Sundelly Sun escrita por caroldaa


Capítulo 9
Decisões (NessiePOV)




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/31860/chapter/9

Eu sabia que não demoraria muito até que meus pais descobrissem que eu não estava mais no colégio, e sabia que logo quando eles descobrissem, eles viriam atrás de mim. E era disso que eu tinha medo. Eu sabia que a ordem que Jacob tinha dado seria seguida a qualquer custo pela alcatéia. A imagem de meus pais lutando contra todos esses lobos vinham em minha mente e me perturbava, a única coisa que eu conseguia fazer no momento era chorar.

- Nessie... desculpa por ta te fazendo passar por isso. – Jacob tentava me consolar, mas ele sabia o quão difícil seria pra mim, abrir mão da minha família – Eu vou acabar com a ordem. Seus pais vão entrar na reserva...

- NÃO! – Eu chorei mais ainda.

- Nessie, eu não to te entendendo. Você está sofrendo. Eu não quero te ver assim. Você não quer ficar longe de sua família...

- Mas eu também não quero ficar longe de você! – abracei-o e jorrei mais litros de lágrimas no seu ombro. – Se meu pai aparecer por aqui, eu nem sei o que ele seria capaz de fazer.

            Enquanto eu soluçava nos ombros de Jacob, ele afagava minha cabeça me dando conforto. Eu realmente não queria ficar longe da minha família, mas eu também não queria ficar longe do meu grande e único amor. Não sei qual a dificuldade dos meus pais pra aceitar isso, era simples. Eles sempre souberam que isso aconteceria um dia, e aconteceu.

            Jacob me levou pra casa dele, e logo quando eu entrei fui recebido pelo tio Billy.

- Oi Nessie! Como ta você? Falei com sua mãe um dia desses por telefone. Ela até ta me devendo uma visita. Ela virá de buscar?

            As lágrimas que já tinham cessado voltaram a aparecer. A lembrança de minha mãe, do carinho que ela me dava, me entristecia. Eu sabia que ela tinha feito algo pelo qual eu demoraria pra perdoá-la, mas ela era minha mãe.  Tio Billy não entendeu o motivo do meu transtorno, mas também não me perguntou nada.

            Jacob me levou pro seu quarto e me deitou na cama, e sentou-se ao meu lado para me dar apoio. Ele seria o quão difícil seria aquela noite pra mim. A noite em que eu abandonara meus pais.

- Jake... eu... sinto.. muito! – tentava me desculpar, mas era sempre interrompida pelos soluços.

- Calma Nessie! Vai ficar tudo bem! A culpa não é sua.

            Acabei adormecendo rapidamente. A noite não tinha sido a das melhores pra mim. Tive vários pesadelos, pesadelos em que minha mãe era ferida por ter tentado vir atrás de mim. Acordei gritando e assustada. Jacob estava deitado ao meu lado levantou-se tão rapidamente quanto eu, e me abraçou.

            Minha crise de choro aumentou. Jacob me deu um beijo na tentativa de me deixar mais calma, e foi o que aconteceu. Um beijo! Cada beijo que ele me dava era uma nova sensação de alegria exorbitante. Um beijo que me fez lembrar do verdadeiro motivo dessa confusão toda. Um beijo que me fez perceber que eu não estava sozinha e que valia muito a pensa lutar pela minha felicidade. Mas cedo ou mais tarde meus pais iriam entender e tudo se resolveria!

            Voltei a dormir abraçada ao peito de Jake, ele ficou cantarolando algumas músicas de ninar pra mim, então, eu logo adormeci.

            Quando acordei, Jake ainda estava ao meu lado, na mesma posição que estava quando adormeci. Ele estava dormindo, exausto. Eu aproveitei que ele estava desmaiado na cama e fui em direção a cozinha, logo quando cheguei ao cômodo vi um bilhete em cima da mesa. Não queria olhar, afinal, eu não estava na minha casa e seria intromissão da minha parte ler o recado que tinham deixado lá. Mas, outro lado meu pensava de outra forma. Eu não estava na casa de estranhos, eu estava na casa do MEU NAMORADO. Acho que eu tenho o direito de ver um recado que esteja por lá, ainda mais quando nessa casa só mora o meu sogro e ele.

            Peguei o recado e li. Não acreditei nas palavras que eu estava lendo.

Jacob,

 

Você anda com a cabeça no mundo da lua, e não sei se você está lembrado que dia é hoje. Bom, sua tia Andréa me ligou na semana passada, dizendo que iria viajar e passar o resto do ano resolvendo uns problemas em Amsterdã. Então, sua prima Aline passará o resto do ano aqui na cidade. Ao contrário de você, ela vai estudar na escola de Forks, exigência de sua tia. Eu saí pra resolver os problemas, e a pegarei no aeroporto. Mantenha a casa em pé.

 

Billy.

 

 

            Fiquei meio preocupada com o recado, mas não dei tanto valor. Deixei o recado na mesa no mesmo lugar onde estava e fui preparar alguma coisa pro Jacob comer. Comida humana não era a minha comida favorita, mas Jacob adorava.

            Tentei liberar meus dons culinários, em vão. As únicas coisas que eu consegui fazer foram fritar dois ovos e passar manteiga em umas torradas que tinha na dispensa. Eu sabia que isso não alimentaria meu namorado monstro. Peguei um livro de culinária que eu acabei achando dentro das prateleiras e fui experimentar preparar umas panquecas com mel.

            Comecei pegando as tigelas, e os ingredientes. Coloquei a farinha de trigo e liguei a batedeira. Foi um tal de voar farinha pra todos os lados, eu acabei ficando toda branca. Desliguei rapidamente e olhei pro chão, estava muito mais sujo do que o que eu podia imaginar. Fiquei espantada com a minha falta de coordenação na cozinha, derrubei tigelas, melei toda a bancada de leite, e a massa que eu tinha feito estava com uma aparência de lama branca, mas, acho que era assim mesmo que ela tinha que ficar.

            Peguei uma frigideira e pus a massa nela. Lógico que eu melei mais várias coisas, estava toda distraída tentando transformar aquela lama em panqueca, quando de repente...

- Quer dizer que a minha donzela seqüestrada sabe cozinhar? – Jake estava bem atrás de mim, e me surpreendeu com um beijo no pescoço. Claro que eu me distraí bem mais e acabei jogando as ‘panquecas’ pra longe.

- Droga, Jacob! Acabou com o seu café da manhã! – falei zombeteira.

- Acabei? Não, acho que você que acabou sem ao menos terminar de fazê-lo. Aquilo era radioatividade, você ta louca pra fugir daqui me matando envenenado né? – ele riu.

- Eu tento fazer uma coisa boa pra você e é assim que você me trata? Como uma assassina? – fiquei emburrada. Tudo bem que eu não era a melhor cozinheira do mundo, mas foi de coração.

- Fica tão linda com esse bico. – ele fazia carinho no meu rosto. Não tinha como eu não tirar aquele bico do rosto.

- Ah! Tem um bilhete pra você em cima da mesa.

- Ah, ok! Deve ser coisa do meu pai. – ele pegou o bilhete e foi lendo em voz alta. Ele não sabia que eu já tinha lido o bilhete e eu fingir que não fazia a mínima idéia do que se tratava.

- Então, acho que agora estamos encrencados com meu pai.

- Estamos? – não estava entendendo o porque da encrenca.

- “Mantenha a casa em pé.” – Acho que manter a casa em pé, também inclui deixá-la limpa, e... – ele ficou olhando pela cozinha – acho que você acabou deixando-a um pouco mais, decorada?

            Não tinha como não ri dessa. Eu realmente tinha decorado um pouco mais a cozinha.

- Tá, então, não temos tempo a perder. Vamos começar a arrumar isso.

            Jacob e eu limpamos a casa por horas. A maldita farinha que tinha se espalhado pelo chão da cozinha, já havia se dissipado pelo restante dos cômodos da casa. Jacob ficava fazendo encenações com a vassoura, e sempre ameaçava jogar o balde de água em mim.

- Você não teria coragem... – eu o ameacei. Ele não seria capaz de jogar um balde cheio de água em mim.

- Duvide!

- Eu duvido. – é, ele jogou.

Não conseguia segurar meu riso, aquilo estava sendo realmente divertido. Limpar a casa nunca foi de fato minha tarefa preferida. Na verdade, a única coisa que eu arrumava era o meu quarto, e mesmo assim, só quando minha mãe ficava me enchendo.

Jake nunca pensava direito nas coisas que ele fazia, ele agia muito por impulso, como agora. A arrumação da casa já estava quase finalizada e ele jogou o balde em mim. Agora, além de eu estar ensopada, a casa ta toda molhada.       

Ele pegou uma toalha pra mim e uns panos pra limpar o chão. Enquanto eu estava me enxugando, ele esfregava o chão como a cinderela no castelo da madrasta, mas não com tanta devoção, até porque eu o via me fitar com a boca aberta.

- Cuidado Jacob, desse jeito você vai acabar molhando mais o chão com a sua baba. – não podia perder a oportunidade de tirar uma onda com ele.

- Não vou me desesperar tanto né? Afinal, eu tenho você aqui, como minha prisioneira.

            Terminamos de arrumar a casa, e eu fui pro banho. Enquanto eu estava no banheiro, escutei que Jacob conversava com alguém, mas eu não sabia quem era. Era uma voz de homem, então, não tinha que me preocupar muito. Lavei meus cabelos, e isso me tomou muito tempo, e fui me arrumar no quarto. Quando saí do banheiro não cheguei a ver quem estava na sala com Jacob, e não ia me arriscar a ir à sala enrolada apenas em uma toalha né? Meu namorado não ia gostar muito disso. Fui diretamente pro quarto e troquei de roupa.

            Estava terminando de pentear meus cabelos quando o Jake entrou, com uma expressão diferente.

- Hum..  já sei! Tio Billy chegou e reclamou da bagunça! Acho que você não limpou bem embaixo da mesa. Eu avisei... – falei brincando com ele.

- Nessie, tenho uma coisa pra te contar. Seus pais tentaram entrar na reserva...

- MEUS PAIS? O QUE ACONTECEU COM ELES, JACOB?! VOCÊS OS MATARAM? – estava aos prantos, lágrimas instantâneas percorreram minha face, e a preocupação invadia meu corpo, e eu já não estava mais me manter em pé.

- Calma Renesmee. – senti Jake me pegando no colo e me colocando sentada em sua cama. – Não mataram os seus pais.

- Ah! Ainda bem que eles estão bem...

- Não mataram eles. Mas não significa que eles estejam bem... Na verdade, Bella ta machucada.

            MINHA MÃE MACHUCADA? Como eu permite isso? A que ponto meu egoísmo me levara? Minha mãe machucada. Chorei muito mais do que eu já chorei em toda a minha vida.

- Calma Nessie! Seu pai a levou pra Carlisle cuidar dela. – Jacob estava tão preocupado quanto eu. Ele se sentiu muito mais culpado do que eu por ter permitido isso tudo, afinal, ele é amigo de minha mãe, melhor amigo. Ele nunca ia permitir que a machuca-se, na verdade, ele deu a ordem sem ao menos acreditar na possibilidade de alguém realmente se meter em briga.

- Desculpa Nessie, eu não queria fazer isso! Eu to me sentindo culpado. Eu vou levá-la de volta pra casa, e você vai ficar com sua família e me... me... entenda! Não foi por mal! Eu só não quero viver longe de você! EU SOU UM IDIOTA. – Jacob já não conseguia conter as lágrimas do seu rosto. Foi a primeira vez em toda a minha vida que eu o vi chorar. Eu o abracei.

- Não se sinta culpado por isso, Jake. – falei entre soluços – A culpa não é sua, a culpa é minha. Eu que escolhi isso, eu que deixei as coisas tomarem esse rumo. Se alguma coisa está errada, a culpa é toda minha.

            Jacob me pegou novamente no colo e olhou fixamente para os meus olhos.

- Eu te amo, e nada vai mudar, independentemente do que aconteça. – Era o conforto que estava precisando. Ouvir aquelas palavras me fizeram sentir mais viva e me fizeram perceber que ele está disposto a fazer tudo por mim. – Eu vou levá-la de volta pra casa.

- NÃO! VOCÊ NÃO VAI ME LEVAR DE VOLTA! – protestei e comecei a me debater. – Eu escolhi ficar com você, e não vou abrir mão disso! Se eu voltar agora, além da provável surra que eu possa levar, eles não vão me perdoar. Eles vão querer me tirar daqui, vão me levar pra algum lugar longe que você nem ao menos saiba que existe. – agarrei-me a Jacob e chorei ainda mais. Não queria deixá-lo, NUNCA! Ninguém iria me fazer abrir mão dele. Meus pais tinham que entender, não era tão difícil. Eu não estava agindo errado, eu estava seguindo meu coração, esse não é sempre o caminho certo? E se fosse com meus pais, eles fariam a mesma coisa. Ou não?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Sundelly Sun" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.