Um lindo fim de tarde, ele não podia negar. Mas, aquilo tudo não lhe afetara em nada. Nem mesmo a mistura de cores que emanava no céu, anunciando timidamente a chegada da noite. Fazia dois dias que Rukia lhe deixara um bilhete, que pedia desculpas. Que droga! Por que ela teve que sumir desta maneira? Pior, sem lhe dizer adeus. E por que sofre tanto por ela ter ido embora? Ela nem é tão importante assim, ou é? O pior disso tudo é que ela está apenas presente em sua memória. Ninguém se lembrava dela, nem mesmo seus melhores amigos.

Sentado sobre a grama verde, ele viu Orihime ao longe. Admirando-a, ele acabou recordando-se do dia em que conheceu Rukia, da pancada que lhe dera e também recordou-se rapidamente do dia em que lhe ensinou a tomar suco de caixinha. Sua vida era mais alegre naquela época.

- Ichigo, onde está Rukia-chan? - Indagou, aproximando-se.

Ele arregalou os olhos.

- O quê?

- Todos esqueceram-na, como da primeira vez. O que aconteceu?

- Ela nunca existiu neste mundo e nunca existirá - sentiu um nó na garganta.

- Você acha mesmo isso? Acha mesmo que ela nunca existiu neste mundo? Ela existe no seu coração, está na cara.

- Isso não é verdade!

- É, e você sabe que é – fechou os olhos, triste por também gostar dele – se caso você vê-la, pergunte-a se há algo que a prenda aqui e ao mesmo tempo a obriga a ir embora.

- O que quer dizer?

- Pergunte, que você saberá a resposta – nada mais disse, deu um doce beijo na face do rapaz e foi embora.

Uma hora depois, nada mais se via. A escuridão já tomara o céu inteiro; não apenas o céu, tomara conta de sua mente, de seu coração. Fechou os olhos, com a intenção de poder pensar em alguma coisa útil, em algo que não estivesse ligado a ela.

 Abriu os olhos, e ficou a observar aquele azul profundo, que tomara conta daquele céu claro. Notou também a lua, que acabara de aparecer. Sempre ela, conseguia fazer todo aquele brilho e todo aquele poder de grandeza do sol desaparecer. Mas, o que poderia fazer para desaparecer o sentimento de culpa que estava sentindo?

- Ichigo...

Era ela.

- Rukia?

- Vim me despedir, não achei justo ir embora sem lhe dizer adeus.

- É mesmo o que quer?

- Querer nem sempre é poder, Ichigo – ela o acompanhou com os olhos, enquanto levantava-se.

- Eu não entendo!

Ela sabia que isso aconteceria.

- Me desculpa o fato de não poder lhe explicar, nem ao menos mostrar o porquê da minha partida – sentiu os olhos arderem. – Adeus, Ichigo.

Andou em direção à escuridão.

- Espere, eu tenho apenas uma pergunta.

Ela parou.

- Há alguma coisa... – Uma longa pausa a fez virar. -...Que a prenda aqui e ao mesmo tempo lhe obriga a ir embora?

Silêncio.

- Me responda! –Elevou a voz.

- Você – ela notou surpresa nos olhos do rapaz – você, Ichigo.

- Eu? Se eu lhe prendo aqui, por que lhe obrigo a ir embora?

- Vou explicar.

Ela aproximou-se dele, hesitante. Ele apemas ficou observando, e notando que ela estava bem próxima, aproximou-se involuntariamente. Não sabia o que estava acontecendo, nem o porquê estava acontecendo. Ela o acariciou no rosto.

- Ichigo, pena que não notou o que sinto antes.

Surpresa.

- Eu não acredito que vai embora. Eu te amo, Rukia.

Surpresa.²

- Tarde de mais. Preciso ir. Se eu não for agora, não conseguirei jamais.

Ela roçou suavemente seus lábios nos dele, deu uma pequena mordida em seu lábio inferior, se afastou e virou-lhe as costas.

- Adeus, Ichigo.

- Nos veremos de novo?

- Espero que sim! – Sorriu, com lágrimas nos olhos, e sumiu na escuridão da noite.

- Adeus, meu amor!

THE END