Schyler escrita por Gi Carlesso


Capítulo 31
O túnel do Brooklyn


Notas iniciais do capítulo

aproveitem o capitulo :)



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Tristan me levou cuidadosamente na direção de seu carro, provavelmente o mesmo em que ele viera até mim, porém ao contrário do carro caindo aos pedaços da última vez, agora estava um porshe azul marinho novinho em folha. Bom, não me pergunte de onde ele conseguira tirar aquele carro, apenas que era ótimo para aquele momento. O anjo abriu a porta ainda segurando-me por um dos braços e ajudou-me a entrar no carro lentamente.

– Não precisa ser tão cuidadoso comigo. – murmurei assim que o vi sentando-se no banco do motorista.

– Claro que preciso. – ele sorriu. – Gabriel me mataria se soubesse que não fui cuidadoso.

Seguimos em silêncio depois de sairmos da região dos píeres para o centro da cidade onde seguiríamos até o Brooklyn e seu tão esperado túnel. De acordo com minha visão, aquele era o túnel onde possivelmente havia uma entrada para onde Aliha levara minha irmã. E daí, uma pergunta importante surgira em minha mente: Por que? Por que levar minha irmã e usa-la como uma armadilha para me pegar?

Por que?

Anjos não deveriam ser seres perfeitos, que tomam conta das pessoas e querem o bem de todos? Bom, acho que essa crença está errada, pelo menos com quase todos os anjos que conheci. Porém, não eram todos. Tristan era um exemplo perfeito de anjo bom como todos os seres humanos acreditam que anjos deveriam ser.

Bem, pelo menos até agora ele parece assim.

– Tem certeza de que é lá? – perguntou- me o anjo de repente quebrando o silêncio do carro. – Existem milhões de túneis em Nova York, como pode ter certeza de que é nesse?

Tive que pensar um pouco e tentar me lembrar de cada detalhe de que vi em minha visão sobre onde era a entrada para onde Aliha levara Carrie.

– Da última vez que atravessei esse túnel, digamos que senti uma coisa diferente. Não sei explicar bem, foi uma sensação de que havia algo estranho no túnel. – suspirei. – Foi uma das primeiras vezes que meu padrasto percebeu que eu sou uma... “anomalia”.

– Você não é uma anomalia. – interrompeu. – É especial, os mundanos não são capazes de enxergar isso. Neflins são uma das raças mais poderosas que existem, considere-se especial então.

Tristan mudou completamente sua expressão suave e alegre para algo sério e um pouco repreensivo. Eu nunca havia o visto daquela forma, era como se... se tivesse passado por algo parecido no passado e só estivesse revelando isso agora.

– Sabe, - continuou – a menina que protejo como anjo da guarda também é especial. Mas os mundanos ainda não têm consciência disso, pois ela é só uma criança. Daqui algum tempo, vão descobrir e bom, deve ser por isso que sou o anjo da guarda dela, posso protege-la quando isso acontecer.

Então era isso. Tristan protegia uma criança como eu, provavelmente uma neflin ou algo parecido e por essa razão, se sentia tão responsável por mim.

Continuamos a viagem em direção ao túnel do Brooklyn em silêncio, ouvindo apenas uma música calma que tocava no rádio. Assim, tive tempo o suficiente para pensar no que faríamos quando encontrássemos a entrada para onde Aliha levara Carrie. Porém, enquanto pensava sobre isso, imagens perturbadoras de minha irmã presa pelos anjos negros começaram a surgir. Era como se eu pudesse sentir a dor dela quando algum deles a torturava, sentia os olhos violeta de Aliha sobre ela e o riso perturbador dela diante de tudo isso.

Fechei os olhos tentando afastar as imagens, porém, elas se tornaram cada vez mais potentes e logo ficaram ainda piores. Sentia meu corpo suando e minha pressão abaixando a cada dor que sentia e quando ouvi o grito de minha irmã formando-se em ecos em minha mente, não consegui me conter.

– Tristan, pare o carro!! – berrei fazendo com que o anjo se assustasse e pisasse no freio rapidamente.

A parada brusca fez com que nós dois fôssemos impulsionados para frente, apenas não atingindo o vidro do carro por causa do cinto de segurança.

Eu estava ofegante, sentia meu corpo inteiro vibrar e ainda podia sentir o grito ecoando em meus ouvidos.

– Mas que droga foi essa?! – disse ele alterando o tom de voz. Também estava ofegante e arrumava o cabelo castanho escuro que lhe cobria os olhos. – Schyler, poderíamos ter batido o carro!

– Eu sei!! – exclamei também quase gritando. – Mas acho que tive outra visão! Essa foi mais forte que a primeira.

Tristan arrancou o cinto de segurança que segurava seu corpo conta o banco e apoiou-se no volante tentando controlar sua respiração.

– Por um minuto... achei que ia nos matar. – disse ele com a voz abafada pelo volante. Logo depois, ouvi seu riso. – Acho que seria bom avisar antes de gritar de repente.

Por um momento, consegui sorrir ao ouvi-lo dizendo aquilo. Bom, uma piada não era algo inconveniente, ainda mais depois de termos quase morrido.

– Mas veja pelo lado bom. – continuou, dessa vez olhava para algum ponto além do vidro do carro. – Chegamos, este é o túnel do Brooklyn.

[...]

Por sorte, poucos carros passavam pelo túnel naquela hora, então teríamos mais sorte para encontrar a entrada sem que algum mundano pudesse ver. De acordo com Tristan, encontraríamos a entrada para onde Aliha estava por baixo do véu que escondia nosso mundo dos humanos, o único problema seria conseguir fazer isso sem que pessoas estivessem olhando.

Pela extremidade da direita do túnel, caminhamos em silêncio observando cada centímetro da parede tentando encontrar algum sinal estranho, algo como os símbolos da linguagem dos anjos. Uma tarefa complicada, já que o túnel era gigantesco, então poderíamos demorar horas até encontrar a entrada.

– Como pode ser o símbolo que indica a entrada? – perguntei enquanto caminhávamos pela calçada na extremidade do túnel. – Algo escrito ou um desenho?

– Na nossa língua, não existem escrituras na verdade. Será um símbolo simples e desenhado em preto, já que fora feito pelos anjos negros.

Tristan passava os dedos freneticamente pela parede do túnel como se procurasse por alguma elevação que pudesse ser o desenho em símbolo da entrada. Vendo que eu o encarava confusa, fez um sinal com a cabeça para que eu fizesse o mesmo e tentasse encontrar o tal símbolo.

Claro, demoramos horas andando pelas duas extremidades do túnel e por fim não encontrando nada. Eu já estava esgotada, meus braços estavam doloridos e aos poucos o desespero começou a tomar conta de mim. E se eu estivesse errada? E se aquele não fosse o túnel certo?

Exausta, desabei na beirada da calçada abraçando minhas pernas enquanto tentava reprimir o choro. Droga, por que eu não conseguia ser forte? Por que eu não conseguia encontrar Carrie?

– Schy... – Tristan ajoelhou-se ao meu lado colocando uma de suas mãos sobre meu ombro. – Você precisa se acalmar. Vamos encontrar o símbolo, mas você precisa ficar calma.

Respirei fundo tentando controlar meu choro e como ele dissera, me acalmar. Precisávamos encontrar a droga da entrada logo, eu sentia que Carrie estava próxima e provavelmente sofrendo, porém, ao mesmo tempo que parecia a poucos metros de distância, também parecia estar muito longe de mim.

Porém, quando ergui meus olhos, algo chamou-me a atenção.

Lentamente, levantei-me do chão. Tristan parecia um pouco confuso com meu ato repentino, mas deu-me espaço enquanto eu apenas encarava a parede bem a minha frente, do outro lado do túnel. Eu não conseguia explicar, apenas que algo ali conseguira prender minha atenção. Era como se um imã estivesse me puxando na direção do outro lado do túnel.

Senti que Tristan deu alguns passos para trás como se, por um momento, estivesse com medo de mim.

Seguindo o imã que me puxava, passei pela barreira que impedia os carros de andarem pela calçada próxima a parede do túnel e me encontrei em meio a rua. Haviam carros buzinando freneticamente, porém quando estavam muito perto, desviavam rapidamente. Eu não tinha forças para desviar, apenas para seguir em frente até o outro lado do túnel. Os carros desviavam, pessoas gritavam comigo chamando-me de louca tentando entender por que em sã consciência eu estava andando em meio ao túnel movimentado.

O problema era que nem eu mesma sabia.

Segui em frente sentindo os carros passando muito perto ao meu lado até finalmente encontrar o outro lado do túnel. A parede estava a poucos centímetros a minha frente e quando meus dedos tocaram o cimento, senti uma elevação.

E lá estava o símbolo.

[...]

– Como vamos saber como abrir ou sei lá, como chegar onde Carrie está? – perguntei enquanto colocava uma jaqueta escura que Tristan havia me dado.

Ele encarou a parede por longos segundos.

– Geralmente pressionando a escritura conseguiríamos abrir uma espécie de porta ou alguma coisa parecida. Mas parece que aqui não é assim. Anjos negros sabem como se prevenir.

Suspirei.

– Então como vamos entrar?

– Minha ideia principal era o que expliquei... – murmurou ele colocando-se de joelho para retirar algo de sua mochila preta, a qual havia tirado do carro quando entramos no túnel. – Mas, tenho outra ideia. Só não sei se vai dar certo.

Rapidamente, Tristan retirou de sua mochila preta algo comprido e coberto por um babel laminado. Confusa, o observei retirar alguns pedaços do papel e finalmente revelar o que havia por trás – uma espada longa e dourada, com várias inscrições com símbolos parecidos com o que havia na parede. A espada reluzia em um tom de dourado diferente de tudo o que eu já havia visto em minha vida.

Realmente não fora feito por humanos.

Ele fez um sinal para que eu ficasse um pouco para trás e tocou levemente a ponta da espada na parede. Em um movimento rápido, desenhou um símbolo parecido com o da parede, porém bem maior. Por um momento, o desenho continuou normal por um tempo, mas depois algo aconteceu. Um brilho intenso contornou cada centímetro do símbolo até completa-lo e então, a parede tremeu muito.

– Consegui. – Tristan sorriu vitorioso. – Sou um gênio.

Não pude evitar rir.

– Ok, “gênio. – revirei os olhos. – Vamos logo.

A parede tremeu por algum tempo antes que o desenho começasse a ser impulsionado para trás como se alguém o empurrasse. Logo, pude ver do outro lado uma luz tão intensa quanto a do símbolo e logo, quando o desenho terminou o que deveria fazer, pudemos ter uma ideia do que havia do outro lado.

– Aquilo é uma... floresta?

Tristan franziu o cenho enquanto tentava ver o mesmo que eu.

– Acho que sim. – ele deu de ombros. – Anjos negros são confusos, não é a toa que estão num local tão incomum.

– Quanto mais incomum, menos será pensado. – resmunguei vendo-o revirar os olhos e dar um passo para dentro da passagem.

– É seguro. – ele esticou a mão em minha direção num convite para entrar. – Vamos encontrar sua irmã.


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Notas finais do capítulo

hey margaridas aqui é a rak amiga da gih , to quebrando um galho então desculpa por qualquer erro



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