Sundelly Sun escrita por caroldaa


Capítulo 2
Acontecimentos (Nessie POV)




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            Não dava pra entender o motivo do meu pai ser tão preocupado. Ele vê perigo em todas as coisas. Minha ‘infância’ foi toda no jardim e na clareira, sempre com eles ao meu lado. A única pessoa que eles deixavam se aproximar de mim, sem hesitar, era o Jacob. Eu fico pensando na importância que eles deram pra todo o esforço de Tia Rose e de minha vó Esme, elas sempre me treinaram pra eu agir naturalmente na frente de estranhos, mesmo eu nunca tendo ficado mais de 5 horas com eles.

            Depois de toda a discussão e a decisão do meu pai de me colocar de castigo, eu fui pro quarto. Dentei na minha cama e fiquei olhando o teto.

- Castigo! Nunca pensei que isso existisse de verdade. As garotas da escola comentavam sobre esse tipo de coisa, mas eu nunca achei que se aplicaria a mim e a minha família estranha. – pensava alto. Ouvi um barulho na janela, e o melhor cheiro do mundo pra mim. “Meu Jacob, enfim alguém que entende”.

            Abri a janela tentando fazer o menor barulho possível, os ouvidos dos meus pais eram bastante aguçados.

- Entra Jake, mas tenta não fazer muito barulho. – cochichei pra ele.

- Tá Nessie, tudo bem! – Jacob foi entrando pela minha janela, pousando os pés com a maior delicadeza que ele tivera.

            Afastei-me um pouco da janela e fui sentar na beira da cama, dei alguns tapinhas ao meu lado, pro Jake entender que o espaço reservado era dele.

- Ai Jake, você não faz idéia da confusão que eu me meti. – Respirei fundo e tentei mostrar indiferença na voz.

- Eu ouvi seus gritos de lá da reserva. Aconteceu alguma coisa, o Edward te machucou? – As mãos de Jake começaram a tremer na minha frente.

- Calma Jake. Tudo o que a gente menos precisa agora é que você se transforme. – Comecei a passar a mão pelo cabelo espetado dele, em poucos minutos, Jake estava mais calmo, suas mãos já havia parado de tremer, mas, eu não conseguia deixar de continuar alisando os cabelos dele.

- Nessie, eu vou estar ao seu lado, independente de qualquer coisa que aconteça e de qualquer decisão absurda dos seus pais. – As mãos de Jacob estavam afagando minhas costas, tentando me mostrar o companheirismo que emanava em suas palavras.

            Não, eu sabia que aquilo não estava certo. Se meu pai estivesse prestando atenção, ele saberia o que eu estou pensando agora, ele me mataria (tenho medo até do sentido literal da palavra)! Mas, por outro lado, eu queria arriscar. A vontade era maior que tudo, a curiosidade aguçava cada vez mais minha mente, e eu me deixei ser levada por ela.

            Fechei os olhos lentamente e me aproximei de Jacob. “Vai Nessie, vai dá tudo certo!”. Senti o seu calor emanando em minha direção, definitivamente, eu estava mais perto do que eu imaginava. Coloquei meus lábios sobre os dele, e senti que estava sendo recíproco. Jacob me afastou rapidamente, e me fitou com olhos curiosos.

- Acho melhor eu ir embora, Nessie. – levantou-se e foi direto pra janela. Nem ao menos deu tempo de ter dado tchau. “O que eu fiz de errado?”, pensei em mil formas que pudessem explicar a reação dele. Foi um beijo rápido, quase instantâneo, mas foi bom. Muito bom! E isso eu não podia negar.

            Fechei a janela e fui me deitar. Aquele beijo, o primeiro beijo da minha vida! O melhor beijo da minha vida! Fiquei pensando nisso, em como foi bom os milésimos de segundos que se passaram enquanto estávamos nos beijando. Beijando. Tudo estava mais que perfeito!

            Acabei adormecendo, sonhei com o Jacob. Sonhei com o nosso beijo, que ao contrário do que aconteceu, tinha demorado muito. Eu aparentava ser mais velha. Mas com isso eu não precisava me incomodar tanto, dentro de alguns meses, ou no máximo 1 ano, eu atingiria a idade suficiente pra poder sair na rua, e anunciar para os quatro cantos do mundo que eu tinha um namorado, e que era o melhor de todos.

            Acordei com a mamãe me balançando.

- Nessie, amor. Hora de ir à escola! – me deu um beijo de bom dia e esperou que eu abrisse os olhos.

- Oi mãe, ok ok, já estou levantando! – me espreguicei com a maior preguiça do mundo. Tinha tido o melhor sonho da minha vida, não queria ter que acordar tão cedo. – Mãe? O papai ainda tá estressado comigo?

- Nessie, digamos que ele ainda não conseguiu esquecer o seu comportamento de ontem. Então, melhor você não fazer nenhuma besteira por hoje. – Ela respirou fundo e tentou falar de forma mais simpática que conhecia.

-Tá, tudo bem. Mãe, então... já que você não quer que eu me meta em confusão, você bem que poderia bloquear o papai de ler meus pensamentos por hoje né? Pelo menos até que eu esteja longe o suficiente pra ele não me escutar.

-Renesmee, você tá me deixando assustada. Pra que é que você quer que eu faça isso? – a expressão da mamãe virou um misto de confusão e raiva. Ela sabia que eu tinha feito algo de errado, e sabia que meus pensamentos iriam me trair e estragar tudo.

- Nada demais, mãe. Juro! – cruzei os dedos pelas costas. Odeio mentir pra minha mãe, mas quanto mais eu tentava sair da confusão, ela me puxava pra dentro, como em um buraco negro no espaço.

- Renesmee, ponha sua mão na minha bochecha. – rapidamente coloquei meus braços sobre o meu cabelo e o fingi penteá-lo com os dedos.

- Mãe, eu vou acabar me atrasando pra escola. – levantei-me apressadamente e fui ao banheiro tomar banho. Isso, eu precisava de banhos periódicos como uma humana. Entrei no banheiro do meu quarto e fiquei pensando em como eu faria pra que meu pai não descobrisse nada quando eu passasse pela sala. “Já sei”, pensei comigo mesma, vai dá tudo certo! Pelo menos por agora.

            Quando eu saí do banheiro, minha mãe estava lá sentada na beira da minha cama.

- Vamos Renesmee, me conte o que aconteceu. – Os olhos dela que estavam âmbar, se tornaram um vermelho rubi, eu sabia que eu iria ter que dá explicações a ela.

- Nada demais, mãe. Já falei! Ou você agora é uma das que vai ficar me enchendo o tempo todo? – Sai do banheiro e fui pegar uma roupa no closet. Fui parada no meio do caminho.

- Escuta aqui, Renesmee Carlie Cullen, não é porque você já está de castigo que você pode falar comigo desse jeito, ouviu? – “Muito bem, Nessie”, pensei.

- Desculpa mãe, não quis dizer isso! Saiu sem pensar.

-Muito cuidado com o que você diz. – Ela levantou-se da cama e foi pra sala. “Claro, agora está tudo mais fácil pra mim. Brigar com a mamãe, ela é única pessoa que me entenderia, tudo bem que seria na próxima década, mas antes tarde do que nunca.”

            Aproveitei a prova que teria sobre cálculos e fiquei revisando algumas fórmulas na cabeça. Iria parecer estranho, mas seria melhor do que sair de casa pensando no beijo que eu dei no Jacob ontem. “O que tem x no primeiro membro, e o que não tem no segundo membro. X² é igual a x vezes x”. Até que deu certo. Ao passar pela sala senti o olhar do meu pai acompanhar meu caminho e tentar entender porque eu estava repetindo aquelas expressões em minha cabeça. Mas não falou nada.

- Tchau pai, tchau mãe. – Dei tchau rapidamente e andei apressadamente até a porta. Não corri pra não espantar mais dúvidas.

- Não esqueça, da escola direto pra casa. Não quero precisar me preocupar com você por um bom tempo.

Sai de casa e entrei no carro de Tia Rose, que já esperava por mim de porta aberta.

- Oi tia! – dei um beijo na bochecha dela, e seguimos para a escola. “Pronto, agora eu estou segura”. O caminho até a escola foi tranqüilo. Tia Rose falava sobre o quanto meu pai estava errado em ter me colocado de castigo, e fazendo umas imitações engraçadas das caras dele.

            Chegamos ao colégio em pouco tempo. Não tinha como controlar a velocidade dos carros, andar como um humano era devagar demais pra Tia Rose.

- Obrigada por me tirar dessa enrascada Tia, o caminho até a escola com meu pai e minha mãe não seria uma boa opção pra hoje. – dei uma leve risada e fui seguindo para o pátio. Minha primeira aula era a de história. Daria tempo de explicar a Bruna que eu não iria à festa dela.

            O sinal tocou, e eu segui até a turma. Sentei no canto esquerdo da sala, era mais tranqüilo e era relativamente longe dos garotos bobocas que tinham na classe. Fiquei olhando o Sr. Thompson. Careca, gordo, baixinho, explicando a história da Idade Média, da crença (que todos julgavam serem estúpidas) sobre vampiros. Não tinha como eu não me divertir com aquilo. Vampiros não existem, então, o que minha família é? Projetos danificados?

            Ri algumas vezes sozinha,

- Srta. Cullen? Qual o motivo da graça? Quem sabe assim toda a classe possa desfrutar das risadas, o tanto quanto você. – Sr. Thompson me olhava, chegando cada vez mais perto de mim.

- Nada, Senhor. Desculpa. Estava meio distraída. – Voltei a olhar pro caderno, e comecei a copiar a matéria que estava no quadro.

-Tudo bem, Srta. Mas que isso não se repita. – e voltou a falar sobre os mitos antigos que assombravam o mundo.

            Os minutos, que mais pareciam a eternidade, foram se passando. De repente, meu celular vibrou com uma mensagem:

E ai, Nessie? Falou com seus pais sobre a festa? As outras garotas já confirmaram, falta só você. Beijos, Bruna.

            Fiz uma cara de decepção e respondi:

 Desculpa, Bruna. Mas não vai dar! Meus pais não deixaram. Queria muito poder ir. L Beijos, Nessie

 Sério? Mas e se meus pais falarem com o seu, pode ser que eles mudem de idéia. Beijos, Bru.

 Acho meio difícil, tô de castigo. :S Mas muito obrigada pelo convite. Beijos, Nessie.

            Quando eu estava prestes a apertar o botão enviar, vi que uma sombra estava na minha frente. Sr. Thompson.

- Srta. Cullen, pode por favor me entregar seu aparelho celular? – esticou os braços, como se fosse o arrancar de mim.

- Mas, mas... Sr.Thompson... – tentei procurar todos os melhores argumentos, que tinham sumido da minha cabeça. A única coisa que eu não conseguia tirar dos pensamentos, era o beijo de Jacob, e isso estava em uma forma muito dominante sobre os outros pensamentos.

- Poderia me acompanhar até a sala da direção, por gentileza? – “agora, o dia está perfeito!”, pensei ironicamente.

            Acompanhei o Sr.Thompson até a sala do diretor.

- Diretor Hilley , a Srta. Cullen estava usando o aparelho celular no período de aula, sendo que ela já havia recebido uma reclamação por má conduta. – “O que aquele cara estava pensando? Eu já tinha problemas demais pra me preocupar.”

- Sr.Hilley, eu estava mandando uma mensagem pra perguntar a minha tia se ela viria me pegar no fim da aula.

            O Sr. Hilley me liberou com uma advertência, que deveria ser entregue assinada por meus pais no dia seguinte, e que minha tia fosse à sua sala pra comprovar a veracidade do que eu tinha dito. Lembrar de: chamar Tia Rose, só ela que pode resolver o meu problema.

            Hora do almoço. Ainda bem que vou ficar livre por um tempo. Sentei numa mesa perto da janela, o Jake sempre aparecia nesse horário pra me fazer companhia por trás da vidraça. Olhei, olhei e não consegui vê-lo. Será que ele não tinha gostado do beijo? Será que eu fiz alguma coisa errada? Por que o Jake não está aqui? Senti que tinha mais alguém ali no banco ao meu lado.

- Oi Bruna, - olhei, mas rapidamente voltei a olhar pra janela. Queria muito que o Jake, aparecesse, nem que fosse pra dizer que nunca mais queria me ver na vida, qualquer coisa seria melhor do que essa espera conversa sobre o inesperado.

- OI Nessie! Você não contou ao diretor que era eu que estava conversando com você por mensagem não né? Porque, se não, meus pais não vão mais deixar a festinha do pijama acontecer.

- Pode ficar calma, Bru. Eu não contei nada não!

- E ele, o que fez com você? – perguntou de uma maneira curiosa e preocupada ao mesmo tempo.

- Nada demais, ele me mandou uma advertência e pediu pra minha tia passar lá depois da aula. Mas não há problema em relação a isso, minha tia vem mesmo me pegar, e ela não contará nada a meus pais. Eu tô pensando em como eu vou assinar esse papel. Só isso!

            Bruna percebeu que eu estava meio ocupada procurando algo pela janela do refeitório, e então saiu depois da nossa breve conversa.

            As horas foram se passando, lentamente. Em cada janela que olhava, procurava ao menos o reflexo de algo, mas nada. Jake não tinha aparecido nos arredores da escola.

            Na hora da saída, eu falei com minha Tia Rose, sobre o que tinha acontecido na aula de Sr. Thompson.  Ela me olhou com uma cara meio brava, mas logo sua expressão mudou pra algo mais doce, suave. Como se ela tivesse me compreendido o que havia acontecido.

- Tá, então vamos falar logo com esse cara e resolver o problema. –Adoro a Tia Rose, já comentei isso antes?

            Depois de resolvido o problema com o Sr. Hilley. Fomos pra casa. Passei o caminho todo olhando pelas matas do caminho, mas nada, nada de Jacob Black por aqui. Tentei sentir o cheiro dele, mas também não consegui. Por que ele estava me evitando tanto? Afinal, foi só um beijo.

- Nessie, e então, o que você vai fazer com a advertência? Eu não posso assinar, como o Sr. Hilley já informara. – olhei e vi que Tia Rose estava pensando em uma forma de que o papel fosse assinado sem que meus pais tivessem participação ativa sobre isso. – Já sei, eu vou pedir pro Carlisle assinar, acho que não terá problema com ele.

            Apenas assenti, não estava com cabeça pra pensar sobre advertências e assinaturas, minha cabeça estava em Jake. No idiota do Jacob, que não me deu mais notícias depois de ontem.

            Cheguei em casa com o mesmo pensamento que havia saído. “O que tem x no primeiro membro e o que não tem no segundo membro”

- Nessie, você está tentando esconder algo de nós? – Não tinha como seguir em direção ao meu quarto. Eu tive que parar.

- Não pai, só estou pensando em umas coisas que eu vou precisar pra fazer a lição de casa hoje. – Voltei a caminhar pro quarto, senti uns passos me seguindo.  “Que dia perfeito, realmente não tem como ficar melhor”, pensei ironicamente.

- Vamos Renesmee, sua mãe me falou algo sobre ela te proteger de mim hoje de manhã. O que você está tão preocupada que eu descubra? – Não tinha jeito, comecei a pensar cuidadosamente nas coisas que tinham acontecido. Do convite da Bruna até a briga com meu pai na sala. Pulei meus pensamentos pra o que tinha acontecido no colégio.

- Quer dizer que a senhorita se meteu em mais problemas? – percebi que uma das sobrancelhas do meu pai estava em um nível mais acima que a outra.

- Não tive como evitar. O Sr. Thompson sempre pega no meu pé. Era aula da Idade Média, aquelas crenças em vampiros, não tinha como eu não rir. Era engraçado como todos acreditavam que essas coisas não existem. Você tem que concordar comigo!

- É, você tem razão. Vou relevar isso dessa vez. – os olhos do meu pai olhavam fixamente pra mim, não tinha escapatória, ele estava pronto pra pegar qualquer pensamento solto no ar.

- Então, tenho que levar assinado amanhã. – Entreguei o papel do diretor.

- Tudo bem, tudo bem – ele pegou a caneta e escreveu seu nome. A caligrafia do meu pai era realmente bonita. – Mas que isso não se repita!

- Ok, prometo! – pelo menos eu estava livre disso.


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