Ismira escrita por Giu Sniper


Capítulo 10
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo para vocês.
POV Hodric. Vocês vão perceber que esse está relativamente menor do que os outros, mas é que eu preferi postar um capítulo menor hoje do que deixar vocês esperando uma semana inteira para um maior, ok?
E antes de vocês começarem a ler, eu quero dizer que dedico esse capítulo para o meu avô, que faz aniversário hoje (10/03). Está bem, chega de encher linguiça, podem ler!



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Hodric tinha o corpo dolorido, o chão da cabana que ele e Ismira haviam construído não era um lugar bom de dormir. Quase se perguntou o que estava fazendo ali quando toda a história se passou novamente em sua cabeça. Dezesseis anos vividos em uma mentira, dezesseis anos acreditando ser um alguém que não era.

Seu pai já não era seu pai, mas esse também nunca fora. Hodric era filho de sua mãe com outro homem: um cavaleiro de dragão que lutara ao lado de Galbatorix durante a guerra do império. Por que se lembravam de tão pouco a respeito dele? As histórias em sua maioria eram a respeito do seu dragão. O dragão, desse se lembrava, mas nunca conseguiu acreditar muito no que se contava a respeito dele. As histórias descreviam o dragão como um monstro enorme; rubro pelo sangue daqueles que matara. Tudo aquilo que se falava a respeito de Torn nunca fez sentido em sua cabeça. Mas do seu cavaleiro, Murtagh, falava-se muito pouco, muito pouco ou nada. Por que e como alguém assim caíra no esquecimento? Hodric prometeu a si mesmo que descobriria.

Agora se lembrava, saíra muito repentinamente de casa no dia anterior. Às vezes pegava-se pensando se não teria sido melhor ficar e ouvir a história que sua mãe tinha para lhe contar, mas e se ela mentisse outra vez? Não é qualquer um que consegue esconder uma verdade por dezesseis anos, se ela pôde fazer isso, por que não conseguiria fazê-lo denovo? Mas não havia decidido isso, havia preferido fugir e se juntar a Ele, agora não tinha mais volta. Ele havia lhe dito a verdade, fora o único, e então Hodric havia decidido aceitar a proposta de acompanha-lo.

Sua vida literalmente virara de cabeça para baixo do dia para a noite, já não tinha mais um lar e a sua família estava estilhaçada. Já não bastasse, não conhecia o rosto da única pessoa que ainda estava do seu lado. E mesmo com tudo isso, ainda estava destinado a ser um cavaleiro de dragão. Seu pulso esquerdo ainda estava torcido, o que fazia com que qualquer movimento fosse excruciante.

Do lado de fora da cabana corria um vento frio e as nuvens no céu ameaçavam chover, a grama, antes verde, aos poucos ficava dourada anunciando a chegada do outono.

Hodric estava perdido e afogando-se em dúvidas, não sabia mais para onde ir e o que fazer. Tinha fome e sentia frio, se a menos draumr kópa já desse frutos... O que faria agora? Não podia simplesmente voltar para casa depois de tudo o que acontecera no dia anterior. Mas que casa? Não tinha mais casa, não mais. E então o que aconteceria dali para frente? Não! Essa era uma pergunta muito difícil de responder.

— Você deve ir até o ovo, Hodric, será mais demorado que ele venha até você. E quando tiver o ovo já eclodido em mãos e a mente do seu dragão junto à sua, treinará. Treinará junto aos outros cavaleiros para que ninguém desconfie de nossos planos, e quando por fim chegar a hora certa de pô-lo em prática: eu direi. Mas não antes disso. — a voz d’Ele ecoava em sua cabeça ao fim de cada frase. Hodric não se lembrava quando nem como chegara ali, o fato é que estava lá, na escura floresta da Espinha, com fome e sem enxergar um palmo à frente do nariz.

— Sim, senhor. — respondeu — Mas...

— Mas?

— Ir até o ovo... Como? Onde?

— Não precisa se preocupar com isso, há um cavalo e suprimentos esperando por você na cabana. Há também um mapa, irá para Teirm. Espero que você saiba ler.

— Sei sim, senhor. — a verdade é que Ismira o havia ensinado. Pouquíssimas pessoas em Carvahall sabiam ler e escrever: a garota aprendera com os pais e lhe ensinara. Devia isso a ela, não gostava nem ao menos de imaginar qual seria a reação d’Ele se por acaso não tivesse o conhecimento da arte das letras.

— Senhor. — Ele riu — Ah, Hodric, quem diria, uns dias atrás, que você me designaria tanto respeito. — houve uma pausa em quem ninguém disse ou fez nada — O que está esperando?

— Senhor?

— Parta imediatamente, Hodric. AGORA! — exclamou energicamente.

— Sim, senhor! — respondeu assustado com a mudança repentina no tom de voz. Foi.

Não demorou muito para que Hodric estivesse percorrendo o caminho até Teirm, não fazia ideia de quanto tempo levaria tamanha travessia, ainda não havia checado o mapa, mas mesmo assim sabia em que diração seguir.

O cavalo era uma bela montaria: forte e jovem. A pelagem negra e crina alva, escovadas. Hodric encontrara o cavaloao lado na cabana, bem como Ele havia dito, e pendurada na cela do cavalo havia uma mochila. Hodric ainda não a abrira, mas provavelmente se tratavam de suprimentos.

O garoto ainda tinha fome, havia comido pela última vez no dia anterior e o movimento do cavalo fazia com que sentisse frio, mesmo assim preferira partir de Carvahall logo que fosse possível. Fora apenas o tempo de sair da floresta da Espinha, montar o cavalo e partir.

Sul. Teirm ficava à Sul de Carvahall. Era a cidade portuária mais importante da Alagaësia e o barco que ia e vinha da ilha dos cavaleiros sempre atracava ali, por isso Ele o mandara para lá, Teirm era sempre o primeiro lugar que recebia os ovos de dragão, logo, seria um cavaleiro mais brevemente se esperasse pelos ovos lá.

Hodric vinha em trote rápido por um caminho de terra batida, campos de grama dourada o cercavam de ambos os lados. Quando sentiu que já estava suficientemente longe de Carvahall para descansar, parou. Não sabia exatamente como conseguira cavalgar até ali, afinal, seu pulso esquerdo ainda doía sempre que tentava movê-lo. Julgava estar em algum lugar entre Carvahall e a próxima cidade ou vilarejo. Deixou o cavalo pastar pelos campos ressecados e sentou-se em algum canto para examinar o interior da mochila. Abriu as amarras e dentro da mochila, assim como Ele havia prometido, encontravam-se suprimentos, um mapa da Alagaësia e mais um pouco de dinheiro para possíveis necessidades.

Hodric olhou para o céu procurando saber a hora pela posição do Sol, já passava do meio-dia e seu estômago roncava pedindo comida. O garoto, então, serviu-se de um pedaço de pão e queijo, o alimento foi muito bem-vindo. Nunca antes passara tanto tempo em jejum. Dentro da mochila também tinha outra coisa, uma coisa da qual Ele nada havia dito, um punhal. A arma tinha o cabo azul trabalhado com imagens em prata e a lâmina de aço possuía imagens de dragões entalhadas, era, sem sombra de dúvida, uma das coisas mais bonitas que já tinha visto. Hodric prendeu o punhal no cinto, nunca se sabe quando se precisará de uma lâmina.

Hodric viajou por dez dias e nove noites debaixo de Sol e chuva, dormia muito pouco e raramente parava em algum vilarejo. Nesse ritmo chegou à Teimr no início da noite do décimo dia, bem em tempo de conseguir atravessar as muralhas antes que elas se fechassem.

Hodric encontrou um estábulo para deixar o cavalo e saiu à procura de uma estalagem onde pudesse ficar até que o barco atracasse no porto, oque não devia demorar. Encontrou um quarto vago em uma estalagem que ficava perto do porto de Teirm, o quarto era escuro e mal ventilado e o cheiro de mofo impregnava o ar, mesmo assim sentiu-se grato por ter uma cama para dormir naquela noite. E então, em meio a pensamentos embaraçosos sobre sua mãe e seu pai, logo caiu no sono.

Dois dias já haviam se passado desde a chegada de Hodric à Teirm, felizmente ainda havia dinheiro para pagar a estalagem onde dormia. Às vezes parecia a Hodric que as moedas contidas na sacola que Ele lhe dera eram infinitas, não sabia por que, mas tinha aquela impressão todo o momento.

Hodric estava sentado em uma das pontes de madeira do porto, assim como sempre fazia desde que chegara ali. Com os pés mergulhados em água salgada e a leve brisa do mar batendo de encontro ao rosto Hodric fitava o horizonte. Desde o dia anterior já se podia ver o barco que vinha da ilha dos cavaleiros. A proa, que segundo os pescadores locais possuía um dragão esculpido, virado em direção ao porto. Infelizmente o barco ainda se encontrava muito longe para que Hodric pudesse discernir qualquer que fosse a imagem que a proa do barco carregava. A única evidência de que aquele realmente era o barco que Hodric esperava eram as enormes velas brancas que, mesmo de tão longe, eram visivelmente bordadas com dragões dourados.

Então Hodric olhou o mar sob os seus pés, um imenso manto azul que se estendia a muito mais além do que ele conseguia enxergar. Naqueles dias frios a água do mar era quente a aconchegante. Hodric continuou a fitar concentradamente a água debaixo de seus pés, havia alguma coisa brilhando na areia debaixo de toda aquela água, Hodric não sabia o que era, mesmo assim sentia aquele impulso de mergulhar e saber oque era, fosse o que fosse.

O garoto ainda ficou um tempo parado observando o brilho no fundo do oceano até que, por fim, não conseguiu mais aguentar de curiosidades e mergulhou com roupa e tudo de encontro àquilo que se estava se escondendo por baixo das águas do mar. Só pôde ver do que se tratava quando voltou à superfície: era um anel, um anel dourado com uma pedra do ônix em destaque. Não sabia por que, mas aquela joia lhe era familiar, não conseguia se lembrar onde a havia visto antes, mas tinha certeza de que já a comtemplara, mesmo que rapidamente, em algum momento no passado. Hodric pôs o anel no bolso da calça. Fazia frio ali agora que estava molhado. Ele então se levantou e então decidiu voltar para a estalagem, tinha que encontrar algo seco para vestir.


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Notas finais do capítulo

Pois é, cara Tsuki, eu realmente não posso reclamar, também vivo abusando de cliffhangers, kkk.
Então, o que vocês acharam? Review!



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