Sundelly Sun escrita por caroldaa


Capítulo 6
A fuga (Nessie POV)




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Não entendi ao certo porque meu pai estava tão bravo comigo. Ele não tinha demonstrado ter ficado tão pirado por causa da advertência. O que será que tinha acontecido? Será que ele conseguiu ler o que eu estava pensando? Será que ele sabe do beijo em Jacob?

Sai dos meus pensamentos quando minha mãe começou a conversar comigo.

- Renesmee, tenha algo que você queira me contar? – ela olhava pra mim como se já soubesse de alguma coisa. “Não, ela já sabe. Mas como?”

- Na verdade, não mãe. Nada demais. – dei de ombros, tentando mostrar indiferença, mas por dentro, louca de curiosidade pra saber do que se tratava aquele assunto.

- Renesmee, não minta pra mim. – via que o olhar dela estava ficando cada vez mais enfurecido.

- Mãe, já falei! Não tenho nada pra te contar! – fiquei olhando pra janela, tentando ver se eu encontro algum rastro de Jake pelo caminho.

- Renesmee, não adianta esconder. Eu sei o que aconteceu!

- Sabe? – meus olhos viraram pra minha mãe por reflexo -  Como você sabe?

- Sei, e sei por outros motivos, e não por você ter me contado!

- Mas que outros caminhos, co.. como você descobriu isso? Você falou com o Jacob não é? – senti as lágrimas chegando.

- Eu vi! Você me mostrou! – ela estava focada na estrada, como se fosse perigosa demais, ou como se não soubesse o caminho de co e salteado.

- Eu não acredito que você invadiu meus sonhos. Isso é um absurdo, invasão de privacidade! – as lágrimas já tinham me dominado. Mas não eram lágrimas de dor, e sim de raiva. Muita raiva. – Como você pôde fazer isso comigo? VOCÊ É UMA IDIOTA! EU TE ODEIO! – gritava cada vez mais alto, tentando colocar minha raiva toda pra fora.

- Olha o jeito que você fala comigo, mocinha! Não vou admitir esse tipo de ofensa a mim!

- Você não tem moral pra me pedir nada, nem exigir coisa alguma. Isso foi invasão de privacidade, vocês nunca respeitam meu espaço! – gritava para quem quisesse ouvir! Sabia que eu estava me aproximando da cidade, e que as pessoas já podiam ouvir a nossa gritaria, ou melhor, a minha gritaria. Porque a mamãe mal falava nada.

- Renesmee Cullen, eu estou falando sério. Você não se atreva a falar comigo de novo nesse tom, ou você vai se arrepender muito por isso. – A voz dela ficava cada vez mais autoritária e irritada.

- Tanto faz. – dei de ombros de novo e fitei a janela. As lágrimas ainda escorriam pelo meu rosto, o sangue quente ainda invadia a minha cabeça. Não sabia se eu conseguiria segurar por muito tempo.

- Você vai ficar por uns tempos na casa da família de Tânia. Já está tudo certo, você partirá hoje ao crepúsculo. – Ela ainda fala irritada, e a expressão autoritária dela não mudara nem um segundo.

- Ah ótimo! Muito obrigada pela parte do incrível diálogo, Sra. Cullen. – zombei

- Renesmee, já mandei parar! – foi a vez dela de gritar.

- E a prisão vai durar quanto tempo? – continuei zombando com a idéia. As lágrimas que deveriam ficar retidas nos meus olhos, ainda insistiam em cair como cachoeira, debilitando todo o meu discurso de correta.

- O tempo necessário para as coisas se acertarem por aqui.

- As coisas se acertarem por aqui? Vocês tão pensando em matar o Jacob? – minha voz já não estava com tons de zombaria, ela parecia está falando sério.

- Lógico que não. Mas precisamos de um tempo para seu pai se acostumar com idéia de que manter o Jacob vivo é importante.

- Já que vocês decidiram toda a minha vida sem me consultar nem nada, eu acho que eu poderia ter mais tempo. Não é justo eu ter que abandonar tudo, assim de repente! Ao contrário de vocês, eu tenho VIDA!

- Você tem a manhã e a tarde pra fazer tudo isso, e sinta-se feliz com isso, se fosse depender da vontade do seu pai você já teria ido logo quando você acordou.

- O Jake já sabe disso? – não tinha como evitar que a enxurrada de lágrimas continuassem a invadir meu rosto.

- Ele confessou! Confessou que além de tudo, tinha gostado e que o faria de novo na próxima oportunidade. Ou você acha que estamos te tirando da cidade por qual motivo? – ela estava estacionando o carro na escola.

- Vai descer? – perguntei incrédula.

- Tenho que falar com o diretor a respeito de suas ‘férias adiantadas’. – ela desceu do carro e bateu a porta com força.

- Eu te odeio por isso. – falei baixo e fui indo em direção ao pátio. Limpei as lágrimas durante o caminho para que ninguém perguntasse o que tinha acontecido.

- Eu escutei isso, Renesmee. – ela gritou. Dei de ombros e continuei meu caminho.

            Fui ao banheiro e fitei o espelho.

- Como tudo pode ter dado errado em tão pouco tempo. Enfim, eu fiquei sabendo que o Jacob tinha gostado do beijo, e eu não tinha feito nada de errado e quando eu, finalmente, descubro isso, vou ser afastada dele por puro egoísmo dos meus pais. – falava sozinha no banheiro. Mas logo senti que a porta estava pra ser aberta. Então fingir lavar as mãos, peguei minha mochila e segui pra classe.

            A aula foi chata como sempre, nada acontecia ao meu redor. Nada de interessante suficiente pra me chamar atenção. Olhei pela janela e vi o carro de minha mãe indo embora. “Enfim, livre”, não tinha como pensar em outra coisa. O que tinha acontecido com meus maravilhosos pais? No que eles tinham se transformado?

            Tinha que controlar a minha fúria, a raiva que eu sentia no momento pra não acabar colocando minha família em perigo. Mas ao mesmo tempo, pra que manter minha família em paz se eles se recusam a me deixar viver em paz? Eu tenho 12 anos, e daqui a alguns meses, talvez no máximo um ano, eu tarei idade suficiente para parecer, não mais filha, mas sim irmã mais nova deles. E eles teriam que me tratar como tal, e não como se eu fosse a criancinha mais indefesa e ingênua da cidade. Em pouco tempo eu terei idade suficiente para fazer tudo o que minha mãe fez, e ela não vai poder ser contra a nada disso, seria muita hipocrisia da parte dela.

            Pensei em várias formas de expor o que verdadeiramente somos. Eles acabaram com o que eu considerava uma vida, eu vou receber um exílio, vou ser exilada da cidade como se tivesse cometido algum erro gravíssimo, e a única coisa que eu fiz, foi me entregar a paixão que eu sinto pelo Jacob. Ah! Jacob. Eu não vou poder me despedir dele, se ele ao menos tivesse sido menos cabeça dura e tivesse me ligado ou aparecido em minha casa. Qual o problema afinal? Ele tinha gostado, por que ele não veio falar comigo antes?

            Na aula de Sr. Thompson, vinham várias e várias idéias de como irritar mais meus pais. Eles não tinham mais nada a fazer, não iam poder fazer nada. Eu já ia ser exilada mesmo. Peguei meu celular, e liguei pro Jacob. Senti a aproximação dele, mas não desliguei o celular, fiquei lá, contando os toques, esperando que o Jacob atendesse. Tentei uma vez, duas, e o Sr. Thompson continuava ao meu lado.

- Srta. Cullen, não gostaria que o fato de ontem se repetisse. Mas, devido ao seu desrespeito em minha aula, eu não quero que a senhorita continue fazendo parte dela. Pode se retirar. Você acaba de ser expulsa da minha classe.

            Dei de ombros, parecia a pessoa com mais atitude que todos naquela escola poderiam imaginar. Os olhares estavam todos voltados pra mim: assustados, curiosos, incentivadores, incrédulos. A satisfação de ter feito isso me inundava. “Aproveitem isso, Cullens!”, não conseguia pensar em mais nada.

            Fui seguindo para o corredor, e quando eu estava passando pela porta de vidro, eu escutei um barulho de moto. MOTO, MOTO! Jacob está aqui, eu conseguia sentir o cheiro dele, o cheiro delicioso do menino mais lindo do mundo.

            Não pensei em outra coisa, comecei a correr como se ninguém no mundo pudesse me deter. Tinha que ser muito rápida, não tinha o que pensar, tinha que agir. Abri a porta desesperadamente e o encontrei lá no pátio. MEU JACOB! Subi na garupa da moto e o apertei enquanto ele corria numa velocidade de no mínimo 140 km/h. Não que eu me assustasse com aquilo, apesar de não ser novidade pra mim, mas, era confortável. Eu o agarrava com mais força, e sentia os meus cachos avermelhados voarem.

- Jake, você é um louco!

- Deu certo uma vez, porque não daria agora?

- Você já fez isso antes? Com quem, posso saber? – perguntei incrédula com o que tinha acabado de ouvir

- Com sua mãe! – escutei a risada dele emanando aos quatro ventos. Dei uma tapinha em suas costas.

- Eca! Prefiro que você não comente sobre isso.

            Seguimos na mesma velocidade e entramos na reserva de La Push. Descemos da moto numa praia linda, um lugar onde ele nunca tinha me levado antes.

- Jacob, e agora? Meus pais vão me mandar pra casa da tia Tânia. Eles vão me...

            Senti um puxão que me empurrava contra a um peito quente, com um calor tão grande quanto o meu, e os lábios de Jacob estavam mais uma vez, envoltos aos meus. Senti a melhor sensação do mundo todo. Eu fui beijada. Foi diferente do que tinha acontecido antes. Antes tinha sido um beijo rápido, um maravilhoso beijo rápido... mas agora não! Fora totalmente diferente, foi um beijo de verdade! Um beijo de cinema, um beijo que eu nunca vou esquecer na minha vida. Meu primeiro beijo, NOSSO PRIMEIRO BEIJO.

- Nunca! Mas nunca na sua vida, pense que você fez alguma coisa errada, e NUNCA duvide do que eu sinto por você. – As costas de sua mão estavam deslizando em minha pele. Senti o sangue indo diretamente pras minhas bochechas e fiquei corada.

- Tudo bem. Não vou mais duvidar disso, mas... Por que você sumiu por tanto tempo? – tentei fazer uma expressão de brava, mas a alegria do momento não deixou. Eu não conseguia tirar aquele sorriso do meu rosto.

- Você tem que concordar comigo que as coisas não são assim tão fáceis! Eu pensei em como seria a reação da sua mãe. E foi exatamente como eu tinha pensando!

- Minha mãe foi atrás de você em La Push né? – olhei pro chão. “Eu mato minha mãe.” só conseguia pensar isso.

- Não vamos pensar nisso agora, Nessie. – ele levantou e eu pude ver suas mãos tremerem. Em poucos segundos ele já havia se transformado em lobo.

            Passaram-se alguns segundos, e eu pude ver que havia mais lobos ao nosso redor. Leah e Seth não desgrudavam de Jacob nessas horas. E aos poucos o resto do bando foi se aproximando. Até Sam estava por lá.

            Esperei sentada, olhando a quantidade de lobos que estavam se aproximando, e o tentando entender o motivo de todos aqueles uivos que eles davam. Esperei, já estava impaciente de tanto olhar pra aquele bando de lobos sem entender o que eles estavam dizendo ao certo.

- Dá pra alguém explicar? – levantei e exigi uma explicação.

Nada aconteceu. Meu dom de autoridade não funciona muito por aqui, na verdade, não anda funcionando em lugar nenhum.

Os lobos começam a correr, e só Jacob ficou. Foi pra trás de uma árvore e se transformou em humano novamente, colocou calças e veio me ver com o peito nu. Não sabia o que era aquela sensação que eu estava sentindo, só que eu nunca senti isso na vida. Estremeci.

- O pacto vai ser refeito! – ele falava olhando nos meus olhos.

- Pacto? Que pacto? – não estava entendendo o que estava havendo ali.

- Há muito tempo, os lobisomens fizeram um pacto impedindo que os vampiros pisassem na área dos Quileutes.

- Mas, meu pai e minha mãe já andaram por aqui. – perguntei ainda não entendendo onde ele queria chegar.

- Esse pacto foi interrompido quando sentimos a necessidade de unirmos nossas forças para destruir o inimigo em comum, e expandimo-lo para combater os Volturi quando eles estavam vindo atrás de você.

- E o pacto vai ser refeito?

- Vai. Mas dessa vez não como pacto, porque eles não vão concordar. E sim, como exigência. Se qualquer um dos vampiros invadirem nossas terras, não vamos poupá-lo de nada. Ninguém vai tirar minha namorada de mim.

            Aquelas palavras me deixaram tonta de felicidade. Eles tinham montado um plano para que eu não precisasse sair de perto das pessoas que eu amo. Ele estava fazendo questão de mim, estava fazendo questão da sua NAMORADA. Aquela palavra rondava minha cabeça e vinha como flashes em diferentes direções. NAMORADA, NAMORADA, NAMORADA! Eu estava namorando Jacob Black. Mas a consciência foi voltando aos poucos e eu percebi que eu estava abrindo mão de outra coisa muito importante pra mim: minha família.

- Mas... mas.. e meus pais? E tia Rose, tia Alice?

- NINGUÉM.

- Jake, você vai ter a coragem de fazer algo com.. com minha mãe se ela vier atrás de mim? – engoli seco. A imagem de minha mãe ser atacada por uma alcatéia não era do meu grado.

- Nessie, é a única forma. Você quer ficar perto de mim? Eles vão entender, vai demorar um pouco, mas eles vão entender o fato de que você também escolheu isso.

- Tudo bem. Eu quero ficar perto de você! Eu quero ficar ao seu lado pra sempre, mas... eu vou sentir falta dos meus pais! – senti as lágrimas invadindo meus olhos.

            Jacob limpou as lágrimas que caíam em meu rosto avermelhado de dor. Eu quero ficar com Jacob, mas eu não quero abandonar meus pais! Porque eles não podem simplesmente aceitar tudo. Eles sempre souberam que o Jake era apaixonado por mim e que eu era apaixonada por ele. Nossa história tava parecida com a que minha mãe passou quando teve que fugir da casa do vovô Charlie pra que James não a atacasse.

            Jacob me levou para casa e eu sabia que uma hora dessas, meus pais já estavam sabendo de tudo. Era uma questão de segundos para que a guerra começasse.


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