A Rosa Negra escrita por MCAL


Capítulo 2
Capítulo 2 - Casa do Horror




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Chegamos cedo  na escola, sentamos em um banco que havia na pracinha, peguei meu celular e os fones, coloquei Guns n’ Roses – Sweet Child o’ Mine, passei um fone para Luc e pegamos nossos livros. Gostava de ler enquanto esperava as salas abrirem pra aula.  Eu lia Estrada da Noite, enquanto Luc lia A Menina que Roubava Livros. 

— Rick? Sabia que ainda tempo de voltarmos pra casa?- disse com um sorriso malicioso.

Eu ri.

— Não mesmo, se você não percebeu já chegou à metade da escola- disse apontando pra parede que já estava cheia de alunos- Então vamos indo pras nossas salas e no intervalo a gente se fala ta bom?

Lucia fez uma careta se levantou e disse:

— Se você estiver me enganando sobre a gente joga e comer brigadeiro, você provavelmente ira apanhar...

Ri me levantei passei o meu braço pelo seu ombro e disse:

— Eu não to te enganando Luc, vem que a aula vai começar daqui a pouco...

Depois de deixar Luc na sua sala – não estudávamos na mesma sala infelizmente- fui direto pra minha sala, recoloquei os fones e fui ouvir All Apologies – Nirvana, quando alguém  me cutuca me fazendo pular com o susto. Virei-me pra ver quem era. Era Logan, um dos meus poucos amigos da escola. Ele veio da Argentina, seu pai viajava muito a trabalho, e Logan sempre se mudava, então um dia ele decidiu que não queria mais acompanhar seu pai em mais nenhuma viajem e veio morar com sua tia Samantha, que o recebeu muito bem e o trata como se fosse seu próprio filho. Logan era um pouco menor que eu, loiro dos olhos azuis, usava uns óculos de grau vermelho no estilo Ray Ban, sempre andava de cabeça baixa, e vivia lendo mangás e historias em quadrinhos de super- heróis. Um garoto legal, mas as outras pessoas  não achavam.

 Os garotos costumavam bater nele, e ele nunca parecia se importar... Uma vez eu cheguei a perguntar por que ele não batia em ninguém ou fazia alguma coisa. Ele sorriu sem graça e disse “Eu realmente não me importo, se eu sair batendo neles, nada vai adiantar... Eu só vou apanhar mais, não se preocupe Ricardo, eu sempre fico bem no final”. Ele e realmente uma pessoa boa.

— Cara, desculpa pelo susto...

Dei um meio sorriso e disse:

— Sem problema Logan... Você ta bem?

— Sim... Eu acho, e você?

— E to bem. Eu e a Luc já trocamos de livros agora eu leio a Estrada da Noite e ela A menina que Roubava Livros.

— Eu to lendo um mangá novo do Naruto. – tirou a mochila das costas e pegou o mangá- Olha! Esse e demais não e mesmo?

— E sim, eu posso ler depois?

Ele riu.

— Duvido que você leia, mas quando você terminar de ler o livro eu te empresto.

— Ta então.

— Ta ouvindo o que?

— Nirvana.

— E muito bom.  Mas ainda prefiro Rolling Stones.

— Não mesmo, Kurt e demais, as letras perfeitas...

Mal termino de dizer a frase e o professor de matemática chega. Depois que ele abriu a porta eu entrei e me sentei no fundo como sempre, procurei meu caderno e meu livro. E me viro pro professor, que começa a explicar a matéria nova. Não era um fã de matemática, geralmente eu prestava atenção na explicação ate eu achar algo pra pensar. Dessa vez eu achei rápido demais. Comecei a pensar no que Lucia havia dito. Sobre a gente ficar em casa, e comecei a crer que não deveria ter saído de casa tão cedo... A pequena hipótese de que algo aconteceria com a gente me deixou com o estomago embrulhado, e meus joelhos pareciam ceder. Mas o que poderia acontecer? Acho que não seria a morte, talvez fosse apenas alguma aventura ou algo do tipo. Talvez a gente só esteja muito assustado com isso, ou então a gente só não queria ter ido pra escola, eu me recusava a pensar que algo poderia acontecer. Eu só queria voltar pra casa e parecia que a vontade aumentava a cada segundo...

A matéria era equação de 2° grau, eu sabia isso, mais ou menos. Eu e Lucia havíamos nos mudado fazia três meses, a escola nova era realmente muito boa, os alunos não eram tão ruins – pelo menos alguns deles- e os professores eram até legais. Eu gostava de ir pra escola, principalmente por que eu e Lucia estudávamos na mesma escola. Seria melhor na mesma sala, mas não se pode ter tudo o que quer.

Eu mal havia percebido que o sinal do segundo horário tinha batido, o professor havia passado umas questões sobre a matéria nova, anotei no meu caderno, eram dois horários pra minha tristeza, matemática era realmente uma droga. Eu ainda anotava a matéria quando meu celular vibrou e tocou em som baixo Lithium do Nirvana. Era uma mensagem. Olhei pro visor do celular, era ela Lucia.

“Rick eu vou sair 3 horários! Te espero... Mas acho que vc ainda vai sair mais cedo que eu ><”

Pensei em alguma resposta e digitei rapidamente.

“Ok, que professores faltaram? Nem pro professor de matemática faltar também:c”

Mandei e esperei costumávamos fazer isso sempre, conversar por mensagem durante as aulas. Lucia respondeu.

“Português Historia Artes e Educação Física! Macacos me mordam que sorte sua (eu sei péssima expressão);s’’

Eu ri, e alguns alunos que estavam na minha frente me olharam, eu corei e abaixei a cabeça, mordendo o lábio pra não rir de novo. Pensei um pouco e respondi novamente.

“Ta eu te espero na lanchonete, assim a gente vai logo pra casa e vamos jogar... Prepare-se vc vai perder feio Luc! MUHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA u.u ”

Adorava atormentar Luc, ela era o tipo de pessoa que se irritava fácil, e perdoava fácil também –o que era muito bom- principalmente em jogos. Recebi outra mensagem de Luc.

“Se prepare mortal, vc com certeza ira perder... Bom depois a gente se fala, já tem uns mongolóides me atormentando... Sei que vc ta rindo da palavra mongolóide. Me espera... Tchau! c:”

Voltei pros meus pensamentos, era realmente entediante a aula, o mais entediante era que eu não conseguia achar nada pra fazer, nada mesmo! Eu estava realmente cansado desse tédio. Comecei a pensar em uma casa que havia na minha rua. Não sei por que, mas não morava ninguém la já havia algum tempo. Eu não sabia a historia direito, mas parece que há uns doze anos morava uma família comum, pai, mãe e quatro filhos, gêmeas, um garoto de quinze anos –o mais velho entre os irmãos- e uma garota da minha idade. Eles haviam morrido, todos eles, tragicamente. Diziam que o corpo das gêmeas jamais fora encontrados. Eu não acreditava que essa historia era realmente verdade, na realidade eu não me importava muito com isso, mas eu pensei na casa, eu penso nela. Talvez seja por que eu passo perto dela sempre. Lá e bonito, esta meio acabado, mas ainda e bonito, às vezes me pergunto se era bonito quando a família ainda vivia la. A casa era de dois andares, o muro era meio alto, e o portão de ferro era do tipo aberto e por entre o portão havia plantas envoltas, tinha um jardim com rosas muito bonitas - o que era estranho já que não havia ninguém pra cuidar delas-, no quintal ainda tinha brinquedos espalhados... Era meio assustador, mas ainda sim a casa era bonita.

O sinal bateu e o professor saiu, os alunos ficaram conversando com seus amigos. Ainda estava pensando na casa quando um garoto –acho que se chamava Eric - chegou à porta anunciando as “boas novas”.

— A gente vai sair agora! Só dois horários de matemática mesmo.

Mal havia terminado de dizer isso e varias pessoas comemoravam umas garotas começaram a gritar histericamente. Revirei os olhos e olhei pro meu caderno, havia o desenho de uma rosa, Lucia tinha desenhado, voltei a pensar na casa, no jardim com as rosas. Ainda pensava nas rosas quando uma mulher da direção veio pra liberar os alunos. Arrumei meus materiais e dei tchau para o Logan.

Sai da sala e fui indo pra sala de Luc. Ela estava sentada no fundo da sala mexendo no celular, provavelmente jogando. Alguém falo que eu estava na porta e ela veio correndo e me abraçou.

— Rick, já saiu?

Revirei os olhos mas quando ia responder Luc fez por mim.

— E saiu, desculpa.

— Luc eu queria fazer uma coisa...

Ela me olhou curiosa e perguntou:

— O que?

— Quero entrar na casa abandonada da nossa rua... A das rosas.

Ela me olhou e sorriu maliciosamente.

— Eu tava pensando nisso agora pouco, quer dizer na casa, nas rosas, vamos agora depois da aula?

Sorri, isso era um dos motivos que eu adorava Luc, ela sempre era disposta.

— Com certeza.

Abraçou-me de novo e disse no meu ouvido:

— As garotas daqui da sala piram em você sabia?

Eu ri e disse:

— Eu sei... Eu só muito lindo.

Ela riu e se afastou.

— Convencimento aqui e mato...

— To te esperando na lanchonete, se aparece alguém da direção e capaz de eu levar outra advertência...

Ela fez uma careta e disse:

— E mesmo... Não vai embora sem mim, pode ser que hoje a gente finalmente descubra o que aconteceu com aquela família. - depois entrou na sala.

E eu senti um arrepio ao pensar o que aconteceria ao achar os corpos. Talvez as rosas não ficassem mais tão bonitas. Talvez elas so agüentassem por eles ainda estarem la. Talvez eles cuidem delas pra se sentir vivos...

 


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Notas finais do capítulo

Segundo capitulo. Gostaram ? Comentem ai *--------*