Acordei já eram onze horas da manhã. Jessie estava sentada em sua cama, colocando sua bota.

-Por que você não me acordou? - Perguntei, me sentando na cama.

-Você parecia tão cansada... - Ela disse, enquanto se levantava, já pronta.

-Eu sempre pareço. - Digo, me levatando e arrumando a cama.

-Eu vou para o quarto dos garotos, eles já estão lá pensando em como destruir aquilo. - Ela saiu do quarto e fechou a porta.

Eu me levantei e fui até a minha mochila. Peguei uma blusa branca, uma calça jeans. Penteei o meu cabelo em frente ao espelho, depois me sentei na cama para colocar o tênis. Parei de colocar o segundo par com meu celular tocando. 

-Alô? - Atendi.

-Filha! Tudo bem? - Era minha mãe, feliz como nunca.

-Tudo sim mãe... - Sorri ao ouvir a voz dela - E você?

-To bem. Como estão as coisas ai? Se divertindo? - Ela perguntou.

-Sim, to sim. E você? Tem estado sozinha? - Perguntei ao lembrar que eu era a que mais ficava com minha mãe.

-Não... Seus irmãos estão aqui comigo. - Ela disse. Eu não acreditei. Eu era a mais nova entre meus dois irmãos. Eles ficavam sempre no quarto jogando seus jogos, eu ficava lá com eles quando eles iam assistir algo, como Lost, mas na maioria das vezes eu só ficava no meu quarto (ou no quarto da minha mãe) ouvindo seus berros estressados com o video game. 

-Aham... Sei. - Falei, sínica, enquanto voltava a colocar o tênis.

-Mas é verdade, quer dizer, às vezes. Agora eles estão no quarto, mas antes de dormir eles veem para cá pular em cima de mim. - Me lembrei da época que ficávamos todos nós no quarto de minha mãe, a gente lembrava de quando éramos menores, falávamos sobre os vizinhos, sobre tudo, e sempre ríamos de coisas do passado. Eu sentia falta daquilo.

-Imagino... - Disse, deixando uma lágrima escorrer de meus olhos. - Você nem acreditaria se eu dissesse o que eu e Jessie estamos fazendo. - Sorri

-Do jeito que vocês são, espero que não tenham encendiado a casa. - Ela disse e eu ri.

-Ainda não... - Brinquei. 

Dean entrou no quarto e eu levantei a cabeça, secando a lágrima que havia escorrido dos meus olhos. 

-Mãe eu tenho que desligar. Depois a gente se fala. - Falei enquanto Dean fechava a porta.

-Está bem filha, beijos, te amo. 

-Também te amo mãe. - Desliguei.

Levantei da cama e coloquei meu celular no bolso. Fui até Dean.

-Desculpa a demora... Eu tava me arrumando. - Me expliquei.

-É eu vi... Sinto muito Annie. - Ele disse, passando a mão pelo seu pescoço.

-Pelo que? - Perguntei.

-Eu sei que você sente falta da sua família Annie. - Ele disse.

-Dean eu estaria passando esse mesmo tempo longe de casa se não estivesse com vocês. 

-É, mas agora você não sabe quando vai voltar para casa, você não sabe se vai voltar para casa. - Parecia que ele podia ler minha mente.

-Como você... 

-Eu simplesmente sei. Eu já passei por algo parecido, quase igual na verdade. - Ele disse, me interrompendo. - Mas eu vou fazer você voltar para casa, você vai voltar a ver sua família, eu prometo. 

Eu sorri e abracei Dean com toda a minha vontade.

-Obrigada. - Disse, ainda abraçada à ele.

Nos soltamos e eu acabei ficando olhando para aqueles olhos perfeitos que ele tinha, quando percebi já estávamos nos beijando. 

-Agora vamos porque temos uma palavra de Deus para destruir. - Dean disse, assim que separamos nossos lábios.

Eu fui com o Dean para o quarto em que Sam, Jessie e Kevin estavam. Cheguei lá e eles estavam em um circulo, que tinha lugar para mim e Dean. No centro desse círculo estava aquele pedaço de pedra, a palavra de Deus.

-O que vocês pretendem fazer? - Perguntei, indo para meu lugar no círculo junto com Dean.

-Tome isso, bate com toda a sua força na pedra. Iremos destruíla. - Ele me deram um estilo de "martelo gigante". 

-E vai ser assim, pronto, tão fácil assim? - Perguntei.

-Sim. Eu acho que era para ser assim. Afinal, qual seria a graça de você fazer uma palavra que não quebrasse. Qualquer um poderia ter, não entender, mas ter. - Disse Sam, eu entendi o que ele quis dizer. - Nosso amiguinho aqui seria o único a conseguir consertar, e já que ele vai ficar longe disso, não teremos problema. Eu acho...  - Ele disse, se referindo ao Kevin

Eu concordei. De um certo modo aquilo fazia sentido. Se não desse para destruir qualquer um poderia ter. Ela teria que ser como que aquele vaso de plantas que a sua mãe ama, insubstituível, para que quem tivesse ele soubesse o seu valor, que não teria como substituir ele. Começamos a bater bastante no chão. Eu não sabia se estava acertando a pedra ou o chão, sei que estava fazendo um belo de um estrago e barulho.

Depois de um tempo paramos e fomos ver o que havíamos feito. A Palavra de Deus estava destruída na nossa frente, em pedaços. Todos sorrimos, como se aquilo finalmente tivesse acabado. Até que nossa felicidade é interrompida por alguém que batia na porta.

-Desculpa mas o que vocês estão fazendo? Tentando cavar um túnel no chão? Esse barulho está encomodando a todos. - Um homem falava atrás da porta.

-Desculpe, não vamos mais fazer barulho. - Eu falei e quanto pegava uma bolsa grande e Jessie, Dean e Sam catavam os pedaços da palavra de Deus. Eles não queriam deixar Kevin chegar perto daquilo.

-Olha eu terei que ver o quarto. Abra a porta! - O homem ordenou.

Felizmente os pedaços já estavam na bolsa. Coloquei a bolsa debaixo na cama enquanto todos ficavam sentados no chão fingindo estar conversando. Fui até a porta e abri. Com um sorriso forçado olhei para o homem de terno e barba que analisava o quarto.

-Hã... P-por favor, façam menos barulho. - Gaguejou o homem, pois percebeu que estava tudo muito arrumado para o barulho que estava. Sorri assentindo.

Ele saiu e eu fechei a porta, a trancando. Todos levantaram do chão, aliviados.

-Então gente... Acabou? - Perguntei, me aproximando de todos.

Eles se olharam até que Sam falou, com uma voz aliviada, calma e de um certo modo, feliz.

-Acabou.