Dharma Rangers escrita por Kisuki


Capítulo 1
Capítulo 1: Singelo Desejo


Notas iniciais do capítulo

Betado (e Re-Betado xD) Por AkaneKittsune



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A China foi o primeiro país a cair vítima dos monstros. As criaturas de pesadelo apareceram da noite para o dia e, sem aviso, destruíram a maior parte da nação, que passou de terra mais populosa do mundo para um verdadeiro campo de guerra. A situação só piorou depois que foi usada a bomba atômica, medida que apenas destruiu mais o país, não tendo efeito nos monstros invasores, imunes a qualquer arma conhecida pelo homem.

O mundo está em pânico. Quem são aquelas monstruosidades? O que eles procuram? Quem salvará a humanidade?

Neste século vinte e um, não existem mais heróis?

 

Dharma Rangers

Capítulo 1
Singelo Desejo

 

O templo existia no topo de uma montanha enevoada, escondida dos olhos das cidades, hoje meros destroços. O próprio templo se encontrava em ruínas, e monge algum havia sobrado para zelar por aquele lugar, que um dia já fora um santuário sagrado.

Porém, nas profundezas da montanha, suas entradas cuidadosamente escondidas entre os escombros, uma esperança era arduamente manufaturada. Um laboratório, um coração de alta tecnologia, velado pela fachada do templo destruído. Ali trabalhavam os últimos sobreviventes do desastre negro que se abateu sobre a China, um homem e uma mulher que operavam enormes computadores, digitando caracteres inteligíveis e lendo medições estranhas que o aparelho captava. Ambos estavam famintos e cansados, mas trabalhavam furiosamente. O tempo deles estava acabando e eles tinham consciência disso.

“Lien, inicie a transferência dos selos.” Disse o homem, com voz de comando. Já tinha mais de quarenta anos, mas era magro e forte. Seu cabelo castanho, raiado de fios grisalhos, era preso em uma longa trança, e seus olhos orientais eram auxiliados por um par de óculos de armação grossa. Em nenhum momento seus dedos deixaram o teclado que tinha a sua frente.

“Mas Senhor Tsai, todos de uma só vez? Pode haver um sobrecarga no sistema!”  A mulher era jovem, com menos de trinta. Também de aparência asiática, prendia as madeixas escuras em um rabo de cavalo e também teclava loucamente enquanto falava. O pânico que rondava sua voz era perceptível.

“Não temos tempo para transferir os selos individualmente. A esse ponto, ou completamos todos, ou não completamos nenhum. Podemos ser descobertos a qualquer minuto agora. Por isso, inicie a transferência já!”

A assistente não ousou retrucar. O laboratório era um enorme cubo metálico e escuro no íntimo da montanha. Suas paredes eram recobertas por telas que reafirmavam informações e listavam dados. Tubos de ferro e cabo de tensão cortavam o chão em formas caóticas, ligando as duas máquinas principais, onde os cientistas trabalhavam, aos cinco tubos de luz pulsante que tomavam o centro do recinto. No centro dos cilindros, pequenos objetos podiam apenas ser vislumbrados através luz, únicos focos de iluminação do local.

Quando Lien destravou os protocolos e preparou-se para iniciar a transferência, um alarme soou no laboratório. A luz, até então desligada, acendeu-se vermelha.

“Não pare Lien! Se você parar agora, tudo terá sido em vão!” Disse o cientista, gritando para ser ouvido sobre o alarme.

“O pensamento nem cruzou minha mente, Senhor Tsai.” Disse a mulher, apertando o botão “OK”.

As luzes nos cilindros começaram a se aglutinar. Raios se desprendiam dos tubos enquanto o processo continuava. Logo as luzes que antes iluminavam todo o ambiente se reduziam a cinco esferas brilhantes. O homem gritava instruções para a mulher, tentando controlar o risco de sobrecarga. O alarme soava, alertando a chegada do perigo a muito esperado, sua luz vermelha ignorada pelos dois cientistas.

“... Lien, ligar temporizadores! Lien! Lien?” Quando os olhos do homem finalmente deixaram a tela, se arregalaram de surpresa e pânico. Lien estava debruçada sobre o teclado do seu computador, as costas perfuradas por uma corrente. Um único filete de sangue escapava de seus lábios mortos. Até naquele momento de desespero, o homem não conseguiu refrear sua mente racional, clínica: A corrente perfurara um pulmão e paralisou o diafragma, por isso ela não conseguiu gritar.

A outra ponta da corrente estava presa às garras pontiagudas de uma mulher sensual vestida de vermelho, cabelos longos e brancos e olhos amarelos frios e malignos. Quando seus olhares se cruzaram, ela sorriu, seus lábios rubros brilhando sobre a pele cor de petróleo. Ela calmamente deu um puxão na corrente, que se soltou do corpo de Lien com um tilintar metálico. O ser começou a se dirigir calmamente até a maquina onde o cientista estava. O próprio desviou os olhos com seu último sopro de força de vontade e deu toda sua atenção à tela a sua frente, ignorando a morte que se aproximava a passos lentos, divertida. Ele chorava por Lien e pelo fim da sua própria vida, mas seus dedos não paravam de digitar comandos. As luzes dos cilindros eram pequenas bolas de gude agora.

 “ Desista. Acabou. Você perdeu.” Disse a coisa que se aproximava, arrastando sua corrente.

Como resposta o homem apertou com o punho fechado o botão “OK”, finalmente encarando sua agressora.

- Nunca.

As luzes entraram nos pequenos objetos que flutuavam nos tubos, e depois sumiram. Desapareceram do laboratório condenado. O homem sorria, apesar do seu tormento.

- Onde estão? PARA ONDE VOCÊ OS MANDOU? - Gritou a mulher, seu rosto antes belo se desfigurando em uma mascara de fúria.

“Um lugar longe daqui. Desista. Acabou. Você perdeu.”

A corrente transpassou o coração do homem, que tombou com a mão ainda pressionada ao botão “Deletar Dados”.

 

~

 

Apesar do pânico que arrasava o Oriente, nem todos os países tomaram conhecimento da invasão que já tinha começado. Apesar das provas irrefutáveis, a América do Sul se escondia sob um véu de ignorância e alheamento, recusando admitir como seus os problemas que afligiam o restante do mundo.

No Brasil, a história não era diferente. Apesar das notícias de monstros e criaturas inumanas, todos apenas viam os avisos como terrores distantes, que nunca perfurariam a paz tropical do país.

Como estavam enganados.

A cidade de Salvador, apesar de existir como uma das maiores capitais do país, no âmbito internacional não passava de uma cidadezinha atrasada, mas agraciada por um clima agradável, exclusivo das cidades litorâneas. Estes dois pontos foram os principais motivos da construção do projeto Sakyamuni. Esta empresa misteriosa escolheu a cidade como sede de sua companhia apenas por querer fugir dos holofotes do mundo. Em Salvador, os enigmáticos cientistas trabalharam sem a intromissão das grandes potências mundiais, sob a fachada de uma empresa de desenvolvimento de Software. Seu verdadeiro propósito é desconhecido.

Dentro das paredes do prédio Sakyamuni, as coisas estavam caóticas. Os cientistas corriam de um lado para o outro, sem saber bem o que fazer naquela situação. O átrio formigava de pessoas que falavam em seus celulares, assistentes apresadas que tomavam nota e jovens recém contratados que não faziam a menor idéia do que acontecia. A confusão diminuiu quando um homem enorme, de jaleco branco e postura confiante, irrompeu pelas portas duplas da entrada da construção. Após um segundo de hesitação, as perguntas estouraram.

Os gritos de “Diretor Tsai!” “Finalmente foram transferidos” e “O que fazemos agora” foram silenciados por um movimento de sua mão.

“Calem-se! Não entrem em pânico. Vamos apenas manter a calma e confirmar a chamada. Vamos pensar no que fazer depois.”

Uma jovem logo se colocou ao seu lado, uma novata com vinte anos de idade de pele morena, cabelos escuros curtos e ondulados, e belos olhos castanhos claros. Era sua assistente pessoal, uma nativa que se destacou entre os contratados por sua inteligência e beleza, conseguindo logo um cargo de confiança. A mulher repassou ao Diretor os dados recebidos e as leituras de energia.

“A margem de erro é de apenas 3,66%! Diretor, desta vez... Desta vez eu acho...” A assistente não encontrava palavras para se expressar. O Diretor sorriu enquanto fornecia a senha ao elevador.

“Sim. Podemos ter esperança”

O elevador só requisitava senha para o último andar. Além da seqüência numérica, pedia também impressão digital e leitura de íris como comprovante de identidade do usuário - os segredos do último andar eram guardados com interminável cuidado. Se as informações ali guardadas caíssem em mãos erradas, a humanidade certamente perderia sua última esperança de sobrevivência. Quando o Diretor e sua assistente irromperam do elevador, o bando de cientistas e pesquisadores parou a algazarra e abriu caminho.

O recinto era idêntico à sala escondida nas sombras de certo templo na China. Gêmeo, até. Os cabos e fios ligavam computadores iguais a cinco cilindros muito semelhantes. Estes, porém, estavam completamente vazios.

“Em quanto está a transferência?- Perguntou o Diretor ao supervisor que estava cuidando da operação.”

“97,9% e aumentando rapidamente. Poderemos vê-los no espectro visível de luz a qualquer momento. - Respondeu o cientista, incapaz de esconder a excitação do seu tom de voz.”

Mal ele proferiu estas palavras e raios de energia começaram a se formar dentro dos cilindros, antes vazios. Quase todos se jogaram ao chão, mas o Diretor se manteve parado, observando cada passo da transferência. Os raios de energia se condensavam dentro dos cilindros, finalmente tomando forma. Dentro de cada tubo, uma espécie de colar de contas repousava, fumegando.

Quando os níveis de energia se tornaram seguros, os cientistas se agruparam em volta dos cilindros.

“É isso?! Preparamos toda essa instalação, nos preparamos por tanto tempo para recebermos as armas que salvarão os homens, e no final são esses... esses... Colares?!” Gritou alguém, indignado.

O Diretor olhou feio para o cientista que proferiu aquelas palavras.

“Não são simples colares. São Juzus, rosários budistas com 108 contas que representam os 108 desejos mundanos. Mas estes são especiais. São Juzus de seis contas que representam os seis mundos onde as almas reencarnam no ciclo no Samsara. Vocês entenderão tudo quando os virem em ação. Agora, peguem o recipiente de contenção.”

A assistente folheou entre as paginas da sua prancheta.

“Vamos começar os testes de compatibilidade nessa tarde.” Disse ela, organizando os horários.

“Ótimo, senhorita Milena. Quanto mais cedo melhor.”

As pulseiras de contas foram retiradas dos cilindros e colocadas em uma caixa de ferro com tranca eletrônica com senha de oito dígitos. O Diretor já estava sorrindo, saboreando a vitória, quando um dos cientistas atravessou correndo a multidão, empurrando os colegas para chegar ao Diretor.

“Diretor Tsai, Diretor Tsai!” O jovem estava ofegante.

“Respire, garoto, respire. O que aconteceu?”

“Eles... Eles chegaram!”

~

Sem dúvida, aqueles monstros não eram apenas destruidores sem cérebro, pois tinham conseguido invadir todas as freqüências de rádio e TV com sua transmissão pirata. O último andar do edifício da Sakyamuni ficou em mortal silencio enquanto assistia a atrocidade aumentada várias vezes na parede do laboratório por um projetor.

Uma bela mulher falava. Ou melhor, uma bela fêmea: o ser era um monstro que apenas lembrava seres humanos em forma e tamanho. Sua pele, revelada por suas roupas provocantes, era negra. Os olhos enormes, amarelos, e o sorriso sarcástico apareciam sob a farta cabeleira branca da criatura, que ultrapassava de sua cintura em comprimento. Chifres despontavam dos lados de sua cabeça. Suas vestimentas luxuosas e vermelhas eram tão provocantes quanto suas palavras. Enormes mangas escondiam completamente seus membros superiores. Ela estava sentada na borda de uma fonte.

Este mesmo demônio, á poucas horas, havia matado um homem na China.

Os cientistas estremeceram com um medo irracional ao ouvirem sua voz.

“...Repetindo, estamos exigindo, em troca dos reféns, os cinco artefatos que foram transportados para esta cidade a algumas horas. Apesar de não sabermos sua localização exata, sabemos que se encontra nas imediações. Se não nos entregarem os artefatos, os reféns serão assassinados... Em rede nacional.”

A criatura deu um riso afetado que arrepiou os presentes.

“Senhora Naraka, você esqueceu-se de dizer onde estamos!” Era a voz de um ser que não era visível na tela. Provavelmente era quem operava a câmera.

“Ah, claro. Estamos no Colégio São Remígio. Se não entregarem o que queremos mataremos todos os professores, alunos e funcionários. Ah, e vocês tem até o pôr do sol. Pronto, acabei.”

“Senhora Naraka, temos que continuar repetindo a mensagem, não sabemos quando os humanos que estão com os objetos vão ver esse pronunciamento.”

“Tá, tá! Para você que ligou sua TV agora, estamos exigindo...”

O projetor foi desligado repentinamente pelo Diretor. Suas mãos apertavam com força caixa de metal onde os rosários descansavam.

“Consigam-me transporte seguro para este Colégio.”

Os presentes começaram a protestar, mas o Diretor os calou esmurrando uma mesa próxima.

- Eu também não gosto disso, mas não temos escolha! Eu não pretendo entregar os Rosários. Vamos ter que iniciar os testes de compatibilidade no caminho.

- Mas Diretor, precisamos de tempo e, além disso, os mecanismos necessários não podem ser removidos do laboratório! - Disse Milena, a assistente.

- Então teremos que levar o maior número de agentes. Alguém deles tem que ser compatível.

~

No Colégio São Remígio, a bagunça que costumava acusar o final das aulas do dia não aconteceu. O sino que tocava todo dia às doze e meia ficou em silêncio, enquanto o longo carro preto com a logomarca da empresa Sakyamuni se aproximava. Enquanto a chegada dos possíveis salvadores não acontecia, o silêncio imperava na cantina onde os enclausurados aguardavam sua sina. Professores e alunos, sentados lado a lado, cabisbaixos, os rostos marcados por lágrimas, todos eram vigiados por seres altos e estranhos, de cabeça reptiliana e pele constituída de alguma substancia negra e rochosa. Os monstros portavam lanças feitas de material semelhante ao visto em seus próprios corpos.

Todos os reféns demonstravam medo e aversão aos seus captores, isto é, todos menos um pequeno grupo de alunos, encostados na parede do fundo do refeitório. Estes cinco garotos conversavam entre si, ignorando as criaturas que os espreitavam.

Os cinco, por uma estranha coincidência do destino, usavam óculos, e eram os únicos da sala que não haviam desistido de procurar uma saída apesar das condições.

“Vocês viram para onde levaram a Nana e o resto do pessoal?” Perguntou uma das garotas do grupo. Era uma menina de altura mediana, rosto simples e cabelos castanhos tão escuros quanto o tom de seus olhos. Nada em sua fisionomia era de nota, mas sua postura e seus olhos traspassavam confiança e entusiasmo. Usava seu cabelo preso em um penteado prático.


“Eles levaram para uma das salas de aula porque aqui ficou cheio demais.” Respondeu a garota de mais baixa estatura. Tanto seus cabelos quanto os seus olhos eram negros, assim como os vários acessórios que usava, entre eles braceletes e correntes diversas. Sua pele muito branca não condizia com o clima tropical da cidade em que vivia. Seu estilo contrastava com sua aparência doce e infantil, que parecia esconder uma aura de grande força e coragem.

Um dos monstros passou perto do grupo, e os cinco se viraram para encará-lo, expressando seu ódio. O ser, que não aparentava possuir emoções ou consciência, não reagiu. O grupo já havia percebido esse comportamento, por isso não se davam ao trabalho de serem submissos: As criaturas eram bonecos sem vida que não os machucariam facilmente, já que reféns machucados podem perder o seu valor.

“Acho que são feitos de ônix, ou obsidiana.” Comentou um dos cinco, um jovem com pinta de intelectual de rosto largo e amigável, apesar da situação, o que demonstrava, de certa forma, sua frieza. Seu cabelo era crespo, cortado a maquina, e seus olhos escuros analisavam o recinto de uma forma um tanto quanto nervosa.

“Para de bancar o espertalhão, Daniel. Em vez disso, porque você não pensa em um plano pra nos tirar daqui?” Retrucou a garota de cabelos com cor de mel. Ela mostrava sobre o grupo o efeito de um comandante sob suas tropas, organizando as idéias e sugestões em planos práticos. Infelizmente, até agora a situação tinha se mostrado insolúvel. Seus olhos escuros vigiavam os arredores de forma inconscientemente protetora.

“Eu... Eu não estou vendo você apresentar nenhuma solução, Lara!” Respondeu o garoto. Daniel tinha a reputação de falhar completamente quando sob pressão, como era o caso.

O jovem sentado ao seu lado, o mais alto do grupo, finalmente se pronunciou.

“Não sei se isso é útil, mas essas... Essas coisas se movem em um padrão determinado.” Comentou, contendo a voz para que os guardas de pedra não ouvissem. Apesar de mais alto que a média, ele era pessoa contida, que não gostava de se sobressair. Seu cabelo, assim como seus olhos, era preto, de corte curto e simples. A sua pele era branca, porém não imune aos efeitos do sol.

“Agora que você mencionou... Acho que também posso ver o padrão.” Disse a pequena punk.

“Como esperado de Thomas, o gênio observador” Comemorou a menina com rabo de cavalo.

“Mas não precisa ser gênio para reparar que um daqueles... Guardas... Não sai da frente da única saída do refeitório.” Apontou Lara.

“Não necessariamente” Interveio Daniel, agora sorrindo. Parecia ter finalmente arquitetado um plano.

“O Colégio São Remígio, prestigiada instituição particular de ensino médio, se mudou para este local há cinco anos. Por isso suas facilidades são modernas e bem arquitetadas.”

A jovem com rabo de cavalo suspirou, impaciente.

“Vá logo ao ponto, não temos o dia todo.”

“Desculpe, me deixei levar. Meu ponto é que nenhuma escola recém formada gastaria dinheiro com material e mão de obra para subir paredes de concreto.” Disse Daniel, dramaticamente.

“Ah, então é só uma divisória. Deve ser fácil derrubar. Muito bem Daniel, mas poderia ter falado isso sem rodeios.” Disse a roqueira.

“Desculpe Pen, não pude evitar.” Respondeu Daniel, rindo.

Os cinco se aprumaram e começaram a idealizar um plano de fuga. Ao mesmo tempo, na limusine que seguia para o Colégio São Remígio algo similar acontecia. Ocupando cinco dos seis assentos, homens de ótima condição física, todos trajando ternos pretos e óculos escuros, tentavam ouvir as palavras do diretor de desenvolvimento da Sakyamuni. Este se sentava no sexto assento, completando os bancos do carro. Apesar da aglomeração, o automóvel climatizado permanecia agradável, pelo menos em termos de temperatura. A tensão daquele momento, por si só, fazia aqueles homens suarem.

Os cinco oficiais de terno eram agentes integrantes de um grupo treinado secretamente pela Sakyamuni desde que essa chegou ao Brasil, há um ano. Desde então, estiveram treinando para aquele momento, para manejar os cinco rosários que trariam paz de volta a terra. Mas o destino tinha outros planos.

“Estamos próximos do local, senhor Tsai” Informou o chofer pelo interfone do carro: Uma barreira de vidro que abafava qualquer som garantia a privacidade dos passageiros.

“Obrigado, Luís.” Respondeu o diretor. Ele pegou a caixa que trazia em seu colo e se dirigiu aos agentes reunidos. Ele nunca esperara que a criação que ele e seu irmão idealizaram há tantos anos seria testada de forma tão brusca.

“Não pudemos realizar um teste de compatibilidade, mas se apenas um de vocês reagirem ao rosário, será o suficiente. Nossos cálculos dizem que a probabilidade disto acontecer é alta.” Ele começou a digitar a senha da caixa.

“Depois que lidarmos com esta crise imediata poderemos...” O diretor foi interrompido por um uma breque brusco da limusine.

“Mas o qu...”

“Senhor Tsai! Fuja! Eles nós encontr...” A voz desesperada que veio do interfone parou repentinamente e um grito de terror que se seguiu foi ouvido através da barreira à prova de som. Os agentes sacaram suas armas, mas era tarde demais.

Um buraco foi feito a força no teto do carro, e o diretor foi puxado por mãos armadas de força inumana. Segundos depois, a limusine, assim como seus passageiros, foi esmagada por uma força invisível. O diretor de desenvolvimento pode apenas olhar horrorizado o desastre. Ele estava sendo arrastado pelos seus por uma criatura voadora. A caixa ainda estava em suas mãos, e ele se agarrava a ela como um homem se agarra a própria vida.

O demônio alado que o carregava ria, satisfeito.

~

“Boa pontaria.” Disse a diaba de pele negra para o encapuzado que olhava pelo telescópio. Estavam no terraço do Colégio São Remígio. O telescópio apontava para os restos fumegantes de uma limusine negra, que já formava um grande congestionamento.

O ser encapuzado se afastou do objeto para encarar a demônia.

“Muito lisonjeiro de sua parte, Senhora Naraka. Agora, vamos para o pátio. Nosso convidado está a caminho, afinal de contas.”

A fêmea sorriu.

“Finalmente. Ele estava atrasado. E eu não sou uma anfitriã muito gentil com convidados que se atrasam.”

Ela e o encapuzado deixaram o terraço, este último carregando nos ombros uma filmadora.

~

No pequeno intervalo quando nenhum dos guardas de pedra mirava a divisória de plástico no fundo do refeitório, um estrondo foi ouvido e os reféns viram cinco jovens correndo pelo recém aberto buraco na frágil parede. Três dos cinco guardas se viraram e imediatamente seguiram os fugitivos.

A passagem dava para as cozinhas, um recinto apertado contendo uma grande mesa, onde ingredientes ainda esperavam por seu uso, três fogões, uma ampla geladeira e diversos utensílios pendurados nas paredes. Mais ao fundo observava-se uma pia grande sobre armários diversos. A entrada dos fundos se encontrava a esquerda, ainda trancada. À esquerda, uma grossa porta de metal indicava o freezer. Era sem dúvidas um recinto singular a todas as outras escolas, possível apenas com as altas mensalidades cobradas pelo Colégio.

Apesar do sol ainda estar alto no céu, a cozinha permanecia na escuridão devido a ausência de janelas. Os monstros não pareceram se incomodar com a falta e iluminação e se espalharam organizadamente pelo local. Não havia sinal dos fugitivos nos grandes armários ou na despensa, e os guardas estavam para checar debaixo da mesa quando um som foi ouvido: O som metálico da porta do freezer batendo contra o seu batente.

As três criaturas se aproximaram do congelador, encontrando um tênis All Stars, laranja berrante e fluorescente, próximo do mesmo. Aparentemente uma das crianças deixara cair seu calçado na pressa de se esconder. Os seres de pedra abriram a porta para o seu interior congelado e entraram brandindo suas armas. A grossa porta de metal bateu com força por trás deles, e o som do trinco sendo fechado foi ouvido.

“Nossa, essa foi por pouco. Pensou rápido, hein, Amanda?” Era Thomas, saindo com os outros três do esconderijo debaixo da mesa. Amanda, a morena de rabo de cavalo, recolocou seu tênis.

“Acho que dei sorte por eles não terem percebido eu jogando o sapato por debaixo da mesa.”

Um dos monstros aprisionado socou a porta, fazendo uma mossa no metal.

“Vamos embora, essa porta não vai agüentar pra sempre!” Apressou Pen, abrindo a porta dos fundos.

Os cinco deixaram a cozinha escura e deram de cara com o alto muro que cercava a escola. Apenas uma lixeira encostada na parede era visível por perto. Cuidadosamente, os amigos se esgueiraram, seguindo o muro. Nenhuma criatura se interpôs no caminho entre eles e o pátio.

“Eu tinha esperado que os cinco guardas nos seguissem, assim os outros poderiam fugir.” Comentou Daniel, nervosamente.

“Não tínhamos muita escolha naquela situação.” Disse Thomas. “Depois de sairmos daqui pensaremos em uma forma de libertar todos.”

“Nana...”

O sussurro escapou dos lábios da garota roqueira.

“Não se preocupe Pen, tenho certeza que sua irmã ficará bem.” Lara tentou confortar a amiga.

“Não, Nana está lá! NÃO!”

Só então os outros viram. Nádia, ou Nana como era conhecida entre os amigos, estava no pátio à frente, presa por correntes. Uma alta mulher de pele negra e cabelos descoloridos, vestindo roupas sensuais e mangas longas mantinha a irmã gêmea de Pen cativa. Os cinco amigos sentiram na alma um medo irracional ao vislumbrarem a figura curvilínea da mulher.

“Ela... tem chifres...” Disse Lara, quebrando o silêncio incômodo. A distância entre eles e o pátio ainda era suficiente para que os garotos pudessem conversar sem serem ouvidos.

“Temos que salvá-la!” O corpo inteiro da punk tremia de medo e fúria.

“Não podemos fazer nada. Não podemos nem sair.” Disse Daniel, olhando para o grande portão de metal no outro extremo do pátio. Tão perto, mas ao mesmo tempo tão longe.

“O que é aquilo?” Thomas apontava para um estranho vulto no céu. Aparentava ter penas, mas tinha forma humana... E estava carregando alguma coisa!

“Mais monstros. Que droga! Nossos amigos, nossa escola, nossas esperanças... Esses monstros brincam com a gente, e nem podemos revidar...” Amanda apertava os punhos com força.

“Se apenas... Se apenas pudéssemos revidar...”

Thomas pôs uma mão pousou no ombro da garota, transmitindo conforto.

“Eu sei como você se sente, Amanda. Todos nós nos sentimos assim.”

A nova criatura finalmente pousou e sua carga finalmente se tornou visível. Era um homem de meia idade, acima do peso e já meio careca. Os olhos apertados e a pele amarelada indicavam ser um oriental, provavelmente chinês, e o guarda-pó branco mostrava se tratar de um cientista. O homem estava ofegante devido à apavorante viagem e segurava em suas mãos uma caixa negra suspeita.

“Eu sei que não é possível, sei que não há nada que possamos fazer, é só... Só um desejo.” Sussurrou Amanda.

~

“Você deve ser Li Shen Tsai. Seja bem vindo. Estivemos lhe esperando. Ansiosamente.”

O Diretor estava exausto. A viagem sobrevoando os prédios não durou dez minutos, mas para ele levou uma eternidade. Ele pensou em planos, mas todos se provaram falhos. Em certo ponto ele chegou a derrubar a caixa de propósito, esperando que os rosários encontrassem um dono digno, mas o demônio que o levava apenas fez uma insana manobra aérea e a recuperou. Antes de descerem ao pátio do São Remígio, o monstro devolveu a caixa a Li, dizendo que sua mestra queria receber os artefatos das mãos do humano.

“Não vai dizer nada? Que sem graça.” A fêmea fez um movimento e as correntes que prendiam a garota ao seu lado apertaram. Nenhum grito foi ouvido, a garota estava inconsciente. Li percebeu que todos os grilhões saiam das longas mangas da diaba.

“Estou entediada, então vamos nos divertir. Eu te permitirei ficar com os artefatos...”

O diretor não se permitiu ter esperanças. Não importa o jogo doentio que a criatura ia criar, ele sabia que os humanos sempre perdiam os desafios propostos por demônios, de uma maneira ou de outra.

“... Mas eu matarei esta garota na sua frente. Porém, se você me entregar esta caixa, pouparei a vida desta menina. E então? O que vai ser?” As correntes apertaram mais uma vez, afundando o metal na carne da criança.

Li hesitou, mas então percebeu. De um jeito ou de outro, ele mataria a garota. Se não agora, depois que ela tivesse dominado a cidade. Era apenas uma questão de tempo. Agora ou depois. O cientista apertou os olhos, angustiado. Como as coisas puderam dar tão errado?

Ele estendeu a caixa, seu olhar turvo pelas lagrimas.

“Oh, querido, não consigo alcançar. Você terá que vir até aqui.” Ela deu mais um de seus risinhos irritantes. Sem escolha, Li se levantou e se dirigiu até Naraka. Apenas então ele reparou na altura do ser negro. Ela devia ter quase dois metros de altura.

Ele se colocou na frente dela, subjugado por seu olhar amarelado, maligno. Uma mão surgiu por entre as corrente que penetravam as longas mangas da criatura.

Ele lhe entregou a caixa.

“Obrigado, querido. Com certeza você foi muito mais útil do que o seu irmão.”

“Você... Conhece o meu irmão?”

O sorriso da criatura aumentou.

“Acho que o termo certo é conhecia. O maldito deletou todos os dados da pesquisa de vocês, mas pelo menos o transportador dele ainda tinha as coordenadas do local para onde ele mandou os artefatos.”

“Você matou o Dai Wei?!” O olhar que o homem lançou para Naraka foi de puro desespero. Li finalmente entendeu que tudo tinha acabado. A humanidade não tinha mais esperanças. Seu único irmão, aquele que construiu as últimas armas com as quais os homens poderiam lutar, estava morto. Li falhara com ele, entregara as últimas esperanças do mundo nas mãos do inimigo.

“Oh, sim, esse olhar... Esse horror... É o que eu mais gosto de ver!” Era aparente o prazer que ela sentia a ver o infortúnio alheio. “Será que você pode se desesperar ainda mais? Quem sabe, se eu matar essa garota, seu olhar fique ainda melhor!”

A diaba riu loucamente, e as correntes se apertaram ainda mais, buscando espremer a vida daquele corpo desfalecido.

~

“NÃO!”

Pen soltou um berro desesperado e tentou correr, contra sua própria razão, para ajudar a irmã. Ela foi impedida por Thomas, Lara e Daniel, mas a localização deles já havia sido revelada. A criatura com chifres, ao ver as crianças, riu ainda mais.

“Sua...“ Amanda não pôde mais se reprimir e correu a toda velocidade em direção a demônia.

“Amanda, não!” Os três amigos gritaram e uníssono, mas a garota não lhes deu ouvidos.

“Garota, fuja!” O cientista tentou impedir a jovem. Não agüentaria testemunhar mais mortes, mas era tarde demais. Amanda socou com toda sua força e raiva o rosto negro da criatura.

“Largue a Nana, sua PUTA!”

O rosto nem se mexeu com o impacto, e ela apenas sorriu diante das tentativas fúteis da humana. Mas o sorriso logo desapareceu.

A caixa que tinha sob seu poder irradiava uma luz branca pelas suas frestas. E a luz queimava.

“Uma reação? Aqui?!” Gritou Li, estupefato.

“Naraka, saia daí agora!” O vulto encapuzado se revelou do topo das escadas que ligavam o pátio com o prédio onde se encontravam as salas de aula.

A criatura de pele negra hesitou apenas por um momento, enquanto olhava para a caixa. Ela então se virou para o monstro alado que trouxera Li Shen.

“Você, recupere os artefatos.”

Ela então soltou as correntes, que retornaram para dentro de seus veste, e com um só pulo escalou os degraus que a separavam do encapuzado. O mesmo, com um movimento da mão, abriu um buraco na parede.

“Nós veremos de novo, amigos.” Disse o ser misterioso, fugindo com Naraka.

Amanda apenas arfava, no mesmo lugar, tentando entender a situação. Ela deixou-se cair de joelhos. O que era a caixa que agora brilhava no chão? Ela tinha conseguido afastar os inimigos? O que eles queriam na Terra? Tantas perguntas, e nenhuma resposta.

“Tsc, não tem jeito então.” Era o demônio alado. Seu rosto tinha as feições de uma ave de rapina, ornado com um poderoso bico, se virou para a garota. Seus olhinhos negros expressavam apenas malicia. A penugem da criatura era cinzenta e seus membros carregavam garras afiadas. Suas asas saiam da região das omoplatas. “Não recebi ordens para te matar, mas acho que estou com vontade de um pouco de sangue humano agora.”

Ele se aproximou da presa, exibindo suas garras, mas a luz que vinha da caixa repentinamente aumentou. Ele cobriu a face com as mãos, protegendo os olhos.

“O que É isso afinal?”

Amanda olhou para a luz. Uma sensação de alivio e esperança a inundou. Talvez as coisas acabassem bem, afinal de contas.

“Eu só quero poder proteger aqueles que eu amo. É tão errado ter esperanças?”

Como se respondendo àquelas palavras, a luz aumentou em tamanho e intensidade. A caixa de aço, preparada especificamente para ser a prova de armas de fogo, sucumbiu ao seu poder, explodindo. A luz inundou o pátio, rivalizando com o sol.

Amanda sentiu algo quente enrolar-se em seu punho direito, uma sensação semelhante a que seus quatro amigos sentiam agora. A luz se aglomerou na garota, escondendo seu corpo. Um momento se passou, e a luz se dissipou, tomando a forma de um enorme círculo que ocupou todo o chão do pátio. Inscrito no círculo, estava uma estrela de cinco pontas.

O círculo chegou até onde Daniel, Lara, Thomas e Pen estavam. Eles puderam ver tudo em seu interior parar no tempo. O grande relógio do pátio congelou seus ponteiros. O cientista misterioso não mexia um músculo, assim como Nana. Pássaros no céu estavam paralisados em pleno vôo. Apenas os quatro e o demônio ainda se moviam.

“O... O... O quê aconteceu aqui?” Gaguejou Daniel.

“E o que são essas coisas?” Perguntou-se Pen, referindo-se as estranhas pulseiras que se acomodaram em seus respectivos pulsos.

“Galera, olha!” Thomas apontou para o pátio. Lá, o monstro-ave olhava aterrorizado para Amanda. Mas ela já não era a mesma garota impotente.

Um estranho capacete, como o de um motoqueiro, protegia seu rosto e escondia sua expressão. Nele exibia-se, em laranja, o mesmo emblema que agora adornava o chão, uma estrela de cinco pontas. A mesma cor se repetia no longo cachecol que ela agora usava. O lenço esvoaçava sobre suas costas, independente do vento. Em sua mão direita, no local onde os outros usavam os recém adquiridos rosários, ela tinha uma braçadeira metálica que também era ornada com o símbolo da estrela.

O monstro seu um salto para trás e colocou suas garras sobre o pescoço de Li.

“Não se mova, ou eu mato esse cara!”

Amanda levantou o braço direito, a palma estendida para cima. O monstro, tenso, ameaçou cortar o pescoço de sua vítima. A jovem ignorou o gesto e conjurou sobre sua mão uma pequena estrela de energia laranja. Ela rodava preguiçosamente em volta da mão da garota, não tenho mais de cinco centímetros de diâmetro.

“Ora, sua... Não diga que eu não avisei!” Rosnou a criatura-pássaro, passando as garras pelo pescoço de Li. Literalmente, pois a mão do monstro ultrapassou o corpo do homem como que este não existisse.

Amanda apontou o indicador para o ser, e a estrela lançou-se para o alvo, ruma verdadeira shuriken de energia.

“Tsc.” O monstro abriu suas asas e alcançou o céu, evitando o projétil. Ele ganhou altitude e lançou-se contra Amanda, as garras a mostra.

A garota, por sua vez, apontou a palma aberta para o inimigo. Obedecendo ao gesto, dezenas de estrela apareceram a sua volta, voando contra o inimigo como pequenos cometas giratórios. A criatura, mostrando enorme destreza no ar, esquivou-se com incríveis manobras aéreas.

“Morra, sua maldita!” Gritou o monstro, mas seu alvo já havia desaparecido. “Onde...?”

O vulto laranja passou por seu campo de visão e isso foi tudo o que ele viu. Com um pulo prodigioso, Amanda ultrapassou o inimigo em altitude, e chutou-o com força de volta para a terra. O impacto do golpe rachou o chão. A jovem parecia flutuar no ar, enquanto mais estrelas apareciam a sua volta.

“Aaaaaahhhhhhh......” Mais e mais projéteis se somavam a sua volta. Centenas de pequenas lâminas laranjas voavam a sua volta, como se a sustentassem no ar.

“Desapareça deste mundo!” Gritou Amanda, suas primeira palavras após a estranha transformação. As estrelas precipitaram sobre o chão como balas de uma metralhadora semi-automática. A poeira que subira cobriu o campo de batalha.

Quando a nuvem se dissipou, apenas a garota estava de pé. A sua frente, uma cratera pontuava o local onde o monstro tinha sido jogado. A própria criatura levantou, cambaleante.

“Sua malditaaaaa...” Sua voz não passava de um ganido: Seu corpo apresentava buracos e mais buracos, provas do novo poder de Amanda. Os ferimentos foram aumentando gradativamente, até que o ser em si mesmo foi reduzido a pó.

Quando a ameaça desapareceu, o círculo mágico começou a retroceder. E à medida que ele voltava, o tempo recomeçava a correr. Os pássaros seguiram seu rumo, o relógio voltou a se mover e Nana e Li Shen respiraram uma vez mais. As rachaduras no chão tinham sumido, assim como os estranhos equipamentos e Amanda, apenas o juzu repousava em seu punho direito. Foi como se nada tivesse acontecido.

A própria jovem estava confusa quando seus amigos se agruparam a sua volta, cheios de perguntas.

“Gente, gente, eu também não faço idéia do que aconteceu!”

“O que importa é que estamos todos bem.” Disse Pen, ajudando sua irmã a se levantar.

“O que aconteceu?” Questionou Nana, finalmente abrindo os olhos.

Ninguém soube nem como começar a responder.

“Acho que posso esclarecer algumas de suas dúvidas.” Era o cientista, que finalmente havia superado o choque no qual esteve.

“Para começar, meu nome é Li Shen Tsai, um dos idealizadores desses rosários que vocês agora carregam. E vocês, meus jovens, são os novos guerreiros da humanidade.”

 

No próximo capítulo de Dharma Rangers...

“Se eu apenas puder proteger aqueles que eu amo...”

“E se eu acabar decepcionando a todos?”

“Nunca mais... Nunca mais vou deixar isto se repetir!”

“Eu não pedi por nada disso! Eu simplesmente não sou a pessoa certa!”

“Eu só sei que, para isto dar certo, teremos que ficar todos juntos.”


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