Nina e o Grand Chase escrita por NessBR


Capítulo 7
Capítulo VII – O anjo da discórdia




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Capítulo VII – O anjo da discórdia

 

 

 

 

 

- LAAAAAAAAAAAAAASS!

Nesse meio tempo Ryan batia à porta do quarto de Lass. Estivera ali há mais de uma hora, de início batendo desesperado, e agora, debruçado na parede do corredor, lamentando-se entediado e chamando o amigo de minuto em minuto.

- Lass, é sério, tenho uma coisa urgente pra te contar! – tornou Ryan. – Vai, eu sei que você tá ouvindo, portanto não se finja de surdo e abre a droga da porta! AGORA!

Nenhuma resposta. Ryan soltou um grande suspiro.

- Então é assim que você quer, né? – bradou ele, olhando fixamente para a porta. - Tá querendo bancar o durão? Você vai ter o que merece, eu vou soltar um berro tão potente que nem a Amy sonhou em dar. Essa é a sua última chance!

Apenas silêncio. Ryan tomou fôlego e disse:

- Eu vou contar até três. Um... dois e... AAAAAAAAAAAAAAAAHH!

Ryan urrou como nunca fez em sua vida. Mas não foi um berro de insatisfação, e sim do susto que levara. Antes de sequer contar o três, a porta do quarto abrira-se bruscamente e de dentro do cômodo uma kunai voou veloz, raspando por cima da cabeça do elfo e arrancando um chumaço de seus cabelos alaranjados, indo parar na parede oposta do corredor. Ryan estatelou-se no chão e desmaiou de espanto.

- Céus, como pode haver alguém tão irritante no mundo...?

Lass irrompera de seu quarto escuro e, só quando olhou para o chão, percebeu a presença de Ryan. Aproximando-se dele, Lass agachou-se, agarrou-o pelo colarinho da camisa e começou a chacoalhá-lo, vociferando:

- Acode, seu inseto! Você disse que tinha algo importante para me contar? Então me conte logo, ao invés de ficar esparramado aí, como um completo lixo!

Ryan não deu nenhum sinal em retorno, apenas deixou a sua cabeça balançar junto ao corpo, molemente.

- Acorde, maldito, acorde! – Lass começou a dar fortes bofetadas na cara do amigo.

Ryan só despertou depois de ter ficado com o rosto completamente inchado pelas dezenas de tapas. Gemendo, ele perguntou:

- Ai, será que eu ainda não morri? – disse ele numa voz rouca e sonolenta. – Ou será que aqui é o céu?

- Aqui será seu túmulo se você não me contar o que aconteceu, depressa!

- Aaaaaiih, Lass! – exclamou Ryan atrapalhado, recobrando a consciência. – Desculpa, desculpa... não faço mais isso!

- Isso não importa. Diga-me de uma vez o que você tem pra dizer!

- Ah, tá bom, tá bom, eu digo. É que... bem, eu... é... – balbuciou ele, com uma expressão vazia no rosto, levando a mão ao queixo. – Eu esqueci...

Lass começou a se avermelhar-se. Seu rosto inchou de raiva, seus olhos faiscavam perigosamente e várias veias latejavam em sua têmpora. Agarrando o pescoço do elfo violentamente, jogou-o contra a parede, arrancou a kunai estacada na parede e apontou sua ponta afiadíssima próximo ao pescoço dele.

- VOCÊ VAI ME CONTAR OU EU VOU TER QUE TE MATAR? – ameaçou.

- PERAÍ, EU NÃO POSSO MORRER AGORA! – choramingou Ryan. – Não antes de me confessar para a Amy! Ah, acho que eu vou pedir a mão da Elesis em casamento um dia. Sem falar na Lire, aquela loirassa, ai céus...

– ONDE-ESTÃO-OS-OUTROS? – berrou Lass, a sua boca espumando.

- NÃÃÃO! TÁ BEM, EU LEMBREI! – afobou-se Ryan, pálido de medo. – É A NINA! PARECE QUE ELA VAI SER EXECUTADA HOJE!

- O quê?

E então Ryan contou tudo o que Arme narrara a ele sobre o sonho que tivera naquela mesma manhã. Lass, espantado, levantou-se de um salto, voltou para o seu quarto e meio minuto depois estava de volta, avançando escada abaixo.

- Lass, onde você tá indo?

Lentamente, Ryan pôs-se de pé e seguiu o companheiro. Quando chegou ao térreo, viu-o em frente ao balcão, aparentemente conversando com o recepcionista.

- Lass, você é tão mal-educado... – disse Ryan, ao se aproximar.

- COMO PUDERAM FAZER ISSO? – esbravejou Lass, golpeando o balcão tão forte e repentinamente que fez afundar o seu tampo, sobressaltando todos que estavam por perto, incluindo o balconista que caiu no chão com o susto. Sem ligar para o escândalo que fizera, Lass disparou para fora da hospedaria rumo aos portões.

- Aonde você vai? Espera! – perguntou Ryan, recuperado do choque. – Ei, tio, o quê foi que deu nele?

- E-e-eu também gostaria de saber – declarou, pondo-se de pé, trêmulo. – Ele é o segundo a me perguntar sobre a tal Nina, nunca imaginei que existisse alguém que levasse tão a sério o caso dela.

- Ah, a propósito, ela vai mesmo ser sentenciada hoje? – indagou o elfo.

- Sim, e a esta hora já deve estar morta... Por acaso vocês tem alguma ligação com esse caso? Ei, o que houve?

Ryan, sem dar maiores satisfações, correu para fora da estalagem e atirou-se para além dos portões.

- Lass, por que você é tão compulsivo? – perguntou-se.

Ryan atravessou a rua de barro, desceu as escadas rapidamente e aprumou-se pelas ruas pavimentadas da cidade por onde dezenas de pessoas fugiam desesperadas para a direção oposta.

- Para onde todas essas as pessoas estão indo?

- Ei, onde você pensa que vai, garoto?

- Mas, o quê...

Um homem alto, de cabelos escuros e curtos e vestimenta simples de camponês aproximou-se de Ryan e agarrou-o pelo ombro.

- Você não pode ir naquela direção, é perigoso! – continuou uma senhora que acompanhava o moço. – Tem uma coisa à solta por aí que está...

- Desculpa, tia – disse Ryan, desvencilhando do aperto no ombro, enquanto várias pessoas corriam ao lado deles, apressadas a se retirar -, mas eu tenho que achar meus amigos, não posso ir embora sem eles – e assim partiu, deixando os dois para trás.

Depois de correr vários minutos pelas ruas, Ryan percebeu que o número de pessoas que passavam alarmadas por ele estavam diminuindo, até que, quando cruzou mais uma avenida, não haviam mais ninguém, somente uma pessoa permanecera ali e estava parada, olhando para o céu.

- Lass! – exclamou. – Que sorte eu ter te encontrado! Conseguiu encontrar algum dos nossos?

- Psiu! Faça silêncio – ordenou Lass.

- Mas...

Lass fechou os olhos e apurou os ouvidos para localizar algum ruído estranho.

- Achei! – anunciou ele. – Por ali.

- O quê você está procurando? – perguntou, acompanhando os passos apertados do amigo na direção na qual ele apontara. – Por que será que você adora me ignorar...?

- Deve ser aquilo lá no céu! – concluiu Lass, parando à esquina deserta e apontando para o alto.

- O que é aquilo?

Bem ao longe era possível ver uma coisa cinzenta sobrevoar as ruas. Ryan pensou ter visto a coisa lançar algo parecido como uma bola negra na direção do solo, até que sentiu a terra tremer de leve e viu um quarteirão distante explodir sob uma grande coluna de fogo.

- Aquela coisa está destruindo a vila inteira! – espantou-se Lass.

- T-t-tem alguma coisa vindo na nossa direção! – informou Ryan.

- Ryan, abaixe-se!

Antes que o elfo pudesse entender o que estava acontecendo, uma bola de fogo negra viera disparada na direção deles e atingira os prédios do quarteirão bem ao seu lado. Um mar de entulho voou para cima dos garotos. “Não conseguiremos fugir”, pensou Ryan consigo mesmo, porém, uma idéia brilhante passou tão rápida quanto um relâmpago por sua mente, e, como um último suspiro, Ryan agarrou Lass e uma luz branca os envolveu, abafada apenas pela cortina de escombros que os soterrou.

A esquina toda fora coberta de destroços. Segundos de silêncio, exceto por outras explosões que ocorriam por todos os lados. Uma parte dos montes de entulhos começou a se mexer, e dele, subitamente, saltaram duas pessoas: Ryan, que assumira a forma de nepherin, e Lass, que fora protegido pelas grandes asas do amigo.

- Até que você não foi tão inútil quanto eu pensava – afirmou Lass, após terem pousado no chão, espalmando sua roupa para tirar a camada de pó que o cobria.

- E o que você esperava que eu fizesse? – bufou Ryan, cruzando os braços.

- Aquela coisa... – retomou Lass ao assunto – ela vai pagar caro por isso...

- EXPLOSÃO DE ENERGIA!

Várias flechas de luz foram disparadas de algum lugar distante e atingiram em cheio a criatura nos céus da vila, causando uma explosão luminosa.

- Foi impressão minha ou aquele foi o “explosão de energia” da Lire? – indagou Ryan.

- São eles! – exclamou Lass. – Devem estar em algum lugar aqui por perto. Ryan, não volte ao normal agora, use a sua forma de nepherin para nos levar até eles!

- O-ok!

Ryan, com as duas mãos, segurou o amigo pelo tronco e, esvoaçando as suas grandes asas, levantou vôo e juntos partiram à procura dos outros companheiros.

- Na mosca! – exclamou Elesis.

Entrementes, o resto do grupo do Grand Chase viera acelerado atrás da criatura, e ao localizá-la, Lire mirou-a com a sua gankkung e disparou contra ela sem hesitar. A coisa agora caía inerte em direção ao chão ao lado da Nina, que se desprendera de suas garras.

- A Nina está caindo! – espantou-se Amy.

- Deixem comigo! – pediu Jin.

Jin correu para salvá-la e aparou-a em seus braços em meio à queda, enquanto o monstro caía sobre um prédio no fim da rua sem saída, reduzindo-o a destroços.

- Urgh, vós não tendes... o direito de fazer... isto comigo! – esbravejou a coisa.

- E você não tem o direito de destruir a vila! – retrucou Ronan. – O que pretende fazer com isso?

- Eu apenas faço aquilo que convém aos deuses supremos – respondeu, pondo-se em pé com muito esforço sobre os restos do que antes era um edifício. – E o que eles querem é que eu acabe com todo esse pecado, por isto fui enviada a esse lugar imundo, e vim para buscar a minha protegida, a pessoa que mais sofrera por vós. Agora, devolva-a a mim!

- Não! – negou Lire. – Nós entendemos o que você está dizendo, mas isso não pode acabar assim!

- Isso mesmo! Nós sabemos que a Nina é inocente e também de todo o sofrimento que lhe causaram, por isso estamos aqui e viemos para ajudar! – disse Elesis.

- Devolvam-na, agora! – irritou-se a besta, caminhando lentamente em direção ao grupo, seus punhos gigantes fechados e suas presas de morcego cerradas.

- Não queremos lutar com você, mas se continuar assim não teremos outra escolha... – disse Ronan.

- DEVOLVAM-NA!

A besta avançou com brutalidade para atacá-los, porém não quis saber de outra pessoa senão Jin, o mesmo que carregava Nina naquele momento. Num turbilhão de asas sinistras, a coisa voou veloz para perto dele e tentou golpeá-lo, mas errou por pouco, atingindo e abrindo um grande buraco na rua asfaltada. Jin recuou para a calçada, ainda segurando Nina nos braços, acompanhado pela criatura que o incidia com ataques incessantes, saltou para cima do muro à frente de uma lojinha, que foi igualmente esmurrado e derrubado, e depois para o telhado do imóvel, onde ajeitou a garota sobre seus ombros, sacou seu bastão e disparou em direção à besta para contra-atacar. No entanto, a criatura fora mais ágil, e, antes que Jin conseguisse esmurrá-la, agarrou seu bastão enquanto ele o brandia no ar e assim lançou-o com violência direto para o chão, onde Jin caiu de costas, dolorosamente.

- Ai, essa doeu! – resmungou, massageando a coluna enquanto se levantava junto com a Nina.

- Ainda não terminei contigo!

A coisa disparou para os dois novamente, inexorável. No entanto, antes que pudesse alcançá-los, várias lamparinas azul-claro sugiram inexplicavelmente no meio de seu caminho.

- Raio Místico!

As lamparinas explodiram, não atingindo por pouco a criatura que recuara instintivamente em pleno vôo.

- Flecha de energia!

Flechas radiantes foram disparadas por trás da cortina de fumaça deixada pela explosão, mas foram repelidas por uma espécie de campo protetor negro, criado das mãos ossudas da besta quando esta as ergueu a sua frente.

- Caos Final!

Elesis surgira por trás do monstro girando feito um vendaval e, fazendo um corte cruzado com os seus sabres, lançou uma chama ardente em sua direção. A coisa não reagiu, mas, ao ser atingida, transfigurou-se em uma fumaça escura que voou por vontade própria para trás da garota em um piscar de olhos, e dela a aberração se materializou, erguendo Elesis do chão pelo pescoço, girando o cotovelo para dar o golpe final.

- Congelar!

Arme agira em tempo e, antes que a criatura pudesse acertar a Elesis, agitou o seu cajado e uma camada grossa de gelo cobriu rapidamente todo o corpo acinzentado do monstro, imobilizando-o e obrigando-o fazê-lo soltar a garota de sua mão, e esta caiu no chão, tossindo sufocada.

- Boa, Arme! – vibrou Jin.

- Cof... valeu, Arme! – agradeceu Elesis.

- Agora!

Ryan (já na sua forma normal) e Lass saltaram do telhado de dois prédios, que se encontravam em lados opostos da rua, onde estiveram se escondendo sorrateiramente todo esse tempo, procurando apenas uma brecha para entrar na batalha. Empunhando cada um a sua própria arma, estavam preparados para dar o golpe de misericórdia.

- Lâmina Exe...

- Espíritos da...

Nesse momento, uma aura sinistra emanou da criatura e atingiu a todos como uma onda. Sentiram um brusco calafrio e todo o cenário pareceu se escurecer, até que, ao se derem por si, a criatura desaparecera de dentro do cristal de gelo, e Lass e Ryan colidiram-se tolamente no ar.

- Seu retardado! – brigou Lass. – Saia da minha frente!

- O quê! Você que passou na frente primeiro, seu apressadinho! – rebateu Ryan.

- Lass, Ryan! – saudou Amy.

- Ei, ei, por que a demora? – perguntou Elesis. - Perderam-se no caminho?

- Os dois aí, cuidado! – alertou Lire.

Inesperadamente, a criatura ressurgira próximo aos dois amigos que, atentos, esquivaram-se do ataque furtivo. Ao se juntarem com o grupo, Lass perguntou:

- E então, aquele sonho da Arme...

- Sim, tudo verdade – confirmou Ronan. – A donzela, a inocência da Nina... e talvez a nossa “morte”. Viemos correndo quando soubemos que estavam prontos para matá-la, e quando chegamos só encontramos a Lothos na cerimônia de execução e essa coisa voando pela vila, carregando a garota.

- Lothos está aqui? – apressou-se Ryan a questionar. – E de onde veio essa coisa?

- Eu explicarei depois, mas agora temos que evacuar a Nina – informou Ronan. – Não conseguiremos lutar com ela por perto, é perigoso, sabem, e essa coisa está doida para pegá-la de volta.

Olharam de relance para a besta, que parecia escutar atentamente cada palavra que diziam, cortando-lhes com seu olhar infernal.

- Já decidistes se render-se-ão? – indagou, feroz.

- Você tem razão – apoiou Jin, ignorando a besta. – Acho que apenas uma parte do grupo deveria recuar com a Nina, enquanto o resto permaneceria para lutar. Talvez umas três pessoas bastem.

- Ok, então – continuou Ronan. - Amy, Jin e Arme, algum problema se vocês forem os encarregados?

- Não – disseram os três em uníssono.

- Se pensastes que eu deixar-vos-ei levá-la embora, pensastes mal – grunhiu a coisa. – Devolvam-na agora ou todos sofrerão as conseqüências!

- Vão! Não prestem atenção nessa coisa e dêem o fora depressa, nós cuidaremos do resto! – exigiu Lass.

- Certo, tomem cuidado! – disse Arme. – Estaremos em algum lugar longe daqui quando terminarem.

- Boa sorte, amigos! – desejou Amy.

- Vam’bora! – exclamou Jin.

E então Jin, com a Nina sonolenta apoiada as suas costas, acompanhado por Amy e Arme (esta voando sobre o seu cajado mágico), deu meia volta e correu pelo lado oposto da rua sem saída para traçar a sua rota de fuga.

- Seus humanos infames! Interrompam este ato banal, imediatamente! – enfureceu-se.

- Só por cima de nossos cadáveres – contrapôs Lass.


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