Lucy Pov’s

Pouco antes de o trem chegar ao nosso destino retirei delicadamente a cabeça de Sting do meu colo e me ajeitei no banco enquanto me esforçava para manter a cara de paisagem.

Depois de um tempo acordei a Sayuri e esperei ela se recuperar do constrangimento que a situação em que estava causou para depois acordar os meninos e os exceeds. Quando todos acordaram eles pegaram os seus determinados pertences e estranhamente adquiriram expressões determinadas enquanto esperavam impacientes o trem chegar ao nosso destino.

Aquilo estava estranho. Completamente estranho.

– Porque estão assim? – perguntei desconfiada.

– Depois nós explicamos, mas você precisa fazer uma coisa quando chegarmos à cidade. Sua vida depende disso. – Sayuri respondeu por todos enquanto se virava para mim, a sua expressão era séria.

– Fazer o que? – indaguei estreitando os olhos.

– Correr! - nessa hora o trem parou e eles imediatamente se levantaram e correram para fora da cabine – logicamente os exceeds foram voando -, mas no caminho o Sting me puxou junto com ele e o Lector e o Fro puxaram a Luna. Puxaram-me tão rápido que por pouco não perdi a minha mala. Em um segundo já tínhamos saído do trem e estávamos correndo pela cidade.

– HEEEY, PORQUE ESTÃO CORRENDOOOO??? E PRA ONDE ESTÃO INDO??? E, MAIS IMPORTANTE, PORQUE ESTÃO ME LEVANDO JUNTOOOO??? – berrei desesperada enquanto tentava acompanhar eles – coisa que era bem difícil, levando em conta que eu não estava preparada para isso.

– Estamos indo para a Sabertooth. – Rogue fez o favor de responder. Oh, então quer dizer que estamos correndo que nem doidos querendo fugir do Conselho Mágico apenas para ir para a Guild? Que divertido!

Ironia, querida, você por aqui?

– Não gaste fôlego a toa, apenas corra. – Sting falou dessa vez para logo depois completar com um sorriso maligno: – Isto é, se você não quiser receber “aquilo”.

“Aquilo?” Então a Sabertooth também tem “aquilo”?

Espera.

O que é “aquilo”?

– E o que raios é “aquilo”? – perguntei verbalizando os meus pensamentos e levantando uma sobrancelha. Algo me dizia que não era algo bom.

– Fro não quer lembrar. – o pequenino falou com voz de choro.

– Também não quero lembrar. – o exceed vermelho de Sting, mais conhecido como Lector, tremeu dos pés a cabeça – ou seria das patas as orelhas? – e balançou negativamente a cabeça como se quisesse expulsar uma lembrança ruim.

– É melhor você não saber o que é “aquilo”, Lu-san. Pelo bem da sua sanidade mental. – Rogue disse em um tom sombrio. - Mas se quiser descobrir é só parar de correr.

– Esta é uma oferta bastante tentadora, mas temo que, infelizmente, eu não esteja mais com um pingo de vontade de descobrir o que é “aquilo”. – falei dando um sorriso falso e correndo o mais rápido que consegui.

– Sábia decisão. – Sayuri comentou.

– Hey, nós temos que chegar o mais rápido possível, certo? – perguntei quando percebi que na nossa frente, ainda um pouco longe, tinha uma descida.

– Sim, por quê? – a rósea olhou para mim com cara de: “O que raios você vai aprontar?”.

– Vocês gostam de tobogã? – sorri travessa.

– Sim, por quê? – Sting respondeu inocentemente e a Hikari estreitou os olhos.

– Lucy... Você não vai fazer o que eu estou pensando, vai? – perguntou divertida.

– Pois é. Vocês que disseram que era preciso chegar rápido. – dei de ombros, sorrindo.

– Você é louca! – a rósea gargalhou enquanto os outros mantinham expressões confusas.

– Façam uma espécie de fila atrás de mim, por favor. – esperei um pouco até eles atenderem o meu pedido e corri na frente deles, ficando alguns metros na frente, enquanto liberava a magia do gelo. - Ice make: Waterslide.

Toquei brevemente com as mãos no chão e ainda um pouco longe de mim apareceu uma pequena escada de gelo com seis degraus que dava para um tobogã também de gelo. Este tinha uma pequena parede – que, detalhe, também era de gelo - embaixo que servia de suporte para aquela coisa na qual se escorrega que parece um tubo cortado ao meio (?) e possibilitava o bom funcionamento dele até em ruas ‘retas’. O tobogã feito no improviso descia a ladeira fazendo algumas curvas, para se desviar das pessoas que passavam por ali, e seguia em frente por algum tempo até se afastar do centro da cidade, depois enrolava a direita e encontrava o seu fim assim que se encostava à porta de entrada da minha Guild.

Ops, talvez eu tenha exagerado, porque a ponta do tobogã estava colada a porta de entrada da Saber.

Prevejo certa porta de certa Guild sendo quebrada por certas pessoas.

Bem, tanto faz. Qualquer coisa eu coloco a culpa no Sting.

Olhei para o lado e vi uma loja de biquines que tinha boias expostas na frente, troquei de magia e controlei a areia que estava em um vaso perto dali, fazendo com que a mesma me trouxesse quatro boias grandes e três pequenas.

– Depois eu pago pelas boias! – gritei para o vendedor que olhava tudo aquilo de olhos arregalados, assim como todas as outras pessoas. Joguei seis das sete boias que tinha acabado de adquirir para os meus amigos e subi correndo as escadas enquanto trocava de magia. Fiz um movimento com as mãos e o tobogã encheu-se d’água.

– Yoshi!!! Vamos lá!!! – gritei animada e pulei no brinquedo. Logo o Sting, a Sayuri, o Rogue, o Fro, a Luna e o Lector me seguiram.

– Uhuuuuuu!!! – a rosada gritou animada. - Quem precisa de parque quando se tem isso???

– Ninguém!! – respondi rindo e joguei as duas mãos pra cima enquanto gritava.

– Essa foi uma boa ideia, blondie. – Sting sorriu de lado e eu sorri de volta.

– Valeu!

– Pelo menos assim vamos chegar mais rápido. – Rogue resmungou. Olhei pra ele e percebi que o mesmo estava sentado de pernas cruzadas na boia, de braços cruzados e mantinha uma expressão levemente emburrada.

Tentei prender o riso, sem sucesso.

Quem iria pensar que o inexpressivo e antissocial Dragon Slayer das Sombras iria chegar a andar em um tobogã?

– Pessoal, tem uma coisa que eu ainda não disse a vocês. – comentei quando estávamos bem perto de chegar, era só virar a esquina.

– O que foi blondie?

– Não me matem por isso, mas...

– VAMOS BATEEER!!!! – a Hikari gritou.

– ...como a Sayuri já disse – gritou –, nós vamos bater. – completei calmamente.

5...

4...

3...

2...

1...

0...

– NANIIIII?? E VOCÊ SÓ DIZ ISSO AGORA?? – berraram ao mesmo tempo.

– Pois é. É a vida. – comentei calmamente enquanto lixava as unhas.

Um segundo depois batemos contra a porta, partindo a mesma em mil pedaços e entramos - literalmente - voando na Guild. Depois só deu para ouvir gritos e exclamações surpresas.

– QUE PORRA É ESSA?!?!? – ouvi Orga gritando assustado.

Abri os olhos e percebi que tinha caído de bunda no chão logo na entrada.

– EI! CUIDADO AI!! – alguém gritou apontando para detrás de mim. Troquei de magia e congelei a água que tinha formado uma mini-tsunami e ia me atingir por trás.

Levantei-me calmamente, joguei a serra de unhas pelos ares, limpei a poeira inexistente na minha roupa e sorri enquanto levantava a mão em um cumprimento, agindo como se nada tivesse acontecido.

– Yoo minna-san! Como estão?