ANNABETH

– Prontinho. – Will disse, terminando de pôr outras ataduras em meu ferimento.

Foi estupidez eu tomar a facada no lugar de Percy, eu sei. Mas de alguma forma eu sabia que ele ia levar a pior se ele tivesse tomado a facada.

– Eu diria para você ficar deitada o dia inteiro hoje. Mas o ferimento já está melhor e realmente precisamos de você. Então, tente manter os monstros afastados de seu ferimento e não deixe que percebam isso.

– Obrigada, Will. – eu disse, sorrindo agradecida. – Agora vou lá acordar o Percy. – Disse já me levantando, peguei o videoescudo e passei pela porta, já descendo as escadas.

– Não façam nada impróprio! – gritou Will lá do terraço, e eu ri, voltando até a porta e mostrando o dedo do meio para ele. Desci a escada e fui para o quinto andar.

Procurei Thalia. Encontrei-a no saguão do quinto andar conversando com uma caçadora. Aproximei-me e sentei ao lado dela no sofá vermelho claro.

– Oi, Thalia! – eu falei a abraçando. – Onde está Percy?

– Terceiro andar, quinta porta a esquerda. – ela respondeu. – Mas vem cá, me conta. O que está rolando entre você e o Percy?

Minhas bochechas tomaram um tom rosado.

– Como... Como assim? – perguntei me fazendo de tonta.

– Não se faz de tonta, não. – ela disse revirando os olhos. – Diz logo.

– Está bem. – disse ainda me sentindo envergonhada. – Percy e eu estamos namorando!

Thalia me olhou surpresa, sorrindo. Ela me abraçou. A caçadora que estava falando com ela fez uma cara de nojo e saiu.

– Eu sabia! – ela disse. – Apesar de achar que você seria uma ótima caçadora, eu apoio vocês. Aliás, eu sempre desconfiei que vocês gostassem um do outro. Mas são cabeças-duras, não é.

Senti meu rosto queimando violentamente.

– É... é. – falei. – Que horas são?

– Umas 18 horas, acho. – disse Thalia. – Por quê?

– Só para saber. – respondi. – Vou ir acordar Percy, já volto.

Ela assentiu e eu saí.

Andei até o elevador e apertei o botão. Ele se abriu no mesmo instante. Entrei e apertei o número “4”.

Demorou um minuto e as portas se abriram.

Andei pelo corredor e entrei na quinta porta da direita. Lá encontrei Connor Stoll e uma das meninas do chalé de Afrodite aos beijos. Comecei a rir e fechei a porta rapidamente, antes que me vissem.

Abri a porta à frente e encontrei Percy babando. Lembrei-me de quando nos conhecemos e eu disse que ele babava enquanto dormia. Ri um pouco e me aproximei de Percy. Antes que eu pudesse tocar nele para acordá-lo, ele levantou-se rapidamente e bateu a cabeça no meu videoescudo.

– Ai! – reclamou ele.

– Desculpa, Cabeça de Alga. – falei. – Eu estava vindo justamente te acordar.

Ele esfregou os olhos, e arrumou os cabelos. Ele se levantou e me deu um selinho, ele parecia meio perturbado.

– Está tudo bem? – perguntei.

– Sim. – ele disse. Mentiu. Ele mentiu. – O que você está fazendo de armadura? Você não vai lutar!

Revirei os olhos, irritada com a proteção de Percy.

– Sim, eu vou. – eu disse. – Eu já estou bem, Percy. A ambrosia e o néctar me ajudaram. – menti.

– Ahãm, tá. – ele disse, ironicamente. – Você não vai lutar.

– Percy, eu tenho que ir. – teimei. – Você precisa de todas as pessoas que tiver. E eu sou o cérebro da guerra. – falei, jogando o cabelo pra trás. – Além do mais, tem um exército seguindo para o sul do Central Park.

– É, acabei de ter um sonho com isso. – ele disse. E me contou seu sonho com Cronos e Ethan Nakamura.

Umedeci os lábios.

– Acha que Ethan suspeita do seu ponto fraco? – perguntei, Percy me mostrara mais cedo que seu Calcanhar de Aquiles era na base da coluna.

– Não sei. – admitiu. – Ele não disse nada a Cronos, mas se fizer alguma ideia...

– Não podemos deixar que isso aconteça.

– Alguma ideia sobre que surpresa Cronos se referiu? – perguntou.

– Não vi nada no escudo. – falei.

– Alguma notícia de Katniss? – perguntou ele, visivelmente preocupado.

– Nada, estou preocupada.

– Eu também.

– Mudando de assunto – comecei. -, vai brigar comigo por ir com você?

– Não, você me venceria mesmo.

Gargalhei, o que fez meu ferimento doer, mas ignorei a dor. Percy pegou sua espada e fomos arregimentar as tropas.

KATNISS

– Será que vocês, heróis, nunca aprendem? – Cronos dizia andando em frente a nós, quando acabamos sendo obrigados a descer do carro. – Até parece que fariam toda essa algazarra aqui e eu não iria ouvir, não é, inúteis.

– Do jeito que você é tonto, era capaz mesmo de não ouvir. – provoquei. Peeta me deu um beliscão, me repreendendo.

Cronos virou-se para mim.

– Você tem atitude, Katniss Everdeen. – Cronos comentou.

Franzi o cenho. Como Cronos sabia o meu nome?

– Sim, eu sei tudo sobre você, Katniss, e de você também, Peeta Mellark, o precioso amorzinho da Garota Em Chamas. – ele nos encarou, ainda andando de lá para cá.

Olhei para Peeta. Ele parecia tão perplexo quanto eu.

– Snow foi sábio em seguir meus conselhos. Sim, tributo feminino e masculino dos 74ª edição dos Jogos Vorazes e do Massacre Quaternário, fui eu quem falou para Snow criar os jogos. Fui eu quem sussurrou para Snow bombardear alguns distritos, quando você surgiu na 74ª edição dos jogos. – apontou pra mim.

– Foi bem divertido quase ganhar a guerra no futurozinho de vocês. Mas o Snow é tão inútil, não é? Ele não pensa tanto quanto eu. Por isso, se eu ganhar, antes de destruir os Estados Unidos, irei pessoalmente com meu exército para Panem e destruirei seu precioso país.

Olhei para os meus amigos. Travis e Peeta encaravam Cronos atentamente. E Ethan... Não estava ali! Percorri os olhos por todo o terreno e nada! De repente, o vi se aproximar por trás de Cronos, com um escudo em mãos, ele se aproximou devagar e bateu o escudo na cabeça de Cronos por trás. Cronos caiu no chão, cambaleando atordoado, Peeta, Travis, Ethan e eu agilmente corremos para dentro da van.

Travis ligou o carro rapidamente e acelerou com tudo, atropelando alguns lestrigões que racharam o vidro do carro. Suspirei aliviada e disse a Travis para acelerar.

Virei-me para Ethan.

– Como ele não lhe viu quando desceu do carro? – perguntei a ele.

– Porque eu não desci. – disse ele. - Fiquei abaixado dentro do carro e quando a atenção dele se voltou para vocês, eu saí com meu escudo em mãos e corri para ajudar vocês.

Sorri.

– Obrigada pela ajuda.

– Foi um prazer. – ele falou. – Eu disse que provaria que valia a sua confiança.

Encostei minha cabeça no ombro de Peeta e adormeci.

– Kat. – ouvi a voz de alguém. – Katniss!

Acordei sobressaltada olhei em volta e percebi que ainda estava no carro.

– Chegamos. – Peeta informou. – Está tendo guerra no Central Park.

Olhei pela janela e vi Percy voando em BlackJack, seguido por estátuas de leões e Hermes e uma porca voadora. Percy fincou Contracorrente na porca e ela se desintegrou em pó.

Observei Travis parar o carro e todos descemos. Peguei meu arco e flecha, Peeta uma adaga – se ele sabe usar aquilo eu não sei -, Travis e Ethan uma espada. Corremos para a guerra.

Corri para perto de Annabeth. Ela estava lutando ao lado de um dos seus irmãos contra um hiperbóreo. Tirei minha flecha explosiva e atirei no gigante. Ele caiu, e o irmão de Annabeth fincou sua espada nele, que se transformou em gelo e o gelo desmoronou.

– Valeu. – Annabeth falou. – Peeta?

– Ali. – apontei para Peeta que ajudava um dos irmãos de Annabeth contra alguns telquines. – E, ainda conseguimos que Ethan enxergue a razão e viesse para o nosso lado.

– O quê? – exclamou ela, incrédula. – Tem certeza que ele é de confiança?

– Não, mas ele me provou que é duas vezes hoje, então... – De repente, um pensamento me ocorreu. – Espera, e se ele estiver tentando demonstrar que é de confiança para contarmos nosso plano e ele ir correndo contar a Cronos?

– Se for esse mesmo o plano dele, ele não vai conseguir nada, porque nós não temos um plano! – disse Annabeth. – Está tudo no improviso.

Concordei. Um telquine se aproximou de nós e eu atirei minhas flechas de Apolo nele que se desintegrou em pó. Outro telquine se aproximou, mas alguém o cortou com a espada.

– Oi, Katniss! – ele sorriu. – Como foi a miniviagem?

Fico impressionada com o bom humor do Percy mesmo em uma guerra.

– Peeta está aqui. – apontei para Peeta mais uma vez, que ajuda um semideus a se levantar. – E trouxemos Ethan para o nosso lado? – ele fez que ia falar algo, mas eu o interrompi. – E não, eu não tenho certeza que ele é de confiança, por isso não confie nele ainda.

Atirei minha flecha explosiva em mais um hiperbóreo que caiu, e um semideus fez sinal de joinha para mim e fincou a espada nele, que congelou e se desmanchou.

PERCY

(n/a: Sim, eu copiei essa parte, porque é quase a mesma coisa que acontece no livro. Só vai mudar no próximo capítulo.)

Com o cair da noite a lua ficou mais alta, nós fomos obrigados a recuar metro após metro, até que restava apenas uma quadra de distância em qualquer direção para chegar ao Empire State Building. Em certo ponto Grover estava próximo de mim, golpeando as mulheres cobras na cabeça com sua clava. Em seguida, ele desapareceu no meio da multidão, e desta vez era Thalia, fazendo os monstros recuarem com o poder da magia de seu escudo. Sra. O’leary corria para todo o lugar, pegando um Lestrigão gigante em sua boca, e lançando para cima como se fosse um Frisbee. Annabeth usou seu boné de invisibilidade para se colocar atrás das linhas inimigas. Havia sempre um monstro com um olhar surpreso e desintegrando-se em seguida sem razão aparente, eu sabia que tinha sido Annabeth. Mas ainda não era suficiente.
– Mantenham suas posições! – Katie Gardner gritou, em algum lugar da minha esquerda.
O problema era que havia muito poucos de nós para deter tantos inimigos. A entrada para o Olimpo estava a uns sete metros atrás de mim. Um anel de semideuses corajosos, Caçadoras e espíritos da natureza guardavam as portas. Eu bati, cortei e destruí tudo que estava em meu caminho, estava muito cansado, não poderia estar em todo lugar ao mesmo tempo.
Atrás das tropas inimigas, a poucos quarteirões a leste, uma luz começou a brilhar. Eu pensei que era o nascer do sol.
Percebi que era Cronos avançando em nossa direção em uma carruagem dourada. Uma dezena de Lestrigões gigantes seguravam tochas à sua frente. Dois gigantes do norte carregavam estandartes preto e roxo.
O senhor Titã parecia forte e descansado, os seus poderes estavam em plena força. Ele avançava devagar, deixando-nos para desgastar cada vez mais. Katniss apareceu ao meu lado.
– Temos recuar para a entrada. E defendê-la a todo custo!
Ela tinha razão. Eu estava prestes a dar a ordem quando ouvi uma trombeta de caça. Ele soou através dos ruídos da batalha como um alarme de incêndio. Uns coros de trombetas responderam ao redor de nós, ecoando em todos os prédios de Manhattan.
Eu dei uma olhada para Thalia, mas ela amarrou a cara.
– Não são as caçadoras – ela assegurou-me. – Estamos todas aqui.
– Então, quem?
O som das trombetas aumentou. Eu não sabia de onde vinha por causa do eco, mas soou como se um exército inteiro se aproximasse.
Fiquei com medo, poderia ser mais inimigos, mas as forças de Cronos pareciam tão confusas quanto nós. Os gigantes abaixaram suas clavas. As dracaenae sibilaram. Mesmo Cronos e sua guarda de honra pareciam desconfortáveis.
Então, em nossa esquerda, uns cem monstros gritaram de uma só vez. O flanco norte inteiro de Cronos marchou em nossa direção. Pensei que estávamos condenados, mas não atacaram. Eles passaram por nós e se juntaram aos aliados do Sul. Novos toques de trombetas chacoalharam a noite. O ar tremulou. Em um borrão de movimentos, surgiu toda uma cavalaria que parecia ter chegado na velocidade da luz.
– Yeah, baby! – uma voz gritou. – Festa!
Uma chuva de setas passou por cima de nossas cabeças e encontraram nossos inimigos, vaporizando centenas de demônios. Mas estas não eram setas normais. Eles faziam um zumbido enquanto voavam tipo WHEEEEEE! Algumas tinham um cata-vento preso a elas. Outras tinham luvas de boxe ao invés de pontas.
– Centauros! – Annabeth gritou.