“Um bando de loucos, isso é o que vocês todos são” – dizia para si mesmo o antes temido caçador de piratas, Roronoa Zoro.

Agora, ele era querido por todos os loucos que resolveram, como ele, abraçar a causa do mais esquizofrênico de todo o bando dos Piratas do Chapéu de Palha, o próprio líder, Monkey D. Luffy.

“Sinceramente, eu tenho lá minhas dúvidas se fiz a escolha certa, de vez em quando. Principalmente em momentos como esse.”

Era em ocasiões assim que ele se perguntava o que diabos tinha na cabeça quando resolveu aceitar a proposta daquele louco desvairado que só tinha capacidade de por todo mundo em perigo e comer o que tinha na frente dele.

Tudo bem o capitão colocar a vida dele em perigo, estava acostumado com isso, desde seu tempo de caçador de piratas. Era o de menos. Até imaginava que isso fosse acontecer mais cedo ou mais tarde. A lógica dizia que, quanto mais tarde melhor; porém seu lado sanguinário dizia que se na próxima esquina tivesse algo pra lhe tirar o tédio, estava ótimo.

“Pensando bem, acho que escolhi bem. Sempre tem alguém pra perfurar com minhas lâminas, assim elas não ficam enferrujadas.”

Mas às vezes ele queria mesmo era espetar o capitão. Sempre tão teimoso, desastrado, arrumando problemas quando não podiam arrumar problemas. E levando a todos a usarem suas habilidades pra salvarem a própria pele.

“O cook podia ficar pra trás, numa ocasião dessas. Sei lá, quebrar a perna e dispensar a todos de sua presença insignificante. Seria bom demais pra ser verdade se algo acontecesse com ele. Mas é como diz o ditado: ‘vaso ruim não quebra.’”

Mas por mais que desejasse que algo acontecesse com o cozinheiro, era difícil admitir que o preferisse vivo para cozinhar, pois todos no bando sabiam que a Nami era péssima na cozinha... e a Robin, bem, ela nunca mostrou nenhuma habilidade prática, só as intelectuais.

“Talvez o mais difícil seja admitir que todos somos amigos, e mentirosos ou não, curadores ou não, somos todos parte de um bando. E mesmo juntos, todos temos nossos próprios objetivos.

O Usopp, por exemplo, quer se tornar um bravo guerreiro dos mares. Chopper quer se tornar um médico melhor, para ajudar a todos a alcançarem seus objetivos; Brook quer reencontrar uma velha amiga; Franky quer ser o carpinteiro do melhor navio do mundo e navegar com ele; Robin quer decifrar os Poneglyphs e assim descobrir a história do Século Perdido; Nami quer desenhar mapas do mundo inteiro; Sanji quer encontrar o All Blue e Luffy quer encontrar o One Piece.

Eu, bem, eu queria ser o melhor espadachim do mundo e honrar a memória de Kuina...”

Enquanto pensava nos sonhos de cada um de seus companheiros, Zoro caminha calmamente pelo convés do Sunny. Ele estava escondido atrás das laranjeiras da Nami, observando alguém riscar seu nome e escrever o próprio.

– Claro que só poderia ser você, de novo, Luffy – disse Zoro, desembainhando suas três espadas, pronto pra escalpelar o capitão dessa vez.

- Zoro, não seja egoísta, seu boi. – Falou muito seriamente Luffy.

- Boi?

- É. A Robin me disse que no horóscopo chinês, o boi é o signo daqueles que sempre se perdem aonde quer que andem. Acho que combina com você – disse Luffy, já se preparando pra correr.

Antes de sair e realizar seu mais novo sonho, Zoro pegou uma caneta vermelha e escreveu em letras garrafais “RORONOA ZORO!” no barril de rum que estava deitado no convés do navio.

- Vem aqui, Luffy, pra eu lhe arrancar as pernas – e saiu correndo atrás de seu mais novo sonho.