A Última Filha escrita por Ariane Rosa


Capítulo 6
Capítulo Seis




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– Me dá seu celular? – Noah me perguntou na mesa do almoço.

– Como?

– Me empresta seu celular? – Ele perguntou lentamente.

Eu tirei meu celular do bolso da minha jaqueta preta e antes de entregá-lo eu perguntei:

– O que vai fazer?

– Me dá logo esse celular. – Ele disse impaciente.

Eu suspirei e o dei.

Não levou nem dois minutos e ele já estava me entregando-o de volta.

– Tem meu número na sua agenda agora. – Ele me disse enquanto eu dava uma olhada no celular.

– Por que eu ia querer seu número? – Eu perguntei rudemente.

– Ah, sei lá. Caso você queira me ligar pra conversar. – Ele disse.

– Eu odeio conversar. – Eu disse guardando meu celular no bolso novamente.

– Se odiasse conversar, não estaria nesse exato momento conversando comigo. – Ele usou o mesmo tom que antes eu havia usado.

Eu estreitei os meus olhos e ele revirou os dele com um sorriso.

– Quer ir à minha casa hoje? – Noah me perguntou depois de um tempo de silêncio.

Eu o olhei pensando nessa ideia. E então uma vozinha na minha cabeça disse:

Vamos. Vá a casa dele. Aproveite enquanto tem um amigo.

Essa vozinha raramente falava alguma coisa, ela só falava comigo quando eu estava numa situação perigosa ou estava ansiosa para fazer algo, mas hesitante, então me encorajava. E ela também falava muitas verdades – geralmente a respeito de mim -, das quais eu ficava meio chateada.

Então eu suspirei e disse:

– Quero, quero ir a sua casa.

Ele sorriu para mim e disse:

– Legal.

...

O caminho para a casa de Noah não era longo, mais ou menos uns dez minutos. Mas quando chegamos lá, pude perceber uma coisa: a casa dele, bom, não era bem uma casa, era um prédio, com três andares e era pintado de um vermelho que estava desbotando.

Eu o segui enquanto ele subia a escada da entrada. Quando já estávamos lá dentro, uma mulher de mais ou menos sessenta anos me olhou surpresa. Magra, com cabelos loiros, mas quase branco e olhos azuis. Ela estava sentada numa poltrona que estava na sala, do qual, tinha uma vista panorâmica da porta de entrada.

Quando nós chegamos perto, ela tiros seus óculos de leitura e se levantou. Olhou-me com um sorriso e disse:

– Olá.

Noah colocou a mão no meu ombro e disse:

– Haide, essa é minha avó Evelyn.

– Prazer. – Eu lhe disse.

– Prazer é meu. Noah nunca traz garotas aqui. – Ela disse sorrindo.

– Ah, modesta. É mentira. – Noah disse rindo forçadamente.

Eu levantei minha sobrancelha para Evelyn que perguntou para Noah:
– Ah, certo. Quando foi a última vez que você trouxe uma garota aqui?

– Ah... Certo. – Noah gaguejou – Venha Haide, vou te mostrar o resto da casa. - Ele me puxou pelo ombro.

Noah me levou para as escadas, e enquanto subíamos um homem da estatura de Noah – eu deduzi – parou no primeiro degrau e me encarou desconfiado. Parei em sua frente e disse:

– Oi, eu sou...

– Haide. – Noah me interrompeu sério.

O homem de cabelos brancos o olhou por um breve momento e então disse:

– Prazer. Sou...

– Meu avô Derek. – Ele fez de novo.

Derek o olhou irritado e me disse:

– Desculpe pelos modos do meu neto, é que ele tem pavor de minhas conversas o deixarem envergonhado.

Eu olhei para Noah que estava com os olhos estreitos. Ele suspirou e disse:

– Certo. Haide venha.

Passamos seu avô e fomos para o seu quarto. As paredes eram azuis, a cama estava bagunçada e havia umas latinhas de refrigerante no chão. Pôsters de filmes que não reconheci alguns desenhados e outros não. Resumindo a situação: o quarto era como eu esperava.

– Não repara na bagunça. – Ele disse passando por mim e pegando umas latinhas no chão.

– Isso é impossível. – Eu lhe disse.

Ele colocou as latinhas na escrivaninha e me olhou. O olhei de volta e perguntei:

– O que vamos fazer?

Ele sorriu para mim e disse:

– Conversar.

– Sobre o que?

– Não sei. Você decide.

Levantei as sobrancelhas e disse:

– Certo.

Eu joguei minha mochila no chão e começamos.

...

– Não, não, não...

Game Over. Foi o que apareceu na tela da TV.

– Ah, droga. – Noah disse jogando o controle no chão. Ele parecia revoltado, mas eu não estava nem aí.

– Ganhei, novamente. – Eu disse rindo.

– Pura sorte. – Ele disse irritado.

– Pura sorte? É a décima vez que eu ganho.

– Calada.

Eu o ignorei.

O jogo era de soldados, e eu havia matado Noah com um tiro certeiro na cabeça, mesmo ele tendo jogado uma dinamite na minha cabeça, nem eu acreditei que havia ganhado dele, mas isso foi na primeira rodada, foi quando eu peguei a pratica.

Nunca havia jogado num vídeo game, pois eu nunca me interessei, mas agora parecia bem divertido.

– Quer mais uma? – Eu perguntei pegando o controle do chão.

Noah respirou fundo ainda olhando para a tela da TV.

– Pra que? Você vai ganhar de novo.

Eu estreitei os olhos e disse:

– Noah, pare com isso.

Ele revirou os olhos e pensei em outra coisa.

– Estou com sede.

Ele me olhou pelo canto dos olhos, suspirou e disse:

– Espere aqui.

Ele se levantou e então, nesse exato momento, algo me atingiu como uma bala. Algo forte e intenso. Uma sensação que não deveria ter aparecido. Fiquei em choque, pois alguém iria morrer.

Eu e meus irmãos temos a capacidade de saber quando uma pessoa vai morrer, mas não é nada fácil saber quem vai com muitas pessoas em volta. Ele é como um radar, mas não temos controle dele. Eu havia-me “desligado” disso, odiava saber quem iria morrer, mas agora eu não tinha escolha.

– Espera. – Eu disse rapidamente.

Ele parou com a mão na maçaneta e se virou um pouco para me olhar.

- Eu vou com você. – Me levantei e fui até o seu lado.

Ele me olhou desconfiado, mas não disse nada.

Descemos as escadas e quando chegamos à cozinha Evelyn estava lá. Ela estava encostada no balcão bebendo café. Olhei para a cozinha procurando qualquer sinal de perigo, mas não havia nada. E enquanto isso Noah estava examinando a geladeira em busca de algo para beber, mas, então, Evelyn se desencostou do balcão, e ali atrás dela havia uma porta facas. As facas tremiam e então as elas flutuaram e ficaram posicionadas para ela, e então voaram em sua direção como um tiro, mas me joguei contra Evelyn.


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