O Mundo Secreto De Ágatha. escrita por Koda Kill


Capítulo 7
Nunca diga melancia


Notas iniciais do capítulo

Preciso dizer que esse capitulo foi ditado kkkk Acho que não. Leiam e comentem. Beijos.



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Ao anoitecer, quando o céu já estava vermelho, pedi ajuda de Danandra para vestir minha armadura.

− E então? – Perguntei como quem não quer nada. – Diogo já foi?

− Já. – Sempre econômica!

− Diga-me, por favor, que você chutou ele pra fora daqui. – Implorei.

− Não... Compromisso. – Eu a encarei tentando decifrar do que diabos ela estava falando. Mas ela não me ajudou.

− Quem tinha um compromisso?

− Diogo. – Fiquei curiosa pra saber do que se tratava esse compromisso, mas Danandra já estava me olhando esquisito por fazer tantas perguntas sobre ele.

− Ele é a pessoa mais irritante e sem educação que eu já conheci. – Danandra apenas me encarou acusatoriamente. Eu não estava gostando do rumo que aqueles olhares estavam tomando.

− Eu achei ele legal. – Quase derrubei as luvas, que eu estava segurando, no chão. Virei para encará-la e a encontrei de braços cruzados, encostada na parede e com um olhar não muito amigável.

− Você achou ele legal?! Fala serio Danandra! Você não gosta de ninguém... – Rebati sem jeito. – Além do mais ele quase me matou.

− Gostei dele. Ponto final. – Disse ela encerrando a conversa. Eu sabia por experiência própria que duas cosias poderiam acontecer caso eu insistisse no assunto: Ou ela iria se convencer de que eu estava gostando dele, (Puff) ou ela ia me bater e ir embora antes de terminar de colocar minha armadura.

− Chame o Rafael. Quero ver as armas que temos disponíveis. – Disse guardando minha espada, que estava em cima da cama, na bainha. Danandra apenas assentiu afirmativamente com a cabeça e saiu do quarto com passas firmes. Rafael me encontrou e me levou ate a sala de armamentos.

− O que nós temos aqui? – Perguntei espalmando as mãos no balcão.

− Tenho essa faca de sapato. – Falou ele mostrando uma pequena faquinha pra colocar em baixo da sola. – Você aciona na sua luva.

− Rafael, você sabe que eu não jogo sujo. – Falei irritada. Ele apenas me encarou convencido.

− É, mas eles jogam. Vai perder sua vida por causa disso? – Perguntou irritado.

− Se for o caso... Sim! – Respondi elevando a voz e dando fim a discussão.

− Você que sabe. – Ele estava fumegando de raiva e qualquer outra pessoa teria se borrado de medo desse você que sabe, mas eu não. – Tenho essa espada nova. Lamina curva, totalmente amolada, cabo grosso, mas leve e ela é furada aqui no meio, dando maior flexibilidade a lamina. – Ele girou a espada de um lado para o outro me mostrando. Tirei a espada que estava na minha cintura e coloquei-a em cima da mesa.

− Vou ficar com ela.

− Ainda não acabei. – Disse ele afastando a lamina de mim. – Permita-me. – Ele andou ate um boneco que jazia imóvel e empoeirado. Rafael apertou o cabo da espada que tremeluziu e aparentemente voltou ao normal. Então ele correu e atacou a barriga do boneco que começou a tremer, brilhar e cheirar a queimado. – Vem com descarga elétrica. − Completou.

− Eu disse, vou ficar com ela. – Repeti irritada.

− Ótimo. – Ele me encarou desconfiado. – Você está muito estranha de uns tempos pra cá.

− Não estou não!

− Está sim!

− Não estou não!

− Se eu estou dizendo que está é porque está!

− Se eu estou dizendo que não estou é porque não estou! – Paramos os dois cara a cara vermelhos e fumegando.

− Tenho também esse escudo. – Eu o encarei com uma cara nada convencida quando ele me mostrou um pequeno retângulo da largura do meu braço, como uma pulseira.

− Você esta brincando certo? – Rafael amarrou a pulseira no meu braço esquerdo e se afastou pegando uma besta. Ele atirou rapidamente.

− Mas o que diabos... – Levantei minhas mãos para proteger o rosto, mas a pequena flecha ricocheteou em alguma coisa e caiu no chão. – Vou ficar com ele também. – Falei após dois segundo de hesitação.

− Ele tem um campo de força que é acionado quando qualquer tipo de ameaça num raio de 70 centímetros é detectado.

− Isso deve bastar. – Falei guardando minhas coisas.

− Você é quem manda. – Disse risonho.

− Obrigada. – Disse dando-lhe um abraço.

− Disponha. – Me dirigi à porta e olhei para ele uma ultima vez.

− Vou dispor. – Ele me olhou malicioso, mas não disse nada.

Após estarmos todos prontos, partimos em direção à Clareira da Desolação a alguns quilômetros do castelo. Era uma grande área limpa, sem flores, sem nada. Só terra batida, no meio da floresta. A lenda dizia que muitas almas vagavam por ali de modo que nem mais uma única planta conseguira nascer em uma terra já tão batida. Muitas pessoas morreram próximo dali e todos conheciam a clareira como o destino final dessas pessoas. Sem descanso. Apenas andar errante e sofrer por toda a eternidade.

Ao chegarmos lá, avistamos cínica e sua turma descontraídos ao redor de uma fogueira. Legista apontou sorrindo afetadamente para o nosso grupo que se aproximava acanhado. Eles estavam armando alguma, eu só não consegui descobrir o que.

− E não é que eles vieram! – Gritou Cínica de onde estava sentada. Legista nos olhou doentiamente, mexendo-se irrequieta sem sair do lugar. – Venham! Podem se sentar. – Ela apontou para um grande espaço vazio próximo a ela. – Do que estão com medo? – Insistiu nos provocando.

− Ninguém aqui tem medo de você Cínica. – Falei debochada sentando mais próximo dela do que gostaria.

− Tem certeza Agastar? – Cínica me encarou provocante.

− Claro que eu tenho certeza! – Puff, medo... Até parece.

− Então não resistiria se eu te convidasse pra um duelo? – Perguntou ela se levantando e sacando a espada. Rafael, Ícaro e André levantaram-se repetindo o mesmo gesto de Cínica. Ela levantou as mão em sinal de redenção. – É só um duelo! Nada de mais... O que foi? Está com medo?

− Afastem-se. – Anunciei apertando o cabo da minha espada e apontando-a para Cínica.

Caminhamos até o meio da clareira. Não abaixei a espada em momento algum. Eu conhecia as regras do jogo de Cínica. E a regra principal era que não havia regras. Na primeira investida dela consegui encostar a lamina da espada em sua pele. Ela teve um espasmo e recuou irada com o cabelo caído no rosto. Posso dizer que ate a metade da luta eu estava ganhando completamente, porem um acontecimento inesperado me paralisou. Legista agarrou Amanda pelas costas e encostou uma lamina que mais parecia um osso no rosto dela.

− O tempo acabou Agastar. – Falou cínica debochada. – Hora da brincadeira de verdade. – Legista riu.

− Posso brincar? Posso brincar? – Animada ela quase cortou o rosto de Amanda.

− Cala a boca! – Respondeu Cínica. Legista gemeu em desaprovação. Danandra comentou alguma coisa com Ícaro que assentiu. Isso não era nada, nada bom.  – Vocês também! – Referiu-se aos dois descortês.

− Danandra, não. – Falei acenando a cabeça negativamente.

− Sim. – Falou ela seria.

− Não! – Cínica colocou a espada no meu rosto.

− Pode dizer o que está acontecendo ai ou eu corto ela e você! – Ameaçou arranhando minha bochecha.

− Ela disse que não. – Falou Danandra. Cínica esperou por mais. Pobre coitada.

− Não o que?! – Insistiu colocando a espada no pescoço dela. E então Danandra falou a frase mais longa que eu já vi sair da sua boca.

− Ela estava me dizendo pra eu não dizer melancia.  Aquilo não pareceu ser informação suficiente para Cínica, mas para Amanda sim. Seus olhos pretos começaram a faiscar com um ar assassino e sua pele levemente morena começou a ondular com o esforço para se livrar de Legista.

Uma coisa que talvez você deva saber: Amanda tem uma estranha personalidade. Ou seria melhor dizer dupla personalidade? De qualquer maneira, não se sabe bem como ela desenvolveu uma estranha obsessão por melancia e a mera menção do nome desta fruta a faz passar de uma garota meiga e doce para uma assassina canibal e obcecada. Olhando para ela, com seus traços meigos e cabelos cacheados não se imagina o que ela pode se tornar. Por isso tentando mantê-la afastada da sociedade pelo bem geral da nação. Cínica ainda não tinha percebido a transformação pela qual Amanda estava passando, mas Legista sim e a faca antes devidamente apertada contra sua bochecha tremia amedrontada.

− Me... Melancia... – Gaguejou Amanda.

− Do que você esta falando? – Perguntou Cínica olhando para Danandra, que apenas encarou Amanda esperando a hora certa para começar a correr.

− Eu quero... – Balbuciou Amanda. Cínica voltou sua atenção para ela.

− Eu exijo que você me diga o que esta acontecendo aqui.

− Eu quero... MELANCIA!!! – Amanda agarrou a mão de Legista que segurava a faca e a mordeu arrancando um pedaço do seu antebraço Legista começou a gritar e a correr ate dar de cara com uma arvore e cair no chão desacordada. Todos se entreolharam e encararam Amanda que mastigava a carne ensanguentada.

− Danandra! Vai pegar uma melancia rápido! – Ordenei e ela saiu correndo dali. Eu iria sugerir para fazermos o mesmo, mas não podíamos deixar Amanda sozinha. Nunca se sabe quando ela vai voltar a ser uma dama indefesa. Amanda correu em direção a Isto mordendo e arrancando um pedaço do ombro dele.

− Melancia... Eu quero melancia!!! – Ela se levantou e correu até Autômato que tentou enganá-la desaparecendo atrás das arvores. Como se isso fosse adiantar. Apenas escutamos ao longe seu grito de dor seguido de um rugido selvagem, que qualquer um sem conhecimento da situação poderia acreditar ser de um bicho. Ela voltou correndo tão rápido e sorrateiramente que Cínica só a viu quando era tarde demais e lá se foi um pedaço da sua armadura enferrujada e seu dedo anelar.

Cínica caiu no chão retorcendo-se de dor, mas Amanda ainda não se daria por satisfeita até certificar-se de que nenhum ali era feito de melancia. Então ela correu para Viajante que colocou sua espada entre os dois corpos, o que foi um grande erro da sua parte, pois Amanda segurou a lamina entre as duas mãos e a partiu em duas. Então arrancou um pedaço da sua orelha, mas ainda não era melancia. Em seguida ela se voltou para mim, recuei amedrontada, pois não queria machucá-la. Mas ficar sem um pedaço não estava exatamente nos meus planos.

− É a mesma coisa que eles! A mesma coisa Amanda! Eu não sou de melancia! – tentei convencê-la apavorada, mas não adiantou, ela continuou vindo. Ótimo, além de canibal é cética, então após o primeiro baque de Amanda contra o escudo (Te amo Rafael) uma enorme mão agarrou as costas da minha armadura e me puxou para cima e para longe de Amanda. Por um segundo respirei aliviada, mas só ate eu ver de quem era aquela mão. Diogo comandava o dragão sério e nem olhou para mim quando me pousou bruscamente no pescoço do dragão. – O que você pensa que está fazendo? Me leve de volta agora!

− Estou salvando sua vida. De novo! – Disse ele sem rodeios.

− Já disse que não preciso da sua ajuda! E aquela era minha amiga não posso deixa-la sozinha! − Disse desferindo golpes em suas costas.

− Porque você não pode dizer simplesmente obrigada? Além do mais ela não estava te olhando como uma amiga naquele momento.

− Me põe no chão. – Exigi.

− Você vai voltar agora pro castelo. Ou se preferir, pode pular.


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Notas finais do capítulo

E ai? O que acharam da amanda canibal? E do resgate da Ágatha? Que fria hein?