Capítulo 21

No dia em que eu, Alice, Esme, Carlisle e Edward fomos até Seattle prestar depoimento sobre o caso de Tânia, coloquei a primeira roupa que vi. Depois, já no carro indo em direção ao escritório da policia federal eu percebi que a saia que eu tinha colocado não era... Digamos, apropriada para a ocasião. Mas já estava ali mesmo, fazer o que?

Assim que chegamos à sala do Dean Winchester percebi os olhares dele em minhas pernas, mas fingi não ver! Fiquei lá com cara de paisagem. E quando o irmão dele, Sam Winchester adentrou a sala... Parece que piorou. Ele encarou mesmo, e tinha um sorriso safado nos lábios. Aff, homens! Quase gritei que era menor de idade, que era pra eles pararem com isso. Mas fiquei na minha.

Mas o que realmente me incomodou foi Edward. Quando saímos de lá ele veio com um papinho estranho. “Perguntando-me por que eu fui com aquela saia”, fui logo cortando a conversinha mole com alguns foras. Fiz cara de desentendida e arrematei com um belo de um passa fora nele. Quem ele pensa que é pra querer mandar no cumprimento das minhas roupas? Deixei ele lá com cara de idiota plantado sozinho no meio da calçada e fui me juntar a Esme e Alice, Carlisle acabava de chegar com o carro. Nós entramos e seguimos para um restaurante perto. Eu já estava roxa de fome. Depois do jantar voltamos pra casa. Já era bem tarde e eu estava morrendo de sono. Acabei dormindo e só acordei com um carinho na bochecha, estava tão bom, quando abri meus olhos dei de cara com Edward. Ele me olhava de uma maneira estranha. Desvencilhei-me de seu toque e o ajudei a tirar Alice do carro. Despedi-me de Esme e fui pra casa dormir.

No outro dia, meu aniversário, depois da escola Alec me levou para passear. Fomos até Port Angeles, ele me levou até um parque de diversões muito irado que havia inaugurado a pouco tempo. Andamos em quase todos os brinquedos, ele me comprou um ursão de pelúcia bem branquinho, coisa mais linda. Depois fomos até um restaurante, jantamos e voltamos pra casa. Eu estava muito feliz. Alec é uma companhia tão boa, beijava tão bem e era muito carinhoso comigo. Mas não era aquele cara meloso, chato eu maçante. Muito pelo contrário, ele era alegre, espontâneo, engraçado, tudo o que uma garota quer! E eu gosto dele, não do jeito que eu deveria gostar, mas tenho carinho por ele, quem sabe um dia eu não consiga amá-lo?

Quando chegamos em frente a minha casa estranhei. Estava tudo escuro, apenas um ponto de luz perto do portão de entrada. Essa hora minha mãe já deveria estar em casa. Chamei Alec para entrar um pouco. Ele pegou meu ursão, e trancou o carro. Entramos com a minha chave e quando eu abri a porta da frente veio a surpresa. As luzes se acederam e todos gritaram. Minha sala estava super diferente. Várias fotos minhas, eu com meus amigos e família. Um globo no lugar do lustre da sala, apenas o sofá continuava ali. Havia uma mesa com bolo, tortas, doces e salgados diversos. Meus amigos e família estavam ali. Alguns amigos da minha mãe e de Carlisle também haviam vindo pra festa. Demorei pra perceber que fiquei parada na porta sem reação nenhuma. Eu realmente estava surpresa. Várias pessoas vieram me cumprimentar e eu tentei forçar meu melhor sorriso para agradecê-las.

_ Bella!! Feliz aniversário amiga!!! – Alice disse quando conseguiu se pendurar no meu pescoço. _ Agora vem aqui que eu vou ter que dar um jeito em você.

_ Ok – foi o máximo que eu consegui responder. Eu devia estar com uma cara de idiota.

Alice me arrastou até o meu quarto. Em cima da minha cama se encontrava um lindo vestido vermelho com as costas toda em renda. Maravilhoso! Alice me empurrou para dentro do banheiro. Tomei uma ducha rápida e ela já me puxou para dar um jeito no meu cabelo.

_ Alice o que é tudo isso? – eu quis saber, pois quando sai de casa nem ao menos suspeitava de que tal coisa pudesse acontecer.

_ Você acha mesmo que iríamos deixar seu aniversário passar batido? – ela colocou a mão no peito dramatizando a fala. _ Você acha que eu seria capaz disso?

_ Alice! Eu.. sei lá.

_ Essa festa é para comemorar seu aniversário. E o meu, pois eu perdi minha festa por que fui atrás de você em NY.  E também para comemorar o fato daquela puTânia safada ter sido presa e estar fora de nossas vidas para sempre!

_ Respira mulher! – nós duas caímos na gargalhada. Às vezes eu paro para me perguntar se Alice é humana. Pois eu nunca vi ninguém com um fôlego desses antes.

Depois de mais ou menos 25 minutos eu estava devidamente vestida, cabelo arrumado, maquiagem feita e em cima de um salto doze prata. Alice fez umas ondas no meu cabelo, mas preferiu deixá-los soltos. Minha maquiagem demarcava bem meus olhos, e um leve rosado dava vida as minhas bochechas. Na boca eu usava pela primeira vez um batom vermelho.

_ Bella? Posso entrar? – Alec bateu na porta perguntando.

_ Pode. - Alice gritou. Por falar nisso, agora que eu reparei direito. Alice estava linda. Um vestido longo prata tomara que caia, o busto era todo bordado por pedrinhas que pareciam diamantes. O cabelo escovado moldando o rosto. E uma maquiagem marcando bem os olhos e a boca nude.

_ Oi, você está pronta? – Ele me perguntou.

_ Sim. – eu disse me olhando mais uma vez no espelho.

_ Você está deslumbrante! – ele veio até mim e beijou uma de minhas mãos. _ Mas ainda não está pronta.

_ Estou sim – eu disse novamente.

_ Não. Ainda falta o meu presente. – ele disse com um sorriso lindo no rosto. Sua mão que estava nas costas me mostrou uma caixa de veludo vermelha. Ele a abriu me mostrando o conteúdo.

_ Nossa Alec. É lindo! – havia ali um colar de ouro com um pingente de coração alado. Amei! _ Amei Alec. É perfeito! – o beijei, e ele me agarrou pela cintura me puxando para mais perto.

_ Hãn hãn. – Alice limpou a garganta nos tirando do nosso momento. _ Tá tudo muito bom, tá tudo muito lindo, mas os convidados não vão te esperar a noite toda minha querida.

_ É mesmo.

_ Espera. – Alec tirou o colar da caixinha e o colocou em meu pescoço.

Dei uma ajeitadinha no meu batom meio borrado e descemos até a sala. Fui recebida por uma salva de palmas. Nem preciso dizer que corei até a raiz dos cabelos, né?! Uma música agitada tocava em um volume razoável, as pessoas dançavam e comiam. Dancei um pouco com Alec. Comi alguns canapés e docinhos. Eu estava me divertindo. Mas sentia falta de algo. Na hora de cortar o bolo, como sempre teve os parabéns, ou humilhação pública, como você queira chamar. Cortei o bolo e o primeiro pedaço foi para.... Bella! Isso mesmo por que eu estava com fome. E o resto do bolo que os outros atacassem.  As pessoas riram de mim, mas qual é? Eu estava com fome e o bolo estava com uma cara tão boa, que né, não deu pra aguentar. Foi mal aê!

Enquanto eu estava dançando toda animada, vi Jasper olhando para Alice de longe. Ela conversava animadamente com Ângela. Resolvi me aproximar. Fui dançando, como que pra disfarçar, balançando as mãos na altura do colo, e de ladinho..

_ Vai ficar parado aí? – eu falei e ele se assustou comigo.

_ Oi Bella. Curtindo sua festa? – ele perguntou envergonhado.

_ Não muda de assunto. Por que você não chama ela pra dançar?

_ Ela quem?

_ Ela quem... Alice é claro. Eu estava vendo a baba escorrer do outro lado da sala. Vocês são tão lentos. Quase parando!! Ela gosta de você. Você gosta dela. E por que diabos ainda estão nesse ata nem desata? – eu fui curta e grossa. Tá bom, nem tão curta.

_ Eu? Eh que... –ele começou a gaguejar.

_ Tá esperando que outro venha e leve ela?

_ Não!

_ Então se mexa! Pois ela não pode te esperar para o resto da vida.

O empurrei para o lado onde Alice estava. Jasper parecia ter 13 anos de idade. Nervoso e meio deslocado. Mas bastou Alice perceber sua presença que um sorriso imenso se fez presente. Ele timidamente a chamou para dançar, ela aceitou e os dois foram para o meio da sala, onde havia mais algumas pessoas dançando. Eu fui para a mesa onde estavam as comidas. Alec estava entretido em uma conversa com o Seth Clearwater. Fiquei comendo alguns canapés deliciosos, quando me lembrei que ainda faltava uma pessoa na festa, e que apesar de tudo, fazia falta. Como não tinha ninguém reparando em mim no momento, fiz um pratinho com algumas delicias e bolo e sorrateiramente sai de casa em direção a casa dele. Atravessei a porta que dá acesso livre entre as casas, estava um pouco escuro. Tropecei algumas vezes na barra do vestido, mas enfim cheguei à porta dele. Bati mas ninguém respondeu. Resolvi entrar. O quarto estava escuro, apenas as luzes dos refletores do jardim da minha casa iluminavam precariamente o quarto. Mas mesmo assim podia ver nitidamente ele dormir. Ele estava com uma calça comprida preta e uma camisa de malha cinza. Os cabelos mais desgrenhados que de costume e com um braço caindo pela lateral da cama. Mesmo sabendo que não era certo, resolvi me aproximar. Abaixei-me ao lado da cama e sem perceber minha mão já acariciava levemente o rosto dele. Ele suspirou baixinho, retirei minha mão de lá. Mas voltei para acariciar seus cabelos cor de bronze. Ele dormia tão tranquilo. Edward era absurdamente e indiscutivelmente lindo de qualquer maneira. Enquanto passava a mão naquele mar desgrenhado ele acabou se remexendo. Eu me assustei e tentei correr para evitar ser vista, mas quando me levantei ele me chamou. Eu travei na hora. Ainda parada com o prato na mão olhei para ele que me olhava estranho. Meio deitado meio sentado, ele me olhava fixamente.

 _ Bella? – ele chamou com a voz grogue e uma carinha amassada.

_ Eh..oi. –Eu não sabia o que dizer. Como eu iria explicar minha presença no quarto dele, de noite, no escuro, sozinha, e ainda por cima aos pés de sua cama enquanto minha festa de aniversário estava bombando lá fora. _ Eu vim apenas trazer um pedaço do bolo já que você não foi à festa.

_ Eh.. Ahh... Obrigado. – ele falou ainda meio grogue. E levantou-se da cama. _Parabéns pelo seu aniversário. Eh.. eu .. posso?

_ Ãnh? Ah, claro. – Eu meio que estanquei no lugar e não soube exatamente o que dizer. Ele veio em minha direção com os braços estendidos e me abraçou. Eu gelei. Fui ao céu e voltei em questão de milésimos de segundos. Estar perto dele assim era tão bom. Eu já havia me esquecido de como era essa sensação de bem estar e de que esse é o lugar em que eu queria estar para sempre. Minhas pernas mal me sustentavam eu via a hora cair ao chão. O cheiro dele impregnava minhas narinas. Um calor gostoso emanava de seu corpo reacendendo algumas das sensações que eu sempre sentia antes de tudo acontecer. Com isso acabei me lembrando do que aconteceu e também do Alec.

_ Eh.. Eu preciso voltar para a minha festa. – eu falei me afastando de seus braços. Não era certo eu estar aqui, ainda mais em uma situação como essa.

 _ Certo. – ele disse afastando sem jeito. _ Você viu o presente que deixei para você?

_ Não. 

_ Está no seu closet. Espero que goste. – ele disse se sentando na cama.

_ Obrigada. Eh... Aqui está o prato – Eu só queria sair dali o mais rápido possível. Apontei para o prato branco com bolo, chocolates, canapés, e outras coisas, o coloquei em cima da mesinha de computador e já fui me afastando. _ Tchau.

_ Tchau. – Ouvi já quando atravessava a porta.

Corri escada abaixo tentando me afastar o mais rápido possível dessa tentação de bronze. Atravessei a porta de acesso entre casas, e fui para perto da piscina. Sentei-me e uma das espreguiçadeiras. A noite estava linda. Não fazia nem calor nem frio. Fiquei ali, sentada, apenas pensando no que acabou de acontecer. Eu não sei explicar, mas Edward parecia diferente. Não que ele nunca tivesse me abraçado, ou coisa do tipo. Mas é que o abraço nunca foi assim, tão intenso. Ele me abraçou como se quisesse me proteger ou me guardar para ele. Mas é claro que deve ter sido apenas ilusão dessa minha mente masoquista que teima em pensar nele dessa forma enquanto eu tenho um cara tão maravilhoso ao meu lado, Alec. E que presente foi esse que eu ainda não vi? Só tem uma maneira de saber...