A Última Filha escrita por Ariane Rosa
– Como vai à vida?
– Bem. Obrigada por perguntar pai.
Eu havia ido até o subterrâneo para visitar ele. Usei umas das sombras do meu quarto para chegar até aqui.
Eu me sentei numa das cadeiras feita de esqueletos que ficava em seu “Escritório” e perguntei:
– Como está a vida aqui?
Ele também se sentou numa cadeira de esqueletos no meu lado e disse:
– Sabe como é a vida aqui.
– É eu sei. – Eu disse com um meio sorriso.
– Deveria morar aqui. – Ele disse depois de um tempo de silêncio.
– Deveria pedir isso a Ross e os outros. – Eu lhe disse.
– Não gosto deles.
– Eles são seus filhos. – Eu lhe disse pasma.
– Não importa não gosto deles.
Eu sorri forçado e disse:
– Isso é ridículo.
– O que? Eu não gostar deles? – Ele perguntou.
– Não, você preferir eu a eles.
– É uma escolha.
– Não, não é uma escolha, é porque eu sou uma garota. – Eu lhe disse séria.
Ele simplesmente sorriu.
Eu olhei para o nada, suspirei e perguntei:
– Posso fazer uma pergunta?
Ele não respondeu, mas eu continuei:
– Já... Amou alguém?
Eu o olhei e vi que ele estava pensando nisso. Então me adiantei:
– Sabe, não precisa m...
– Sua mãe. – Ele me interrompeu.
Eu o olhei curiosa.
– Ah, entendi. – Eu disse.
– Está amando alguém, Haide? – Ele perguntou curioso.
– Eu? Amando alguém? Poupe-me pai. – Eu disse nervosamente.
– Hum. Mas sabe não t...
– Eu não estou amando. – Eu o interrompi me levantando. Eu o encarei irritada e ele disse:
– Certo. Não está amando ninguém.
– Ótimo. – Eu sorri para ele.
E então a porta do escritório abriu e Jean entrou por ela.
– O que faz aqui? – Papai perguntou.
– Não posso te visitar? – Jean perguntou indignado.
– Preciso responder essa pergunta? – Papai lhe perguntou.
Jean sorriu, foi até a mesa e pegou um punhal.
– Pai preciso disso só por um tempo. Prometo que devolvo.
– Pra que vai precisar disso? – Eu lhe perguntei.
– Não posso mais ser feliz? – Jean perguntou nervoso.
Eu e papai nos olhamos sabendo o que isso significava.
– Eu não estou tentando impressionar uma garota. – Jean disse rapidamente.
Eu o olhei e disse:
– Para o que mais você precisaria disso? Ao menos que você esteja prestes a entrar numa guerra.
– Uma guerra? Com um punhal? – Jean perguntou.
– Viu. – Eu disse com um sorriso.
Jean revirou os olhos, me pegou pela mão e me puxou para a saída.
– Aonde pensa que vai levá-la? – Papai lhe perguntou sério.
– Lugar nenhum. – Jean respondeu abrindo a porta.
– Tchau, pai! – Eu gritei.
Quando chegamos à entrada - já havíamos passado os portões do inferno - ali estava Cérbero.
Cérbero me adorava, as três cabeças e as cobras que soltavam fogo.
Cérbero rosnou para Jean que estava no meu lado, Jean deu um passo para longe de mim, e então as três cabeças abaixaram suas orelhas pontiagudas para mim. Eu passei a mão em cada cabeça e olhei Jean. Ele olhava Cérbero sem acreditar.
– Por que ele só gosta de você? – Jean me perguntou.
– Porque eu sou legal com ele. – Eu disse indo para seu lado.
– Eu sou legal com ele. Não sou Cérbero? – Jean lhe perguntou.
Cérbero o ignorou e foi até uma pedra gigante onde se deitou e nos encarou.
Jean me olhou irritado.
Eu ri, apertei sua bochecha e disse:
– Não fica assim, eu gosto de você.
Ele sorriu para mim e eu continuei:
– Preciso ir.
E enquanto eu ia até a sombra mais próxima, eu parei, me virei e disse:
– Sabe garotas não gostam desse tipo de coisa.
Jean olhou para o punhal e disse:
– É a filha da Ártemis.
– Ah, então ela vai gostar. – Eu lhe disse rapidamente.
Ele riu, então me virei e entrei na sombra.
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