– Isso não pode ser verdade– eu disse tentando parecer calma. 
– Bem, se você não acredita em mim, olha com seus próprios olhos. Na praça, perto da fonte. Eu te disse uma vez, Guilherme esta somente brincando  com você. 
– Adeus– desliguei o telefone e coloquei sobre a mesa. 

Eu sentei no sofá e liguei a televisão.
Guilherme não pode me enganar, não pode, e menos com Clarisse... Não. Não é possível estar repetindo a história... por favor... não. 
Eu não vou acredito Carolina, eu não o farei.
E eu vou mostrar.
Pego as chaves e saiu da casa. 
O céu estava coberto por nuvens negras de tempestade, mas eu não me importei. 
Eu andei ate a praça com a cabeça baixa . 
Parei no semáforo para atravessar para o outro lado e entrar na praça. Semáforo... Vermelho. 
Atravessei a pista. 

Crash

Um trovão, dois, três. 
Uma gota em meu rosto que não era uma lágrima, duas, três ... e agora está chovendo muito. 
Ainda assim caminhei ate a fonte. 
Um sapato converse marrom... e outro par que ... que eu conhecia muito bem. 
Juntos ... demais. 
Eu não podia olhar para cima. Não quero olhar para cima.
Se eu olhar sei que meu coração, ou o que restou dele iria se partir. 
Uma gota deslizou pela minha bochecha - ao contrário das outras causadas pelas chuvas - até meu queixo, desaparecendo no ar. 
E desta vez não era uma maldita gota de chuva. 

-Isabe...– Aquela voz ... tão somente essa voz .... essa palavra fez com que minha bochechas ficassem molhadas por gostas que não eram da chuva . 

Virei o meu corpo em direção a rua. 
Sentia passos atrás de mim cada vez mais perto. 
Meu cabelo estava liso pela chuva, e pequenas mechas estavam no meu rosto. 
As tirei todas de uma vez só, e comecei a correr. 
Meus passos nas poças de águas faziam com que milhares de gotas de águas se espalhasse e fizesse ruído. 
Mas os meus não eram os únicos. 

– Isabella– escutei ele gritando – Isabella espere ... – gritou de novo. 

Não virei, corri ainda mais rápido. 
Cheguei na esquina, e cruzei a pista. 

– Isabella! – eu escutei, mais desta vez era como um grito de desespero. 

Tum Tum 

A buzina de um carro. 

Parei rapidamente no meio da pista, eu virei a cabeça para onde estava o barulho da buzina.
Uma luz amarela, difícil de ver com a chuva ... perto ... muito perto... 
E depois ... uma dor insuportável por todo o corpo. 
Meus olhos se fechavam ... mas não queria fechá-los ... 

– Isabella... Isabella Por favor– Aquela voz ... a reconheceria em qualquer lugar. 

Justin estava lá. 
E só agora ... só agora eu percebo que estava me abraçando no chão. 
Há gente ao redor ... muitas pessoas ... ruídos ... está tudo embaçado. 

– Calma menino. Aí vem a ambulância– disse alguém ... só consegui ouvir. 

As minhas pálpebras cada vez estava se fechando mais e a minha vista estava ficando nublada ... 

– Não me deixe por favor ... Isabella Por favor ... Isabella Eu te amo. Por favor, não ... não.

Ele me ama ... e eu amo ... Eu o amo muito ... muito ... 
Eu queria dizer a mesma coisa. Eu queria lhe dizer que eu o amava também. Que apesar de tudo ... Eu o amava, amava mais que a minha vida. 
Separei meus lábios de vagar ... 

– Te... Amo... 

Eu relaxei, deixando que a dor invadisse meu corpo, removendo a última gota de vida. 
E só então, quando eu tinha certeza de que este era o fim... 
E apenas fechei os olhos.