O desaparecimento de Isa estava estampada em todos os jornais. Eu olhava para a foto dela ainda estático. Não conseguia acreditar que a doce Isa de cabelos chocolates, havia partido. Quem poderia imaginar? Olhando agora esta foto envelhecida, lembrando-me de seu sorriso doce, e seu olhar inocente, não me restava nada a fazer se não chorar por minha doce garotinha de olhos castanhos, meu anjinho de asas coloridas, minha filha.

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Crianças achadas. Suspeito preso. Todas com marcas de estupro. Seus corpos foram encontrados, em pedaços. Anjinhos que se foram para sempre. Mortas por um psicopata. Só um corpo não encontrado o da ultima vitima. Minha irmã. Eu ainda me lembrava da pequena correndo pela casa, alegrando a família, apenas sete anos e toda a vida pela frente. Minha irmãzinha sorridente. Eu tinha que fazer algo, eu tinha que encontrá-la, depois de quase um ano, ninguém mais acreditava em um final feliz. Ela estava morta. Diziam. Para eles. Para os federais. Mas e para família? Nenhum corpo de uma criança sem vida. Só suposições. Todos os outros corpos foram encontrados. O boneco que minha irmã adorava, foi encontrado. Mais nada. Só um caixão vazio para enterrar. O caso havia sido encerrado. Serial Killer foi preso e condenado a morte. Mas e minha irmã? Como saber onde ela estava. Viva ou morta? Ninguém sabia a resposta. E talvez nunca soubéssemos. Meu pai estava enlouquecendo aos poucos, minha mãe estava em depressão e eu não conseguia parar de rever o caso, tentar achar algum furo, uma brecha qualquer que fosse. Um sinal.

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- Isa?Isa querida venha aqui. – A bonita mulher, que não passava dos 40 chamava uma garotinha que corria livre pelo quintal de casa.

- Sim mamãe? – Perguntou docemente, a pequena Isa.

- Não se suje meu bem, vamos sair daqui a pouco... Ora essa, Carlisle, largue essa maquina, e venha me ajudar a estender a roupa.

- Olhe pra mim querida, sorria meu amor, você é linda sabia? – Falava uma voz masculina, por trás da câmera, a mulher gargalhou.

-Largue de galanteios Carlisle, estenderá a roupa de qualquer forma.

- Mas querida...

O vídeo se desligou e a imagem da TV se escureceu. O homem sentado no sofá, via pela milésima vez o vídeo que gravara há algum tempo. Tudo para rever sua garotinha correr pelo quintal, livre como um passarinho. Enquanto estava sentado no sofá sua filha estava por ai. Não era justo. A vida não era justa com ninguém. Nem com ele, que já salvara tantas vidas. Mas não conseguiu salvar sua própria filha.

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Correr. Fugir. O mais rápido que puder. O mais rápido. Ela tinha que conseguir. O homem mal ia pega-lá. Não podia deixar.  Ela correu, com toda sua força. Como se sua vida dependesse disso. E dependia.

- Onde está você sua vadiazinha? – Ele gritava ao fundo. Ela só conseguia pensar em correr o mais rápido possível. – Eu vou te achar, não adianta se esconder. – Ela não podia ver aqueles olhos desbotados de novo. Aqueles olhos frios e assustadores. Ela não podia sentir suas mãos grandes e más a tocando novamente. Ela tinha que fugir.

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Victoria observou, a menina de cabelos chocolate correndo pelas ruas da cidade. Seus olhinhos angustiados. Lembrava tanto a sua filha, sua pequena, instintivamente colocou a mão na barriga. Sua filha não estava mais ali. Olhou novamente para garotinha chorosa, naquela noite de inverno, tão fria. Seu instinto maternal gritou, não podia deixá-la ali.

- Hey minha linda, está perdida? – A garotinha de olhos chocolates a olhou nos olhos.

- Homem muito mal, tia. Ajude-me. Por favor. - Victória quase chorou junto com a criança.

- Não chore meu amor! Eu posso te levar para minha casa, lá você me conta o que aconteceu. Você que ir? – A garotinha concordou com um aceno frenético de cabeça. O coração de Victória logo se encheu de amor.