Capítulo 4

                A conversa teria parado por ali, uma vez que eu não soube responder as suas perguntas. Vimos um filme e depois fomos cada uma para sua casa.

                O que minha amiga tinha falado era verdade. Será que eu estava realmente gostando dele? Acho que nunca tinha parado para pensar nisso, nunca pensei que logo ele poderia estar afim de mim. Eu iria pensar nisso nos próximos dias, mas também conversaria com Eloisa.

Acho que eu não sei o como é amar. Nunca tinha amado ninguém antes. A única coisa que eu sabia é que toda vez que estava perto dele eu me sentia especial, sentia uma sensação estranha, mas ao mesmo tempo boa na minha barriga quando ele olhava para mim. Ele me fazia sentir assim. E no banheiro, quando ele começou a me beijar foi como se um anjo estivesse me levando para as nuvens e apenas brincando comigo.

Isso é amar? Eu iria conversar com a minha fiel companheira. Isso seria meio que obrigatório, já que ele se recusou a me falar se ele gostava de mim ou não. Ela jurou que só me falaria quando eu desse a resposta para ela.

Já era tarde. Mas eu não estava com muito sono. Fiquei olhando em todas redes sociais, me atualizando sobre o que acontecia com as pessoas ao meu redor e aproveitei para checar o Facebook de Felipe, ver se descobria algo. Tempo perdido. Ele não entrava há um bom tempo também.

Resolvi tentar dormir logo, eu tinha aula cedo no dia seguinte e sabia que seria um dia importante para mim.

                Acordei no dia seguinte e tive um dia normal. Fui para escola e conversei com meus amigos, nada de mais. A única coisa que estava me incomodando era o fato de não ter visto Felipe aquela manhã, então no recreio fui procurar saber o porquê.

 - Elo, você sabe se o Felipe veio hoje?

- Não sei não amiga, vamos perguntar para o Daniel.

- Claro.

- Daniel, Felipe veio hoje? – perguntei curiosa

- Não, por que?

- Por nada... – falei não muito satisfeita

- Você sabe o porquê dele não vir? – Eloisa perguntou sabendo que era isso que eu queria saber.

- Ele me falou alguma coisa ontem, mas eu não lembro amor. Foi mal.

- Tudo bem, ah sexta nós vamos sair né?

- Claro, te busco as 20:00.

-Okay.

                Eloisa ficou conversando por um tempo com seu namorado e eu fiquei ali segurando vela para os dois. Não iria me distanciar dela, então resolvi não prestar atençar no que eles falavam e sim as pessoas que também estavam lá. Começamos enfim a sair de perto de Daniel.

- Elo?

- O que?

- Obrigada!

- Pelo quê Vi?

- Por ter lido minha mente e perguntado o que eu queria saber! O Daniel poderia achar estranho. Não é como se eu estivesse afim dele sabe...

- Tudo bem Vi, não precisa se explicar. É para isso que servem as amigas, não?

- Te amo sua chata.

- Também te amo bebê!

                As aulas tinham acabado e eu fui para minha casa almoçar. Eu não conseguia parar de pensar em Felipe e tentava criar motivos que explicasse ele não ter comparecido as aulas. Pensei em ligar ou mandar uma mensagem. Eu olhei o celular umas 500 vezes, mas então desisti. Talvez ele desconfiasse de algo e o que eu menos queria agora era que ele pensasse que gostava dele, principalmente porque nem eu sabia.

De tarde fui para casa de Eloisa que a conversa que havíamos combinado. Tentei evitar essa conversa o máximo possível, puxava conversa sobre os assuntos mais diversos que vinha a minha cabeça, como maquiagem, roupas, acessórios, comidas, falamos até mesmo do tempo e da escola. Infelizmente, ela havia se lembrado da nossa conversa.

- E ai? Você já tem a resposta? – Eloisa me perguntou

- Reposta para o quê? – me fiz de sonsa por um segundo esperando que ela mudasse de assunto, ou pelo menos tentando fugir, com a esperança de que ela não estivesse perguntando o que eu achava.

- Você sabe. Você está apaixonada por Felipe ou não? – realmente não tinha como ela ser mais clara sobre o que ela estava perguntando.

- EU NÃO SEI OKAY! – respondi bem alto. – Eu não sei... – dessa vez quase sussurrando – Eu nunca amei ninguém antes. Eu não sei como é amar. A única coisa que eu sei é que toda vez que eu estou perto dele eu me sinto especial, sinto uma sensação estranha, mas ao mesmo tempo boa na minha barriga quando ele olha para mim. E quando ele me beijou no banheiro, foi como se anjos me levassem as nuvens.

- Hum... eu entendo. Mas há quanto tempo você sente isso?

- Desde o dia que eu o conheço, por isso eu tenho quase certeza de que não é amor. – falei meu pensamento que para mim fazia muito sentido.

- Sua sonsa, você está totalmente apaixonada por ele. – ela falou rindo e parecendo encantada com a situação.

- Sem chance! – falei revoltada e controlando o riso pela cara que aquela idiota havia feito.

- Totalmente. Você se sente assim por mais alguém? – ele fez uma pergunta retórica, mas do mesmo jeito eu fiz que não com a minha cabeça. – Viu, isso é amar. É sempre querer o bem da pessoa, mesmo nos piores momentos e situações. E o como você está sentindo são apenas os seus sintomas – ela falou convincente, parecendo até uma especialista no assunto.

                Tinha acabado de descobrir que eu estava apaixonada por Felipe. Logo ele. Eu não sabia se sorria ou se chorava ou se até fazia os dois ao mesmo tempo. Eu fiquei apenas em estado de choque olhando a retardada da minha amiga pulando pelo quarto feliz, como se tivesse descoberto algo extremamente importante, como, sei lá, a cura da AIDS.

Só depois de uns dez ou quinze minutos eu me toquei que ela havia prometido me falar o que ele sentia por mim quase eu a respondesse. Se ele me amava ou se queria apenas alguém com quem ficar.

- E então. O que ele sente por mim? – perguntei curiosa.

- O que? – no exato momento ela parou de sorrir, me fazendo pensar nas piores coisas do mundo.

- Você disse que me falaria o que ele sente por mim se eu te falasse o como eu me sinto com ele! Sabe, se ele também está apaixonado por mim ou se quer apenas um caso de uma noite. – ela ficou sem falar nada, aumentando ainda mais meu desespero – Pela sua cara era apenas caso de uma noite que ele queria né?!?! – falei e comecei a chorar.

- Ahh isso. Vi, não chora, não pensa em nada ruim. Não é o que você está pensando.