A Fúria De Hades escrita por Andressa Picciano, Milena Buril


Capítulo 5
Minha mãe conhece um amigo




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Já eram 16:10 quando olhei no relógio do hall. O que significava que eu havia dormido, por no mínimo, umas 3 horas, pois, desde as 12:30 quando saí da escola, eu havia tido apenas meia hora de lucidez, contando com o cinco minutos em que eu presenciara a cena no beco. Ou seja, eu havia passado por algo decisivo para a minha vida e fiquei dormindo/desmaiada a maior parte do tempo, heroico não? Cara, eu me sentia uma idiota.
Minha mãe, para quem não sabe, está longe de ser uma “mãe convencional”. Primeiro, porque ela trabalha em um zoológico cuidando dos animais (como focas, pinguins e aves, não leões – até porque ninguém seria maluco de deixar alguém como ela perto de leões). Segundo, ela era totalmente pirada. Não quero dizer no sentido de louquinha da silva, mas no sentido de uma mãe que acha que estará na adolescência eternamente, queima até mesmo o arroz e pensa que seu falecido marido vai um dia voltar trazendo pães fresquinhos para o café da tarde. Bem, nada disso faz dela uma péssima mãe. Apenas uma mãe... diferente.
Quando chegamos à cozinha, parecia que Nico havia sido atingido por uma descarga elétrica, pois reprimiu um arquejo.
Minha mãe usava um shorts – não muito curto o.k.? Ela ainda tinha bom senso. – e uma blusa rosa fluorescente. Em minha mente perguntei-me por que ela havia mudado seu modo de se vestir desde que meu pai se fora. Ela sempre foi uma mulher de classe, dava aulas de história e era fascinada por contos. Mas desde que... o incidente acontecera, ela parou de lecionar, arrumou o emprego no zoológico e perdeu, digamos, um pouco de sua maturidade. Parece que após morrer meu pai levou consigo a essência dela.
Enfim, ela se esticava para guardar um pacote no armário. E é claro que ela não ia conseguir, alguma coisa do destino me dizia que aquilo ia cair se espatifar no chão e sujar a todos nós com farinha de trigo. Mas felizmente eu estava enganada, ela conseguiu colocar e se virou para a bancada para guardar mais alguma coisa, até que nos viu.
– Sam, querida – então notou a presença de Nico e piscou, como se ele lhe lembrasse de alguém de seu passado. – Quem é seu amigo Sam? - Disse ela em meio a um sorriso amigável.
Olhei para Nico esperando que ele respondesse, mas ele estava branco – mais ainda do que de costume -, e agora parecera notar como minha mãe realmente era, desmanchando sua primeira impressão.
Apesar das roupas gritantes, minha mãe era particularmente linda. Alta, magra, mas com presença marcante. Seus olhos castanhos brilhavam com vivacidade, seus cabelos cor de mel caiam sobre os ombros e ela tinha um sorriso branco, hipnotizador. Era uma pena eu não ter puxado sua beleza.
– Hã... – Nico tentou se lembrar de seu nome. – Nico, senhora Steely.
Minha mãe sorriu encantadora.
– É um prazer, Nico. E por favor, me chame de Molly. Por que vocês dois não lavam as mãos e se juntam a mim para guardar as compras? Talvez daqui a pouco o pai da Sam chegue com os pães para tomarmos café – então olhou para o chão por alguns instantes. – Ou talvez – continuou pensativa -, podemos fazer uns cookies, o que vocês acham?
Não posso mentir, estava feliz por estar ocorrendo tudo bem e por minha mãe estar conhecendo Nico, eu estava tão animada com a situação que até esqueci o incidente de hoje cedo.


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