Supremos Kings - A Saga escrita por MarryLeão


Capítulo 3
Uma luz no fim do túnel?


Notas iniciais do capítulo

Escrita com muito carinho, espero que realmente gostem!



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—Você não é um monstro. — Disse uma voz masculina que ela não conhecia.

Sobressaltada, Amanda percorre todo o quarto com o olhar, buscando alguma anomalia. Terá sido sua imaginação?

—Sei que está assustada, — A voz masculina era calma. — mas não é de meu interesse fazer qualquer mal a você.

Amanda tinha quase certeza que voz vinha do canto mais escuro.

—Q-quem é você? — As palavras saiam com dificuldade. — O que t-tá fazendo aqui? — O corpo da Amanda ficava rígido por causa do medo.

—Estou aqui porque acho que posso te ajudar.

—Ajudar?... —Amanda falava para a escuridão. —Quem é você? —A voz dela ganhava um pouco de intensidade.

—“Quem sou eu”?...

A garota podia ver algo se mexendo em meio as sombras. E aos poucos ela pôde ver o dono da voz. Os pés foram os primeiros a se expor na pouca luz que vinha dos postes da rua. Ele usava botas pretas que pareciam ser de couro, mas não como as que ela via nas propagandas, aquela parecia ser à prova de balas, a calça era tão escura quanto a bota, o tecido se assemelhava muito com uma roupa de mergulho, ele usava uma jaqueta fechada até a gola, entretanto, nada disso chamava mais atenção do que a máscara que ele usava, cobria todo o rosto e a cabeça, deixando somente os olhos à amostra, olhos estes que Amanda pôde ver que eram negros e intensos.

—Me chamo Velox. —Disse o homem que andava lentamente e despreocupado.

—Se eu fosse você, não chegava mais perto. —O homem parou ao ouvir a Amanda. —Eu posso te machucar...

—Mas, você não é “eu”, e sinceramente, você não parece nem um pouco ameaçadora.

—Você não me conhece... —Amanda tentava intimidar com a voz, mas era em vão.

Velox respirou fundo.

—Amanda Oliveira Lauric, 15 anos, fará 16 daqui a três dias, estudou na Instituição de Ensino Professor Ismael, onde constam várias passagens pela enfermaria, provavelmente por causa das agressões, órfã de pai e mãe, não se...

—Chega! —Amanda ordenou enquanto lutava para que lágrimas não voltassem a cair.

—... E está desesperada por respostas.

—Quem você pensa que é?

—Sei que é difícil de entender, o começo sempre é assim, e com você não poderia ser diferente.

—Do que você tá falando? —Ela estava confusa.

—Da sua mutação genética que permite gerar a sublimação da umidade do ar.

—Que?!

—Da sua habilidade de manipular o estado físico da água... —Viu a confusão no rosto da garota. —... Eu estou falando de você congelar as coisas.

—Como você sabe tanto sobre isso? —Amanda ainda não estava calma.

—Além de eu ter algo parecido com o que você tem, conheço outros também.

—Isso tem cura?

—Não é doença. —Velox pareceu ofendido.

—Você também... congela coisas?

—Não, até onde eu sei, isso é único. Eu... digamos que sou mais rápido que a maioria das pessoas.

—Rápido?

—Bom,... —Velox olha pelo quarto. —Tá vendo aquele livro que está ao seu lado?

Amanda viu o livro de biologia que deixara em sua cama mais cedo e voltou olhar para Velox.

—O que tem o livro?

Velox ergueu a mão direita onde segurava um livro grosso, um livro de biologia.

—É esse?

A garota ficou surpresa, olhou para o seu lado, porém o livro não estava mais lá.

—Como fez isso?! –Amanda olhava incrédula para a figura mascarada em seu quarto.

—Eu fui até aí pegá-lo.

—M-mas...

—É como eu disse: sou rápido.

Ela tentava absorver todas aquelas informações, mas ela não conseguia organizar.

O quarto ficou silencioso por alguns instantes.

—Eu posso não ter todas as respostas, —Velox falava calmamente. —mas estou disposto a ajudar.

Será que finalmente ela teria encontrado alguém que não a julgasse? Que a ajudasse acabar com aquele pesadelo?

—Como você pode me ajudar? —Amanda tinha medo de alimentar falsas esperanças.

—Sinceramente, o treinamento depende mais de você, é a sua força de vontade de poder controlar as suas habilidades que conta.

—Por que você quer me ajudar?

—Porque eu acho que você pode ajudar os outros, e quer. É claro que existem os que usam suas habilidades para mal, por isso, um dos meus objetivos é formar uma equipe que lute para impedí-los. E estou convidando você para vir com a gente e fazer parte da equipe.

Uma fagulha de esperança começou aquecer algo que parecia sem vida. Uma euforia em saber que haveria uma possibilidade, mesmo que pequena, de haver um lugar para ela.

—Como posso confiar em um completo estranho?

—Não confie. Eu não estou pedindo sua confiança, só estou lhe fazendo um convite. Aceitar e vir, ou, recusar e ficar, é escolha sua, problema seu.

Por mais que a razão diga que é loucura aceitar isso, algo naqueles olhos negros passava uma segurança.

—E então? Aceita entrar na equipe? E deixar isso tudo para trás?

Amanda ainda tinha medo do novo, estava tão acostumada com aquela vida, mesmo não sendo como ela sonhava, entretanto ela não tinha ideia do que a aguardava se dissesse sim.

—Eu...

—E aí? Ela aceitou? Podemos ir? —Disse uma nova voz na janela.

O susto fez Amanda girar a cabeça automaticamente para a janela. Lá havia um garoto, com os olhos curiosos e um cabelo castanho desgrenhado. Não dava para ver direito o rosto do garoto.

—O que você tá fazendo? —Velox disse entredentes.

—Atrapalhei alguma coisa? Ah, foi mal, é que eu não aguentava mais...

—Eu disse para esperar lá em baixo! —Velox fuzilava o garoto com os olhos.

—E que ficou um silêncio aqui, e fiquei preocu...

—Você tava escutando escondido? —Grunhiu Velox.

—E que eu tava entediado... —O garoto sorria. —Você é a Amanda, não é? Prazer, —O garoto deformou seu braço de uma forma que sua mão alcançou Amanda. —me chamo... Bom, eu não posso te dizer meu nome verdadeiro, mas quando eu inventar outro, eu te digo. —O garoto sorria e ignorava totalmente a irritação de Velox.

Amanda estava paralisada com a cena do braço esticado do garoto.

—Faça o que eu te pedi! —Velox estava ameaçador.

—Mas tá muito chato...

—Agora!

—Tá, eu sei que tô atrapalhando, mas não precisa ficar com raiva.

—Eu não estou com raiva!

—Tá sim.

—Não tô!

—Tá com raiva.

—Espere lá em baixo. —Velox falou compassadamente.

—Tá ok, eu vou.

O garoto saiu da janela.

—Não precisa ficar assustada, ele é uma boa pessoa, uma boa pessoa que pode esticar o corpo.

—Ele tá na equipe? —Amanda ainda se recuperava do pequeno susto.

—Sim.

—Quem mais tá nessa equipe?

—No momento só tem três: Eu, o sujeito lá fora, e Einstein.

—O que esse outro faz?

—Ele tem uma inteligência acima da média para assuntos tecnológicos.

—E no que a minha... —Amanda estranha a palavra. —... habilidade pode ajudar?

—Pode fazer muitas coisas, até mesmo salvar vidas, mas depende só de você, e se você aceitar vir com a gente, ficará mais fácil.

—Mas eu não posso abandonar meu pai assim do nada...

—Amanda, aquele sujeito que te explora, não é, e nunca foi nada pra você! E você sabe disso. Não sei como você ainda consegue se preocupar com ele! Você quer continuar assim? Sofrendo? —Velox fitava intensamente os olhos da Amanda—... Eu não posso te prometer muitas coisas, mas ninguém lá vai te fazer chorar.

Nunca uma pessoa havia falando com ela daquele jeito. De algum modo, aquele sujeito mascarado lhe passava uma enorme confiança.

—Velox... —Por um instante, ela se lembrou de tudo o que passou. —... eu aceito.

Olhando para aquele rosto, Amanda teve a impressão de que ele sorriu.

—Ótimo, arrume suas malas agora, vou te esperar lá fora.

—O que? Agora?!

—Sim, não temos tempo a perder, algum problema?

—Não, é que... —Balançou a cabeça. —... eu já vou arrumar minhas coisas.

—Quando acabar me dê um sinal.

Velox desapareceu deixando um rastro de vento pela janela. Amanda ficou por um momento imóvel, tentando absorver todas aquelas informações. Calmamente ela levanta da cama e olha ao redor, decidindo o que ela iria levar. Pegou sua mochila do colégio e foi colocando suas roupas e livros, ajudava ela não ter muitas coisas, assim ela não perderia mito tempo escolhendo o que levar. Logo a mochila estava pronta. Antes de ir, Amanda deu uma ultima olhada naquele sótão que lhe servira como quarto por tantos anos, porém seus pensamentos foram interrompidos por um barulho na escada, passos pesados de um bêbado, e aquele homem, que antes ela chamava de pai, abriu a porta violentamente entrando no quarto. No rosto ainda aquela fúria, e quando seus olhos correram para a mochila na mão da Amanda, seu rosto se contorce mais.

—O que você tá pensando? Vai sair daqui? Você acha que pode ir embora quando quiser?! —Ele avança para cima dela, segurando com força seu braço sacudindo-a. —E assim que você retribui? Te dei casa, comeu da minha comida, e acha que pode fazer o que quiser?!

—Você tá me machucando!

—CALA A BOCA!

—Pára! —A garota ficava cada vez mais nervosa.

—O que você vai fazer? Congelar meu braço? Sua ABERRAÇÃO! —Ele a joga no chão.

Amanda se apóia no criado-mudo para se levantar.

—Para de falar isso! —Amanda sentia seus olhos se encherem d’água. —Eu vou embora daqui!

—CALA A BOCA!

—Você não é meu pai! E NÃO MANDA MAIS EM MIM!

PLAFT!

O tapa com a costa da mão foi tão forte que jogou a cabeça da Amanda de encontro com a quina do criado-mudo. A visão dela foi escurecendo a medida que perdia a consciência.


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Notas finais do capítulo

E então? Qual a sua opinião sobre este capítulo?