Life Is Not Easy escrita por MrsFancyCar


Capítulo 13
A esperança


Notas iniciais do capítulo

Muito dramático.
Impossível de se acontecer na vida real.



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   Sua cabeça pesava apoiada em minhas mãos.

   Sua camiseta estava colorida de vermelho, de sangue. Seu corpo tremia por conta do frio. Minha cabeça, apoiada em seu peito, se elevava e descia, juntamente com sua respiração.

   Porém eu estava fazendo obviamente a coisa errada.

   As lágrimas dominavam totalmente meu rosto. O vento as fazia ficar insuportavelmente geladas. Tanto que agora eu estava começando a tremer. Meu corpo parecia ignorar o fato de eu estar agasalhada.

   Chorar não parecia ser a solução certa.

   A rua estava deserta. Estávamos no meio do nada.

   Ao lado de uma floresta, o que explicava o frio.

   Correr desesperadamente atrás de algo ou alguém que possa me ajudar na situação que eu estava, parecia não funcionar.

   “Gritar, gritar, gritar por ajuda...”. Isso servia como uma ordem a mim mesma. Gritar para que tudo e todos ouçam. Ouçam que existe alguém precisando de ajuda. Precisando muito de ajuda.

   Tudo estava contra mim. Minha disposição física, o lugar, o tempo.

   Coisinhas brancas caiam por cima da minha blusa preta. Flocos pequeninos de neve pareciam dançar com o vento que soprava. Aquilo poderia ser até adorável se eu estivesse em outra situação.

   O frio aumentava, assim como começava a escurecer. Edward ainda estava no mesmo lugar, imóvel. Seus cabelos também dançavam com o vento, assim como ia ficando cheio de pontinhos brancos.

   Minha blusa foi parar nele. Um ato meio que de mãe, preferir ficar com frio a deixar os filhos passarem se quer por uma rajada de vento gelado.

   Eu não tinha mais frio agora. Havia corrido muito, pedido ajuda. Minha testa começava a ficar suada, apesar de estar sem blusa.

   Estávamos agora numa parte mais coberta do tal hospital. Um pouco mais protegidos da neve que caía lá fora.

   Minha boca sussurrava o nome de Edward todo o tempo, porém voz nenhuma saía dela, meus pulmões haviam sofrido muito esforço correndo e gritando por ajuda. Minha garganta agora arranhava. Meu coração estava acelerado demais, novamente.

   Eu tinha que ver a gravidade que a bala provocou em seu braço. Porém tinha um pouco de medo.

   Medo de desmaiar, talvez.

   Medo de Edward sofrer mais.

   Medo de piorar mais as coisas.

   Meus dedos tremiam tentando tocar o local atingido. O pedaço que eu havia rasgado da minha calça para colocar lá, já estava com um tom avermelhado.

   Minha camiseta de mangas compridas virou uma camiseta comum.

   Eu tentava de todas as formas conter o sangue, que já não saía mais tão vorazmente de seu braço quanto antes.

   A situação do machucado estava um pouco melhor. Não havia sangue sendo jorrado de lá, ou escorrendo. Mas ainda sim me deixava nervosa. Me deixava com medo.

   Eu tentava colocar o pedaço de pano em seu braço com a maior delicadeza do mundo, mas minhas mãos tremendo não ajudavam, e muito menos minha inexperiência com a medicina.

   Edward tremia e se reprimia todas as vezes em que o pano tocava sua pele.

   Já ouvi dizer que a vítima não sente muito quando leva um tiro. Poderia dizer que ele estava sendo muito manhoso, mas a quantidade de sangue que ele havia perdido me fez esquecer essa ideia.

   Percebi alguns suspiros vindos dele, junto com seus olhos se abrindo com dificuldade e seu rosto demonstrando uma dor insuportável.

   - Edward! – exclamei, o abraçando por um curto período de tempo.

   - O que aconteceu Rose? – ele fez uma cara de confuso, e outra careta de dor após eu tirar o pedaço da minha camiseta de seu braço.

   - Não toca aí Edward! – parecendo que estava repreendendo uma criança, gritei com Edward, impedindo-o de tocar no seu ferimento.

   - O braço é meu, Rose! – ele retrucou.

   - Isso tá em carne-viva seu louco! A dor é insuportável! Você mal estava aguentando quando estava desmaiado! E não quero tratar de alguém desacordado novamente.

   Ele desistiu, logo após de sentir a dor quando eu tentava limpar uma parte do machucado.

   - Quanto tempo isso vai durar? – ele disse, com lágrimas nos olhos, uma careta de dor e um olhar de criança que não quer ir embora do parque. Um olhar que dava dó.

   - Já acabou, seu chorão. – eu ri, tentando fazer aquele momento não tão ruim.

   Impossível.

   Meu sorriso logo se apagou.

   Teria como simplesmente esquecer que levou um tiro?

   Teria como simplesmente não sentir mais a dor?

   Para Edward sim, pois ele estava tentando se levantar.

   - Shh, shh. Fique quieto aí. – eu disse, o empurrando novamente para o chão.

   Apesar de que eu entendia o fato de ele querer se levantar. O chão estava gelado por conta dos focos que já dominavam nossa volta.

   - Está frio aqui. – ele reclamou.

   - Eu sei. Mas você não consegue andar.

   - Eu já disse que consigo! Não levei um tiro na perna!

   - Mas você está fraco Ed.

   Como é muito teimoso, já é de se imaginar que ele iria se levantar.

   O ajudei a se sentar.

   E depois a ficar em pé.

   Ele cambaleou um pouco, e foi assim, meio tonto, junto comigo até o “quarto” onde ficamos presos.

   Praticamente ele se jogou na cama. Fechou os olhos com dificuldade.

   Me sentei ao lado dele.

   - Você está bem? – perguntei, tocando seu rosto.

   Ele se virou, olhou para mim, para seu braço, e para mim de novo. E riu.

   - O que você acha?

   Eu meio que admirava o fato de Ed conseguir rir das piores situações. Conseguir manter o sorriso no rosto mesmo quando estava sentindo dor, seja física, ou sentimental.

   - Pare com isso! Estou perguntando se está muito mal.

   - Só estou meio tonto.

   - Isso você sempre foi. – pigarreei.

   Ele riu, e ficou olhando nos meus olhos por algum tempo, enquanto eu mexia em seus cabelos.

   Exatamente como ele fazia comigo.

   E eu via como aquilo era bom. Como me sentia amada. Não me sentia sozinha nunca.

   Edward sempre foi a pessoa em que eu chamei nas minhas noites de insônia, de pesadelos, de medo. E eu nunca havia percebido isso.

   Não até agora.

   - Vem aqui. – apontei para meu colo. – Agora é sua vez de dormir enquanto eu faço carinhos em você.

   Ele riu, e hesitou.

   Estávamos ambos cansados. Passamos a noite anterior tentando planejar como fugir dali. Como fazer para dar tudo certo. Os outros dois espanhóis não voltariam para cá, deixaram nós dois nas mãos do homem que Edward havia matado. Só não havíamos previsto isso.

   - Garanto que é a melhor maneira de se pegar no sono. Acredita em mim, aprendi da melhor forma.

   Tentei dar o melhor sorriso que pude. Um sorriso que não fosse falso, que desse segurança.

   E não tive de fazer muito esforço para isso.

   - Só cuidado com o...

   - Ai! – ele exclamou.

   - ... machucado. – completei a frase, que deveria ter sido dita antes mesmo de ele começar a se mexer.

Ele logo adormeceu em minhas pernas.

   Lamentei-me por seus olhos agora estarem fechados, e eu não poder ver a cor cinza que predominava-os. Não poder sentir a segurança que sempre sentia quando eles estavam encarando os meus.

   Porém vendo seu rosto adormecido, sem preocupação alguma, me fez esquecer por algum tempo as preocupações também. Assim como sempre acontecia quando ele sorria pra mim. Quando me beijava.

Eu não conseguia dormir. Por mais cansada que estava.

   Me levantei, com cuidado para não acordar Edward, e me surpreendi por ainda ser meia-noite.

   Fui novamente até a porta do hospital, que dava acesso à rua, esperando com que algum carro passasse.

   O corpo do homem alto e forte ainda estava estendido no chão. Ainda com aquele estúpido sorriso no rosto.

   A rua era de terra, mas agora estava branca, por conta da neve, e muito deserta.

   Andei um pouco mais por ela, até perceber alguma coisa brilhando.

   Duas lanternas?

   Não, dois faróis.

   Faróis de um carro.

   Um carro que estava parando na minha frente.

   Uma esperança.


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Notas finais do capítulo

Reviews?
:)



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