Aqui estou, sentada num banco de uma praça, nessa gélida noite de fim de ano. O famoso Big Ben está diante a mim, mostrando toda sua beleza e seu charme. Como é lindo. Vim para Londres com o sonho de visitá-lo e agora que estou aqui não quero dividir minhas tristezas com ele. Queria que fosse um momento alegre, mas já que estou aqui, tirarei apenas fotos.

Ergui a câmera digital e tirei uma seqüência de fotos. De todos os tipos, até de cabeça para baixo. Estas fotos serão a marca da minha tristeza.

Voltei a sentar no banco e tirei o celular do bolso, abri as mensagens recebidas novamente e reli a ultima que haviam me enviado. Estava escrito: “Não poderei mais estar com você. Me desculpa, mas tem de ser assim. Adeus”. Quando reli a mensagem, lágrimas rolaram involuntariamente de meu rosto gélido e pálido, devido ao constante frio. Como pôde ter me deixado? Pior, como pôde ter feito isso por mensagem e não pessoalmente?

Olhei para o Big Ben e lá mostrava que faltavam poucos minutos para chegada do próximo ano. Isso deveria sem sombra de dúvidas ser uma época feliz, de muita alegria. Quem diria que isso reverteria o processo? Quem diria que você o faria reverter?

Levantei-me e sequei as lágrimas. Peguei minha bolsa e comecei uma caminhada sem direção, sem rumo. Olhei novamente para o Big Ben e lá mostrava que faltava 1 minuto para meia noite, até que uma senhora me abordou.

- Minha filha, por que você está tão triste? É ano novo – a senhora me sorriu.

- Oh, são tantos problemas. Tantos aborrecimentos.

- Tente esquecê-los por enquanto. Faça uma promessa a si mesmo, faça um pedido a Deus e acima de tudo, siga o seu coração. Feliz Ano Novo – e sumiu no meio da multidão.

- Obrigada – sussurrei sem mais vê-la – feliz Ano Novo.

Voltei correndo para onde estava. O banco já estava ocupado, mas não foi para isso que voltei, tinha uma coisa que queria fazer.

Pedi para uma mulher - seus cabelos eram lisos e claros, olhos azuis e tinha uma aparência jovem. Eu daria 23 anos a ela – que tirasse uma foto minha com o Big Ben ao fundo. Eu não ia fazer isso antes, mas mudei de idéia.

- Obrigada. Feliz Ano Novo – disse a ela.

- Disponha. Feliz Ano Novo – ela respondeu.

Resolvi esquecer a tristeza por enquanto e corri até a igreja mais próxima. Entrei e sentei em um dos bancos.

Rezei.

E fiz um pedido a Deus.

“Por favor, proteja-o, é a única coisa que lhe peço. Mesmo depois do que me fez eu ainda o amo. Obrigada por sempre está presente em minha vida. Amo muito o Senhor, com todas as minhas forças. Obrigada por me ouvir sempre”. Então me benzi.

Fui embora.

Liguei para meus pais e disse que depois de uma semana pretendia voltar para o Brasil e lhes desejei um feliz Ano Novo, com lágrimas nos olhos devido à saudade. E em seguida respondi a mensagem do celular.

“Não ficarei mais triste por isso, esta é a promessa que faço. Mesmo depois disso, nunca irei te esquecer. A vida segue, mas meu coração simplesmente parou. Ainda te amo. Adeus”.

The End...