-Olá Tarsis! Está indo á algum lugar? – Falou Lótus com certa ironia

-S-sim vou chamar a Góor... Serena está muito mal!

-Pode deixar eu ajudo vocês! Onde ela está?

-Está?Ela  está...

-Deixe-me passar rapaz... - Disse com raiva, empurrando Társis para trás e fazendo-o cair no chão. Entrou. Fechou a porta. Trancou-a. Chegou perto das duas que estavam sentadas  na  escada. Serena estava acordada. Porém suava muito e senti frio. Muito frio.

-Olá Serena! Que prazer em revê-la! – Ele ria como se houvesse graça em suas palavras. Seu olhar era malicioso e de muito sarcasmo. Serena olhou-o  com olhos arregalados e subitamente tentou se mover para o degrau de cima, em vão.

-Não está feliz em me ver? – Sua atitude era ridícula.

-O que pensa que está falando? Não vê que ela está passando mal? Társis fique aqui com ela... Eu vou chamar a Góor! – Disse Angel se levantando furiosa. Era capaz de bater nele.

- Acha que pode falar assim comigo mocinha... - Disse segurando nas asas de Angel , puxando-a para trás,fazendo-a se desequilibrar.

-  Você está encrencado Lótus! Vou contar tudo para Góor! E logo você estará fora daqui! – Disse se levantando e falando alto e com autoridade. Coitada. Mal sabe...

-Angel? Não é? Tão bonita, corajosa, mas sem inteligência alguma...Porque se tivesse inteligência...Saberia  calar a boca e me respeitar! – Lótus a rodeava. E as últimas palavras foram praticamente gritadas. Angel se acanhou.

- Por favor... Deixe-me chamar a Góor... Ela está muito mal... – Disse calma. Redimindo-se.

-Está bem... Mas se essa conversa chegar aos ouvidos dela... Ou aos ouvidos de qualquer outra pessoa... Considerem-se... Arruinados, perseguidos... Ou até quem sabe... Mortos! – Todos o olhavam assustados. Como alguém era capaz de ser assim? Tão infeliz?Arrogante e malicioso como tal? Agora Angel entedia o porquê de Társis estar tão preocupado com ela, e com os outros. – Vá logo, antes que eu mude de idéia!

Angel abriu a porta o olhando com o canto dos olhos. Antes de sair olhou para Társis e Serena.  O que fariam todos agora? Pensou.  Andava pelo corredor e se perguntava. O que estava por vir? Será que algo pior ainda aconteceria? Como contariam á todos o que acontecera naquela sala? E Góor? Como falaríamos para ela? Os pensamentos atordoados enchiam a mente de Angel. Desceu as escadas procurando por alguém. Obviamente  Góor estava na cozinha administrando o jantar que havia de ser servido mais tarde. Entrou pela porta larga feita de madeira. Góor estava sentada conversando animadamente com Norman, a cozinheira.

-Angel? O que aconteceu? Está pálida! O que houve com Serena? – Como ela sabia? Pensou. – Onde ela está?

- Lá em cima...

-Vamos! – Góor e Angel subiram as escadas rapidamente.  Entraram  na sala. Lótus não estava mais lá. - Serena querida! O que aconteceu? Vamos Társis, consegue carregá-la?- Társis pegou-a no colo – Vamos levá-la para a enfermaria.

Desceram as escadas. Társis a carregava facilmente.  Viraram em direção á sala de jantar  e entraram em um corredor. O mesmo corredor que Angel estivera no  dia em que chegara. Entraram dentro de um quarto com várias camas. Góor chamou  uma moça loira, uma enfermeira .

-Luíse! Corra, acho que ela está com febre! Não consigo ver o que é, sua mente está desfalecendo, está prestes a desmaiar! Corra.

Társis a colocou em uma cama.  Luíse colocou suas mãos na testa de Serena.

-Oh meu Deus! Dona Góor ela pode ter uma convulsão a qualquer momento!

Angel se lembrou do dia em que estivera na floresta. Quando Falco bateu uma pedra no rosto de Annet e  ela conseguiu fazer o ferimento desaparecer. Era isso! Pensou.

- Góor! E se chamássemos Annet? Acho que ela pode... Curar a Serena!

- Pode ser que dê certo! Chame-a correndo! Ela está lá no campo com os outros!

Angel saiu correndo.  Passou pela porta de entrada indo em direção ao campo.

-Annet!Annet! – Disse correndo em sua direção e ao mesmo  gritando desesperadamente.

-O que foi Angel? Aconteceu alguma coisa? – Todos se aproximaram dela. Enquanto ela retomava o fôlego.

-Sim!Sim! Serena está na enfermaria! Está com muita febre! Quase ao ponto de ter uma convulsão!

-Oh meu Deus!- Annet saiu correndo  enquanto Angel,Falco e Éris iam atrás.

A enfermaria Luíse veio falar com Annet ás pressas.

-Corra Annet!  Ela já está tendo o inicio da convulsão!

Annet correu até a cama e todos ficaram de longe observado-a.

-Oi amiga. Escute-me, precisa olhar nos meus olhos . – Serena com muita dificuldade virou a cabeça para o lado tentando olhá-la nos olhos. – Isso! Muito bem! Me dê sua mão! – Annet pegou as mãos da amiga com cuidado e olhou-a nos olhos. Um brilho intenso saiu dos olhos de Annet , passando para os de Serena. Era  incrível! Pensou Angel. O brilho foi diminuindo, diminuindo, até que parou totalmente. Annet encostou-se à cama ao lado da cama de Serena. Deitou-se . Sentia-se fraca.

 Já  Serena  obtinha outra face. Os olhos já não estavam mais fundos. E a pele pálida agora se encontrava  rosada. Os cabelos  não estavam mais molhados pelo suor. Estava linda. Como se estivesse rejuvenescido.  Abriu os olhos lentamente.

- O que aconteceu? – Perguntou  olhando para todos  á sua volta.

Ninguém entendeu sua pergunta.  Ela não se lembrava? Como não?

-Graças a Deus! – disse Angel correndo para abraçá-la. Góor e os outros também foram abraçá-la.

- O que aconteceu? – Perguntou novamente.

-Você estava doente oras! Quase teve um colapso. - Serena a olhava com cara de desconfiada.

- Bom. Agora que você já está melhor eu pergunto: O que aconteceu? – Góor  a olhava preocupada.

-Eu não sei Góor! Só me lembro que estava no quarto lendo um livro. E agora... Apareço aqui? Na enfermaria?

Todos olharam para ela.

-Estranho... – Disse Angel – Mas agora você já está  curada... Annet te curou.

-Annet? Cadê ela? – Olhou para os lados e viu que ela estava deitada na cama ao lado. Serena levantou-se e foi até ela. – Annet? – Disse cutucando –a.

- Que bom vê-la sem olheiras de novo. – Disse ela  com uma voz baixa e fraca. Mas sempre com bom humor. Serena riu sem entender.

-Venha Serena. Precisa comer alguma coisa! – Disse Falco

-Vai ficar bem Ann? – Disse Serena olhando para a amiga.

-Vou sim! – Disse Ela forçando um sorriso.

-Então está bem. – Serena abaixou-se e beijou-a na testa. – Vamos? – Disse olhando para Falco.

- Vamos! – Falco pegou em sua mão levando-a para a cozinha.Éris os acompanhou.

-Góor por quê ela ficou mal assim? – Perguntou Angel

- Porque...- quem respondeu foi Annet. Angel chegou próximo dela para ouvir. – Porque ela não estava tendo uma convulsão... Estava morrendo! – Angel olhou para Társis e para Góor. Os dois  estavam surpresos com a reposta. Ela continuou - Tive que dar minha energia para ela. Todas as minhas forças. Por isso fiquei assim. Agora precisar descansar para recuperar o que passei pra ela. – Disse baixo e lentamente.

- Ah... Então vamos deixá-la descansar...  Fique bem ta? – Disse Angel também lhe dando um beijo na testa.

Angel foi em direção á Társis, que lhe deu a mão.

-Vamos? – Perguntou

-Vamos! Você  vem Góor?

- Podem ir. Já os alcanço.

-Ta bom. – Angel e Társis saíram da enfermaria  e foram pelo corredor até o salão.

-Társis. Você não acha estranho isso? Da Serena não se lembrar de nada?

- Se acho. O que será que aconteceu com ela?

-Eu não sei. Mas sinto cheiro do Lótus nisso tudo. Não sei por quê.

- Eu também sinto.

-O que será que ele fez pra ela?

- Eu não sei. Mas coisa boa não deve ter sido.

Os dois seguiram para seus quartos. Angel  tinha vários pensamentos na cabeça. Será que Lótus tinha alguma coisa haver com tudo aquilo? Um papel em cima da penteadeira chamou a atenção dela. Uma folha velha. Parecia-se com um pedaço de pergaminho. Angel abriu-o  e no mesmo estava escrito:

 ‘  Me encontre  na ponte ás onze. Se não aparecer te garanto que Annet não melhorará tão cedo.  ‘

Lótus.

Angel sentiu um medo se espalhar por seu corpo. O que ele queria com ela? De qualquer forma não havia escolha. Ela teria de ir.