Devon está sentado no chão com mãos e pés amarrados. Sua cabeça está inclinada para frente. Delicadamente, levanto seu rosto chegando mais perto, e consigo sentir o leve aroma característico da substância perto de seus lábios. Ele parece doente e extremamente cansado. Deixo de segurar seu rosto, e ele tomba para o lado, ficando deitado. Me aproximo e coloco sua cabeça no meu colo, logo depois, começo a acariciar seu cabelo desarrumado. Talvez eu não deveria ter feito com que ele bebesse o líquido. Isso pode ser capaz de matar. A porta se abre e aparece Brendan.

 - Diana, eu quero...

 - Cale a boca. Não quero e nem posso falar com você. Saia. - Brendan fica irritado, hesitando se sairia ou não. Ele olha para Devon, com a cabeça repousada em meu colo. Me encara novamente e sai, batendo a porta.

 - Mas que porcaria foi essa? - sussura Devon, meio tonto.

 - Você finalmente acordou, meu querido... Fomos sequestrados. Eles acham que estou do lado deles. - minto.

 - Bom trabalho, querida. - disse ele, sorrindo.

 - Você está bem?

 - Estou.

 - Irei subir e fazer alguma coisa, ok?

 - Vá. Mas volte. Por favor. - implorou ele.

 - Está bem. - me levanto lentamente, enquanto Devon fica sentado. Fecho a porta atrás de mim e vejo Ebraim do lado de fora. Suas roupas estavam um pouco molhadas, por causa do mergulho. A camiseta ficou razoavelmente transparente, revelando algumas linhas de sua musculatura. Seu cabelo negro estava arrepiado. Ele piscava os olhos azuis com frequência, sonolento.

 - Não tenho tempo para falar contigo. - falo, adiantando as coisas.

 - O que você tem para fazer, que seja tão urgente neste exato momento? - responde Ebraim.

 - Eu... Eu tenho que fazer umas coisas... - ele ergue uma sobrancelha, esperando eu me render. - Está bem, fale.

 - O que foi aquilo?

 - Bem... - puxei seu braço para que subíssemos, evitando qualquer possibilidade de Devon ouvir a conversa. - Aquela prostituta já havia me incomodado no baile.

 - Como?

 - Ela começou a avançar em mim, por ciúmes do ruivo.

 - E você tem ciúmes de Brendan. - disse ele, tentando conter o riso.

 - Eu não.

 - Você sim.

 - Eu só estava protegendo-o de alguma doença que aquela cretina poderia transmitir.

 - Isso não faz muito sentido. E só reforça a ideia de que a senhorita, além de ciúmes, ainda gosta de cuidar dele.

 - Certamente, um tripulante meu deve ser saudável. - respondi, tentando ficar séria.

 - Vá dormir com cada um de seus tripulantes então... - falou Ebraim, desafiando.

 -Ótimo, deite-se comigo da próxima vez que eu chorar desesperadamente. - revidei.

 - Não, obrigado. Apenas não faça isso de novo.

 - Ela ficou roçando em você, não foi?

 - Eu não permiti. - disse ele, sério. Ergui uma das sobrancelhas, dando tempo para que ele admitisse. - Não me relaciono com prostitutas.

 - Hum...

 - Ok, vá se desculpar com Brendan.

 - Por que eu faria isso?

 - Sabe muito bem, Damburn.

 - Ele é muito sensível, tem que começar a ser um homem de verdade e honrar aquilo que ele tem no meio das pernas! - respondi, irritada.

 - Vai lá agora ou a prostituta vai acampar no seu quarto.

 - Tô indo...

Comecei a procurá-lo na cozinha. Há alguns dias, que venho percebendo que quando ele está chateado ou entediado, ele vai fazer algo na cozinha.