TI-TI-TI-TI-TI... 

Os sons das máquinas eram lentos, mais sua respiração - pelo menos para mim - havia se tornado normal. 

Ela estava pálida, muito pálida, seus lábios estavam secos e rachados, uma coisa em forma de tubo que saía de sua garganta (como os médicos chamam de "traqueotomia"), uma agulha injetado em seu braço esquerdo acima do cotovelo e um vestido do hospital azul. 
Ainda assim. Para mim, parecia a mulher mais linda de todas. 
Não, ela era a mais bela mulher. 
E agora estou a ponto de perde-la. A ponto de perde-la por minha covardia, por não ter a coragem de lhe dizer a verdade... por não dizê-la que ia ver Clarisse para acertar contas com ela. 
Para dizer que não chegue perto de mim,que eu não iria cair em suas armadilhas. 
Mas eu fiz, eu caí. Ela me beijou e eu quis fugir mais era tarde demais... 
Isabella já tinha visto. 
E a história se repetiu. 
Mas desta vez ... Desta vez Isabella estava lutando por sua vida. 
Eu sei que ela luta, os médicos diziam que não davam esperança para ela, mas eu sabia que não era assim. 
Ela iria acordar, ela faria. 
Eu sabia, sentia, eu sinto isso. 
Mas tem que acordar agora. Rápido, agora. 
Há uma semana, que esta assim, e o doutor disse que se não acordar hoje eles vão desligar os aparelhos. 
E eu não quero isso. 
Perdi Freené, eu não posso perder a Isabella também... 
Eu não posso... simplesmente não posso suportar isso. 

– Justin, filho. O médico estará aqui a qualquer momento. E melhor a gente ir não faz bem pra você ficar aqui..
– Não mãe. Ela vai acordar, ela vai ... Eu sei que vai. E eu quero estar aqui quando ela acordar– eu disse segurando a mão de Isabella que não estava com a agulha. 
– Meu amor por favor. Temos de aceitar as coisas como elas são– colocou a mão no meu ombro -. Isabella, bem ela não vai...
– Que ela não vai? Não vai acordar?– Eu disse olhando para ela - ela vai acordar mãe, eu sei. Prometemos ficar juntos para sempre. Para sempre... Eu sei que ela não vai quebrar essa promessa... Eu asseguro a você que ela vai acorda, e quando o fizer iremos ficar juntos– eu virei meu olhar para o rosto de Isabella. 
– Sei pelo que você esta passando, meu filho. Com Freené aconteceu a mesma coisa ... Justin você leva uma semana aqui, você não sai daqui nunca. Eu me preocupo com sua vida. Sei que Isabella significa muito para você, mas não podemos fazer nada. A ela não gostaria de ti ver assim. Por favor, venha, mesmo que seja para comer alguma coisa.
– Eu não tenho fome.
– Guilherme,você vai vim vê-la depois, fiz com que o médico não venha ate que acabasse seu turno, que ate a noite. Vamos, por favor.
– Mas e se ela acorda e não estou aqui? Mamãe quero que ela saiba que eu estou aqui, cuidando dela. 
– Ela está ouvindo você agora, apenas um pouco de comida. Ela não gosta de ti ver mal. 

Minha mãe estava certa, Isabella não gostaria de ver assim. 
Eu me levantei da cadeira que estava ao lado da cama de Isabella, lhe dei um beijo na testa e sai pela porta com a minha mãe atrás de mim. 
Eu caminhei no longo corredor até a escada com minha mãe atrás de mim. 
Dobrei o corredor para começar a descer as escadas... olhei pelo canto do meu olho de novo para o corredor e vejo o que é a parte de trás de um jaleco branco entrando no quarto de Isabella... Minha Isabella. 
Então eu olho para minha mãe que só balança a cabeça. 

– Desculpa, filho. Mas não podia vê-lo morrer em vida lá– disse ela e depois colocou a mão no meu ombro. 

Lágrimas salgadas surgiam no meu olho. Pisquei, e todas caíram de repente. 
Antes que minha mãe pudesse disser algo eu corri de volta para o quarto .Ao estar frente a porta coloquei uma mão na maçaneta, mas antes que eu a girasse, a mesma se abriu e saiu um homem vestido de preto, com uma pasta de documentos na mão, olhou para mim e então continuou seu caminho pelo corredor .
Dentro da quarto estava o médico de Isabella, revisando uns papeis em uma mesa do lado da cama, enquanto uma enfermeira retirou a sonda e acabou de desligar os aparelhos.
Meus olho se dirigiram lentamente ate Isabella. 
Estava na mesma posição de antes, mas pálida, e seu peito já não subia e descia como agora pouco.

Imo... vél ... mor ... morta. 

Mas lagrimas caíram por minha bochechas, enquanto eu senti os olhos de todos os presentes para mim. 

– Eu sinto muito menino. Nós fizemos tudo que podíamos– disse -. Deixarei você um momento para se despedir dela, e em um momento voltaremos para buscá-la – disse isso e saiu do quarto com os enfermeiros atrás. 

Cheguei lentamente perto da cama. 
Eu queria que isso tudo fosse um sonho ... um pesadelo horrível, que logo a minha mãe me acordaria dizendo que eu estava atrasado para a escola. 
E que ao chegar a veria caminhando em minha direção ... 
Me amava, eu a amava. Isto não poderia ser o fim da nossa história, não poderia ... 
Mais lágrimas deslizaram por minhas bochechas, minhas pernas falharam e eu cai de joelhos. 
Coloquei meus braços na cama e coloquei minha cabeça entre eles, enquanto lagrimas caiam. 

– Prometeu um eu e você para sempre... mentiu. Porque me fez isso? Por que...? Você sabe que eu te amo Isabella. Por favor...não pode ser este nosso final ... por favor. Não é possível ... não. 

Mais lágrimas saíram dos meus olhos, molhando o lençol da cama do hospital ... Tantas recordações vieram à minha cabeça ... Por que Deus? Por que tira-la de mim, quando eu mais preciso dela? 

Um peso caiu na minha cabeça... um peso de 5 dedos ... uma carícia que reconheceria ate no inferno ... 

– Não... será ... meu ... Amor– Aquela voz era como anjos cantando para mim. 

E então eu levantei o rosto, para me encontrar com a mais bela realidade. Então pude ter a certeza: & Agora Estamos Juntos & Nada Vai Nos Separar.