Dark Angels escrita por Nikka Hyugga


Capítulo 2
Encontros nada Agradaveis


Notas iniciais do capítulo

Obrigada por comentarem ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/318206/chapter/2

 Sebastian’s POV

 Uma semana. Havíamos chegado a Londres há uma semana e eu já não suportava este lugar. Não por ser Londres e sim por quem morava nela: Angheline Middleford. Maldita, como se atreve a voltar? Já não lhe bastou o que me fez séculos atrás?

 -Sebastian, está sério demais. O que houve? – perguntou meu bocchan, Ciel. Suspirei calmamente.

 -Queria perguntar-lhe sobre...

 -Elizabeth Middleford. Eu... Não sei bem o que pensar – Ciel tomou um pouco do chá que eu havia servido. Nossa relação de mordomo e mestre havia mudado muito desde a transformação de Ciel. Nas duas primeiras décadas, nada havia mudado. Mas logo depois disso, nós nos tratávamos sem tantas formalidades. Minha criança (mesmo com corpo de 17 anos, continua sendo minha criança) já não era dependente de mim, até ajudava-me em alguns afazeres mais leves. Seu orgulho e teimosia diminuíram bastante também.

 -Se o Jovem mestre desejar, podemos viajar para algum outro lugar – falei. Eu estava sempre aos pés do meu bocchan, não pelo contrato e sim porque queria protege-lo. Ciel não passara anos no inferno, então ainda havia sentimentos humanos dentro dele. E isso era preocupante.

 -Não, Sebastian. Essa é uma segunda chance, não o vê? Elizabeth voltou para que eu pudesse fazer o que eu não fiz antes... Não quero me arrepender novamente, Sebastian – admitiu ele. Assenti e, como eu amo irritá-lo, não perdi a oportunidade de acabar com os pensamentos bonitos do meu bocchan.

 -Bocchan. Já pensou na possibilidade de ela estar com um humano? – o olho azul escuro me encarou assustado. – Não me olhe dessa maneira. Essa Elizabeth é humana e tem vossa idade. Nessa época, jovens humanas ficam suscetíveis a se apaixonarem por humanos de sua idade e até mais velhos.

 -Cale-se, Sebastian. Elizabeth nunca me...

 -Ela não é vossa adorada Elizabeth, my lord. Peço que se lembre de que esta jovem humana mal o conhece e teve uma vida normal entre outros humanos. Seria natural que ela esteja apaixonada por... – meu bocchan bateu a mão sobre a mesa da varanda e se levantou, irado.

 -Cale a boca, Sebastian! Não quero ouvir mais uma palavra sobre ela ou esse assunto por hoje! E isso é uma ordem.

 Minha criança literalmente correu para dentro da casa, deixando-me com um sorriso leve no rosto. Sempre soube que Lady Elizabeth assombrava os sonhos do jovem mestre, ele gritava o nome dela durante as noites frias de inverno e suspirava por ela nas noites cálidas do verão. Levantei-me e fui até a calçada, onde pude apreciar a beleza de um gato siamês. Enquanto acariciava o pelo suavemente, lembrei-me em como gatos eram parecidos com Ciel: eu os conhecia como ninguém. E exatamente por conhecê-lo eu podia dizer com certeza que ele se irritaria se alguém fosse incomodá-lo neste horário e... Um pequeno garoto vinha correndo rua abaixo.

 -Pare de correr, pequeno! Volte aqui! – a voz que o chamava me chamou a atenção. O menino ria olhando para trás e acabou esbarrando-se em mim. A mulher que vinha atrás dele nos alcançou e o garotinho correu para trás da longa saia dela. – Luka, você não deve sair correndo por ai. Minhas desculpas, senhor...

 -Sebastian. Pode me chamar assim – falei, olhando para aquelas orbes negras como a noite. Seus cabelos vermelhos estavam presos num rabo de cavalo, deixando apenas uma mecha de cabelo solta na frente. Ela sorriu e colocou a mecha atrás da orelha esquerda.

 -Sebastian... Desculpe pelo Luka, ele saiu correndo enquanto brincava com o irmão e é difícil alcança-lo – desculpou-se ela.

 -Não se preocupe. Certo está ele, tem que se aproveitar quando se é pequeno, não é Luka? – agachei-me e sorri para ele, mas ele se escondeu atrás da saia da ruiva. Fiz cara de confuso.

 -Luka é um pouco tímido. Ele tem medo de adultos que não conhece – explicou ela. Tirei um pirulito da jaqueta e estendi para ele.

 -Tome pequeno. Eu não vou machucar você – sussurrei. Ele olhou para a mulher, que assentiu, e só então pegou o pirulito.

 -Obrigado! – disse ele sorrindo.

 -Oh, é verdade. Esqueci-me de me apresentar: meu nome é Angheline Middleford. Muito prazer. Agora vamos, Luka. Seu irmão deve estar...

 -LUKA! LUKA! ONDE VOCÊ ESTÁ?! LUKA! – o chamado fez Luka sorrir e correr até onde estava um garoto de aproximadamente 17 ou 18 anos. Quando ambos se aproximaram, sorri internamente. Isso vai ficar interessante.

 -Tia Anghy, a Lizzy mandou avisar que o chá está pronto – Quando ele me viu ali, olhou para a ruiva, meio assustado. – Quem é ele?

 -Um vizinho nosso, querido – respondeu ela, já se virando. – Espero vê-lo outras vezes, Sebas...

 -SEBASTIAN! POR ACASO NÃO ME OUVE?! – meu bocchan corria em minha direção. O garoto olhou para Ciel e, quando minha criança o viu, estacou.

 -Estava conversando com Angheline, nossa vizinha. Desculpe – falei, sorrindo de lado. Ciel veio até meu lado, sério e olhou para Anghy.

 -Boa tarde, milady. Desculpe interromper, não sabia que Sebastian estava falando com alguém – desculpou-se ele.

 -Tudo bem... – ela fez cara de pensativa e logo seu rosto se iluminou num belo sorriso. – Oh, céus. Você é Ciel Phantomhive! O colega de classe de minha Lizzy, verdade?

 Ciel assentiu, um pouco incomodado, mas ela sorriu mais ainda e se virou para o irmão de Luka.

 -Você estudará na mesma sala que ele e a Lizzy... – Ciel e ele se olharam e uma áurea assustadora pairou sobre eles. – Muito bem vamos embora agora. Até mais, Sebastian, Ciel. Vamos Luka... E Alois.

 Elizabeth’s POV

 Os corredores da Mansão raramente ficavam vazios e silenciosos. Luka e Alois sempre brincavam e rodopiavam, as vezes esbarrando em algo ou alguém. Hannah brincava junto a eles, quando terminava seus afazeres, e Claude se juntava a eles de vez em quando. Era muito lindo vê-los correndo pelo jardim e o salão, eles sempre deixavam o ambiente mais familiar. Não que minha relação com Anghy fosse diferente, mas entre nós duas havia algo mais que apenas amor. Eu sempre tentava ajudar Angheline em tudo, porém Angheline fazia muito mais que me ajudar. A maneira como ela me trata dá a impressão que ela se colocaria na frente de uma espada para me proteger.

 Foi pensando nisso que esbarrei em Hannah, que logo corou.

 -Desculpa, Lady Elizabeth – desculpou-se ela.

 -Tudo bem, Hannah. Diga-me, porque a casa está tão silenciosa? – questionei.

 -Luka saiu correndo pela rua e Lady Angheline foi atrás dele, junto com Alois. Logo eles voltarão – a porta batendo e risadas ecoando pelas paredes fizeram Hannah sorrir. – Chegaram.

 Não demorou muito até Luka pular nos braços da empregada e Alois ficar ao lado dela. Angheline vinha atrás, com um leve sorriso no rosto. Pressinto que ela esbarrou com alguém em especial.

 -Tia Lizzy, eu conheci seu amigo da faculdade! – gritou Luka, fazendo olhar para ele.

 -Quem, meu pequeno? – perguntei.

 -Ciel Phantomhive – respondeu Angheline. – Luka esbarrou em Sebastian e pouco depois Ciel apareceu.

 -Tio Sebastian foi bem legal comigo! Eu tive medo dele, mas ele me deu um pirulito – o entusiasmo de Luka me fez sorrir. Gostaria tanto de voltar a ser inocente que nem ele...

 -Vamos, meus pequenos. É hora do chá – disse a empregada, fazendo uma pequena reverência e saindo dali com seus filhos. Angheline me olhou e eu corei levemente, ela sabia muito bem que o nome Ciel Phantomhive assombrava meus sonhos na ultima semana.

 -Ele parece simpático – confessou Anghy. Bufei, um tanto irônica.

 -Oh, sim... A simpatia em pessoa – rimos um pouco e fomos para o escritório dela. Ela foi até a janela e ficou observando o lado de fora, enquanto eu sentava num divã que havia ali. Anghy encarava fixamente um ponto e eu sabia exatamente o que ela estava vendo... E o que se passava em sua cabeça. – Eu concordo.

 -Anh? – ela virou-se, confusa com minha súbita afirmação. – Concorda sobre o que?

 -Sebastian-san é muito lindo – os olhos arregalados dela me fizeram sorrir. – Eu sabia. Você por acaso está...

 -Não, Elizabeth. Não estou – sua voz estava um pouco rouca e isso a preocupou. – Céus, eu não quero ir lá agora – a reclamação foi seguida por um clareamento de garganta. – Melhor assim. Odeio quando fico rouca.

 -Eu sei. Você odeia aquele lugar, verdade? – Anghy assentiu e eu sorri levemente. – Eu mal consegui aguentar aquilo e você teve que se adaptar aquele estilo de vida, se é que podemos chamar aquilo de vida, não é?

 -Que lugar, tia Lizzy? – perguntou Luka, entrando subitamente no escritório.  Alois o seguia, rindo quando o moreno se escondeu atrás de Anghy.

 -Do internato em que estudei, meu querido – respondeu ela, pegando-o nos braços. – Era muito ruim, por isso tirei Elizabeth de lá assim que soube que minha tia havia mandado ela para aquele colégio horrível.

 -Porque era tão horrível Tia Anghy?

 -Não nos deixavam brincar, nem sair da sala nem dos dormitórios. E não podíamos conversar com outros alunos senão éramos castigados – explicou ela e o pequeno fez cara de assustado.

 -Eu não quero ir nesse colégio, Tia! Não quero – disse ele, com medo. Rimos e Alois pegou-o no colo.

 -Eu nunca deixaria que te levassem para longe de mim, Luka – afirmou o loiro, sorrindo. – Luka, Claude não pediu para que você o ajudasse na cozinha hoje?

 O moreno pulou de seu colo e saiu correndo pela mansão de outra vez. Alois se virou para mim, sério.

 -Você conhece o Sebastian? – perguntou-me ele. Assenti, meio indiferente.

 -Ele é meu e agora nosso professor de literatura. Por quê? – odiava que me perguntassem algo com a cara de sério que o Trancy fazia.

 -Não fui com a cara dele. Nem com a de Ciel Phantomhive – admitiu ele.

 -Não quero saber que andou brigando por ai, especialmente com Ciel Phantomhive, fui clara, Alois? – ordenou Angheline. Ele a encarou por uns instantes. – Sei que você costuma ser explosivo, mas lembre-se de todo o esforço de Hana e de Claude para evitar que você e Luka sofressem. Não quer lhes causar algum desgosto, ou quer?

 -Nunca, Lady Angheline. Mas aquele cara...

 -É nosso colega de sala e, eventualmente, terá que trabalhar junto à ele – completei. – Vamos, Alois. Só um pouco de autocontrole não é pedir tanto, é?

 Seus olhos azuis claros me olharam por um tempo. Logo ele sorriu e segurou minha mão, agachando-se diante de mim.

 -Admiro vossa capacidade de me deixar a vossos comandos, Lady Elizabeth – dito isto, ele beijou minha mão e se retirou, fechando a porta. Fiquei em choque por um momento, enquanto Anghy sentava-se em sua poltrona de couro.

 -Se Ciel Phantomhive não se apressar, vai ser trocado pelo anjo de cabelos loiros – riu ela. Peguei uma almofada e joguei na cara dela, rindo.

 -Ai, sua tonta! Para de dizer besteiras! – mandei. Ela fez cara de inocente fez uma pose de súplica.

 -“Lady Elizabeth, como eu a amo, me escolha!” – ela imitou perfeitamente bem a voz de Alois, para logo depois endireitar-se e fazer cara de orgulhosa. – “Elizabeth, você sabe que sou a melhor escolha, fique comigo” – imitando o Ciel ela ficou muito mais hilária. Quando paramos de rir, nos olhamos fixamente, sorrindo de leve. Ela levantou-se e veio até mim. – Eu a amo tanto, Lizzy. Tenha cuidado com o seu jovem coração, não quero vê-la magoada.

 Ela saiu do escritório e me deixou sozinha ali, pensando em como exatamente Ciel havia entrado em minha mente daquele jeito. E em como seria o dia seguinte na faculdade...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Ui, alguém além de mim quer muito ver o primeiro dia de aula do Alois com o Ciel e a Lizzy? *-----* Bjks, amores ♥



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Dark Angels" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.