com o olhar.

- Ok. O Freddie é meu.

- Opa! – Freddie riu.

Eles começaram a jogar. Era uma graça ela jogando. Eu gostava de ver futebol, mas não gostava de jogar.

Olhei pra arquibancada e Emly parecia triste conversando com Sophie, Alice se sentou ao meu lado.

- Ela joga bem, né? – Puxou assunto.

- Sim – sorri.

- E joga mais que o Zack. – Nós rimos. Ela suspirou contente. – Ela é boa em tudo o que faz.

Olhei pra Alice e ela olhava fixamente pro jogo. Ou melhor, pra Nina. Era estranho, no mesmo momento que Alex me odiava mesmo sem ter chances com Nina, Alice me tratava bem sabendo que ela tinha chances. Não que eu fosse uma ameaça ou coisa do tipo, eu acho que não tenho chances com ela.

- GOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOL! – Nina saiu gritando pela quadra. – Esse foi pra você, docinho. – Ela apontou e piscou pra Alice rindo. Rimos juntas.

- To cansado. Troca comigo, Alice? – Freddie disse vindo em direção a arquibancada.

- Vamos ter que jogar com duas garotas? – Zack falou.

- Cala a boca que vocês perderam. – Nina riu da cara dele. – Vem Alice.

Ela foi e Freddie se sentou do meu lado.

- Ta cansado mesmo? Que fraco. – Ri dele.

Ele riu junto. – Não, mas precisava falar alguma coisa pra vir sentar e poder conversar com você sozinho. – Ele me olhou.

Estava suado, e nojento. Mas era bonitinho.

- Olha, se for o que eu to pensando...

- Não, não. – Ele riu. – Não vim dar em cima de você. Quando te vi a primeira vez, até pensei, você é linda. Mas não é isso que vim falar, já saquei que não sou sua praia. – Rimos novamente.

- O que é então, senhor galanteador?

Ele desviou o olhar de mim e olhou o jogo. – Percebi que você gosta da Nina.

Merda, devia estar escrito na minha testa.

- Por que acha isso?

- Olha nos meus olhos e diz que não. – Ele me encarou.

- Ta bom, talvez eu goste, mas eu nem a conheço direito, nem conheço vocês direito.

- Isso não vem ao caso, é questão de tempo até se conhecerem. – Ele limpou o suor da testa – O caso é que, acho que você ainda não percebeu.

- Percebi o que?

- Ela gosta de você também. – Ele sorriu.