A Saga De Câncer escrita por FernandaCDZ


Capítulo 8
La Donna E Mobile, Parte 1


Notas iniciais do capítulo

Um capítulo mais dedicado ao Matteo, com um toque de MdM. com vocês, a oitava parte das Memórias Póstumas de Máscara da Morte de Câncer!
Desculpem a demora... Andei ocupada com algumas coisas. Espero não demorar muito com o próximo capítulo...
Beijos!



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- La Donna e Mobile, Parte 1 -

Enfim chegara o dia 16 de Julho, aniversário de Matteo. Madri guiara o rapaz até a Casa de Áries, onde o jovem adulto Kiki de Áries os esperava. O ruivo lemuriano observava as jovens criaturas com muita ternura e interesse, visto que eles o lembravam de sua infância que há muito terminara. Uma infância muito distinta de qualquer outra, que lhe trouxe dores e alegrias quase que simultâneas.

Ele havia arrumado vários pratos típicos da Itália - tiramissú, massas variadas, bruschettas, entre outros - para agradar ao gosto do aniversariante, que decerto sentia falta de sua terra natal.

Todos estavam lá - Jabu, Atena,Victor, Christian, Samuel, Davi, Madri, Zahara e Hera, bem como alguns soldados do Santuário. O menino era puar alegria. Ria, brincava, cantarolava como nunca havia feito em sua vida. O 13o aniversário que ele jamais esqueceria...

(Kiki): Espero que esteja tudo como você gosta, Matteo... É tão raro te ver sorrindo. Acertei em cheio, né? (Corta um pedaço de tiramissú para o italiano)

(Matteo): O senhor sempre acerta em cheio, Mestre Kiki! (Sorri e pega o prato com tiramissú) Se não fosse Cavaleiro, certamente faria muito sucesso como cozinheiro!

(Kiki, encabulado): Ora... Obrigado! (Sorri sem jeito) Eu nem sei como agradecer...

Uma ópera muito famosa, La Donna è Mobile, começou a tocar no recinto, e logo as crianças estavam dançando no local. Matteo escolhera Zahara como dupla, Hera fora dançar com Samuel, Victo ficara com Madri e Christian e Davi decidiram embalar-se sozinhos ao som da música clássica.

Aquela ópera trazia muitas lembranças a Matteo... Muitas mesmo.

***

Matteo nascera em Milão, na Itália. Diferentemente das outras crianças de sua idade, que contavam com pai e mãe para ajudar na criação, ele tinha apenas sua mãe, uma mulher com um trabalho... Incomum.

Seu nome era Carmen. Onde trabalhava - e também morava- era um local cheio de mulheres jovens e atraentes como ela também era. Havia muitas maquiagens e fantasias para onde quer que Matteo olhasse. A música era dançante e envolvente. Na última vez que Matteo estivera naquele lugar, contava com cinco anos de idade...

(Carmen, para Matteo): Amore mio, seja bonzinho e fique apenas no camarim, sim?

(Matteo): Sim, mamma! Vou ser bonzinho...

Ao pular da cadeirinha onde se encontrava, o italianinho logo fora pego no colo por uma moça de alva pele, louros cabelos e olhos de um azul tão celestial que logo converter-se-iam em duas pérolas brancas, de tão claros que eram.

As moças riam, apertavam e beijavam as bochichinhas rosadas de Matteo, dançando um tango com ele. O rapaz era o mascotinho daquele lugar... Um bordel de alta classe. A mãe de matteo era uma dançarina, que há muito ele não via... Mas nunca deixava de pensar nela.

***

Assim que acabou a festa, Matteo pediu a Kiki para passar a noite na Casa de Áries. O novo Dourado sequer fez objeção. Após a morte de seu mestre, passou a viver muito tempo sozinho naquela enorme edificação e, como não havia ainda Cavaleiros Dourados para assumir as demais casas, a solidão tornara-se uma constante na vida do jovem lemuriano.

(Kiki): (Ajeita os lençóis) Fico feliz que tenha decidido ficar aqui... Sabe, sinto falta dos Cavaleiros dourados de minha geração... Eram todos homens de bem, uns mais, outros menos... Eram como minha família, sabe?

(Matteo, levemente melancólico): Eu entendo bem essa sensação... De onde eu vim, todos tínhamos que contar uns com os outros, não importando os seis graus de separação entre nós...

(Kiki, levemente melancólico): É engraçado... Eu era apenas uma criança... meu mestre era um verdadeiro pai para mim, e os demais Dourados, meus tios. (Suspira) Ah, que saudade... Será que algum dia eu os verei novamente?

(Matteo): (Sorriso melancólico) Sim... Tenho certeza disso. Eles estão nos olhando lá do alto do firmamento, com suas almas guardadas no cerne das estrelas que compõe as constelações que os escolheram desde o dia em que nasceram...

(Kiki, impressionado): Puxa! Que pensamento avançado para um jovem de sua pouca idade... (Ri) Ah, estou ficando velho... (Olha para Matteo) Sabe, o jeito como eu ajeitei a sua cama... Era a mesma forma que Mu costumava ajeitá-la para mim... Ele sempre me fitava com um sorriso, desejando-me boa noite... Ele era um sujeito muito bom pra mim.

(Matteo): Assim como você vem sendo para mim. Obrigado pela festa de aniversário... (brinca com os dedos) Foi a coisa mais gentil que me fizeram em anos...

(Kiki): Bem, está tarde... Hora de dormir. (Beija a testa de Matteo) Descanse, Matteo...

O lemuriano deu-lhe uma piscadela, fechou as cortinas do quarto e cerrou lentamente a porta, verificando se Matteo estava confortável. O italiano esperou mais alguns minutos antes de abrir as cartas que se encontravam com ele.

“Homem de bem? Eu estou ouvindo corretamente?”

(Matteo, sussurando): (Feliz) Sim, Máscara! Kiki... Elogiou a todos vocês. Disse que eram como a segunda família dele...

“Confesso que eu não gostava dele nas primeiras semanas. Depois...Acabei me acostumando com aquele moleque curioso e sem papas na língua. Ele era sempre bem-humorado, satírico... Tenho saudades dele...”

(Matteo): Sei que ele também sente sua falta...

“Hora de ler, garoto. Já que estão todos na sua cola, melhor aproveitar as chances quando elas surgem...”

Matteo assentiu afirmativamente e abriu a próxima carta, que já continha uma mensagem introdutória alla Máscara da Morte...

---

"Saudações, leitor@

É com imenso prazer que eu inicio a minha adolescência... Ah, meus anos de vendetta enfim chegaram... Minha lista de afazeres, que era enorme, enfim começara a ser cumprida. Meu acerto de contas com o mundo começa nessa carta. Eu espero não te assustar... Muito.

Desejando sempre um dia com infortúnios razoáveis,
Máscara da Morte de Câncer."


***

Itália - Bologna

Passou-se uma semana desde que parti de Sicília . Não esperava voltar à minha cidade natal tão cedo. Veneza não era mais segura para mim... Ela não representava mais um local alegre e confortante como fora até meus oito anos. Era um local de terror para mim.

A viagem fez-me forte. Aqueles cinco anos de treinamento me fizeram forte. Não era mais o menininho desolado e perdido que outrora a Máfia fizera de mim. Não mais. A Máfia zombou de mim, e era hora de mostrar para eles quem de fato eu era... E que ainda vivia.

A questão é que eu não sabia como eram seus rostos... Na realidade, eu pouco me recordava deles. Só lembrava de meu pai... De meus irmãos... De todas as maravilhas que me foram negadas naquele funesto dia... Quando entrei naquele barco.

Precisava, obviamente, de informações. Outra questão - quem, em sã consciência, me informaria acerca da existência da Máfia e de seus integrantes? Pouco ou quase nada eu sabia das pessoas de Bologna... Não sabia se seriam receptivas comigo.

Mal pisei na cidade, um homem já veio falar comigo.

- Carlo, é você? - Ele indagou.

- Sou eu... - Respondi com desconfiança - A quem interessa

- Não se lembra de mim? - Indagou o senhor, com uma ponta de decepção - Sou seu tio Júlio!

Júlio...Júlio! Eu me lembrava dele! Era o irmão mais novo de meu pai, um sujeito sempre de bem com a vida... Pobre infeliz. Os anos o fizeram mal. Muito mal. Ele estava acabado...

- Tio! - Respondi-lhe com entusiasmo, sem abraçá-lo - É bom ver que a Máfia não acabou com toda minha família!

- Sssh! - Advertiu-me Júlio - As pessoas aqui são desconfiadas, Carlo! Fale mais baixo!

Assenti. Meu tio levou-me até sua residência, uma casa mais humilde, muito diferente do casarão em que outrora habitou antes da perseguição gângster à nossa família. Antes de nossa honra ter sido manchada e nosso nome, ridicularizado.

- Que tem feito da vida, Carlo? - Indagou-me meu tio ao servir-me comida.

- Bem... - Relutava em contar-lhe acerca de meu treinamento - consegui abrigo em... Uma fraternidade... Coisa de padre...

- É o que quer de sua vida, jovem? - Indagou-me, sério.

- Bem... Não sei ao certo... - Respondi-lhe com melancolia - Depois de tudo que passei, vou onde o vento me levar...

Meu tio assentiu com tristeza; não concordava com minha decisão. Após cinco anos sob a tutela de Sage, aprendi que certas coisas você deve esquecer... Seus sonhos são uma delas. Depois de tudo o que vi, sonhar parecia algo inexistente...

Ao me deitar, não conseguia dormir. Tinha muito no que pensar - tinha uma vingança para planejar...

Continua...


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