Enquanto o Grande Mestre não descobrir escrita por Myu Kamimura, Madame Chanel, Secret Gemini


Capítulo 3
III. Me enlouquece


Notas iniciais do capítulo

Saga está apavorado por não conseguir cumprir a missão. Em meio a farra e bebedeira, mentiras, falta de cerveja, abraços e beijos.
O, até então, cavaleiro mais "quadrado" do Santuário, decide mergulhar de vez naquela loucura só para passar mais tempo com a bela Fedra.



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Faltavam menos de duas horas para o pôr do sol e meu sangue começava a gelar. O Grande Mestre deveria estar furioso comigo. Fazia horas que eu havia deixado o Santuário com a missão de descobrir o que Aiolos e Shura andavam aprontando, mas não havia mandado nenhuma notícia, tampouco retornado com informações. Pensar em tais coisas me deixava extremamente tenso e, esse nervoso, levava-me a beber cada vez mais.

Os outros estavam a me dar medo. Aiolos bebia um drink verde. Não sei ao exato o que era... Só sei que, graças a esta bebida estranha, ele dançava de uma forma bizarra ao som de Jimi Hendrix. Sofia estava sentada na grama rindo como uma hiena bêbada (?), enquanto observava a dança exótica do protetor da Nona Casa do Zodíaco. Agnes e Shura estavam na piscina há horas, completamente altos e com as mãos mais enrugadas que a pele do Mestre Ancião.

Eu estava no deck, balançando o corpo, bebericando um copo de Whisky e observando tudo:

–Você diz que está dançando? – interrogou Fedra, surgindo atrás de mim e me dando uma bundada, quase me derrubando na água outra vez.

–Eu sou um tanto quanto tímido... – disse, caminhando em direção a uma das espreguiçadeiras, próximo a uma mesinha redonda, de madeira – Mas também não quero ficar parado.

–Ih Fedrinha, esquece que esse aí é mestre em ser quadrado... – brincou Aiolos, ainda dançando daquela forma estranha.

–Cala boca, seu goiaba... – ri, colocando meu copo sobre a mesinha, preparando-me para entrar na piscina – Só não gosto de dançar em público, principalmente estando sóbrio.

Shura veio nadando até a beira da piscina junto com Agnes. Eu já estava esperando uma gracinha, por isso me afastei, indo para o outro lado. Porém, ele fez coisa pior:

–Falando em Mestre... O que ele queria com você hoje?

OK, momento de tensão! Aiolos parou de dançar na hora e pude claramente sentir o nervosismo em seu cosmo. Já o capricorniano continuava tranquilo, dançando com seu xaveco dentro da piscina. Acho que... Não... Eu tenho certeza que a bebida tinha feito com que ele esquecesse sua real condição, feito com que ele se esquecesse que era um lendário e sagrado Cavaleiro de Athena.

Fedra estava bem atrás de mim, mas não se manifestou, creio que não havia escutado o que Shura havia dito por conta da música alta e das risadas histéricas de Sofia. Me virei, segurei-a pela mão e a puxei para a piscina junto comigo. Fiz isso apenas para disfarçar e, logicamente, para me vingar por ela ter me atirado lá dentro um pouco mais cedo:

–SEU MALDITO! – ela gritou, alvejando-me com diversas bofetadas.

–ISSO SE CHAMA VINGANÇA, FEDRINHA! – ri, segurando seus punhos e afundando-a na piscina por cerca de 3 segundos, puxando-a em seguida – VÊ SE APRENDE A NÃO DERRUBAR O WHISKY DE NINGUÉM!

Graças aos deuses e a essa brincadeira eu consegui fazer a pergunta de Shura passar despercebido, pelo menos, era o que eu achava:

–Espera aí... Que mestre? – perguntou Agnes, chegando perto de mim.

–É... O mestre... Cuca! – respondi rápido. Foi a primeira coisa que me veio a mente. E algo me dizia que me arrependeria profundamente de ter dito isso – Sim, o Mestre Cuca do restaurante que a gente trabalha!

–Restaurante? Vocês nunca falaram que trabalhavam em um restaurante... – indagou Sofia, entrando na piscina junto com Aiolos, que estava mais do que tonto devido o drink verde estranho e a dança mais estranha ainda.

–É que dava um pouco de vergonha, sabe... – entrou no jogo o sagitariano, após recobrar um pouco a consciência graças à água gelada. .

–Vergonha? – manifestou-se Fedra – EU SOU PÉSSIMA COZINHEIRA! E ESSAS DUAS AÍ MAL SABEM FRITAR UM OVO! POR ACASO ESQUECERAM A ULTIMA DOR DE BARRIGA QUE TIVERAM AO ALMOÇARMOS AQUI?! – a morena levou a mão a boca a fim de esconder uma risada sutil. Na certa se recordou de alguma cena engraçada do dia citado. Após inspirar profundamente, continuou a falar – Agora que sabemos disso vocês cozinharão para nós...

–Ah, acontece que o Shura e eu somos apenas garçons... – tirou-se de campo Aiolos, mas eu o entendia. A culpa foi minha em falar que trabalhávamos em um restaurante. – O Saga que é aprendiz de cozinheiro...

–Sim... APRENDIZ... – enfatizei – Até agora sei fazer uma ou outra coisinha, nada demais...

–Pois já está de bom tamanho, Quadradão! – disse a bela de cabelos castanhos nadando até a beira da piscina. – Em breve você cozinhará para nós.

–Pode deixar, lindeza...

–E manera no respeito, certo?

A garota saiu da piscina e foi para a região da churrasqueira, onde estava localizado o tal freezer cheio de cerveja. Ao abri-lo, somente foi escutado um grito de horror e angustia. Mais do que rápido, sai da piscina e fui ajudá-la. Meu “instinto” de cavaleiro fez achar que era algo ameaçador, o que para garotas como ela seria uma barata ou talvez um rato, embora eu não acreditasse que bichos como esses estariam dentro de um freezer – a não ser que o Jerry fosse real todo esse tempo e, ao invés de comer queijo, gostasse de tomar uma “loura gelada”:

–O que houve Fedra?

Segurei-a pela cintura e a puxei junto a meu corpo. Ela me abraçou e enfiou a cabeça em meu ombro, começando a chorar em seguida. Acalentei-a, fazendo carinho leve em seus cabelos:

–Calma... Calma... Me fala o que aconteceu, chuchu...

Ela apenas apontou para o freezer, ainda chorando. Ergui meu olhar e pude finalmente ver o que lhe afligia: ele estava vazio:

–Todo esse choro e desespero é porque acabou a cerveja?

–Sim... – ela finalmente falou, retirando a cabeça do meu ombro e secando as lágrimas com as mãos – Dá pra me soltar agora?

Foi instantâneo: Shura e Aiolos começaram a gargalhar desesperadamente, a ponto de perderem o ar. Sofia e Agnes também entraram na dança, chegando até a saírem da piscina para não se afogarem:

–Ai ai ai... – finalmente conseguiu se manifestar Agnes – Essa Fedra é completamente biruta... Só que a cerveja acabar agora é grilo... E grilo dos grandes.

–Já imaginava que isso fosse acontecer... – indagou Sofia – Não estava em nossos planos fazer um embalo aqui. Íamos para a praia, então o que tinha de cerveja aí, no freezer, era o estoque diário da Fedra.

–ESTOQUE DIÁRIO? – Obvio que me espantei. A cerveja contida naquele freezer seria o suficiente para eu beber em uma semana e, ainda por cima, acompanhado do meu irmão mais novo, Kanon.

–É, Saga... – disse Shura – A Fedra pode ser ítalo-grega, mas tem fígado de viking.

–Péssima piada, Shura... Péssima piada. – fez cara feia a dona da casa – Eu sinto muito informar a vocês que teremos que continuar nosso embalo depois...

–Que tal aquela festa que a senhorita está nos devendo há meses, hein? – sugeriu Aiolos, dando uma bundada na moça, que caiu sentada no chão. Aproveitou para acender um cigarro, que tinha na mão desde a hora do surto pela falta de cerveja.

Falou e disse, bicho grilo!!! – comemorou Agnes – Aí vocês e o Quadradão trazem os petiscos que nós cuidamos do “etílico”.

–E quem disse que eu quero o Quadradão aqui, hm?

Fedra estava séria, sentada no chão, fumando e fazendo carinho em seu labrador, que havia se aproximado da dona pouco tempo depois dela acender o cigarro. Minha missão estava indo pelo ralo... NÃO, pelo contrário: ela estava a ponto de ser concluída. Sim, bastava eu retornar ao Santuário, relatar ao Grande Mestre o que estava acontecendo e pronto. Eu não precisaria mais ver aquela ítalo-grega deslumbrante e boca suja:

Mas a verdade é que quero muito voltar a vê-la... – era isso que ecoava em meu íntimo.

–AH! LARGA DISSO, FEDRA! – alterou-se Aiolos – O que foi que ele te fez, hein?

–O QUE ELE NÃO FEZ! Garantiu que me acompanhava e que era páreo para o meu rebolado, mas só vi dar um ou dois passinhos tortos!

–SÓ POR CAUSA DISSO?! – invoquei-me – ORAS! AGNES! COLOCA UMA MÚSICA BEM AGITADA QUE AGORA EU VOU MOSTRAR PARA ESSA ITALIANINHA COMO SAGA DE G-... SAGA DEGRANIS DANÇA!

–É para já, Quadradão – saiu serelepe a loira de Shura, correndo em direção ao toca-fitas, mas acabou escorregando no deck – TÔ ÓTIMA, PRECISO DE AJUDA NÃO! – Gritou, ao se levantar e sair caminhando lentamente.

Degranis? Bicho... Primeiro o Mestre Cuca e agora esse sobrenome? Você não tem criatividade nenhuma! – falou cosmicamente Aiolos.

Queria que eu falasse o quê? Saga de Gêmeos, defensor da 3ª Casa Zodiacal do Santuário de Athena?

–É... Melhor Degranis mesmo...

De repente, ouve-se uma música alta, seguida de um berro de Agnes:

–TÁ BOA ESSA, SAGA?

–ÓTIMA, LOIRA! AGORA VEM PARA CÁ ACOMPANHAR O MOVIMENTO...

Após um tempo, consegui identificar a música que Agnes colocou: Could It Be Magic da Donna Summer. Fedra ficou me olhando abismada, enquanto eu dançava de uma forma estranha até para mim. Não demorou muito, a garota apagou o cigarro no chão, deu um beijo em Anúbis e se levantou. Achei que fosse me esbofetear mais uma vez, mas não, acabou abrindo um sorriso faceiro e me aplaudindo:

–Está bem! Está bem! – ela parou de aplaudir e passou o braço em meu ombro – Você pode vir, mas traga o rango e uma roupa de festa, sim?

Embalo de três dias, Fedrinha? – sorriu o cavaleiro de sagitário, tirando a morena de meus braços e puxando-a para uma espécie de “tango”. – Tan Tan tan tan, tananananã...

Embalo de até quando vocês conseguirem beber e dançar, irmãozinhos! – riu ela, aproveitando o “tango” para finalizar Aiolos com um golpe de judô, ato que só foi concretizado pelo fato do sagitariano estar pra lá de Bagdá. Depois disso, retornou para meu lado – Quero só ver como você fica dentro de um smoking, Quadradão.

Isso foi uma cantada?! Eu não entendi e, para não passar mais uma vez por bobo ao dar uma resposta, apenas sorri e pisquei para a morena, que voltou a sentar no chão, acendeu outro cigarro e nos perguntou:

–Então... Vão querer carona até aquele vilarejo que sempre busco vocês?

–Acho melhor irmos de ônibus mesmo, Fedra... Você bebeu demais!

–AAAAAH TÁ DE DEBOCHE, NÉ? EU JÁ DIRIGI COM PILEQUE MUITO MAIOR QUE ESSE! – invocou, se levantando – Mas se o garotão está com medo, pode pegar um táxi... Eu pago...

–Então vou indo... – falei. Queria sair o mais rápido possível para finalmente cumprir minha missão – Até...?

–Até sexta, Quadradão!

–Meu nome é Saga, porra!

Quadradão combina mais com você...

–AAAAH MERDA...! – me irritei, bagunçando os cabelos – Shura, Aiolos... Vocês vêm comigo?

–Nem é, Saguita... – respondeu o capricorniano, abraçando Agnes por trás – A gente ainda vai ficar de onda com nossas tetéias, né, chapa?

–Ah... Eu tinha me esquecido desse detalhe... – resmungou Fedra, apagando novamente o cigarro no chão e se levantando – Bom, Saguita – ela repetiu a forma com que Shura havia me chamado anteriormente, caminhando até meu lado e me abraçando – Por acaso você sabe dirigir?

–Sinceramente... Não sei dirigir nem os carrinhos do bate-bate daquele parquinho que tem no píer...

Okay... Então sinto em te informar, mas eu terei que te levar embora... Chegou o momento em que esse quarteto aí usa a minha casa como motel e eu não sou muito fã de ouvir gemidos alheios abafados por música alta... Portanto, vou me vestir rapidamente e já desço para te levar...

–Mas... O que fará pelo fato de-...

–Estar de pilequinho? Não se preocupe... Isso desaparece após vinte minutos, uma latinha de coca-cola e um cigarro.

Sorri enquanto a via seguir para dentro da casa. O modo como andava, falava e até sua grosseria para comigo estavam a me causar arrepios esquisitos, que eu não sabia a causa, mas tinha plena certeza que não eram de frio. Não demorou muito a retornar, usando uma blusa branca, estilo túnica, de tecido fino e um short jeans escuro. Calçava um All Star vermelho de cano curto, usava nos braços grandes pulseiras de acrílico, uma faixa nos cabelos e ocultava os olhos com enormes óculos escuros. Trazia na mão direita uma latinha de coca-cola, certamente queria que eu tivesse confiança em andar de carro com ela:

–Prontinho, Quadradão... Vamos nessa?

Eu sorri e balancei a cabeça positivamente, como um boboca. Fedra correspondeu meu sorriso, grudou em meu braço e assobiou, chamando Anúbis, que veio depressa, saltitante e babão para junto da dona:

–Eu lhes dou uma hora e meia...

Falou, Fedrinha – respondeu Aiolos, agarrando Sofia – Você é a melhor!

–Se você diz... – Fedra deu com os ombros e voltou a seguir o caminho até o carro, mas parou e voltou o olhar novamente para os amigos – AH! E não quero saber de nada quebrado! Se eu chegar e encontrar algo quebrado dessa vez, juro que cumpro a promessa de matar vocês e usar vossa gordura corporal para colar pedacinho por pedacinho.

–Dá um tempo, Fedra... – desconversou Agnes – Da ultima vez só quebramos um vaso.

–Um valiosíssimo vaso datado da dinastia Ming... E eu deixei passar. Duro foi explicar para o meu pai o que tinha acontecido e, no fim das contas, quem levou a culpa foi o pobrezinho do Anúbis! Dessa vez eu não perdoarei nada... Nem se for um mísero bibelô desses que compro em qualquer feirinha. Agora... Falou para vocês!

Falou, chapas!

Abri a porta do Mustang para ela, que sorriu e entrou no carro. Após fechar a porta, dei a volta e me preparava para sentar no banco da frente, quando ela gritou:

NANANINANÃO!! PARADO AÍ, QUADRADÃO!

–O que foi agora, Fedra?

–Não é só porque eu vou te dar uma carona que você pode chegar assim, todo confiante. Esse banco aí é do Anúbis e nada muda isso! – Ela sorriu e chamou o cachorro, assobiando e batendo no banco do carona – Vem, gracinha da mamãe... – O labrador veio para o carro, mas para ódio de Fedra, pulou no banco de trás e ficou lá, arfando com a língua, como se estivesse sorrindo – ATÉ VOCÊ DEBOCHANDO DA MINHA CARA, ANÚBIS? Tá bem, Quadradão... Você venceu! Pode sentar na frente!

Sentei-me na frente e afivelei o cinto de segurança. Quando Fedra girou a chave de seu carro, Shura, Agnes, Aiolos e Sofia correram até o portão para abri-lo, apressando a morena a fim de que ela deixasse o casarão o mais rápido possível.

#Fedra’s POV#

–ATÉ MAIS TARDE, FEDRINHA!

–PODE DEIXAR QUE NÓS CUIDAREMOS MUUUITO BEM DA CASA! HAHAHA

Enquanto Shura e Aiolos gritavam as despedidas, Agnes e Sofia agitavam as mãos e soltavam estridentes gritos de “até logo”. Ao cruzar o portão, estendi o dedo médio para eles e acelerei. Ainda pude ver pelo retrovisor a louca da Agnes rebolando de maiô no meio da rua, mas logo sumiu da minha vista. Ri sutilmente e virei o olhar para Saga:

–Hey, Quadradão... Acende um cigarro aí para mim?

–Mas eu não fumo!

–Só pedi para acender, chapa... Não quero te inserir no vício não, relaxa... Eu sei que você é quadrado.

–AAAAH TÁ!! – ele resmungou, bagunçando de novo os cabelos – Cadê seu maço?

–Acho que tem um aí no porta luvas.

Enquanto o garoto de cabelos azuis caçava os cigarros dentro do bagunçado porta-luvas, girei o botão do rádio e escolhi uma estação, mas não deixei muito alto. Finalmente, o rapaz encontrou o que eu almejava. Retirou um cigarro no maço, colocou-o na ponta da boca e lutou um pouco com o isqueiro, até finalmente conseguir acendê-lo. Tossiu ao, sem querer, tragar um pouco da fumaça e finalmente estendeu-o para mim:

–Muito obrigada – sorri, e dei uma intensa tragada, soltando a fumaça para o alto tempo depois – Você ainda tem que retornar ao restaurante, não é?

–... Sim – ele respondeu após uma pausa.

–Hm... Então vou te deixar no vilarejo e depois enrolo até acabar o tempo que dei àqueles pirados...

#Saga’s POV#

Ouvi-la dizer que iria matar o tempo sozinha causou um colapso em minha mente. Estava preso em um paradoxo: Eu poderia regressar ao Santuário e cumprir a minha missão, encarando o fato de que Shura e Aiolos ficariam eternamente com raiva de mim por nunca mais verem suas garotas e que eu jamais voltaria a ver Fedra... Mas também poderia ficar com ela durante essa uma hora e meia. Quem sabe sem a pressão daqueles hippies bêbados algo acontecesse... Isso rodava em minha mente e a sensação de ter um anjo e um diabo com minha cara sob cada ombro dizendo o que eu deveria fazer eram indescritíveis. Razão ou coração: qual eu deveria escutar? Eu parecia que iria entrar em um conflito de mil dias comigo mesmo, até que o coração resolveu falar mais alto:

–Você... Não precisa enrolar sozinha... Eu te faço companhia, que tal?

–Mas... E o restaurante?

–Eu sempre sou o certinho... Nunca me atraso, nunca falto... Chega uma hora na vida que a gente cansa de ser chamado de Quadradão!

–Falou bonito, Quadra–... SAAAGA! – disse com um sorriso contagiante estampado no rosto, desviando de nossa rota original – E então, para onde iremos?

–Poxa... Eu não saio muito, Fedra... Dessa vez deixo você escolher o destino...

–Você fala como se fosse ter uma próxima vez...

–Se não for ter... É porque estaremos na sua casa, como Aiolos e Sofia ou o Shura e a Agui.

#Fedra’s POV#

Freei bruscamente o carro. Que raio de cantada tinha sido aquela? Se é que pode ser chamada de cantada. Saga corou na hora... Acho que finalmente havia caído em si e percebido o que tinha insinuado, aparentemente, sem querer:

–Cacete... Agora que me manquei no eu falei. Desculpa.

A minha reação foi apenas uma: caí na gargalhada, escutando os carros buzinando e desviando de onde eu havia parado. Após algum tempo, liguei o carro novamente e rumei para o píer:

Bicho! Você é realmente pirado! Estou gostando de te ver assim, mais soltinho... Acho que seu mal era que aquele bando de bicho grilo fundindo sua cuca!

–Pois é, lindeza... Acho que meu mal era esse mesmo. – Sorriu ao responder, colocando os braços para trás e cruzando-os na região da nuca. – Para onde você está me levando, hein?

–Já disse pra parar com esses galanteios para cima de mim! – debochei, dando mais um trago em meu cigarro – Você citou o parque do píer lá em casa. Achei que seria divertido.

–Seria não... SERÁ!

Ele sorriu mais uma vez, dessa vez, retirando as mãos de trás da nuca e colocando os óculos escuros no rosto. Parei em um semáforo e, sem a histeria de nossos amigos, pude analisá-lo melhor. Os dentes eram perfeitos, a pele sem nenhum indício ou marca de acne, cabelos longos e azuis, mas o que me chamava atenção realmente era o físico. Ele tinha o corpo bem trabalhado para um jovem:

–Fedra...

–...

–Fedra...

–...

LINDEZA!

–JÁ FALEI PARA PARAR COM ISSO, SAGA!

–NÃO GRITA!

–VOCÊ GRITOU PRIMEIRO!

–PORQUE VOCÊ ESTAVA VIAJANDO NA MAIONESE E O SEMÁFORO JÁ ABRIU FAZ TEMPO.

–QUÊ?

Olhei para o semáforo. Troquei a marcha e me preparava para sair... Mas foram segundos para ele fechar novamente:

–PUTA QUE ME PARIU, VIU!

Relax, Chuchu! Re-lax! O que te distraiu, hm?

–É... Tava pensando no que aqueles retardados estão aprontando na minha casa...

–Eu prefiro não pensar nisso.

–Tem razão. Melhor não pensar mesmo.

Após alguns minutos, finalmente chegamos ao píer. Rodei um pouco até achar uma vaga e, quando finalmente a encontrei, sofri para fazer baliza, o que resultou em risadinhas do garoto de cabelos azuis, correspondidas com tabefes por minha parte.

Anúbis saltou do carro e, antes que eu pudesse fazer qualquer movimento, Saga já estava do lado de fora, abrindo a porta para que eu descesse. Queria entender como ele conseguiu ser tão rápido:

–Oras... Que Cavalheiro... – disse, em tom de deboche.

–Tenho a leve sensação que, no fundo, você queria mesmo me chamar de Quadradão.

–Hm... Acertou!

–Bah!

Ele emburrou. Quando ia me aproximar para irritá-lo mais um pouco, um garotinho que aparentava não ter mais de dez anos, chinelos de dedo, bermuda jeans e camiseta branca regata se aproximou de nós:

–Bela caranga, hein, tia... Posso olhar ele pra você?

Olhei para baixo e encarei o moleque:

Hey... Eu não sou irmã do seu pai para você me chamar de tia... Mas sim, você pode olhar o meu carro – agachei, ficando com meu olhar na mesma altura que o dele e tirei os óculos escuros – Mas se eu achar um arranhão nele, eu arranco teus olhos para fabricar a tinta para corrigir o dano, ouviu, pivete?

O garoto engoliu seco. Olhei para Saga e ele estava com uma expressão de terror pior que a do moleque. Sorri e coloquei a mão esquerda na cabeça do garoto, bagunçando seus cabelos:

–Estou brincando... Sei que você vai cuidar dele direitinho.

–Vou sim, moça. Vou sim. – respondeu ainda assustado.

O garoto saiu de perto de nós e sentou em uma muretinha de frente para meu carro. Percebi que voltava toda sua atenção a ele. Virei-me para Saga e ele ainda estava com a mesma expressão em sua face:

–Que foi, hm?

–Sinceramente... Você me assusta.

Sorri e me aproximei dele, colocando a mão em seu rosto, retirando seus óculos escuros. Pressinto que ele imaginou que fosse levar mais uma bofetada, pois estava com os olhos fechados com muita força e, quando percebeu que eu havia retirado o adorno, abriu um olho de cada vez e sorriu sem graça:

–Porque fez isso?

–Eu gosto de seus olhos azuis... E então? Vamos a qual brinquedo primeiro?

–Algo que não faça muito movimento... Não quero você vomitando em cima de mim...

Olhei feio para ele e virei o rosto, cruzando os braços em seguida. Achei que ele ia ficar mansinho e pedir desculpas como sempre, mas não: atreveu-se a me abraçar pela cintura. Obvio que foi brutalmente empurrado:

–OW!

–Que foi, Fedra?

–EU NÃO AUTORIZEI ISSO!

–TÁ, ME DESCULPA!

–ARGH! Não sei por que deixei você vir junto! QUER SABER, FICA AÍ! EU VOU MATAR TEMPO SOZINHA! FALOU!

Acendi um cigarro e, após uma tragada, assobiei, chamando Anúbis, mas ele não veio. Assobiei novamente e nada. Quando olhei, ele estava lá, sentado e arfando com a língua ao lado de Saga, que sorria vitorioso para mim:

–Acho que ele não quer que você vá, Fedra...

–Anúbis... Você quer mesmo ficar aqui? Com esse Quadradão?

Ele latiu e abanou a cauda.

#Saga’s POV#

Vi a morena rir, enquanto tragava seu cigarro e, após soltar a fumaça, retornou para meu lado:

Va bene! (Tudo bem!) Vamos brincar por aqui... Mas não pense que é por sua causa, Quadradão... Agradeça ao Anúbis, que simpatizou com você.

–Valeu amigão! – alisei seu pêlo cor de caramelo e o vi abanar a cauda freneticamente. Também vi sua dona torcer a boca, mas sorrir em seguida – E se a senhorita continuar a me chamar de Quadradão, me verei obrigado a te chamar de Lindeza.

–AAAAH! TE ODEIO!

Sorri, apenas. Ela percebeu que não me importava e ficou ainda mais revoltada:

–E então... Qual vai ser o primeiro brinquedo? – ela perguntou novamente, após jogar longe a ponta do cigarro

–Que tal o Barco Viking? Adoro esse brinquedo.

Falou e disse!

Ela colocou a guia em Anúbis e segurou-a com a mão direita, enquanto me estendeu a esquerda. Afastei-me e a vi rir, recuar e pegar em minha mão. Estava espantado e envergonhado, mas ela sorriu mais uma vez. Deixei-me guiar por ela. Essa loucura estava indo longe demais. Eu tentava me controlar, focando em minha missão, mas ela havia terminado quando eu deixei a casa da ítalo-grega. Agora era apenas diversão e eu tinha que admitir que estava gostando da companhia de Fedra, mesmo ela me maltratando o máximo que podia:

–O jeito vai ser entrar na dança de Aiolos e Shura... – concluí, em meio a muitos pensamentos – Vou usar essa missão para poder escapar. O Grande Mestre confia em mim mesmo. Vai ser mamão com açúcar!

–Você está meio avoado, Saga... O que foi?

Preparava uma resposta, quando meu estomago roncou. Mas não foi um ronco discreto, foi um som semelhante ao de prédios sendo implodidos. A morena me olhou espantada:

Bicho... Desde que horas você não come?

–Desde as 12hrs...

–E você nem para avisar! Agora sei por que ficou a festa toda bebericando Whisky. Se fosse entrar na nossa onda, estaria travadão agora! – aparentemente, ela estava fazendo piada, porém seu semblante era de seriedade total – Melhor irmos comer algo antes de brincar.

–É... – ri sem jeito, com a mão esquerda atrás da cabeça – Eu havia pensando em te chamar para tomar um sorvete depois do brinquedo, mas como meu estomago resolveu fazer escândalo... Convido-te para um lanche. Que tal?

Falou... Tem uma lanchonete muito boa aqui próxima. Dá para ir a pé.

–Pois vamos lá!

Fedra continuava a segurar minha mão. Eu tentava entendê-la, mas não conseguia obter sucesso. A mente da morena era impossível de ser compreendida. Hora me xingava, outra era dócil... Não demoramos nem 10 minutos para chegarmos à lanchonete. Fedra amarrou Anúbis em uma barra de metal ao lado da porta do estabelecimento e fez um carinho no seu amado cão:

–A mamãe já volta, lindinho... Aguenta alguns minutinhos, tá bom?

Ele latiu em resposta e ela deu um beijo em sua testa. Depois, estendeu a mão novamente para mim e adentramos na lanchonete. Não era muito grande, o que a tornava extremamente aconchegante. Tinha um enorme balcão prateado, rodeado por alguns banquinhos vermelhos. Pelo pequeno salão, estavam espalhadas algumas mesas quadradas, forradas com toalhas xadrezes vermelho e branco, algumas com duas outras com quadro cadeiras. Escolhemos uma mesa perto da janela, pois Fedra queria fumar e eu, olhar o pôr do sol. Não demorou muito, uma jovem garçonete de cabelos curtos e rosados veio nos atender:

–Boa tarde, bem vindos. Já querem fazer o pedido?

–Hm... – respondi pegando o cardápio. – Me vê um cheaseburguer, uma porção de batata frita pequena e um Milk-shake de morango. – virei meu olhar para a morena – E você, Fedra?

–Quero dois cheaseburguers, uma porção de batata frita grande e um Milk-shake grande, bem grande de chocolate... Ah, com cobertura extra.

#Fedra’s POV#

Saga me olhava com a cara mais abismada do mundo:

–Que foi? Uma garota não pode gostar de comer?

–Eu não tô falando nada!

–E essa cara de abismo aí é o quê?

–Só não imaginava que, com esse corpinho, você pudesse comer tanto...

–O segredo é a malhar, garotão – respondi com uma piscada.

–Se você diz... – o vi sorrir ao ver a garçonete se aproximar com nossos lanches. – Obrigada, chuchu. – Agradeceu ao vê-la colocar nosso pedido sobre a mesa, ao mesmo tempo em fechei a cara – O que foi?

–Chamando a garçonete de chuchu agora? Não acha que tá muito abusado não?

–Só elogiei a garota. Não foi cantada... A não ser que... AH, NÃO É POSSÍVEL!

–Não é possível o quê?

–Você está com ciúmes?

–EU? COM CIÚMES? HAHAHAHAHA – ri exageradamente, acendendo o cigarro e bebendo meu enorme Milk-shake de chocolate – Euzinha, Fedra Cipriatis Bataglia, com ciúmes de você? Ah, baixa essa bola!

A verdade é que, por mais que eu tentasse disfarçar estava gamada no Garotão de olhos azuis. Queria que ele percebesse isso, mas pelo jeito, estou a enfiar os pés pelas mãos, já que, tirando aquela cantada grotesca dada no meu Mustang, ele não deu mais nenhum sinal de que se interessava por mim. Pelo contrário, começou a dar bola para aquela garçonete pirralha:

#Saga’s POV#

–Então tá... Vou pegar o telefone dessa gata e-...

Não pude terminar a frase. E sequer pude entender o que aconteceu. Como que na velocidade da luz, Fedra atirou o cigarro pela janela, apoiou o copo de Milk-shake na mesa, levantou, puxou-me pela gola da blusa e me beijou. Um beijo terno, com um leve gosto de chocolate e tabaco. Fiquei sem reação nos primeiros segundos, mas logo correspondi à investida, porém fui empurrado um tempo depois:

–Viemos aqui para comer, certo?

–Mas Fe-...

–Depois a gente conversa.

Ela respondeu com um sorriso e a pele levemente ruborizada. Teria ela visto a jovem garçonete como uma ameaça? Acho que não. Terminei de comer meu lanche e Fedra ainda pediu mais um cheeseburger. Queria saber aonde ela enfia tanta comida. Enfim... Paguei a conta – lá se foram 28 euros que foram economizados por muito tempo – e deixamos a lanchonete. O sol já estava se pondo:

–O que você acha que admirarmos o pôr do sol nas colinas? – ela perguntou desinteressada, enquanto desamarrava Anúbis do poste. O assunto beijo não havia rolado mais – Assim eu aproveito e te deixo o vilarejo. Não quero que dê nenhum grilo seu trabalho.

Encucada comigo, Fedrinha? – debochei, enquanto caminhávamos para o carro.

–Nem... – soltou o labrador da coleira, ao nos aproximarmos do veículo. Enquanto via-o correr e pular no banco traseiro, acendeu outro cigarro – Só não quero lhe causar uma futura demissão.

Em um impulso, agarrei-a pela cintura e virei seu corpo, encostando-a no carro. Ela me encarou com aqueles grandes olhos verdes e senti que era a deixa. Beijei-a profundamente, sendo correspondido com um “quê” de carinho. Dessa vez, o gosto de tabaco estava mais forte, mas não me importava. Eu só queria beijá-la. Teríamos nos beijado por muito tempo se não fosse o “ciúmes” de Anúbis, que pulou no banco da frente e, em um movimento rápido e indecifrável, lambeu o lado esquerdo da minha face:

–Foi mal, Fedra... – falei, soltando-a e me afastando. – Deixa que vou embora a pé daqui e-...

#Fedra’s POV#

–FOI MAL O CACETE! – gritei ao mesmo tempo em que via Saga caminhar lentamente para longe de mim – VOCÊ FICOU DE CANTADINHAS, OLHARES, GRACINHAS E AGORA PEDE DESCULPAS? SE VOCÊ QUISER CURTIR COM A FEDRINHA AQUI TEM QUE SER MENOS QUADRADO, FALOU? AGORA VOLTA AQUI, PULA NESSA CARANGA QUE JÁ DISSE QUE VAMOS VER A PORRA DO PÔR DO SOL JUNTOS!

Anúbis latiu. Na certa ficou assustado, pois nunca havia me visto vociferar com alguém daquela forma. Saga finalmente parou de caminhar. Engoli seco. Achei que agora iria escutar de volta todos os gritos que dei, porém estava redondamente enganada e, pela primeira vez, escutei a sua gargalhada. E que gargalhada gostosa de ouvir:

–Falou e disse, Fedra. – falou ainda sorrindo, dando a volta no carro, entrando nele sem abrir a porta. Ele simplesmente pulou através da janela.

–Se você ousar pular assim mais uma vez para entrar no meu carro, eu farei um fetuccine com suas entranhas, capito (entendeu)?

–Sim... Não ousarei mais pular para entrar no seu belo carro, Lindeza.

–Eu vou te atirar no mar, seu goiaba!

Acarinhei-lhe os cabelos e dei a partida no carro, rumando para o caminho cheio de colinas aonde sempre buscava Aiolos e Shura... Provavelmente esse também passaria a ser meu ponto de encontro com o Garotão de olhos azuis. Estacionei em um local estratégico. Dali podíamos ver perfeitamente o espetáculo do sol poente. Coloquei meus óculos escuros e procurava meu maço, quando me deparei com a bela – e grande – mão de Saga estendendo um cigarro aceso para mim:

–Sabia que iria querer um...

Sorri. Ele conseguiu me decifrar em pouco tempo, pelo menos, parte de mim. Dei uma tragada intensa e soltei a fumaça para o alto. Com minha visão periférica, percebi Saga me olhando:

–O que foi? – indaguei.

–É que você fica linda quando fuma desse jeito.

Ele sabia como me deixar sem graça. Ao me ver tímida – algo estranho em mim – puxou-me pelo queixo e me beijou. Graças a atitude, finalmente olhei meu relógio:

–MERDA! – gritei, interrompendo o beijo.

–Que foi?

–Falei que estava de volta em uma hora e meia... Já se passaram quase três! Tenho que ir...

–Está bem... – ele disse, sorrindo – Então... Até sexta.

–Até...

Beijei-lhe mais uma vez. Ele fez um ultimo carinho em Anúbis e desceu do carro, caminhando em direção as colinas do vilarejo. Antes de sumir entre elas, acenou. Sorri que nem uma boba e dei partida no carro, retornando para casa, a fim de saber qual o tamanho do estrago feito dessa vez.

#Saga’s POV#

Estava deslumbrado, nas nuvens. Bicho, minha primeira missão pode ter entrado pelo cano, mas de certa forma eu estava bem. Fedra era linda, encantadora e um pouco boca suja, mas isso não importava. Eu iria trair a confiança do Grande Mestre, mas valeria à pena.

Quando tive certeza que ela já estava bem longe, pude usar a minha velocidade para chegar o quanto antes no Santuário. Percebi que o perfume dela estava em minha camisa, por isso passei rapidamente na Casa de Gêmeos, troquei de camisa e joguei um pouco de perfume, caso ainda restasse vestígios em minha pele. Após isso, finalmente migrei para o Salão do Grande Mestre:

Espero que ele possa me receber... – pensava, enquanto percorria o caminho alternativo entre o Zodíaco Dourado.

Finalmente, cheguei ao local. Pedi a um soldado que me anunciasse. Ele pediu que esperasse, adentrou por uma porta lateral e, minutos depois, as pesadas portas de madeira com adornos dourados se abriram, revelando o Grande Mestre sentado em seu trono:

–Grande Mestre – ajoelhei em forma de reverência. – Aqui está Saga de Gêmeos, retornando da missão que lhe foi incumbida.

–Oras, estava a sua espera. Achei que tinha se deixado corromper por aqueles dois.

–Que isso, Mestre... Eu tenho meus princípios – Mal sabia ele que eu estava mais do que corrompido. Estava no olho do furacão. – Desculpe-me por comparecer aqui sem as vestes de cerimônia. Queria vir o mais rápido possível lhe dar um parecer sobre a missão.

–Por isso ela foi dada a você, Saga. Você tem comprometimento... Então se levante e fale o que descobriu.

–Bem... – saí do período de reverencia e comecei a falar – Consegui a confiança dos dois e me chamaram para ir com eles à praia.

–A praia?

–Sim, jogar vôlei, tomar umas cervejas e olhar garotas de biquíni – Até aí, eu não estou mentindo – Até então, tudo tranquilo. Jogamos vôlei, tomamos algumas cervejas e conhecemos garotas.

–Então... Eles só estão atrás de garotas.

–Isso mesmo, Grande Mestre.

–Bem, se é assim... A minha única preocupação é convencê-los a pedir permissão para sair... Acho que a sua missão acabou.

Eu não poderia deixar isso acontecer! Eu precisava da confiança do Mestre para poder deixar o Santuário e ver a morena dos olhos de Bette Davis:

–Mas... Há um detalhe que ainda não lhe contei Grande Mestre.

–Que detalhe?

–Eles planejam fugir para uma festa na sexta, à noite. Sem contar que eles ainda não voltaram ao Santuário.

–Como assim não voltaram? Você os deixou lá?

–Antes fosse. Quando o sol começou a se pôr, nós decidimos ir ao parque do píer com as garotas que conhecemos. A que estava comigo disse que tinha que voltar para casa e caiu fora, digo... Foi embora. As que estavam com os dois foram juntos. Então decidimos ir só os três ao parque do píer. Quando chegamos lá, Aiolos e Shura conheceram duas novas garotas.

–MAIS GAROTAS?

–Sim senhor, mas essas... Digamos que eram mais... Hm... Tetéias, em relação às outras. Eu fiquei meio desligado quando as vi, mas não tive coragem de falar nada. Só os escutei falarem de uma festa na sexta-feira. Quando dei por mim, os dois e as garotas haviam sumido.

–Então, eles te deram um... Um...

–Me deram um “olé”.

–Certo... Bem, Saga... O que me resta é pedir que você continue vigiando-os, mas não para me relatar o que está acontecendo, mas sim para que eles tenham um pouco de consciência. Lembre-se que vocês são os Sagrados Cavaleiros de Athena e não podem ficar bebendo e fumando em excesso.

–Sim, Grande Mestre. Então... Eu devo continuar a segui-los?

–Sim... Sexta-feira você irá a essa festa. Agora, pode se retirar.

–Com sua licença, Grande Mestre.

Saí do recinto e desci as escadarias das 12 casas correndo, passando pelas casas e pedindo passagem com pressa. Ao chegar a minha morada, comemorei, o que gerou espanto de meu irmão mais novo:

Bicho, que tem? – indagou surpreso, ao me ver saltando e dando socos no ar como se fosse o Pelé comemorando um gol.

–Felicidade, irmãozinho. Felicidade...

–Então tá, né.

Fui para meu quarto. O sorriso de Fedra permanecia em minha mente, tal como seu profundo olhar. Neste momento, eu estava tão abobalhado quanto uma criança quando come seu primeiro doce. Estava a contar os dias para sexta-feira.

–Sexta-feira... Por Athena! Como irei fazer para conseguir levar alguma coisa para elas comerem? Mal sei ferver água!

E foi aí que meus problemas começaram...


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Notas finais do capítulo

**DICIONÁRIO DE GÍRIAS**
Goiaba = bobo;
Xaveco = paquera;
Bicho Grilo = hippie
Pilequinho = bêbado, não muito, mas bêbado;
Nananinanão = não;
Fundindo sua cuca = confundindo;
Relax = Relaxa
Mamão com açúcar = fácil, mole;
gamada = apaixonada;
Encucada = preocupada;
curtir = aproveitar;
caiu fora = foi embora;
deligado = distraído;
+++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++
Bom, desculpem a nossa demora em atualizar, mas as coisas não são fáceis assim...
Enfim, esperamos que o capítulo esteja ao vosso agrado e que nos deixem reviews. Sem eles, nada de atualização, capito? ;D
Dulces Besos



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